Monday, March 21, 2016

FILME: 2001: A Space Odyssey (2001: Uma Odisseia no Espaço)

Nota: 10 / 10

Durante muito tempo, eu fiquei tentado a fazer algo para este filme. Trata-se de um dos meus 10 filmes favoritos de todos os tempos. Não só isso, mas também de um marco importantíssimo na história do cinema mundial, e mais especificamente, no cinema de ficção-científica. E não, não estão havendo reexibições desta obra-prima em lugar algum, infelizmente, mas mesmo assim, eu resolvi falar sobre ele, pois trata-se de algo que sempre me instigou e me inspirou.

A razão pela qual eu demorei um pouco para falar sobre ele, é porque não dá para falar sobre tal obra sem esmiuçar seu grande conteúdo. Portanto, eu resolvi fazer desta resenha, uma resenha-mãe, para uma série de artigos-satélite que farei em seguida, explicando a minha visão pessoal em relação ao magnânimo filme, baseado em tudo o que eu já li e pesquisei sobre ele.

Em breve, eu postarei esta série de artigos que analisa, em detalhes, a obra máxima de Kubrick.

Parte 1>

E como este não é um filme qualquer, com uma ideia qualquer ou um conceito qualquer, seria um desserviço nos referirmos a seus elementos simplesmente como  "o roteiro", ou "a trama", ou coisa que o valha. Aqui, Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke foram hiper-cuidadosos em fazer com que cada passo, cada movimento, e cada ação tomada por eles para exibir sua grandiosa odisseia tivessem um sentido maior, ou seja, contribuíssem com algo para a ideia geral do filme. Cada solução de roteiro aqui, cada angulação de câmera, cada tomada tem uma missão a ser cumprida, um objetivo, nada é colocado por acaso.

O filme ilustra a grande odisseia humana, dentro e fora de seu mundo. Para começo de conversa, ele é um exemplar de como a ficção-científica poderia ficar mais interessante, pois até o presente momento, nenhum outro filme do gênero se propôs a fazer algo tão intenso, profundo, ou com tantos significados. Sim, o cinema de ficção-científica pode ser dividido em antes e depois de 2001: A Space Odyssey.

É complicado dizer exatamente o que cada coisa representa, porque o próprio Stanley Kubrick mesmo falou que se a audiência disser que entendeu absolutamente tudo de seu filme, então ele teria falhado em sua missão. O objetivo não é trazer respostas prontas, mas sim, levantar questionamentos em relação à nossa própria natureza, nossa existência e função neste universo vasto. Esta obra permite que cada pessoa elabore um mini-filme em sua própria cabeça, com seu próprio entendimento de mundo para dar a sua própria explicação. Algumas ideias poderão bater com as suas, ou algumas ideias suas poderão muito bem bater em relação às ideias de outras pessoas. Mas nunca todas elas.

O filme passa por duas eras distintas: a pré-história e a era moderna das viagens espaciais. Juntamente com essa ideia, e, diga-se de passagem, com esse pulo gigantesco de tempo que o filme dá, tem-se a ideia de fazer uma comparação do homem em seu início, com relação ao que o homem moderno se transformou. Há diversas dicas visuais e insinuações que Kubrick faz dentro do filme que apontam para determinadas pistas em relação à natureza humana. Começa-se investigando o modo de vida do ser humano quando era um simples macaco. Passa-se por sua evolução, após o primeiro contato com o monolito, a primeira descoberta que fará o homem avançar em sua história, e depois disso, salta-se para vermos o que o homem fez disso.

Lá pelo meio da jornada, temos a interação entre o homem e a máquina. Sugere-se uma aliança que o homem fez com ela, e que se iniciou lá na pré-história, na forma de outra coisa. E assim, vamos acompanhando a jornada espacial dos astronautas Dave e Frank, que juntamente com o computador HAL 9000, estão em uma missão espacial.

A trama vai ficando lentamente mais tensa e os dois astronautas vão ficando cada vez mais desconfiados do computador da nave, até chegar o momento em que o homem tem que fazer uma escolha. Esta escolha, implicará na sua odisseia final no espaço infinito, e à descoberta de seu destino.

