A noite de Gotham é negra como o coração de um homem. Pode trazer os segredos mais sujos e obscuros da mente, feridas abertas e… morte. A morte pode chegar das maneiras mais sorrateiras que se pode imaginar. É meia-noite. Entre os céus negros da cidade e a névoa que sai dos subúrbios, uma figura, quase que apenas uma silhueta parva, de chapéu pousa em uma das janelas de um edifício. Este pequeno empreendimento, antes um profílico mercado, hoje é apenas mais um entre os sinistros prédios que podem abrigar loucos e maníacos.
Em meia-hora, esta silhueta se dirige para Park Row, esquivando-se das rondas noturnas de Batman. Em um dos prédios que entra, move-se sorrateiramente através das sombras tentando se esquivar da segurança noturna, se dirigindo a um apartamento. Ao arrombar a porta do apartamento, olha para todos os lados, como se estivesse procurando algo ou alguém. Das sombras de um lugar escuro, uma silhueta se move lentamente, segurando uma arma nas mãos. A outra silhueta que invadira o apartamento percebe uma leve movimentação e sem o menor aviso, vira-se desarmando seu agressor. Uma luta tem início e as duas silhuetas se confundiriam perfeitamente não fosse o escabroso chapéu da outra. Quando uma das silhuetas, a de chapéu agarra sua vítima, a outra lhe aperta o pescoço, numa tentativa de enforcamento. Então, o homem de chapéu estranho deixa espirrar de seus punhos um gás tão poderoso que desnorteia os sentidos de seu oponente. Este pega um pedaço de madeira e atira no inimigo, mas arrebenta a janela de vidro. Com os olhos ardendo, o homem sem chapéu não vê quando o estranho lhe coloca uma bizarra máscara em sua face. Nisso, a silhueta de chapéu quase consegue escapar após ter cumprido seu intento, mas é surpreendida por Batman, que em sua ronda não deixa escapar nada. As luzes se acendem. O Espantalho voa para um dos cantos do quarto, enquanto tenta um contra-ataque com sua toxina do medo. Batman, sabendo que poderia ser vítima da loucura, usa seu respiradouro, evitando o veneno. O Espantalho tenta medir forças.
- Você se acha muito esperto, não é? Acha que conseguiu grandes coisas me achando aqui. Bom, eu não teria tanta certeza.
Batman percebe que o veneno já está começando a fazer efeito em sua vítima. Não há tempo para capturar o Espantalho, pois William Border, querendo ou não, precisa de ajuda. Batman rapidamente usa-se de uma seringa.
Enquanto estava sob o efeito do veneno, Border, por alguns segundos que pareciam uma eternidade, vivenciou em sua mente as coisas mais horríveis que alguém pode vivenciar. Estava em seu apartamento, segurando a fotografia quebrada de sua família, quando subitamente ela começa a pegar fogo. Border desesperado grita "NÃO, NÃO!" mas é surpreendido por uma face azul que acusa Border de tê-los matado. Sentindo-se culpado, sem forças e com extrema dificuldade, Border tenta pegar sua arma mas subitamente ela se transforma em uma cascavel que agarra e aperta seus pulsos. A cascavel se transforma então em um par de algemas, prendendo seus movimentos. Então, sua mulher, Katherine surge em sua frente e lhe questiona porque se afastou, porque deixou que ela e sua filha morresse. Num ato de desespero, sentindo sua garganta seca e chorando, Border diz que nunca quis se afastar. Tentando se libertar das algemas que apertam cada vez mais seus pulsos, ele vê de repente sua filha Daisy, dizendo a frase que Border gostava tanto, "papai me protege", mas logo sua filha se transforma em um rosto desfigurado, o rosto de Máscara Negra, dizendo "papai me matou". A máscara azul, implacável, fazendo o papel de juiz, coloca Border em um banco de réu e o declara culpado. Enquanto Border grita, desesperado, sua carne vai pegando fogo e queima, até que sua carcaça não passe de um esqueleto negro. De repente, tudo fica escuro. Silencioso… calmo… branco…
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