Hoje é dia 26 de Outubro de 2015. Para quem se lembra do primeiro filme, em 26 de Outubro de 1985 começou nossa querida aventura pelo tempo; também é o dia que Doc Brown diz a Marty que esteve no futuro e acabou voltando a 1985 para avisar Marty e Jennifer "que algo tinha que ser feito com suas crianças"! A piada final acabou se tornando o enredo do segundo e que acabou inevitavelmente catapultando o terceiro, e por isso, nada melhor do que celebrarmos este dia com um artigo final sobre a trilogia que lhes trago aqui. Tem sido uma viagem e tanto pelo universo de Back to the Future, não é verdade? A trilogia acabou há anos atrás, em 1990, Michael J. Fox, Christopher Lloyd e o diretor Robert Zemeckis estavam fechando o que acabou se tornando um fenômeno icônico e venerado por muitas e muitas pessoas. Só que teve muita gente ainda assim pedindo um quarto filme da franquia, vejam só! A resposta a essa insistência, veio na forma de um jogo da Telltale, programado para PCs e iPads. Vamos conhecê-lo?
Pois é, durante anos a fio, fãs ao redor do mundo inteiro ficaram na expectativa de, de repente, ver um ressurgimento da franquia Back to the Future. Os responsáveis pela cinessérie sempre insistiram que o trabalho deles estava feito, e que não haveria a menor chance de haver um quarto filme. A base de fãs acabou até ficando dividida. Ao mesmo tempo que muitos pediam um quarto filme, muitos outros mais diziam que fazer uma quarta produção iria estragar toda a magia da cinessérie, e que estavam 100% satisfeitos com a cinessérie fechando sua história no terceiro filme. Eu faço parte do grupo que não quer ver o tal quarto filme ser produzido, e defendo essa rejeição por razões muito simples: os atores hoje estão bem mais velhos e os tempos são outros. Não seria a mesma coisa. Aliás, aquela história contada naqueles três filmes fazem parte de um momento mágico de inspiração que aconteceu naquela época, e é por isso que deu tão certo. Se passar disso, vai quebrar a mágica e a ilusão da história.
E realmente nós temos provas para sustentar estes argumentos. Basta ver as franquias que resolveram ir além daquele seu momento mágico e deram, como se diz na gíria, com os burros n'água. Exemplos não faltam: Terminator, Indiana Jones, Alien, Die Hard, a lista é grande. Todas essas franquias arriscaram se estender e alongar por mais algum tempo, e o resultado a gente pode ver aí, em sequências péssimas que só fizeram criar manchas em uma história que deveria ter acabado há tempos.
Visto todos estes fatores, um grupo de produtores e programadores da empresa chamada Telltale resolveu ter o máximo de cuidado possível; uma nova história só se tornaria viável se se centrasse principalmente nos conceitos estabelecidos da trilogia, trouxesse de volta aquele universo do jeito que conhecemos e tivesse mínima ou nenhuma repercussão nos eventos que ficaram estabelecidos após o terceiro filme. E assim é o jogo de aventura da Telltale, uma espécie de viagem nostálgica ao universo de Marty, Doc e os outros personagens com o único intuito de divertir e fazer os mais velhos como eu reviverem os bons tempos, proporcionando interação com aquele mundo. Mas é claro que Doc e Marty partem novamente para bagunçarem a linha temporal no processo!
Quando eu fiquei sabendo que iria ter uma nova aventura nos videogames, confesso que tremi. Vários outros games baseados na franquia já haviam sido lançados ao longo dos anos, todos eles baseados nos três filmes estabelecidos no canon da saga. Quase todos eles fracassaram retumbantemente em reproduzir os filmes para os consoles. Há um vídeo muito bom do Angry Video Game Nerd falando de todos eles, que vou postar aqui, se você entende inglês, assista que é muito bom e informativo; só atente que o nerd do vídeo é bem boca suja, mas faz parte da diversão de ver o programa dele na web.