Claro, isto tudo que eu falei, é apenas uma condensação das ideias. A quantidade de mensagens subliminares e dicas visuais que Kubrick recheia seu filme é imensa. São dicas que não são dadas apenas através de "props", objetos de cena, mas também através de angulação de câmera, fotografia, música, efeitos sonoros e visuais, enfim, uma infinidade de recursos que, no final da década de 60, não poderíamos ainda sequer imaginar que os envolvidos desenvolveriam.

Uma curiosidade muito interessante, é que há uma estreita ligação com este filme, e o épico músical "Echoes", do Pink Floyd, lançado em 1971. Curiosamente, a música do grupo inglês de Rock Progressivo sincroniza perfeitamente (eu disse perfeitamente!) com a última parte, "Jupiter and Beyond the Infinite". Para você que já assistiu o filme (só para quem já assistiu mesmo!), recomendo que vá no Youtube e assista o vídeo que sincroniza o fragmento com a música do Floyd. Você ficará espantadíssimo.

Uma outra coisa bastante interessante de se notar também é que, juntamente com o filme, foi escrito o livro. Sim, os dois foram escritos ao mesmo tempo. Kubrick não se baseou em livro algum para desenvolver seu filme, uma vez que ele, e o escritor Arthur C. Clarke desenvolveram a história juntos. Só que tinha um problema: Kubrick era judeu, e Clarke era ateu. Portanto, as obras tomaram conclusões distintas. Se você assistir o filme, se deparará com artifícios que apontam mais para o lado da fé, e se você ler o livro, se deparará mais com artifícios científicos e uma gama maior de explicações científicas. Eu recomendo a você que assista o filme e leia o livro, pois assim terá uma variedade maior de visões de uma mesma obra.

E, de mais a mais, a obra de Kubrick, como falei lá em cima, não veio mesmo nos trazer resposta alguma sobre coisa alguma, mas sim, nos incentivar a fazer mais perguntas sobre nós mesmos. Portanto, assista a este filme, que eu tenho em minha mais alta conta, e que eu recomendo altamente, com sua mente aberta a novas ideias e propostas.

É interessante também lembrar que, no ano de seu lançamento, o filme foi um fracasso retumbante de público e crítica, sendo execrado por gente famosa na época. No entanto, o filme venceu o teste do tempo e passou, pouco a pouco, a integrar o imaginário coletivo de todos, se tornando não somente o marco que se tornou no cinema, mas também uma cultuadíssima obra-prima da sétima arte. Pois é. Muitas vezes, um grande gênio não é reconhecido no exato momento que elabora sua obra, mas sim anos mais tarde.

Muito em breve, você verá o primeiro artigo que escreverei analisando a obra-prima de Kubrick, segundo minha visão e tudo o que eu já pesquisei por aí sobre ela. São anos e anos de pesquisa e reflexões sobre este filme do diretor, portanto, terei muito o que compartilhar.

Parte 1>

2001: A Space Odyssey (1968)
Título em português BR: 2001: Uma Odisseia no Espaço

Direção: Stanley Kubrick
Produção: Stanley Kubrick, Victor Lyndon
Roteiro: Stanley Kubrick, Arthur C. Clarke
Trilha sonora: Aram Khatchaturian, György Ligeti (acompanhado de temas de Johann e Richard Strauss)

Estrelando: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester, Daniel Richter, Leonard Rossiter, Margaret Tyzack, Robert Beatty, Sean Sullivan, Douglas Rain (voz), Frank Miller (voz), Bill Weston, Ed Bishop, Glenn Beck, Alan Gifford, Ann Gillis, Edwina Carroll, Penny Brahms, Heather Downham, Mike Lovell, John Ashley, Jimmy Bell, David Charkham, Simon Davis, Jonathan Daw, Peter Delmar, Terry Duggan, David Fleetwood, Danny Grover, Brian Hawley, David Hines, Tony Jackson, John Jordan, Scott Mackee, Laurence Marchant, Darryl Paes, Joe Refalo, Andy Wallace, Bob Wilyman, Richard Wood, Martin Amor, Vivian Kubrick, Irena Marr, Krystyna Marr, Ivor Powell, Kevin Scott

Outros filmes desta cinessérie:
- 2010: The Year We Make Contact (2010: O Ano Em Que Faremos Contato) (1984)
2001: A Space Odyssey (2001: Uma Odisseia no Espaço) (1968)

Trailer:

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