Tuesday, June 2, 2009

FAN FICTION: Batman: Sob O Domínio Da Face Oculta - Capítulo 15

Escolhas

Súbito, Batman, Gordon e sua equipe avistam o helicóptero e rapidamente todos se põem em ação. Batman pega seu carro e segue o helicóptero, enquanto Gordon vai de helicóptero com sua equipe por cima. Havia começado a chover forte, mas Gordon já não se importava com isso.

Dentro do carro, Batman tem uma breve conversa com Alfred pelo rádio.

- Me parece preocupado, senhor.

- Alfred, é difícil admitir, mas eu não tenho certeza se tomei a decisão certa dessa vez. Eu não me vi na posição de impedi-lo.

- Eu sei, ele se parece com o senhor em muitas coisas. Talvez seja por isso que não o impediu, não acha? Uma vez eu conheci um homem quando ainda servia como médico na guerra. Passei pela dor de ter perdido um parente que foi afetado pela crise e não tinha condições de ter o tratamento médico adequado. Fiquei me culpando por muito tempo porque de certa forma eu fazia parte daquilo, a guerra tinha deixado meu país em uma situação muito delicada. Esse homem que eu conheci tinha sofrido uma tragédia maior que a minha. Seu pai tinha sido executado pelo inimigo dele, e o homem só queria poder chegar ao oficial da esquadra adversária para lhe entregar uma mensagem. Eu sabia o quanto aquele homem era impiedoso, mas quem era eu para impedir o pobre soldado? Às vezes patrão, temos que deixar que as coisas sigam seu caminho.

Enquanto Batman refletia as palavras de Alfred, olhava para o horizonte, fitando o helicóptero, a tempestade, tentando imaginar o grande confronto que tomavam os céus da cidade.

O helicóptero vai aos poucos perdendo altitude, prestes a fazer uma aterrissagem forçada. Os dois combatentes são arremessados para fora em direção a um terreno aberto, enquanto o helicóptero se espatifa em pedaços contra um edifício que pega fogo com a colisão.

O chão frio de concreto onde os dois caem mostra-se tão impiedoso quanto ambos. A garrafa de Whisky de William voa do bolso de seu sobretudo e derrama o conteúdo, misturando-se com a calçada encharcada. O mundo se torna cinza. Novamente a visão turva de Border volta a lhe trazer memórias frias, memórias que, sem o efeito de veneno seriam doces e revigorantes lembranças.

Assim que recobra a consciência, Border se depara com algo familiar. Em meio ao fogo, ele reconhece seu antigo lar, aquele de quando ele tinha família. De sua vista parece que a casa está novamente como naquele dia. É como um chamado do demônio. Novamente lhe vem as visões sobre sua família queimando no calor das chamas impiedosas. Mas Border já se habituou a morar nesse inferno. Pra ele não faz mais diferença. A chuva vai gradativamente apagando o fogo. Fazendo um enorme esforço para se levantar, Border empunha sua Magnum se depara com um Máscara Negra menos ameaçador. Atordoado com o grande confronto aéreo, o bandido recobra os sentidos. A máscara já não cobre mais seu rosto defeituoso e totalmente desfigurado. No entanto, o vilão não dá mostras de desespero. Ao invés disso, em meio a tosses e gemidos ele resolve jogar com Border.

- Isso, muito bem. Agora é a hora que o valente tira executa o mafioso. Assim, o sofrimento do herói será justificado e eu vou queimar no inferno. Bravo! Sabe, a obviedade é um padrão do ser humano… digo… aqui estou eu e você, certo? De volta no lugar que tudo começou. Hãn… é gozado. O fogo sempre me parece o início de tudo. Mas essa chuva desgraçada ta estragando tudo!

- Olha pra mim, verme! Você vai pagar pelo que fez. Por Kate e todo o resto – resmunga William ainda com a arma apontada para o bandido.

- Uou, uou, uou, peraí… por quem?

- Minha esposa. Minha filha de 8 anos, Daisy. Vítimas suas, miserável.

Após uma breve pausa o bandido desata a gargalhar. Sentindo-se confuso, Border sente um calafrio. Aquela risada medonha naquele rosto esburacado tinha um certo tom de ameaça. Mesmo diante da morte, Máscara Negra parecia ameaçador.

- Então o Gordon não te contou nada a respeito. IDIOTA! Porque não apertou aquele velhote ao invés de vir me azucrinar?

- CALA A BOCA!

