Nota: 10 / 10
Talvez eu nunca mais tenha uma oportunidade tão perfeita de falar sobre isso. Este remake representa um pequeno pedaço da minha infância, mas que eu guardo até hoje com muito carinho. Quem é trintão como eu, talvez se lembre um pouco dessa introdução:
"A muitos e muitos séculos, em regiões longínquas do universo, surgiu uma lenda; a lenda de Voltron: o defensor do universo. Um poderoso robô, adorado pelos justos e temido pelos tiranos."
Lembrou? Pois então você frequentava a video-locadora mais próxima de você. Eu, aos meus oito anos de idade, após meus pais virem com a mais recente novidade do momento, um video-cassete, não conseguia parar de assistir este desenho, pedindo toda santa vez para que meu pai o alugasse na locadora Genius.
Voltron era um chamariz para todo e qualquer garoto como eu, naquela época; tinha um visual muito legal, como qualquer animação japonesa, um robô sensacional, formado por cinco pequenos leões que se juntavam e que era controlado por cinco exploradores do espaço sideral. Tinha também um vilão com um visual igualmente medonho, uma trilha sonora bacana e efeitos sonoros e visuais de última geração para a época. Pra quem nunca ouviu falar, eis a introdução.
Meus pais tinham cadastro na Genius locadora. A gente alugava muitos filmes lá, nessa época mais simples e sem internet. Dentre esses filmes, o cara da locadora tinha uma fita que a gente pegava para ver, do Voltron. Eles, sabendo como eu adorava os super-heróis japoneses deste tempo, como Jaspion, Changeman, Jiraya, etc, passando dias e dias a fio ligado na tela da TV assistindo a tudo isso, pegavam este desenho.
Era a única fita que a locadora tinha do desenho, continha apenas os quatro primeiros episódios da série, e eu alugava sempre, e assistia repetidas e repetidas vezes, sempre deslumbrado com tudo que via. O cara da locadora dizia que iriam enviar mais fitas com os outros desenhos da série, mas isso nunca aconteceu, e eu, após alguns anos, nunca mais ouvi falar do desenho. Foi só na era do Youtube, que eu voltei a ter contato com ele, e assim, reassisti o desenho e seus outros episódios que eu nunca havia visto quando pequeno.
Pois bem, eu estou contando tudo isso pra vocês, por causa da nova atualização da lenda de Voltron, para a modernidade, produzida e lançada especialmente pelo Netflix e a Dreamworks. A série estreou este mês agora, e eu, obviamente, fui lá correndo conferir, assim que vi o anúncio bem grande no meu aplicativo do Netflix! Estava jantando, com meu iPad ligado, abri o programa e lá estava, Voltron: Legendary Defender. Primeira coisa que me veio à cabeça: "tá de brincadeira comigo?" Este desenho era bem obscuro, eu nunca vi ele passar na TV aberta, somente uns poucos afortunados como eu tiveram a chance de conferi-lo através de VHS. Fiquei portanto maravilhado quando vi o anúncio do Netflix com esta nova versão.
O desenho original foi feito no ano de 1984, e recebeu, segundo o que eu já conferi por aí a algum tempo atrás, duas sequências, uma em 1998, toda feita em gráficos 3D (seguindo as tendências da época), e outra em 2011, que retorna para a animação clássica, mas com alguns elementos feitos em computador, ambas as sequências respeitam a mitologia estabelecida pela série original, mas não se comparam à série de 1984; eu já conferi um pouco das duas séries alguns anos atrás, e não me impressionei com nenhuma delas, não transmitiam aquela sensação de algo bacana, fantástico, mítico, que a original transmitia.
O que nos faz chegar neste reboot que saiu agora, dia 10 de Junho de 2016, quentinho do forno e, literalmente esquentando as turbinas para encantar uma nova geração de fãs. Eu só fui descobrir que a série estreou dia 16 agora, e estou absolutamente encantado com esta nova versão do desenho!
UM POUCO SOBRE A ICÔNICA SÉRIE ANTIGA
Pra começar, é preciso que vocês entendam como era o desenho antigo, o original oitentista. Eu adorava ele, e ainda gosto muito, ele tem um valor nostálgico para mim de algo muito legal que eu vivenciei quando moleque. Fora a música tema que é sensacional (apesar de ser superusada no desenho) e todo o visual da animação, que é inacreditável. Mas também, o que a TOEI Animation fazia que não era?
