Sunday, October 4, 2015

HQ: Batman: Arkham City

Conforme eu falei lá atrás, na minha resenha sobre Road to Arkham, a primeira HQ baseada na série Batman: Arkham dos videogames após o grande sucesso que foi Arkham Asylum, os quadrinhos baseados na série Arkham deixaram de ter mero papel de peças publicitárias para se tornarem algo tão bacana e interessante quanto os games em si. Sendo assim, esta segunda HQ baseada no universo multi-mídia da série de games e serializada em 5 edições nos trouxe uma compilação de histórias que mostram o morcego detetive tendo que encarar uma nova ameaça aos cidadãos de Gotham travestida de última esperança de acabar com a criminalidade e perpetrada por um dos mais astutos vilões que Batman já enfrentou. Este vilão acabou se aliando à figuras públicas e também do submundo de Gotham que já o fazem uma figura perigosa, mas o que faz dele realmente perigoso para o Batman é o fato dele conhecer a identidade secreta do morcego, podendo portanto com isso prever cada passo que o morcego der.

A história, escrita pelo lendário Paul Dini, co-criador da série Batman TAS e também roteirista de Arkham Asylum e Arkham City e mais uma vez desenhada por Carlos D'Anda, que desenhou Road to Arkham, nos traz então este apanhado de situações que fazem a ponte de ligação entre o fim do primeiro game e o início do segundo game. Tudo que se passou antes do jogo que vemos em Arkham City começar é revelado aqui e coloca todas as peças do tabuleiro do segundo jogo em seus devidos lugares para que, terminada a leitura, mergulhemos no jogo para mais uma vez vivenciarmos a experiência de ser o Cavaleiro das Trevas.

A história se inicia no episódio Ruins (Ruínas), em que vemos o final do primeiro game, conforme Batman derrota o Coringa-hulk. Após os eventos de Arkham Asylum, o Coringa é novamente encarcerado no asilo, porém, algo mudou. No fundo ele sabe que a fórmula Titan afetou seu organismo e desestabilizou sua estrutura corpórea. Arlequina, que se encontra em uma cela separada, não quer deixar o "pudinzinho" na miséria e planeja um jeito de soltá-lo. Do outro lado da cidade, o agora prefeito Warden Sharp, auxiliado por uma pessoa misteriosa que diz ser seu psiquiatra, comunica a todos os cidadãos que iniciará a reconstrução da prefeitura da cidade para poder livrá-la de uma vez dos criminosos. Enquanto isso, Batman se vê diante de duas novas ameaças na cidade. Uma é o tal sujeito misterioso que de alguma forma está ligado ao prefeito Sharp, e outra, mais perigosa, é um casal de irmãos que formam a dupla criminosa T&T, um cara e uma moça que se drogam com a fórmula Titan administrando doses em sua corrente sanguínea para ficarem fortes e invencíveis. Até pouco tempo eles não passavam de criminosos normais, mas a fórmula Titan os transformou em uma grande ameaça à segurança pública.

Batman segue a pista que leva à dupla que recentemente havia cometido alguns crimes e ao enfrentá-los, os dois recebem a ligação da misteriosa ameaça que aciona um dispositivo explosivo nos irmãos, que vieram preparados para morrer na missão; Batman se preocupa quem deu tal comando para que os dois explodissem, tentando chegar mais perto da pista da ameaça misteriosa. Como Warden Sharp estava no lugar durante a explosão e se sentiu desmoralizado, ele comunica a todos os cidadãos que iniciará a construção da instituição de segurança máxima Arkham City, que ocupará metade da cidade de Gotham, despopulando bairros para que o lugar seja construído. Ele explica à cidade que esta será a última esperança para que Gotham se livre de uma vez da criminalidade. Aqui já entramos na parte dois, Breaking Ground (Iniciando os Trabalhos).

