É com o imenso pesar no coração que eu fico sabendo, agora na noite do dia 11 de Março, da morte de uma de minhas maiores influências musicais no Rock Progressivo. O tecladista Keith Emerson, integrante do power trio Emerson, Lake & Palmer, ou ELP para os iniciados, foi achado com uma ferida de bala na cabeça, mas não conseguiram confirmar ainda se ele cometeu suicídio. Ele tinha 71 anos.
E já vou me adiantando e desabafando: que ano maldito! Está, pouco a pouco, nos deixando órfãos de músicos sensacionais. A morte de Keith Emerson vem logo após o recente falecimento do produtor e arranjador George Martin, considerado o quinto Beatle pela banda de Liverpool, responsável por todos os arranjos orquestrais que se ouve no último disco do quarteto, Let It Be, de 1970.
Keith Emerson, Greg Lake e Carl Palmer fizeram um enorme sucesso nos anos 70 com seu trio musical. Emerson, o tecladista, tinha um jeito único e icônico de tocar piano, teclado e órgão, e acabou servindo de grande influência para inúmeros tecladistas modernos.
Seus sons, suas texturas sonoras que ele criava com os sintetizadores eram sensacionais, seus solos eram alucinantes, e para coroar o bolo com uma cereja, ele era capaz de tocar enquanto fazia truques com o teclado. Ele foi um dos precursores de tombar o teclado quando tocava, ou então usar-se de outros artifícios para tirar sons diferentes e fantásticos, ao lado do também saudoso tecladista do Deep Purple e do Whitesnake, John Lord.
Uma de suas apresentações mais icônicas é a apresentação ao vivo da peça Pictures at an Exhibition (1971), inspirada na composição da peça de câmara do músico e compositor russo Modest Mussorgsky. Foi o vídeo que me apresentou a eles, muitos anos atrás. Nesta apresentação ao vivo, ele é o grande destaque, e consegue, com sua técnica apuradíssima, criar climas e conceitos sonoros interessantíssimos.
O trio não usava guitarras elétricas! Keith Emerson tocava teclados, órgão e sintetizadores, Greg Lake era o baixista e violonista e Carl Palmer se encarregava da bateria. E sabe de uma coisa? A guitarra, instrumento tão icônico e simbólico do Rock, não faz falta aqui no som dos caras! Com o baixo sujo e carregadíssimo de Greg Lake e o teclado primorosíssimo de Emerson, o trio compunha melodias tensas, sombrias, pesadas, baladas, arranjos e improvisos alucinantes e viajantes. Era sensacional.
Ver a energia e a destreza de Emerson no palco era uma experiência hipnótica. Entre os exageros e loucuras dele, como tocar instrumentos com o traseiro, ou tocar o órgão deitado, ou ao contrário, o cara simplesmente capturava sua atenção... ou melhor... sequestrava sua atenção! Tem uma apresentação dele da década passada em que ele simplesmente sobe em uma grade do palco e lá de cima toca keytar. É insano! O cara era simplesmente inacreditável!
Sua discografia também é bem impressionante. Ele não só escreveu alguns dos álbuns mais clássicos do Rock Progressivo com seu trio, como o já mencionado Pictures at an Exhibition, ou as grandes obras Tarkus (1971), Trilogy (1972) e Brain Salad Surgery (1973), como também escreveu álbuns solo como Emerson Plays Emerson (2002), e participou de algumas trilhas sonoras e de composições clássicas e eruditas com a banda The Nice e o grupo de Billy Sherwood, este último na década passada.
Hoje, perdemos um enorme talento da música, um talento inigualável, que irá deixar um buraco enorme no cenário musical. Sua música contagiante e desafiadora foi de enorme influência para diversos artistas modernos, tanto do Rock como de qualquer outro gênero. Eu vou deixar vocês aqui com os alucinantes 43 minutos de Pictures at an Exhibition, a apresentação da banda de 1971 que originou um álbum ao vivo e um DVD; assistam! Principalmente quem nunca ouviu falar do trio.
O legado de Keith Emerson, sua música enérgica, alucinante e hipnótica, não será esquecido.
Nossa cara tenho um cunhado que ama esse cara, ele curtiu um show dele em BH, tinha pouca gente, ele ficou louco no dia deu para ver os caras bem de perto e quebrando tudo.
ReplyDeleteEsse cara era coisa de outro mundo, de outra realidade. Era absoluto! Vai fazer falta!
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