Antes de mais nada, um esclarecimento: o que a gente via nos anos 80, era uma versão pesadamente editada e moldada para o mercado ocidental, da série japonesa 百獣王 ゴライオン (GoLion, o Rei Fera), adaptada aqui para nós com o nome Voltron. A série original japonesa era bem melhor em termos de qualidade sonora, diálogos e roteiro, e até mesmo bem mais sanguinária; tinha até uma trilha sonora diferente, e os personagens também tinham outros nomes. A gente, aqui do ocidente, nunca chegou a ver como era essa versão original, mas no Youtube tem os episódios, legendados em inglês, para quem estiver interessado, bem como a versão ocidental se você quiser conhecer. O que vou fazer aqui, é falar brevemente sobre o que eu vi quando moleque, que é a versão ocidental do desenho, Voltron.
A série se tratava de cinco exploradores espaciais, Keith, o líder do grupo (de vermelho), Sven (de preto), Lance (de azul), Hunk (de amarelo) e o caçula Pidge (de verde). Eles escapam de uma prisão do conquistador Zarkon, e partem para o planeta Arus, onde encontram o conselheiro Coran e a princesa Allura, que tiveram o planeta destruído por Zarkon, sem o robô para protegê-los. Juntos, os exploradores encontram as chaves que ligam os cinco robôs-leões, um de cada cor, e que juntos, formam o poderoso robô gigante que possui a espada Blazing, e cujas lendas dizem que é invencível. Mais tarde, no desenho, Sven sofre um acidente e é substituído na série pela princesa Allura, que passa a pilotar o leão do cadete.
Resumindo, o desenho mostra as tentativas de Zarkon e sua feiticeira Haggar derrotarem Voltron com o monstro da semana e a ajuda do comandante Yurak, para que finalmente se livrem do robô e dos exploradores espaciais e conquistem todo o universo. Simples, não? É só isso mesmo, não tem mais o que detalhar. Segue aquela formulinha manjada de tudo quanto era tokusatsu japonês, desde Jaspion até Cybercops, ou seja, possui um fiapinho de trama e o foco mesmo está em mostrar o que é o prato principal, ou seja, o robô sendo montado pelos combatentes em todo santo episódio e vencendo mais uma batalha.
Dessa forma, devo dizer que, apesar de eu ainda gostar muito do desenho, devo ser honesto e dizer que a trama dele é meio confusa, com algumas situações mal explicadas, que fazem você coçar a cabeça, e que, por vezes, possui uma continuidade bem incoerente de eventos. Isso sem falar dos fraquíssimos diálogos.
Por exemplo: há uma cena no quarto episódio que finalmente os exploradores espaciais conseguem encontrar todas as chaves dos robôs para formá-lo, e Coran, o conselheiro, fica todo feliz que Voltron iria voltar para protegê-los. Então, nas próximas cenas, parece que ele se esquece do que havia dito antes, e os cadetes fazem que vão a luta, e ele "não, é muito perigoso", e blá, blá, blá... ora, velho, mas não era você que há segundos atrás ficou tão contente com a possível volta do robô? Percebem a incoerência? Parece que cada roteirista fez uma parte do roteiro e depois juntaram tudo, sem ficar revendo demais o que escreveram.
Tem outra cena em que Pidge, volta ao castelo com sua roupa de cadete, e cai no chão, e na continuidade da próxima cena, vemos ele de roupa normal, e depois na cena seguinte, ele de roupa de cadete de novo (???)... puts, como ele troca rápido de roupa, hein?!
Agora segurem essa: na versão ocidental do desenho, Voltron, os cinco cadetes chegam no planeta e são atacados por um povo das cavernas; o gordinho que veste amarelo fica chateado porque eles vieram pra ajudar, e Lance diz que mesmo que não quisessem ser ajudados, iriam tentar; lááá no original, GoLion... o gordinho fica possesso e até solta um palavrão quando é atacado, dizendo que quer acabar com a raça dos agressores, e o "Lance" japonês diz que talvez eles sejam canibais em busca de comida! Mesma situação, mesmo cenário... mas com uma solução bem mais inteligente, interessante e bacana no japonês!
Pois é. Não era mesmo um desenho tão perfeito quanto eu me lembrava que era.
Mas mesmo assim ele nos divertia, e de mais a mais, naquela época em que éramos moleques, a gente não era mesmo tão exigente com coerência, queríamos somente ver o herói descendo a porrada no monstro da semana e tava muito bom demais. Hoje, já crescidos, a gente enxerga a coisa toda com aquele ar da nostalgia, mas com o olhar mais amadurecido que a idade nos traz, sem a inocência infantil. O desenho ainda guarda aquela aura mística e de mistério que nos conquistou lá atrás.