Lembro que a primeira coisa que divulgaram do jogo foi a foto de Marty e Doc re-estilizados em formato animação. No início eu estranhei, mas conforme eu checava o material que vinha em seguida, passei a gostar mais dos modelos animados. Para as vozes dos personagens, Christopher Lloyd volta a fazer seu eterno Doc Brown, porém neste game há também uma versão bem mais jovem de seu eu futurístico. Muito mais! E por isso temos outro ator também, James Arnold Taylor, fazendo a voz do Emmett Brown dos anos 30. Michael J. Fox não voltou por conta de seu problema com o mal de Parkinson, então foram atrás de um cara que tinha uma voz extremamente parecida com a do jovem Fox quando interpretou Marty nos filmes, A.J. LoCascio. Porém, Fox também dá sua contribuição vocal aqui mais para o final da história do game, interpretando um antepassado de Marty e outras versões mais velhas de Marty. Para o restante do elenco, outros atores também foram chamados para executar os papéis de apoio nos filmes, mas também tivemos mais alguns retornos. Como por exemplo, Claudia Wells, que foi a Jennifer Parker original no filme de 1985, e nas sequências, foi substituída pela atriz Elisabeth Shue. E na edição de aniversário de 30 anos da franquia, temos Thomas Wilsom de volta em seu papel de Biff Tannen e de outros antepassados de Biff.
O elenco contratado então na versão de lançamento do game, além de LoCascio, Lloyd, Taylor, Fox e Wells, foi Roger Jackson como o novo personagem Cue Ball, as atrizes Rebecca Schweitzer e Shannon Nicholson como versões diferentes de Edna Strickland, Aimee Miles como Lorraine Baines McFly, Michael X. Sommers como George McFly, Andrew Chaikin fazendo os Tannen e mais o ator Owen Thomas fazendo Kid Tannen e mais alguns outros atores como personagens menores da trama.
Ah, vale também lembrar que esse game, apesar de ter sido um grande sucesso, não faz parte oficialmente do canon da trilogia. É apenas uma experiência que dá ao jogador a chance de imergir em uma história nova, mas essa história deve ser encarada da mesma forma que a série de animação de 1991 que passava na TV, ou seja, não é parte oficial do universo estabelecido da trilogia original, que oficialmente acabou no terceiro filme. Temos o roteirista da trilogia, Bob Gale, aqui como consultor criativo para a trama do game escrita por Andy Hartzell, Michael Stemmle e J.D. Straw. Inclusive, os próprios Gale e um dos diretores do game Dennis Lenart avisam que esta não é a tal parte IV, somente se aproxima de ser uma parte IV, mas é algo que foi construído e pensado para ser uma história do tipo fan fiction oficial, sem amarras com a trilogia original. Parte dos ganhos com o game foi doado pela equipe para a Michael J. Fox Foundation, para pesquisa da cura do Mal de Parkinson.
Vamos então conhecer os mecanismos do game. Ele é um game de aventura em terceira pessoa, ou seja, seu personagem principal, Marty McFly, nunca morre como em outros games, apenas fica encalhado no jogo até um quebra-cabeça ser resolvido, para então avançar. Compare este game como games da série Ilha dos Macacos, Full Throttle, Sanitarium, que inclusive já falei aqui no blog, e games da série Indiana Jones e Sam & Max da Lucas Arts. É bem esse estilão aí. Você anda pelo mapa, explorando coisas e interagindo e conversando com outros personagens, descobrindo pistas e escolhendo as frases certas para persuadir algum personagem a fazer o que é preciso para a trama avançar. Além disso você tem que interagir com o ambiente a sua volta, recolhendo objetos que lhe serão úteis mais para a frente ou mesmo combinando itens de seu menu com algo. A ação do game é totalmente cinematográfica, quase não existem aquelas cutscenes onde não se faz coisa alguma, você sempre vai estar fazendo algo e acompanhando o desenrolar da trama.
