Tuesday, June 2, 2009

FAN FICTION: Batman: Sob O Domínio Da Face Oculta - Capítulo 08

O bem maior

Depois da confusão, Rato é removido de lá com uma forte contusão, todo machucado, em estado de coma. Border também, e as notícias para ele não serão nada animadoras.

Minutos depois, Border está em uma saleta, sentado, sob ordens de Gordon. Gordon entra na sala, olhar sério, fechado… magoado… quebrado.

- Eu… acabei de ver sua… testemunha.

Nenhuma resposta.

- Merda, Border… você me acertou. A mim…

Novamente, sem resposta.

-Você está fora de controle. Percebe o que acabou de fazer? O Rato foi daqui direto para o hospital, com traumatismo craniano.

Border então quebra o silêncio.

- Devia ter me deixado terminar. Um a menos pra encher o saco.

- É? Quem sabe eu devia ter deixado você apodrecer naquele hospital também, junto de Kathy? – esbraveja Gordon.

Silêncio no recinto. Border sabe que está sendo pessoal. Mas ele não se importa mais. Só o que importa é pegar Máscara Negra. Só o que importa. O Rato disse Narrows. O lado abandonado de Gotham. Gordon quebra o silêncio.

- Eu sei o quanto eles significavam pra você. Eu já sofri uma vez. Quase perdi alguém que amava. Eu… entendo como se sente – Gordon se levanta – mas eu não posso deixar você continuar enquanto não estiver em condições.

- O que você disse? – Border sente um calafrio.

- Você ouviu o que eu disse. Sabe o quanto admiro suas habilidades, sabe que sempre te achei um bom policial. Mas você já virou uma bomba, está descontrolado, me acertou na sala de confissão.

- Olha, eu sinto por isso, OK… ?

- É… eu também sinto, William – Gordon vira a cabeça para não encará-lo nos olhos. Era doloroso demais – você está suspenso e fora do caso. Eu quero seu distintivo e sua arma aqui na mesa, agora.

- GORDON…

- AGORA, BORDER!

O desespero toma conta de Border. Tão perto de achar finalmente aquele que acabou com sua vida, destruiu tudo que tinha. No mesmo momento em que Gordon vai falar mais alguma coisa, Border lhe atira a insígnia na cara, com raiva, tira sua arma e a joga em cima da mesa. Se cometesse alguma loucura agora não somente perderia para sempre a insígnia, mas também a sanidade. Enquanto caminha para fora do departamento, Border toma seu Whisky e relembra o dia em que perdeu as coisas mais valiosas de sua vida.

William Border já foi alguém muito diferente, há dois anos atrás. Katherine Border era a luz de seus olhos, uma mulher meiga, radiante, cheia de vida, linda de se olhar. Nesse tempo, Border morava nos arredores de Old Gotham e ainda trabalhava para as indústrias Janus. Tinha que atravessar meia cidade e sabia que a empresa estava indo à falência, mas Border estava prestes a conseguir vaga de detetive no Departamento Policial. Bem quisto por seus amigos, respeitado por seus superiores e temido pelos bandidos. William tinha Daisy, sua filha que também era uma doçura de menina. Border era uma pessoa feliz. Passava dificuldade às vezes, arriscando a cabeça todos os dias e a Janus Cosméticos estava ameaçando fechar as portas, mas sua família era sua força, ela o fazia seguir em frente.

Aliás, Border, diferente de hoje, acreditava que Batman poderia um dia livrar a cidade da corrupção e da violência, e era um grande defensor do Cavaleiro das Trevas. Ai de quem se atrevesse a falar mal de um dos grandes campeões de Gotham na frente do agora detetive.

Mas então, algo muito ruim acontece e muda tudo. Roman Sionis, agora como o grande chefão conhecido como Máscara Negra, acreditava que tinha que eliminar todas as pessoas que o traíram e o abandonaram inclusive Bruce Wayne, do qual Border era grande admirador, pois Wayne, acreditando no grande potencial de Border, conseguiu indicar o tira pelo seu ótimo trabalho protegendo companhias de grande porte e o ajudou a ser promovido, ao cargo de detetive. Sabendo que os dois conheciam muitos segredos da companhia, Roman mandou seus capangas executarem pequenas sentenças de aviso para que fosse tirado de cada ex-funcionário ou relativo à empresa o que mais lhes apegavam. E Border foi uma vítima dessa injustiça. No edifício em que morava com sua família, estavam sua mulher e filha. Quando Border estava chegando em casa à noite, após um dia inteiro sem ver sua família, o prédio estava pegando fogo.

Border tenta subir pelas escadas de incêndio numa tentativa desesperada de salvar Katherine e Daisy, mas quando ele chegou as duas já tinham sido queimadas vivas no fogo, sem chances de recuperação. Apesar de lutar bravamente com os sujeitos mascarados que estavam lá para matá-lo, não deu para evitar o pior. Daisy morreu na hora e Katherine foi levada para o hospital em estado gravíssimo. Morreu no hospital; William estava bem ao seu lado. A perícia tinha encontrado um resto de droga que havia sido plantada no apartamento para incriminar o detetive, mas Batman ajudou a inocentar Border sem ele saber.