A NOVA E SENSACIONAL VERSÃO
É com esse sentimento de nostalgia e encanto, que eu resolvi abrir meu Netflix para checar a nova versão de Voltron. E que versão mais sensacional! Mas ele também tem seus pequenos poréns. Apesar de eu achar a trilha sonora do novo desenho muito boa mesmo, envolvente, cativante e bastante impactante, ainda gosto do tema antigo, aliás, queria que em algum momento ele tocasse na série, só pra nos dar aquele gostinho. O visual do robô também não acho superior ao modelo mais antigo, mas é muito legal também, à sua própria maneira.
Agora, o que não falta nesta nova versão, são qualidades. E eu tenho que ser honesto aqui e já tacar a real: em termos de roteiro, trama, esta nova série dá de lavada na antiga! Sério, não tem nem comparação! Tensa, envolvente, engraçadíssima, divertida, bombástica, dramática... adjetivos como esses não faltam para qualificá-la.
A série segue a tendência de animação moderna, ou seja, um cruzamento entre o anime ocidentalizado, que pode ser visto em séries como a dos Teen Titans e as animações mais recentes da DC. Não é por acaso que eu já me apaixonei de cara pelo visual da animação.
A equipe que trabalha na animação conta com alguns dos profissionais mais renomados que existem, inclusive pessoal da WB Animation, como a diretora e produtora renomadíssima Lauren Montgomery, responsável por animações da DC como Wonder Woman, Batman: Year One e Justice League: Doom, a famosa e requisitada diretora de vozes Andrea Romano, que é veterana na WB Animation e já trabalhou em inúmeras produções icônicas e de sucesso, como a série dos Tiny Toons, a legendária Batman: The Animated Series, bem como a série clássica da Liga da Justiça, ambas pertencentes ao universo DCAU, e praticamente todos os longas animados do selo DCUAOM, e também o diretor artístico Joaquim dos Santos, que já dirigiu vários curtas para o selo DC Showcase e vários episódios da série da Liga da Justiça, e também de séries sensacionais, como Avatar e Legend of Korra. Resumindo, um baita timaço de respeito e que sabe o que faz.
A trama revitaliza o roteiro da série clássica (a versão ocidental, claro) e atualiza conceitos, personagens e situações, sem no entanto, ignorar os elementos antigos que fizeram sucesso e que se sobressaíram, incluindo algumas citações de frases que o original tinha e que são referenciadas aqui em forma de homenagem. Demonstrando respeito e admiração por estes elementos, o remake toma de suas liberdades para fazer adaptações não somente necessárias para que tudo funcione de forma apropriada, mas também muito bem vindas. Nós temos então dois cadetes espaciais, Hunk e Pidge, que se aliam a dois cadetes rivais, Keith e Lance, todos eles precisam então resgatar o comandante Shiro. Shiro aqui fica sendo a versão atual de Sven, e se Keith era o líder da série clássica, aqui Shiro é que cumpre este papel. O design clássico dos personagens é, em sua maioria mantido, com leves diferenças, dá pra se identificar quem é quem lá.
O mais bacana de tudo, é a evolução que os personagens tiveram aqui; se na série clássica os personagens eram apenas cabeças falantes, sem muita profundidade nem uma personalidade fortemente estabelecida, aqui, o que vemos é um real desenvolvimento da história desses personagens. Conhecemos seus dramas pessoais, seus anseios, suas crenças, seus passados, passamos a vê-los não mais apenas como dispositivos de narrativa destinados a controlar o robô estrela da série e nada mais, mas como personagens atuantes da trama, interessantes e realmente complexos. Há três episódios, um seguido do outro, desta primeira temporada em que o robô nem sequer aparece! E não sentimos a falta dele nos episódios!
Na série antiga, Voltron era formado toda santa vez, seguindo a prerrogativa de qualquer série japonesa de super-heróis, mesmo sem ter necessidade para tanto. Aqui não. Há um ótimo equilíbrio entre a importância dada ao robô e aos exploradores, ambos são igualmente importantes na trama. Isso mostra um enorme amadurecimento de todos os elementos da narrativa. Os vilões também ficaram bem mais interessantes. Haggar, a bruxa, o próprio Zarkon, que está bem mais poderoso e ameaçador.