Além disso, você tem os menus do game para lhe ajudar a conseguir pistas e manejar seus objetos. O game pode ser bem desafiador ou então lhe dar as pistas numa bandeja se você assim quiser. Há o círculo de interrogação no topo da tela, geralmente com três ou quatro pistas do que fazer em seguida, caso você esteja perdido. As primeiras pistas apenas lhe dão um toque do que deve procurar, nunca lhe falando na cara o que deve ser feito, e a última pista, geralmente é aquela que abre o jogo e lhe fala mesmo "ó, faça isso, pronto!". Dessa forma, até mesmo a pessoa mais devagar na Terra, aquela ruim mesmo para descobrir segredos de um game, consegue avançar na trama; também esse recurso das pistas é bom para aquele jogador bem casual e iniciante, que está apenas interessado em assistir a história do game, ao invés de se desafiar a realmente descobrir seus segredos. Controlando Marty, você pode se mover pela fase, com os direcionais do controle, observar itens e objetos de cenário, optar por falar com pessoas, entrar e sair de lugares, enfim, há uma gama de possibilidades.
Os personagens foram estilizados para se parecerem o máximo possível com suas contrapartes dos filmes, mas sem tirar aquele aspecto de animação moderna que permeia toda a aventura. E realmente temos aqui designs interessantes, como o Emmett Brown mais novo, que tem a cara do Christopher Lloyd em início de carreira. Também temos uma personagem nova, Edna Strickland, que é a irmã do diretor da escola de Marty, Sr. Strickland. A personagem não existia nos filmes, portanto é encarada como personagem não-canônica, ou seja, sem relação com o canon estabelecido na trilogia. Mas é uma vilã interessante no game. Nos filmes o Sr. Strickland tinha aquela palavra de efeito, "slacker" (algo como folgado, preguiçoso, frouxo), quando se referia a qualquer integrante da família McFly. Aqui Edna tem a dela também, "hooligan" (algo como vândalo, desordeiro), e que é bastante engraçado quando ela fala com aquela voz de Bruxa do 71, eu sempre dava muita risada quando ouvia ela falar no game. Também tem a expressão "it's a fact, look it up!" (algo como é um fato, procure!), que ela diz em diversas ocasiões, mas não chega nem perto da graça de "hooligan".
Aliás, temos também um novo membro da família Tannen nos sendo apresentado, Kid Tannen, o Tannen gangster dos anos 30. Ele é como todos os outros Tannens, mas aqui ele é mais parecido com um jovem Don Corleone, mas sem a voz rouca. Faz tudo para conseguir o que quer e faz aquele tipo linha dura do fora-da-lei Buford Tannen do terceiro filme, mas com um aspecto mais classudo do que de cachorro louco. De qualquer forma, ele vai servir como um dos vilões da história. Contudo, o game quebra uma tradição dos filmes: o vilão principal aqui não é um integrante da família Tannen, mas sim Edna Strickland.
Os gráficos em animação tridimensional são muito bons, apesar de apresentar um ou outro bug minúsculo. Às vezes um ou outro objeto de cena ou de jogo pode demorar um pouco mais para carregar e aparentemente sumir da vista por um segundo, mas é raro acontecer, não prejudica a diversão. Isso é algo que acontece em todas as versões do game, portanto, se acontecer com você, não se preocupe, é coisa bem mínima.
Última observação técnica antes de entrarmos na história do game, é em relação à estrutura de episódios. Foi a primeira vez que eu vi um game com essa estrutura! Na época, minha única plataforma para jogar era o PC, então eu estava esperando, a qualquer momento, o game sair fisicamente nas lojas especializadas, eu ainda não entendia muito bem esse processo de lançamento digital, sem mídia física.