- NÃO, CALA A BOCA VOCÊ, tira – uma tosse sangrenta afeta o bandido que não cede – deixa eu te mostrar uma coisa… tá vendo aquela maleta que caiu ali? Porque não abre ela pra ver o que sua gente teve pena de te mostrar? Ei, sabe porque tiveram pena? Porque você nunca teve a frivolidade necessária pra julgar quem estava a sua volta. Digo, quem você ia culpar senão um cara fantasiado de morcego e um pobre coitado com cara de leproso? Foi tão difícil assim ver que tavam te sacaneando?

- Cala a boca… não se mova… - diz Border, ofegante.

Máscara Negra dá de ombros enquanto William alcança a maleta sempre atento a seu inimigo. Ao abrir a maleta surrada pelo vôo, Border se depara com algo apavorante. Rostos empalhados, rostos humanos conservados dentro da mala, os troféus do bandido da qual ele se orgulhava. Máscara Negra prossegue seu relato.

- Sabe, em um deles eu fiz uma pequena inscrição, só pra constar no registro, hihihihi! Pobre Ramsés. Empalhado como sua figura histórica por causa de um mísero incêndio. Ele foi o primeiro a ser a cobaia daquele veneno, sabia? O pobre animal teve uma temporada ruim com dores, doenças… e finalmente bateu as botas. Foi uma agonia.

O horror toma conta de William. Mesmo aquilo era demais pra ele. Por isso não houveram provas incriminatórias contra Roman no passado. Subitamente William se recorda de uma pasta contendo um arquivo da qual Gordon dava ordens explícitas para que continuassem investigando. Border era o único que não tinha acesso a ele. A data de protocolação dava conta que o assassino já estava morto, mas ninguém tinha certeza. Isso foi quando houve um caso de corrupção interna no departamento de polícia.

- Que que houve tira? Não queria seu assassino? Então, tá aí, faça bom proveito, hahahahaha!

O repúdio e o torpor voltam a atormentar Border. Ele sente como se estivesse desmoronando. A sensação de uma faca perfurando sua carne faz sua fúria aumentar. Não havia como incriminar um dos maiores chefões do crime, a não ser por incentivar o tráfico de entorpecentes. Então ele faz uma escolha. Como se estivesse dando seu último suspiro, num acesso de fúria iminente e demonstrando um enorme vigor apesar dos ferimentos e do veneno, Border agarra o chefão e começa a espancá-lo. Como um louco alucinado, Border tenta concentrar-se nos centros nervosos, enquanto a água da chuva desvia alguns golpes, que mesmo assim não deixam de ser certeiros. Ele não se lembrava de ter batido tanto assim em ninguém, nem mesmo em seus polêmicos interrogatórios. A sessão de espancamento prossegue enquanto Batman se aproxima com seu carro do lugar onde os dois estão. Logo atrás dele estão Gordon e sua equipe via aérea. Gordon desce por uma escada e assiste a cena.

Gordon tenta se aproximar, mas Batman o detém, puxando seu braço. Não havia nada que pudesse fazer naquela hora. Apenas ser testemunha de uma cena de violência extrema. Um ser humano espancando outro ser humano por ter parte em sua desgraça. Era inevitável, não havia como negar nem como impedir tal ação. Não havia escapatória daquele beco. Não existia a menor possibilidade de saída. Batman sabia, já sentiu na própria carne. Como um capataz, a grande forma de William se ergue novamente. Máscara Negra encontra-se totalmente inconsciente, sangrando muito, parecendo morto, não fosse a fraca respiração. Sentindo-se zonzo, Border larga sua presa.

O veneno agora fazia grande efeito em sua carne. Border não tinha mais forças, muito menos noção de tempo. Violentamente ele desaba no chão molhado, junto do bandido, braços moles, respiração ofegante. Então tudo começa a escurecer. Se esses fossem seus últimos minutos, Border não se incomodaria. Poderia morrer ali mesmo, dane-se a dor. Ela passaria em questão de segundos. E então, tudo estaria terminado. Virando a cabeça, em meio à escuridão de sua vista ele vê sua garrafa de Whisky. Estaria deixando o recipiente assim como o líquido da garrafa. E então estaria livre. Livre da dor, do sofrimento, da agonia. A água da chuva era como um batismo. Pequenos flashes, visões periféricas passam ante seus olhos quase fechados. Vozes que parecem estrondos enormes para ele, logo começam a desvanescer. E então, o mundo novamente fica silencioso…

…calmo…

…vazio…

…branco.

Seria uma morte perfeita.

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