Nota: 10 / 10
Foi no ano passado que eu havia finalmente criado interesse para começar a ir atrás das graphic novels brasileiras da série Graphic MSP, que são a reimaginação moderna dos personagens de Maurício de Souza. E para mim, foi uma descoberta absolutamente positiva, porque eu não fazia ideia do tamanho da qualidade empregada nessas reimaginações.
Eu acabei sendo convencido primeiramente de ver algumas críticas por aí e passear nas livrarias vendo a hq exposta, e depois disso, após comprar a graphic Astronauta: Singularidade. Depois de lê-la, tudo o que eu pensava era em ler a primeira graphic do personagem, Astronauta: Magnetar. E a minha reação após a leitura foi de assombro! Que experiência fantástica!
Creio que muita gente aqui que é mais velha se lembra muito bem do personagem; metido em seu traje azul redondo de explorador espacial, ele protagonizava aventuras cômicas nas hqs da Turma da Mônica, e era um dos meus personagens favoritos, muito em decorrência da sua aproximação com os elementos espaciais e de ficção-científica que haviam em suas histórias. Só que aqui, a história é outra! Claro, há os elementos que consagraram as histórias antigas, mas a veia cômica foi sacrificada, em detrimento de um melhor desenvolvimento do personagem, e, claro, para trazê-lo mais para perto do público adulto, este mesmo público que cresceu com suas histórias.
O resultado é espetacular! Uma história tensa, emocionante, dramática, científica, com temáticas complexas, e digna de ganhar um tratamento cinematográfico! Eu, quando a lia, já até imaginava na minha cabeça uma aproximação musical de filmes como Inception ou então Gravity. Linda narrativa! Danilo Beyruth, também conhecido no cenário brasileiro independente de hqs pelo seu título Necronauta, constrói aqui uma trama que te deixa com os olhos grudados nas páginas, para saber os próximos desdobramentos, com um visual lindo, e enquadramentos de cena maravilhosos! Eu simplesmente não conseguia parar de virar as páginas, li a história em uma sentada só.
A trama, que pode muito bem ter sido "surrupiada", por falta de termo melhor, para o filme The Martian, estrelando Matt Damon, nos apresenta um pouco do passado do menino Astronauta Pereira, junto de seu avô, na fazenda onde morava. Corta para o presente, e então temos o protagonista, já atuando na BRASA (Brasileiros Astronautas), e indo averiguar, nos confins do espaço, um fenômeno causado por nêutrons, chamado de Magnetar, que pode representar um dos últimos estágios após a morte de uma estrela. O fenômeno desprende fragmentos de rochas espaciais, e Astronauta acaba tendo sua nave prejudicada por causa de uma dessas rochas.
Tendo que passar diversos dias em confinamento no espaço, o corajoso desbravador se vê obrigado a gerenciar suprimentos para poder sair daquele lugar. Porém, vários dias depois, a situação começa a complicar. Nesta história de isolamento e onde o personagem principal é o único protagonista, Astronauta irá desafiar seus limites, bem aos moldes do Tom Hanks perdido em uma ilha deserta, para não perder sua sanidade e sua esperança e conseguir encontrar uma saída engenhosa para a grave situação em que se encontra.
Uma das partes da HQ que eu achei a mais bacana é a sequência que se inicia na página 38 e termina no final da página 41; é uma das coisas mais intensas e diferentes que eu já vi em quadrinhos, eu não me lembro de ter visto isso antes em qualquer outro trabalho. Astronauta inicia sua nova rotina de emergência para encontrar uma solução para seu problema e o agrupamento dos painéis vão mostrando o passar do tempo, a repetição das tarefas e eventos, aumentando cada vez mais a claustrofobia impressa nas imagens, a sensação de estar sozinho, o abandono, sem ter a quem recorrer; é insano! Os painéis vão se repetindo de forma alucinada e diminuindo de tamanho, provocando também em nós a sensação de elipse temporal nas atividades do astronauta. Essa sequência, com certeza, eu achei um dos grandes destaques da narrativa.