Atualmente, na versão de relançamento do game, especial de 30 anos de franquia, nós temos a versão física do game sendo lançado para Xbox 360, Xbox One e Playstation 4, mas na época isso era estranho para mim. Mais tarde, eu viria a jogar o game também no iPad, após comprar o meu dispositivo, mas entre o PC e o iPad, eu posso afirmar tranquilamente que a melhor plataforma para mim foi o PC, muito pela questão da facilidade de controle. A versão do iPad é bacana também pela questão da portabilidade, mas os controles de toque não são tão práticos assim.
Minha versão do Xbox 360, especial de aniversário, eu acabei de comprar há alguns dias, chegou anteontem mesmo, trata-se do relançamento do game agora em 2015 para comemorar os 30 anos da franquia; tive a chance de jogar um pouco, e foi uma ótima experiência, tão legal quanto no PC ou no iPad; na questão da jogabilidade do game, eles tiveram que adaptar o controle. Ficou meio estranho, no PC ainda é um pouco mais fácil de controlar, até porque foi um game feito para essa plataforma, mas uma vez que se pega o jeito e se acostuma, rola tranquilo. Foi muito legal ouvir no Xbox a voz clássica de Thomas Wilsom fazendo a voz dos Tannen e soltando seus "buttheads" por aí! Owen Thomas ainda foi mantido como Kid Tannen, mas Andrew Chaikin acabou sendo substituido pelo clássico ator no papel das outras versões de Biff. Sua voz está um pouco mais profunda por causa da idade, mas quando ele entra no personagem, dá pra notar claramente que é o velho Biff que está lá! Mas o mais legal de tudo foi ver essa aventura fantástica em forma de game na telona da TV, assim como quando vejo a trilogia.
O game na época foi dividido em 5 episódios que saíram mensalmente em datas específicas. Quando você terminava um episódio, tinha que esperar o mês que vem pelo novo que lançavam, o que fazia a experiência do game durar mais tempo. Você tinha que pagar um valor para cada episódio que era lançado, exceto pelo primeiro, "It's About Time" que saiu de graça para todos verem se iriam gostar de jogar o game ou não. Na versão do Xbox 360 eles mantiveram essa divisão de episódios, mas estão todos lá, você pode optar por jogar o game desde o comecinho ou pular diretamente para o episódio que desejar.
Dito tudo isso, vamos conhecer a história do game. Como ele está sendo relançado atualmente em mídia física e com todos os episódios de uma vez, eu não vou dar muitos spoilers, vai que alguém ainda queira jogar, não é? Sendo uma coisa mais nova e recente do que a trilogia, eu vou me abster de falar sobre alguns detalhes, mas vou explicar um pouco cada um dos episódios para vocês sentirem o tamanho da diversão que terão.
Episódio 1: It's About Time
Originalmente lançado em 22 de Dezembro de 2010
O episódio começa com uma re-encenação da cena do primeiro filme no Twin Pines Mall, onde Marty e Doc veem o DeLorean viajar no tempo pela primeira vez. Exceto que dessa vez, o carro não volta. Algo assustador acontece e Marty acorda de um pesadelo. Nessa primeira parte, o início é exatamente igual ao primeiro filme até um certo ponto, então, quando o controle do game te libera para você escolher o que falar, eu não consigo evitar de reproduzir fielmente o diálogo do filme entre os dois. Meu coração de fã fala sempre mais alto aqui e me impede de tentar qualquer outra alternativa de diálogo. Bom, desperto do pesadelo, Marty se levanta e descobrimos que estamos no ano de 1986, e a propriedade de Doc Brown está sendo vendida e o terreno confiscado, uma vez que faz algum tempo que Doc não volta de onde quer que esteja. Vemos Biff Tannen e George McFly escarafunchando os pertences de Doc para ver com o que vão ficar. Aqui já temos diversas referências dos filmes, como a guitarra, os modelos que nunca estavam em escala e os livros de Jules Verne.