O humor da série também é fenomenal, engraçadíssimo. Não é engraçado naquele estilo das séries japonesas antigas, ou seja, humorzinho bobo, risadinha de canto de boca e pronto... ou as vezes até mão na cara porque a gente passou uma vergonhinha básica com piadinha mal feita, não! É genuinamente engraçado, você racha de rir mesmo, não importa que idade tenha. As personalidades de cada cadete foram remodeladas; Lance passou a ser o bobão, aquele membro piadista e sem-vergonha do grupo, algo próximo do personagem Sokka, da série Avatar. Hunk ficou sendo o esfomeado (mais ainda), bonachão e medroso, e segundo escada-cômica, logo atrás de Lance; Keith e Shiro são os membros sérios e compenetrados do grupo, mas também tem os seus momentos bobalhões, nenhum deles é poupado de ser meio bobão de vez em quando. E Pidge... aaahh, Pidge... eu sempre me perguntava, quando moleque, porque tinham um garoto mais novo no grupo. Aqui, ele é o nerdão, superdotado, entendido de computadores e dispositivos eletrônicos, e... há uma revelação sobre ele, que eu achei muito bacana. esperem e verão.
Na série antiga, os personagens pareciam muito mais com robôs falando, aqui eles se comportam realmente como seres humanos normais, com seus problemas, suas desavenças, seus momentos de camaradagem e coleguismo, e até mesmo os momentos de sacanagem um com o outro, que são aqueles que a gente dá mais risada. E tudo isso funciona porque eles agora são personagens com complexidade, tridimensionais mesmo.
Na série original, eles já aparecem como amigos do peito; não ficamos sabendo de seus passados, de seus anseios, de seus medos, nada, não há coisa alguma para nos conectar com eles. Ah, e eles falam em jogral! Típica mania desses desenhos japoneses mais antigos. São aquelas figuras estoicas do herói clássico, que só estão lá pra bater no vilão e mais nada. Aqui não, eles batem nos vilões, e também neles mesmos; aliás, no primeiro episódio, que é triplo, eles nem mesmo se conhecem, e tem que resolverem suas diferenças para poderem trabalhar como uma equipe de fato; ou seja, há evolução de personagem, o que é lindo, sensacional, e feito de uma maneira toda especial, identificável, com a qual podemos nos relacionar. Ah, e graças ao bom Deus, deixaram de falar em jogral!
O conselheiro Coran e a princesa Allura desta nova versão estão muito mais participativos e dinâmicos do que na versão clássica. Se antes Coran era só o guardião da princesa, aqui ele tem uma personalidade de fato, fanfarrão, tiozão, divertido. Allura é uma princesa muito mais interessante, saindo com os cadetes em várias missões, participando, fazendo as coisas, combatendo o inimigo junto com eles. Na série clássica ela veio a pilotar o leão azul pelo resto da série, mas aqui, diferente da versão anterior, nenhum personagem é descartado. Todos os cadetes são mantidos e a princesa luta junto deles, não nos leões, mas como uma aliada de fato.
Nesta versão, ela e Coran não são pessoas de seu tempo, eles são personagens que foram congelados a 10000 anos atrás e despertaram agora com a chegada dos exploradores. Essa talvez seja a única coisa que eu achei uma forçação de barra nesta versão, mas é um detalhe mínimo.
E quanto ao robô Voltron, o personagem título? Está fora de série! Claro, eu já disse lá em cima, que eu ainda acho o visual antigo mais bonito, mas este aqui também está muito bem resolvido, e as cenas de ação envolvendo, tanto os leões, que é o robô separado em cinco partes, quanto o robô formado, são ótimas, impactantes. No primeiro episódio já temos o gostinho de como isso se apresentará, e eu já tive uma ótima primeira impressão, me peguei várias vezes exclamando "caramba velho, que louco, que animal!"; aliás, me peguei várias vezes dizendo "puts, cara, que trabalho foda que fizeram na série!" quando chegava nas partes dramáticas, o desenvolvimento fantástico do roteiro, com uma premissa forte, bem embasada, sem aqueles vícios e incoerências da série antiga. Muito bem feito mesmo, com todas as honras! Te mantém pregado na poltrona, concentrado, te captura (ou sequestra), de forma que eu não conseguia parar de assistir, já queria assistir mais uns três ou quatro episódios logo depois que abria o Netflix de novo.
Uma mudança muito interessante, mas que só foi explorada no episódio de abertura e brevemente no último até agora, é que cada piloto dos leões tem características que combinam com as máquinas. Exemplos, Pidge pilota o leão verde por causa de sua natureza inquisitiva, curiosa, que remete ao seu leão; Shiro é a cabeça, o leão negro, porque ele é um líder nato; Keith é esquentado, e seu leão também é, além de desconfiado, por isso Keith teve que ganhar a confiança de seu leão antes de pilotá-lo. Perceberam? Não é simplesmente pela questão da estética ou da cor.