Aqui vemos os repórteres Jack Ryder e Vicky Vale em lados opostos em relação à concepção da prisão de segurança máxima e Batman convencido em investigar a possibilidade de que o prefeito Sharp faz parte de um esquema bem maior do que o que aparenta estar envolvido. Vemos Batman, assim como nos games, usar sua visão detetive, o que é muito bacana, pois faz o link com esse universo do morcego vindo dos games. Batman descobre o passado de Sharp, em que ele acabou ingressando na vida militar sem méritos, em decorrência de seu pai e que era um péssimo aluno na escola, suscetível a ser persuadido e associa isso a ele pensar que era o espírito de Amadeus Arkham, o que acho outra coisa bacana, porque justifica aquelas gravações encontradas no game Arkham Asylum com a suposta voz de Amadeus. Batman escapa de uma armadilha do professor Hugo Strange, que é o responsável pelo esquema todo de Arkham City nos games e pela campanha que levou Sharp a se tornar prefeito em Gotham. Ao mesmo tempo vemos o Coringa sendo abordado pelo guarda Aaron Cash e sua fuga do manicômio, orquestrada pela Arlequina de forma sorrateira e sagaz. Batman tenta impedir a fuga mas os dois escapam e se dirigem para a metalúrgica Sionis, o que faz com que entremos na terceira parte, Choosing Sides (Escolhendo um Lado).

A terceira parte vem nos trazer uma característica do morcego que não vimos muito nos games. Todo mundo que conhece o Batman sabe que ele é o mestre dos disfarces, conseguindo se infiltrar facilmente no submundo do crime sem ser reconhecido por seus opositores. No game isso não foi explorado, então é muito legal a gente poder ver isso aqui nesta HQ. Batman então infiltra-se na gangue do Coringa como o barbudão barra pesada Lester Kurtz, um sujeito que tem ares de Wolverine, além do sarcasmo também, uma das poucas chances que podemos ver Batman sendo irônico, coisa que os escritores normalmente não permitem que ele seja. Após o barbudo quebrar alguns capangas, o Coringa o contrata como membro da gangue, fazendo com que Kurtz vá até seu próximo alvo, o Pinguim, descobrindo assim que o palhaço e a ave tem uma rixa pelo controle de Arkham City. A única pessoa que Batman não consegue enganar é Hugo Strange, que o está observando cuidadosamente a cada passo que o morcego dá. Assim, a parte três também termina e vamos para a quarta, A Night On the Town (Uma Noite na Cidade), onde as coisas vão começar realmente a esquentar.

E quando eu digo esquentar, eu não estou brincando. Esta próxima parte abre literalmente, de forma explosiva. Batman tenta se infiltrar em Arkham City mas Strange sabe de seu disfarce. O vilão então joga tudo o que ele consegue pra cima do morcego, seus capangas e suas armas de guerra. Eis que aparece a Mulher-Gato dirigindo um tanque para ajudar o morcego a escapar dos soldados Tyger para a surpresa de Strange, que achou que havia planejado tudo nos mínimos detalhes. Mulher-Gato conta então para Batman que estava atrás de um estoque de armamentos que o Pinguim e o Coringa também estavam. Achando eles primeiro, a gata tenta ganhar a confiança de Hera-Venenosa, uma vez que a segurança pesada de Arkham City andou dando muito trabalho em meio ao caos que se instaurou, então Hera lhe cedeu o tanque em troca de favores. De posse dessa informação, Batman sai de cena, claro, sem agradecer a carona da gata. Nesse meio tempo, um médico está examinando o Coringa e dizendo o que já havíamos constatado lá atrás, o palhaço está morrendo com a toxina da fórmula Titan. "Agradecido" pela consulta, o palhaço o manda embora no seu melhor estilo, ou seja, não preciso dizer o que aconteceu ao médico. O episódio termina com Batman capturando e intimidando um guarda capanga de Strange que acaba revelando ao morcego o nome do chefe. Partimos então para a parte final deste prelúdio ao segundo game, Exposure (Revelação).