É então que saímos da casa para ver que o DeLorean voltou de alguma maneira, mas Doc não estava dentro, apenas Einstein. Havia uma fita cassete com uma gravação. Doc diz que o carro voltou por causa de um mecanismo de auto-resposta que ele instalou; mais tarde ele explica que o DeLorean é uma duplicata que surgiu durante o deslocamento temporal da tempestade de 1955, lá do fim do segundo filme. Pois é, lembram aquela duplicata lá do velho-oeste? Resolveram brincar com esse pequeno furinho do terceiro filme! Doc dá instruções a Marty e o garoto parte para uma missão de resgate.
Andando pelas ruas de Hill Valley, conhecemos a velha Edna Strickland; entramos em seu apartamento e descobrimos que ela foi uma repórter de sucesso nos anos 30. Extremamente rígida e sozinha, ela fica o dia inteiro gritando com os arruaceiros que vê por sua janela. Olhando pelos jornais de Edna, Marty descobre a encrenca que Doc se meteu e que lhe custou a vida, e parte para os anos 30 para resgatá-lo.
Chegando em 1931, ele tem que se disfarçar. Assim como no terceiro filme onde Marty inventa um nome para si próprio, aqui ele também faz a mesma coisa, só que o game dá três opções de nomes para escolhermos; podemos ser Harry Callahan, Michael Corleone ou Sonny Crocket! Eu sempre escolho Michael Corleone, porque, afinal de contas, são os anos 30, época dos gangsters e da Prohibition, não é? Mais adequado.
Enfim, conhecemos a jovem repórter Edna Strickland, descobrimos que Doc Brown, que está disfarçado sob a alcunha de Carl Sagan, foi preso porque foi acusado de tentar incendiar um speakeasy, uma espécie de bar clandestino onde se vendem bebidas ilegais. Também descobrimos que Arthur McFly, pai de George McFly, é capanga da gangue de Kid Tannen, que está por trás do speakeasy, disfarçado de restaurante de sopa. Edna faz parte de uma sociedade chamada Stay Sober Society que pretende acabar com a venda ilegal de bebidas e com o alcoolismo; ela também odeia cães e palavras de baixo-calão.
Nesse meio tempo, conhecemos o jovem Emmett Brown, que sai de uma corte de justiça pensando em seus experimentos. Descobrimos que Emmett está tentando a carreira de juiz porque seu pai quer que ele seja um juiz de direito, não um cientista, o que frustra o jovem, que tem outros anseios e quer participar da Hill Valley Science Expo com um modelo de uma broca que inventou e que lembra muito o desenho da parte traseira do DeLorean.
Bom, tudo isso foi a apresentação dos personagens. Para resumir a trama, Marty terá que entregar a seu antepassado, Arthur, uma intimação para depor contra Kid Tannen na corte com Emmett, como uma distração para preparar o resgate de Doc da prisão. O processo é trabalhoso, mas depois de algumas missões, Marty resgata seu amigo, inclusive fazendo o jovem Emmett ter uma conversa séria com seu pai dizendo que não queria ser um juiz, e sim um cientista. Essa é a parte em que temos que resolver um desafio bastante complicado do game para avançarmos. Conseguindo isso, Marty libera Doc da prisão, mas por causa da traição de seu avô Arthur, Kid Tannen o mata e coloca em risco a existência de Marty, nos conduzindo então para o segundo episódio.
Episódio 2: Get Tannen!
Originalmente lançado em 17 de Fevereiro de 2011
O segundo episódio continua os eventos do episódio 1. Marty consegue a proeza de colocar sua existência em risco outra vez, a segunda vez após os eventos do primeiro filme. Ele então não pode voltar para 1986, ao invés disso, terá primeiro que garantir que seu avô fique em segurança para que ele e sua família existam no futuro. Tem certas vezes que Marty fica piscando no episódio, como se estivesse sendo apagado da existência, assim como no primeiro filme, um aviso do que vai acontecer, caso não resolva a bagunça que aprontou. No processo, Marty ganha acesso ao clube onde canta uma certa Trixie Trotter. O nome artístico da moça é um chamariz, porque ela na verdade será a futura mãe de George McFly, e seu nome é Sylvia Miskin, casada com Arthur. Também conhecemos aqui o futuro pai de Jennifer, Danny Parker, oficial da polícia.