Outra coisa, é que esta versão explica como e por que eles combinam seus leões. Na série clássica, já na primeira vez, sem praticamente treino algum, eles já saem pilotando de alegres, sem maiores explicações de como aprenderam a fazer aquilo, ou qual mecanismo é usado para a combinação. Aqui não, há o segundo episódio totalmente dedicado a eles aprenderem, como se juntaram da primeira vez, que se ocupa disso, de explicar esses elementos que a versão antiga nunca se preocupou em explicar. E de uma maneira muito cômica e descontraída, fazendo com que nós criemos empatia por estes personagens.
Provavelmente, desta primeira temporada, que tem 11 episódios, meu top 5 seriam os episódios seguintes: o quarto episódio, que começa uma sequência com o arco mais interessante da série até agora; o oitavo, em que os paladinos ajudam Allura a realizar uma missão primordial ao povo de Balmera; o nono episódio que mostra Allura tendo que fazer um sacrifício que vai fazer com que ela perca algo muito importante, avançando então no desenvolvimento de sua personagem; o primeiro episódio, obviamente, que mostra a origem de tudo, e que re-apresenta para os novos expectadores este mundo fantástico; e a tensíssima, espetacular e impressionante season finale, o episódio de número onze, que quando acabou, eu virei o Luke Skywalker e berrei "NÃÃÃÃO!!!" com toda a força dos meus pulmões, porque o final da temporada foi impressionante, e terminou em um baita cliffhanger!
LET'S GO LION!
Eu não tenho palavras para expressar o quanto estou satisfeito e impressionado com esta reinvenção de Voltron! A minha satisfação vai ao nível de quase desejar que eu tivesse assistido esta série do robô quando era pequeno, ao invés da antiga! Juro por Deus! Considero este novo seriado um baita de um feito, porque a gente deve reconhecer que é bastante difícil, pegar um conceito como o de um robô gigante, próprio das produções japonesas antigas, e fazer ter credibilidade na atualidade. E a nova equipe da série conseguiu, e com honras e glórias! Muitos aplausos para todos os envolvidos!
Eu mal posso esperar para conferir a segunda temporada, que ainda não tem data definida de estreia, o que está me deixando maluco, agora que a primeira acabou! Minha recomendação para que vocês confiram Voltron: Legendary Defender é absoluta! E eu estarei de olho em qualquer notícia em relação a segunda temporada, pronto para voltar ao novo universo de Voltron e compartilhar com vocês o que achei. GO LION!
Voltron: Legendary Defender (2016)
Título em português BR: Voltron: O Defensor Legendário
Temporada: 1
Nº de episódios: 11
Trailer:
O desenho original foi feito no ano de 1984, e recebeu, segundo o que eu já conferi por aí a algum tempo atrás, duas sequências, uma em 1998, toda feita em gráficos 3D (seguindo as tendências da época), e outra em 2011, que retorna para a animação clássica, mas com alguns elementos feitos em computador, ambas as sequências respeitam a mitologia estabelecida pela série original, mas não se comparam à série de 1984; eu já conferi um pouco das duas séries alguns anos atrás, e não me impressionei com nenhuma delas, não transmitiam aquela sensação de algo bacana, fantástico, mítico, que a original transmitia.
O que nos faz chegar neste reboot que saiu agora, dia 10 de Junho de 2016, quentinho do forno e, literalmente esquentando as turbinas para encantar uma nova geração de fãs. Eu só fui descobrir que a série estreou dia 16 agora, e estou absolutamente encantado com esta nova versão do desenho!
UM POUCO SOBRE A ICÔNICA SÉRIE ANTIGA
Pra começar, é preciso que vocês entendam como era o desenho antigo, o original oitentista. Eu adorava ele, e ainda gosto muito, ele tem um valor nostálgico para mim de algo muito legal que eu vivenciei quando moleque. Fora a música tema que é sensacional (apesar de ser superusada no desenho) e todo o visual da animação, que é inacreditável. Mas também, o que a TOEI Animation fazia que não era?
Antes de mais nada, um esclarecimento: o que a gente via nos anos 80, era uma versão pesadamente editada e moldada para o mercado ocidental, da série japonesa 百獣王 ゴライオン (GoLion, o Rei Fera), adaptada aqui para nós com o nome Voltron. A série original japonesa era bem melhor em termos de qualidade sonora, diálogos e roteiro, e até mesmo bem mais sanguinária; tinha até uma trilha sonora diferente, e os personagens também tinham outros nomes. A gente, aqui do ocidente, nunca chegou a ver como era essa versão original, mas no Youtube tem os episódios, legendados em inglês, para quem estiver interessado, bem como a versão ocidental se você quiser conhecer. O que vou fazer aqui, é falar brevemente sobre o que eu vi quando moleque, que é a versão ocidental do desenho, Voltron.