E a história pega aquele personagem cômico, como eu já falei antes, aquele das histórias do Maurício de Souza, e reduz a comicidade para ir mostrando um lado sofisticado do personagem, um lado com uma inteligência e sagacidade absurda para resolver problemas, sem falar em seu lado dramático que ilustra uma complexidade que a gente muitas vezes deixava passar nas histórias porque o lado cômico era o mais destacado. Claro, que muitas dessas características, como diz o próprio autor, já estavam ali nas histórias antigas, mas a abordagem anterior não nos permitia notar essas coisas mais de perto, e isso eu achei sensacional. O Astronauta aqui, está em seu melhor momento, nos provendo uma história de superação que jamais havíamos visto do personagem antes.
E é claro, eu não posso deixar de destacar mais duas coisas nesta história maravilhosa: os flashbacks que nos detalham certos aspectos psicológicos que serão recuperados lá no clímax, e o próprio clímax em si, que é tenso e simplesmente fantástico, com surpresas que você só será capaz de vislumbrar mesmo se ler a HQ. E o ápice deste terceiro ato da história, desta resolução, é ao mesmo tempo, dramático, engrandecedor e de partir o coração.
Um trabalho simplesmente sensacional de um talento brasileiro que, encarregado de um personagem coadjuvante de quadrinhos do autor original, o trata com respeito, dignidade e realiza um projeto de amor e devoção ao que Maurício criou; digno de ganhar uma adaptação cinematográfica expondo toda sua grandeza. É, sem dúvidas, uma leitura altamente recomendada, que todos, mesmo aqueles que tem pouca intimidade com a nona arte, deveriam ler, de tão grandiosa que é. Esta é a HQ que abriu a série Graphic MSP, e, a partir dela, outros trabalhos sensacionais também vieram na esteira de seu sucesso... como diz o avô do menino mesmo? Ah, sim... ricocheteando e chapinhando; e eu espero que continue chapinhando por bastante tempo. Em 2016, Astronauta 3 será lançado, e eu estou ansiosíssimo para ver o que Beyruth nos preparou desta vez.
Editora: Maurício de Souza Editora
Formato: Graphic Novel
Roteiro: Danilo Beyruth
Desenhista: Danilo Beyruth
Colorista: Cris Peter
Editores: Emerson Agune, Levi Trindade
Outras graphic novels desta série:
Fase 2:
- Louco: Fuga (2015)
- Turma da Mata: Muralha (2015)
- Turma da Mônica: Lições (2015)
- Penadinho: Vida (2015)
- Astronauta: Singularidade (2014)
- Bidu: Caminhos (2014)
Fase 1:
- Piteco: Ingá (2013)
- Chico Bento: Pavor Espaciar (2013)
- Turma da Mônica: Laços (2013)
- Astronauta: Magnetar (2012)
A trama, que pode muito bem ter sido "surrupiada", por falta de termo melhor, para o filme The Martian, estrelando Matt Damon, nos apresenta um pouco do passado do menino Astronauta Pereira, junto de seu avô, na fazenda onde morava. Corta para o presente, e então temos o protagonista, já atuando na BRASA (Brasileiros Astronautas), e indo averiguar, nos confins do espaço, um fenômeno causado por nêutrons, chamado de Magnetar, que pode representar um dos últimos estágios após a morte de uma estrela. O fenômeno desprende fragmentos de rochas espaciais, e Astronauta acaba tendo sua nave prejudicada por causa de uma dessas rochas.
Tendo que passar diversos dias em confinamento no espaço, o corajoso desbravador se vê obrigado a gerenciar suprimentos para poder sair daquele lugar. Porém, vários dias depois, a situação começa a complicar. Nesta história de isolamento e onde o personagem principal é o único protagonista, Astronauta irá desafiar seus limites, bem aos moldes do Tom Hanks perdido em uma ilha deserta, para não perder sua sanidade e sua esperança e conseguir encontrar uma saída engenhosa para a grave situação em que se encontra.