Doc havia voltado para 1931 para concluir sua pesquisa para um livro sobre a família McFly que estava escrevendo, chamado The McFlys of Hill Valley, um livrão com toda a biografia da família de Marty que detalharia desde a vida de Seamus McFly de volta no velho oeste até Marty. Dessa forma, Doc possuía conhecimentos sobre a família de Marty e ajuda o garoto no processo de salvar sua família e a de Jennifer, contando também com o auxílio do jovem Emmett.
Só que esse imbróglio, mesmo que resolvido, inclusive com uma sequência muito legal de luta com gangsters, acaba colocando outra existência em cheque, a de Doc. Eventos que acontecem no final do episódio acabam aproximando o jovem Emmett e a jovem Edna. Descobrimos no game que a faísca definitiva que convenceu Emmett a ser o cientista que se tornou foi quando ele foi ao cinema em 1931 assistir o famoso filme Frankenstein, dirigido por James Whale. Só que ao invés de ter ido ao cinema desta vez, os eventos passados se alteram e Emmett acaba saindo com Edna, apagando o Doc que conhecemos da existência completamente. Quando Marty retorna em 1986, está tudo completamente mudado de novo.
Episódio 3: Citizen Brown
Originalmente lançado em 28 de Março de 2011
No episódio 3, vemos uma Hill Valley completamente alterada, nem sequer lembrando aquela que conhecemos nos filmes. Os roteiristas arranjaram um jeito de desconstruir, esmigalhar completamente em pedacinhos aquele universo que conhecíamos só para ver se ele consegue recolher seus pedaços e se reconstituir novamente como era antes. Temos então uma Hill Valley tomada por um regime totalitário, governada por um tal de Cidadão Brown (uma clara referência ao filme Citizen Kane), que na verdade é o Doc alternativo deste universo; só que tem um problema: esse Doc jamais conheceu Marty na vida e nem mesmo construiu uma máquina do tempo; ele não lembra em nada o Doc que estamos acostumados. Marty está literalmente no inferno. Como diria o Doc Prime, "é Hill Valley, embora eu não imagine que o inferno seja pior!"
E ainda, os pais de Marty, e até mesmo o Biff, trabalham para o governo totalitário, que baniu os palavrões, o álcool, os animais, e tudo aquilo que seja transgressor. Uma realidade onde todos são vigiados o tempo todo por câmeras, instaladas em toda parte da cidade, exatamente como no livro 1984, escrito por George Orwell. A realidade orwelliana aqui se adapta ao mundo de Hill Valley e que, devido aos eventos dos episódios anteriores, veio sendo construída desde os anos 30, apagando então da existência, muita coisa que a própria trilogia construiu.
Para piorar mais ainda as coisas para Marty, Jennifer não o conhece. Para ela, que é uma transgressora da sociedade e tem um grupo de amigos que também representam a resistência nessa realidade opressora, Marty é só mais um certinho que é alienado pelo sistema opressor do Cidadão Brown. Pois é... nosso amigo agora está literalmente ferrado, sem eira, nem beira. Marty pode apenas se dar por feliz que sua existência foi assegurada com a prisão de Kid Tannen no episódio anterior.
Com o DeLorean arrebentado, e sem ter em quem confiar, Marty parte para sua complicadíssima missão de apagar essa terrível realidade e restaurar a Hill Valley exatamente do jeito que nós nos lembramos dela. Para isso ele terá que se infiltrar na torre do relógio, que foi transformada no quartel general do Cidadão Brown e sua esposa, Edna Brown. O menino aprende que nessa Hill Valley há um tratamento para fazer transgressores se transformarem em cidadãos úteis para a sociedade, chamado Citizen Plus. Biff foi um dos que passou por essa lavagem cerebral, bem ao estilo do romance A Clockwork Orange (Laranja Mecânica), se tornando o Alex DeLarge da vez.
