A noite de Gotham City traz grandes oportunidades para aqueles que nada temem. É melancólica como um cemitério abandonado, e traz consigo uma atmosfera quase gótica em meio a suas grandes estruturas de concreto que escondem a sujeira que se espalha entre seus becos. Em meio a eles, um beco muito peculiar atende pelo nome de Park Row, ou se preferir, o famoso Beco do Crime. É de lá que ecoam grande parte dos crimes que assolam a cidade e a faz ter o aspecto de maldita e condenada.
Park Row um dia foi famosa por ser um dos bairros mais amigáveis e tranqüilos de se morar. Hoje, de longe se sente o cheiro de pólvora e fumaça que sai de suas estruturas. Presença certa em todos os noticiários de TV. Foi nesse lugar que, um dia, aconteceu um dos mais famosos crimes da cidade: Bruce Wayne, filho único de Thomas e Marta Wayne viu seus pais serem assassinados a sangue frio por um sujo e desesperado bandido à quase 20 anos atrás. Uma tragédia que ainda ecoa na boca de cada cidadão deste lugar, bem como na cabeça do hoje empresário Bruce Wayne, herdeiro da fortuna de seus pais.
Conhecido na cidade por sua atitude de playboy rico e despojado, seu verdadeiro lado jamais será conhecido, pois por trás desta máscara, se esconde alguém tão amargurado quanto a cidade em que habita. Após viajar o mundo, Bruce Wayne passou por um rígido treinamento que o transformou em um grande justiceiro e detetive, conhecido pela alcunha de Batman. Sua identidade permanece desconhecida por todos, a não ser Alfred, seu fiel mordomo e uma habitante muito especial do submundo do Beco do Crime. Dra. Leslie Thompkins, médica e cirurgiã. Thompkins foi, junto com Alfred e o na época iniciante policial James Gordon, hoje Comissário de Polícia, uma das pessoas que consolou o pequeno Bruce quando da perda de seus pais.
Leslie é uma mulher doce, já na terceira idade, meiga e muito hospitaleira, porém corajosa. Para se morar hoje em um lugar como Park Row, precisa-se mesmo de muita coragem. A taxa de crimes e assassinatos na vizinhança, desde a tragédia dos Wayne tem sido muito alarmante e cresce a cada instante. Leslie é uma confortante exceção em meio a tantos distúrbios. Preocupada com a saúde de todos no beco, atende em um pequeno lugarejo escuro em que Bruce vez ou outra visita para buscar conforto e ajuda. Leslie protesta, enquanto limpa um ferimento de guerra da cabeça sem a icônica máscara de Bruce:
- Você nunca me dá ouvidos, Bruce. Eu te falei para repousar esta semana. Se seus pais estivessem aqui...
"Protesto ouvido" - retruca Bruce, sem dar muita atenção e continua irredutível: "Tenho promessas a cumprir, Dra".
Bruce sabe que uma hora pode morrer em meio a essa guerra sem fim. Mas ele resolveu levar essa vida, se é que se pode chamar isso de vida. Sabe que a situação estaria muito pior sem a sua intervenção e periódica ronda noturna. E ele se recusa a pedir ajuda. O mundo acabaria na primeira palavra de Bruce implorando por ajuda. Para ele, isso é um risco de um homem só, não de vários. E sua luta prossegue. Seu traje reflete sua revolta contra todo tipo de maldade: Capuz preto com detalhes azuis-escuro de orelhas grandes e pontudas, expressão fechada e raivosa. Tecido cinza sobre o corpo com um detalhe de um morcego preto no peito e seu colete duplo embaixo do traje. Calça cinza, calção preto e botas pretas com detalhes azuis-escuros e uma capa larga e imponente com detalhes serrilhados, imitando as asas de um morcego gigante. Pra terminar, seu famoso cinto dourado de utilidades, contendo cápsulas de fumaça e sua corda automática. Imponente na noite, o manto do morcego esvoaça triunfante enquanto o Cavaleiro das Trevas observa a cidade, como um animal prestes a avançar em sua presa.
Em meio a tudo isso, vive em Park Row, alguém que guarda dentro de si algo mais negro e soturno. William Border, policial da força de Gotham, conhecido por sua agressividade e gênio implacável perante os criminosos. Ele guarda um segredo mais negro do que a noite, segredo que será revelado em breve. Boêmio, se arrasta pelas ruas bebendo uma pequena garrafa de Whisky. De olhar introspectivo, com cara de poucos amigos e expressão sóbria, tão sóbria quanto o Whisky em seu sangue permitir. Sua fama no departamento não é das melhores, mas como ele é um dos mais destemidos homens da lei, Gordon o mantém no posto de detetive, posto esse que homens menos capacitados como Harvey Bullock, o grande bufão e devorador de donnuts que Gordon tem que aturar ocupa sem méritos.
Border é um homem obstinado por pegar criminosos. Quando agarra um, não hesita em estender sua Magnum .357 mm, louco para estourar os miolos daquele que não cooperar com a polícia. Além disso, quando um deles encara Border em uma confissão, é difícil esperar que não tenha hematomas, pois o temperamento explosivo do homem da lei já fez de seus interrogatórios, festivais de bofetões na cara, socos no estômago, e outros métodos de tortura física e psicológica que só Border é capaz de proporcionar. O Comissário Gordon, sempre astuto e atencioso não deixa que Border passe dos limites, sempre intervindo quando vê que as coisas podem sair do controle.
Em meio a essa personalidade fechada, Border guarda dentro de si um ódio mortal por Batman. Ele sempre protesta, consternado, que Batman faz mais mal do que bem, e não esconde sua vontade de trazer o justiceiro para a sala de interrogatório e dar a ele o mesmo tratamento que dá aos criminosos.
"Qualquer dia, esse justiceiro estará na mira de meu revólver, e quando esse dia chegar, ele poderá acertar as contas com o diabo que o enviou", responde sempre com voz ríspida e ameaçadora. Gordon conhece sua história, mas prefere guardar para si, "para não desanimar o resto do esquadrão", se justifica.
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