Uma das partes da HQ que eu achei a mais bacana é a sequência que se inicia na página 38 e termina no final da página 41; é uma das coisas mais intensas e diferentes que eu já vi em quadrinhos, eu não me lembro de ter visto isso antes em qualquer outro trabalho. Astronauta inicia sua nova rotina de emergência para encontrar uma solução para seu problema e o agrupamento dos painéis vão mostrando o passar do tempo, a repetição das tarefas e eventos, aumentando cada vez mais a claustrofobia impressa nas imagens, a sensação de estar sozinho, o abandono, sem ter a quem recorrer; é insano! Os painéis vão se repetindo de forma alucinada e diminuindo de tamanho, provocando também em nós a sensação de elipse temporal nas atividades do astronauta. Essa sequência, com certeza, eu achei um dos grandes destaques da narrativa.
E a história pega aquele personagem cômico, como eu já falei antes, aquele das histórias do Maurício de Souza, e reduz a comicidade para ir mostrando um lado sofisticado do personagem, um lado com uma inteligência e sagacidade absurda para resolver problemas, sem falar em seu lado dramático que ilustra uma complexidade que a gente muitas vezes deixava passar nas histórias porque o lado cômico era o mais destacado. Claro, que muitas dessas características, como diz o próprio autor, já estavam ali nas histórias antigas, mas a abordagem anterior não nos permitia notar essas coisas mais de perto, e isso eu achei sensacional. O Astronauta aqui, está em seu melhor momento, nos provendo uma história de superação que jamais havíamos visto do personagem antes.
E é claro, eu não posso deixar de destacar mais duas coisas nesta história maravilhosa: os flashbacks que nos detalham certos aspectos psicológicos que serão recuperados lá no clímax, e o próprio clímax em si, que é tenso e simplesmente fantástico, com surpresas que você só será capaz de vislumbrar mesmo se ler a HQ. E o ápice deste terceiro ato da história, desta resolução, é ao mesmo tempo, dramático, engrandecedor e de partir o coração.
Um trabalho simplesmente sensacional de um talento brasileiro que, encarregado de um personagem coadjuvante de quadrinhos do autor original, o trata com respeito, dignidade e realiza um projeto de amor e devoção ao que Maurício criou; digno de ganhar uma adaptação cinematográfica expondo toda sua grandeza. É, sem dúvidas, uma leitura altamente recomendada, que todos, mesmo aqueles que tem pouca intimidade com a nona arte, deveriam ler, de tão grandiosa que é. Esta é a HQ que abriu a série Graphic MSP, e, a partir dela, outros trabalhos sensacionais também vieram na esteira de seu sucesso... como diz o avô do menino mesmo? Ah, sim... ricocheteando e chapinhando; e eu espero que continue chapinhando por bastante tempo. Em 2016, Astronauta 3 será lançado, e eu estou ansiosíssimo para ver o que Beyruth nos preparou desta vez.
Astronauta: Magnetar (2012)
Nº de edições: 1
Editora: Maurício de Souza Editora
Formato: Graphic Novel
Roteiro: Danilo Beyruth
Desenhista: Danilo Beyruth
Colorista: Cris Peter
Editores: Emerson Agune, Levi Trindade
Outras graphic novels desta série:
Fase 2:
- Louco: Fuga (2015)
- Turma da Mata: Muralha (2015)
- Turma da Mônica: Lições (2015)
- Penadinho: Vida (2015)
- Astronauta: Singularidade (2014)
- Bidu: Caminhos (2014)
Fase 1:
- Piteco: Ingá (2013)
- Chico Bento: Pavor Espaciar (2013)
- Turma da Mônica: Laços (2013)
- Astronauta: Magnetar (2012)
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