O poderoso robô |
O time de exploradores espaciais |
Dessa forma, devo dizer que, apesar de eu ainda gostar muito do desenho, devo ser honesto e dizer que a trama dele é meio confusa, com algumas situações mal explicadas, que fazem você coçar a cabeça, e que, por vezes, possui uma continuidade bem incoerente de eventos. Isso sem falar dos fraquíssimos diálogos.
O Rei Zarkon |
Tem outra cena em que Pidge, volta ao castelo com sua roupa de cadete, e cai no chão, e na continuidade da próxima cena, vemos ele de roupa normal, e depois na cena seguinte, ele de roupa de cadete de novo (???)... puts, como ele troca rápido de roupa, hein?!
Agora segurem essa: na versão ocidental do desenho, Voltron, os cinco cadetes chegam no planeta e são atacados por um povo das cavernas; o gordinho que veste amarelo fica chateado porque eles vieram pra ajudar, e Lance diz que mesmo que não quisessem ser ajudados, iriam tentar; lááá no original, GoLion... o gordinho fica possesso e até solta um palavrão quando é atacado, dizendo que quer acabar com a raça dos agressores, e o "Lance" japonês diz que talvez eles sejam canibais em busca de comida! Mesma situação, mesmo cenário... mas com uma solução bem mais inteligente, interessante e bacana no japonês!
Pois é. Não era mesmo um desenho tão perfeito quanto eu me lembrava que era.
Mas mesmo assim ele nos divertia, e de mais a mais, naquela época em que éramos moleques, a gente não era mesmo tão exigente com coerência, queríamos somente ver o herói descendo a porrada no monstro da semana e tava muito bom demais. Hoje, já crescidos, a gente enxerga a coisa toda com aquele ar da nostalgia, mas com o olhar mais amadurecido que a idade nos traz, sem a inocência infantil. O desenho ainda guarda aquela aura mística e de mistério que nos conquistou lá atrás.
A NOVA E SENSACIONAL VERSÃO
É com esse sentimento de nostalgia e encanto, que eu resolvi abrir meu Netflix para checar a nova versão de Voltron. E que versão mais sensacional! Mas ele também tem seus pequenos poréns. Apesar de eu achar a trilha sonora do novo desenho muito boa mesmo, envolvente, cativante e bastante impactante, ainda gosto do tema antigo, aliás, queria que em algum momento ele tocasse na série, só pra nos dar aquele gostinho. O visual do robô também não acho superior ao modelo mais antigo, mas é muito legal também, à sua própria maneira.
Agora, o que não falta nesta nova versão, são qualidades. E eu tenho que ser honesto aqui e já tacar a real: em termos de roteiro, trama, esta nova série dá de lavada na antiga! Sério, não tem nem comparação! Tensa, envolvente, engraçadíssima, divertida, bombástica, dramática... adjetivos como esses não faltam para qualificá-la.
A série segue a tendência de animação moderna, ou seja, um cruzamento entre o anime ocidentalizado, que pode ser visto em séries como a dos Teen Titans e as animações mais recentes da DC. Não é por acaso que eu já me apaixonei de cara pelo visual da animação.
A equipe que trabalha na animação conta com alguns dos profissionais mais renomados que existem, inclusive pessoal da WB Animation, como a diretora e produtora renomadíssima Lauren Montgomery, responsável por animações da DC como Wonder Woman, Batman: Year One e Justice League: Doom, a famosa e requisitada diretora de vozes Andrea Romano, que é veterana na WB Animation e já trabalhou em inúmeras produções icônicas e de sucesso, como a série dos Tiny Toons, a legendária Batman: The Animated Series, bem como a série clássica da Liga da Justiça, ambas pertencentes ao universo DCAU, e praticamente todos os longas animados do selo DCUAOM, e também o diretor artístico Joaquim dos Santos, que já dirigiu vários curtas para o selo DC Showcase e vários episódios da série da Liga da Justiça, e também de séries sensacionais, como Avatar e Legend of Korra. Resumindo, um baita timaço de respeito e que sabe o que faz.