O incêndio foi associado a Roman Sionis, o Máscara Negra, uma vez que o chefão estava mandando executar pequenas sentenças a fim de eliminar seus possíveis contatos, mas não haviam provas concretas e o caso foi arquivado. Pessoas ligadas a William, como o empresário Bruce Wayne, Gordon e seus amigos da força policial lhe prestaram as condolências. Os jornais e a imprensa omitiram o nome de William a pedido de Gordon para que o policial não fosse incomodado, resultando no estranhamento das atitudes frívolas do policial por parte de seus colegas, com exceção de Gordon e Montoya que o conheciam melhor.

Border, que já tinha enfrentado vários perigos, homem de força e determinação, inclina agora a cabeça e chora. Soluços angustiados saem de seu peito. Lentamente sua grande forma endireita-se. Pequenas veias salientam-se em suas feições, músculos retesam sua garganta. Border enfia a mão no casaco e tira uma garrafa de Whisky, a que sua mulher lhe deu de presente. Após dar um gole, já fora do hospital, sua boca torna-se uma linha tal o fio de uma navalha, e seus olhos tornam-se duas fogueiras. Coitado de todo aquele criminoso que ousasse cruzar o seu caminho.

Border, que já tinha admitido gostar de como Batman tratava seus criminosos, agora sente um terrível ódio pelo cavaleiro negro não estar ali na hora em que mais precisou. Pior… de deixar esses mesmos criminosos com vida. Sua mão se fecha como o forte punho de um lutador, e ele se tornaria, a partir de agora um terrível anjo da vingança.

Algumas semanas depois, Border deixaria uma trilha de sangue atrás de si, pois saiu interrogando e assassinando, bandido atrás de bandido numa tentativa de localizar Máscara Negra, mas o bandido sumiu sem deixar rastros. Desde então, William tem se tornado uma figura solitária, violenta e sanguinária, às vezes com propensas tendências ao suicídio. Ele então se muda para o pequeno apartamento em Park Row que habita hoje.

Após ter saído do DP, Border, angustiado chega em seu apartamento e observa demoradamente a foto de suas falecidas mulher e filha. Sentindo-se traído por seus próprios colegas da força policial, começa a refletir sobre o tempo que tem agido indo atrás desses bandidos e o bem que tem feito. Ou talvez não.

Border tira sua arma, a que guarda na gaveta com cadeado de seu apartamento e se prepara para puxar o gatilho. Não haveria mais razão de dormir, muito menos de continuar neste mundo. Súbito, uma estranha figura pousa sobre sua janela à noite. Border, com seus instintos afiados sente a figura se aproximando e aponta sua arma, quando vê dois olhos brancos terríveis em meio às sombras.

- O que está fazendo aqui, morcego? – pergunta com raiva em sua voz.

- Eu sabia que tinha me visto. Um bom tira está sempre com seus instintos afiados como faca. Mas eu não vim aqui para brigar.

- Então caia fora, não é bem vindo aqui.

- Quero sua ajuda para desmantelar a gangue de Máscara Negra… permanentemente.

Border ironiza.

- Minha ajuda… há… minha ajuda? Eu vou te dar minha ajuda… olha bem pro cano da minha arma, morcego, que…

- Está enganando a si mesmo, Border…

- CALA A BOCA! CALA… A… BOCA! Eu estou fora do caso, Gordon me suspendeu e o verme que você pegou já era, então CALA A BOCA!

William tenta acertar um potente soco em Batman, mas o morcego subitamente detém o golpe com seus reflexos agarrando e apertando o braço de Border.

- Você acha que é o único por aqui? Não faz a menor idéia!

- E o que você sabe sobre dor? Sabe o que esse caso significava pra mim? Você nunca está por perto quando se precisa, é por isso que minha famí…

- Sua família acreditava no que você acredita. Você conhecia os riscos.

Border fica em silêncio.

- Eu lembro do dia que seu prédio pegou fogo. Estava do outro lado da cidade, tentando encontrar o seqüestrador que levou outra pessoa decente, a Dra. Leslie. Ela é uma mãe para muitas pessoas no Beco do Crime. Eu não poderia deixar algo acontecer a ela.

Batman pára por uns instantes, Border continua intransponível.

- Mais desculpas…

Batman se vira para a janela.

- Eu sei o que significa a dor. Sei o que está sentindo. Mas não vim aqui para fazê-lo se sentir melhor. Isso vai depender só de você. Pensei que pudesse me ajudar.

- Cai fora! Eu não sou um herói.

- Estou vendo isso agora – Batman pausa – mas Kathy e Daisy não acreditavam nisso.

Então, aos olhos amargurados de Border, como um espectro, Batman desaparece pela janela. Enquanto vê Batman sumir na escuridão, Border deixa cair o porta-retrato de sua família. Pela primeira vez em sua vida, sentindo-se fraco, afoga-se em lágrimas.

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