O episódio final se inicia com Robin, Batman e Alfred na caverna recuperando dados que foram deletados dos computadores do antigo Asilo Arkham. Então o noticiário finalmente revela quem era o homem que estava colaborando com o prefeito Sharp este tempo todo e que irá ser o responsável por gerenciar as operações de Arkham City, Hugo Strange. A revelação faz com que Bruce Wayne ache mais difícil tentar se aproximar da situação agora como o morcego, então vai até onde Strange e Sharp estão discursando para a cidade como ele mesmo de forma a tentar intimidá-los e ganhar a confiança da opinião pública. Fica visível que Strange pretende se esconder em plena vista, ou seja, aparecer para todos, porém blindado pela prefeitura de Gotham e que Sharp é apenas um fantoche nas mãos do bandido. Bruce Wayne tenta virar a opinião de Gotham contra Strange dizendo que ele tinha um passado sórdido de abuso de pacientes, mas é nocauteado pela falta de provas e pelo fato de Wayne ser conhecido pela opinião pública como um playboy que está acima das dificuldades das pessoas comuns da cidade. Então a história termina da forma como encontramos o jogo quando ele começa: a polícia está sem forças para impedir Strange, que abre Arkham City de qualquer forma, Zsasz tem um mapa da cidade que o permite fazer aquele mini-game de telefone que vemos durante o gameplay, Mulher-Gato, Duas-Caras, Hera, Coringa, Pinguim, todos estão exatamente nas posições em que o jogo se inicia, o Charada jogará seus enigmas sórdidos de adivinhações que são um dos mini-games da série, e Hugo Strange termina a história dizendo que espera ansioso o retorno do morcego à prisão, claro, uma solução de roteiro que ao mesmo tempo faz quebrar a quarta parede com Paul Dini dizendo ao próprio leitor que o espera para explorar Arkham City, fazendo aí também o lance de peça publicitária do game.

De forma geral, é uma leitura divertida. Claro, parece muito exagero um ex-psiquiatra sozinho conseguir manipular um prefeito que não passa de uma barata-tonta, uma peça de fantoche em mãos mais astutas e levá-lo a construir uma prisão gigantesca como foi feito e a obter a chave da prefeitura de forma a controlar tudo e a todos, mas a diversão está exatamente aí, nestes absurdos. Outro ponto que se deve destacar é que essa é uma leitura que apenas o pessoal que joga os games da série Arkham vai entender, está bem centrada e isolada neste mundo criado nos games, portanto se você tem desejo de pegar estas HQs relacionadas à série de jogos, recomendo primeiro que vá atrás de jogá-los, porque senão de nada lhe servirá a leitura e você vai ficar perdido. Sem ter jogado os jogos da série, até dá pra se divertir com uma coisa ou outra que os leitores de forma geral estão bem familiarizados, mas muita coisa se perde sem os jogos, uma vez que uma mídia está inexoravelmente ligada à outra mídia.

Com relação às HQs ligadas à Arkham City, ainda temos uma linha inteira para analisar, Batman: Arkham Unhinged e suas peças periféricas de HQs digitais que saíram posteriormente; é uma linha grande e bem longa de histórias periféricas baseadas no universo dos games, sem falar, claro, na HQ digital de Arkham Origins e nas baseadas em Arkham Knight, é uma longa linha de quadrinhos que foi baseada nos games, mas vamos falar dessas histórias no seu devido tempo e sem muita pressa, porque algumas dessas histórias acontecem durante os fatos ocorridos no segundo game, outras acontecem entre o final do game e o começo do DLC Harley Quinn's Revenge e outras após isso, além de ter os prelúdios do prelúdio, e por aí vai. Dentro de algum tempo irei falar de outras coisas, mas no momento, se você é fã da série de games e procura por mais deste universo, minha recomendação é que leia estas histórias.

Batman: Arkham City (Julho/2011 - Outubro/2011)
Nº de edições: 5
Nota: 8,5 / 10

Editora: DC Comics
Formato: Minissérie
Roteiro: Paul Dini
Desenhista: Carlos D'Anda
Colorista: Gabe Eltaeb
Letrista: Travis Lanham
Editor: Jim Chadwick, Chynna Clugston

Games relacionados:
- Batman: Arkham Knight (2015)
- Batman: Arkham Origins (2013)
- Batman: Arkham City (2011)
Batman: Arkham Asylum (2009)

Filme relacionado:
Batman: Assault on Arkham (Batman: Assalto em Arkham) (2014)

Outras HQs relacionadas:
- Batman: Arkham Knight – Genesis (2015–2016)
- Batman: Arkham Knight – Batgirl Begins (2015)
- Batman: Arkham Knight (2015–)
- Batman: Arkham Origins (2013–2014)
- Batman: Arkham City – End Game (2012)
- Batman: Arkham Unhinged (2011–2013)
- Batman: Arkham City (2011)
Batman: Arkham Asylum – The Road to Arkham (2009)

Livro relacionado:
- Batman: Arkham Knight – The Riddler's Gambit (2015)

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