As novas versões de personagens clássicos e Shiro, o novo líder |
O time que comanda o robô |
As novas versões de Haggar e Zarkon |
A comédia é garantida com o novo time |
Um dos embates mais bacanas da série |
Na série original, eles já aparecem como amigos do peito; não ficamos sabendo de seus passados, de seus anseios, de seus medos, nada, não há coisa alguma para nos conectar com eles. Ah, e eles falam em jogral! Típica mania desses desenhos japoneses mais antigos. São aquelas figuras estoicas do herói clássico, que só estão lá pra bater no vilão e mais nada. Aqui não, eles batem nos vilões, e também neles mesmos; aliás, no primeiro episódio, que é triplo, eles nem mesmo se conhecem, e tem que resolverem suas diferenças para poderem trabalhar como uma equipe de fato; ou seja, há evolução de personagem, o que é lindo, sensacional, e feito de uma maneira toda especial, identificável, com a qual podemos nos relacionar. Ah, e graças ao bom Deus, deixaram de falar em jogral!
O conselheiro Coran e a princesa Allura desta nova versão estão muito mais participativos e dinâmicos do que na versão clássica. Se antes Coran era só o guardião da princesa, aqui ele tem uma personalidade de fato, fanfarrão, tiozão, divertido. Allura é uma princesa muito mais interessante, saindo com os cadetes em várias missões, participando, fazendo as coisas, combatendo o inimigo junto com eles. Na série clássica ela veio a pilotar o leão azul pelo resto da série, mas aqui, diferente da versão anterior, nenhum personagem é descartado. Todos os cadetes são mantidos e a princesa luta junto deles, não nos leões, mas como uma aliada de fato.
Nesta versão, ela e Coran não são pessoas de seu tempo, eles são personagens que foram congelados a 10000 anos atrás e despertaram agora com a chegada dos exploradores. Essa talvez seja a única coisa que eu achei uma forçação de barra nesta versão, mas é um detalhe mínimo.
E quanto ao robô Voltron, o personagem título? Está fora de série! Claro, eu já disse lá em cima, que eu ainda acho o visual antigo mais bonito, mas este aqui também está muito bem resolvido, e as cenas de ação envolvendo, tanto os leões, que é o robô separado em cinco partes, quanto o robô formado, são ótimas, impactantes. No primeiro episódio já temos o gostinho de como isso se apresentará, e eu já tive uma ótima primeira impressão, me peguei várias vezes exclamando "caramba velho, que louco, que animal!"; aliás, me peguei várias vezes dizendo "puts, cara, que trabalho foda que fizeram na série!" quando chegava nas partes dramáticas, o desenvolvimento fantástico do roteiro, com uma premissa forte, bem embasada, sem aqueles vícios e incoerências da série antiga. Muito bem feito mesmo, com todas as honras! Te mantém pregado na poltrona, concentrado, te captura (ou sequestra), de forma que eu não conseguia parar de assistir, já queria assistir mais uns três ou quatro episódios logo depois que abria o Netflix de novo.
Uma mudança muito interessante, mas que só foi explorada no episódio de abertura e brevemente no último até agora, é que cada piloto dos leões tem características que combinam com as máquinas. Exemplos, Pidge pilota o leão verde por causa de sua natureza inquisitiva, curiosa, que remete ao seu leão; Shiro é a cabeça, o leão negro, porque ele é um líder nato; Keith é esquentado, e seu leão também é, além de desconfiado, por isso Keith teve que ganhar a confiança de seu leão antes de pilotá-lo. Perceberam? Não é simplesmente pela questão da estética ou da cor.
Outra coisa, é que esta versão explica como e por que eles combinam seus leões. Na série clássica, já na primeira vez, sem praticamente treino algum, eles já saem pilotando de alegres, sem maiores explicações de como aprenderam a fazer aquilo, ou qual mecanismo é usado para a combinação. Aqui não, há o segundo episódio totalmente dedicado a eles aprenderem, como se juntaram da primeira vez, que se ocupa disso, de explicar esses elementos que a versão antiga nunca se preocupou em explicar. E de uma maneira muito cômica e descontraída, fazendo com que nós criemos empatia por estes personagens.
Provavelmente, desta primeira temporada, que tem 11 episódios, meu top 5 seriam os episódios seguintes: o quarto episódio, que começa uma sequência com o arco mais interessante da série até agora; o oitavo, em que os paladinos ajudam Allura a realizar uma missão primordial ao povo de Balmera; o nono episódio que mostra Allura tendo que fazer um sacrifício que vai fazer com que ela perca algo muito importante, avançando então no desenvolvimento de sua personagem; o primeiro episódio, obviamente, que mostra a origem de tudo, e que re-apresenta para os novos expectadores este mundo fantástico; e a tensíssima, espetacular e impressionante season finale, o episódio de número onze, que quando acabou, eu virei o Luke Skywalker e berrei "NÃÃÃÃO!!!" com toda a força dos meus pulmões, porque o final da temporada foi impressionante, e terminou em um baita cliffhanger!
LET'S GO LION!
Eu não tenho palavras para expressar o quanto estou satisfeito e impressionado com esta reinvenção de Voltron! A minha satisfação vai ao nível de quase desejar que eu tivesse assistido esta série do robô quando era pequeno, ao invés da antiga! Juro por Deus! Considero este novo seriado um baita de um feito, porque a gente deve reconhecer que é bastante difícil, pegar um conceito como o de um robô gigante, próprio das produções japonesas antigas, e fazer ter credibilidade na atualidade. E a nova equipe da série conseguiu, e com honras e glórias! Muitos aplausos para todos os envolvidos!
Eu mal posso esperar para conferir a segunda temporada, que ainda não tem data definida de estreia, o que está me deixando maluco, agora que a primeira acabou! Minha recomendação para que vocês confiram Voltron: Legendary Defender é absoluta! E eu estarei de olho em qualquer notícia em relação a segunda temporada, pronto para voltar ao novo universo de Voltron e compartilhar com vocês o que achei. GO LION!
Voltron: Legendary Defender (2016)
Título em português BR: Voltron: O Defensor Legendário
Temporada: 1
Nº de episódios: 11
Direção: Steve Ahn, Eugene Lee, Chris Palmer, Joaquim Dos Santos, Lauren Montgomery, Ki Hyun Ryu
Produção: Joaquim Dos Santos, Benjamin Kaltenecker, Lauren Montgomery, Ki Hyun Ryu
Criação e roteiros: Joshua Hamilton, Tim Hedrick, May Chan (baseado na série Voltron de 1984, baseada na série japonesa original GoLion, de 1981)
Trilha sonora: Brad Joseph Breeck
Elenco de vozes original: Josh Keaton, Steven Yeun, Jeremy Shada, Tyler Labine, Bex Taylor-Klaus, Kimberly Brooks, Rhys Darby, Keith Ferguson, Neil Kaplan, Cree Summer
Trailer:
Eu peguei para assistir, tipo, para passar uns minutinhos fazendo um lanche em frente à Netflix, achando que seria algo bobinho.
ReplyDeleteAinda não terminei a temporada, mas tive que me segurar para não arriscar faltar com meus compromissos após assistir episódios demais, a série realmente te prende, o desenvolvimento dos personagens, a caracterização, a trama no geral, tem vários pontos fortes. E, olha, por mais que eu goste das cenas com o Voltron em si, são os personagens que estão carregando a série para mim.
Muito boa resenha, reflete muito o que senti até agora, e me deixa animado para conferir o resto, além de ter me informado algumas coisas sobre a franquia que eu não sabia/lembrava.
Cara, eu curto tanto o Lance. Acredito que seria bem interessante se eles trabalhassem um pouco mais na personalidade dele. Ele tá um completo bobão, sempre faz uma cagada. Espero que ele amadureça na season 3.
ReplyDeleteConfesso que fiquei interessada na versão original! E bacana a análise, homem. :D
Cara, a série é simplesmente sensacional!! O enredo é super criativo, sem contar com as cenas do meu OTP supremo, né? Klance ❤❤
ReplyDeletePassei a ver a série e passei a desenhar eles, ler fanfic deles e escrever também!! Uma perfeita sacada essa nova versão !! 4° temporada só aguardando ������
Não assisti as clássicas. Apesar de ser trintão e ter nascido em 84, não fui da turma do vídeo cassete (o de casa quebrou em 87 e por desavenças entre meu pai e meu avô, jamais foi consertado ou substituído).
ReplyDeleteMas sou um amante de tokus e animes. E a série moderna de fato me agradou. Estamos no fim de 2017 e estou terminando a temporada 3. Lance me lembra o Eric da caverna do Dragão e evoluiu. Confesso que diminui o ritmo na aparição de Lottor, não sei se a série ficou menos interessante ou se eu que estava em uma fase muito corrida da vida, mas retomei velocidade de cruzeiro nas férias que tirei em setembro.
Mas de fato, quando se fala em "animes americanos", Voltron 2016 já está no topo, desbancando facilmente clássicos como Inspetor Bugiganga 1986, Pole Position 1984 e Avatar 2010.