Usando-se de várias maracutaias a seu favor, Marty consegue uma audiência com o Cidadão Brown e tenta fazê-lo lembrar de sua persona original, mas em vão. Ele precisa de provas. Uma vez que consegue chamar a atenção do Cidadão Brown e fazê-lo se parecer mais com o Doc de sempre, o velho decide consertar a máquina do tempo. E é aí que a vilania de Edna realmente começa a se parecer mais ameaçadora do que foi até agora. Cidadão Brown é capturado pela própria esposa, o que nos leva ao quarto episódio.
Episódio 4: Double Visions
Originalmente lançado em 29 de Abril de 2011
Chegamos no quarto episódio que continua os eventos da Hill Valley alternartiva. Cidadão Brown está preso e Marty está em uma cela. Uma vez que os dois conseguem sair dalí, eles consertam o DeLorean e viajam de volta aos anos 30, exatamente no dia em que o jovem Emmett vai apresentar sua nova invenção na Hill Valley Science Expo. O que é interessante neste quarto episódio é que, mais do que nunca você terá que lidar com dois Emmett Browns; o jovem Emmett, que ainda está obcecado por seu amor por Edna e Cidadão Brown, que está convencido a mudar seu futuro e recuperar sua antiga persona que sumiu da existência, mas ainda relutante por que no fundo ainda não está muito certo se está fazendo a coisa que deveria fazer.
Aqui também temos a interessante persona de Edna Strickland nos anos 30, mais amigável e charmosa do que a de Edna Brown no futuro, mais controladora e maquiavélica. Ela quer fazer Emmett Brown crer que está mais para o lado da ordem e da virtude do que para a transgressão, uma vez que ele fez um teste de aptidão mental que deu como resultado "Cidadão Modelo". Marty então tem que convencer Edna que Emmett é um hooligan e sabotar a relação entre os dois, pois esse foi o momento no tempo em que a Hill Valley orwelliana começou a nascer.
Ou, como diria o Doc Prime, "neste ponto a linha do tempo fez um desvio criando um 1986 alternativo". Enfim, você terá que passar o resto do episódio fazendo de tudo para que Edna se afaste de Emmett. Isso inclui um quebra-cabeça muito legal que sabota o teste de aptidão mental de Emmett mostrando que ele é realmente um caso perdido.
Para piorar, Cidadão Brown volta atrás e quer salvar sua amada Edna de ser uma insípida velha miserável que vive solitária no futuro. Uma vez que Marty discorda de seu plano, Brown fica nervoso e quer se vingar dele, colocando tudo em risco mais uma vez. Aqui os roteiristas conseguiram a proeza de fazer até com que o Doc fosse o vilão da história por algum tempo, o que tornou esse episódio muito interessante. O jovem Emmett, após ter se separado de Edna tem um momento de depressão, mas uma pequena conversinha com Marty faz com que tudo volte para o seu lugar e Emmett está determinado mais uma vez a participar da feira de ciências. Vamos então rapidamente falar do último episódio, sem dar muito spoiler sobre o que vai acontecer.
Episódio 5: Outatime
Originalmente lançado em 23 de Junho de 2011
Chegamos enfim no último episódio. Aqui o Cidadão Brown é que será um vilão traiçoeiro e que tentará derrubar seu antigo eu dos anos 30. Brown pensa que sua vida se tornou miserável por causa da ciência, e pretende desencorajar seu jovem eu de se tornar um cientista.
Se Marty conseguisse que o plano de Brown fosse um fracasso, o Doc original retornaria e nos mostraria uma realidade bastante diferente, onde aparentemente a cidade de Hill Valley está ainda bem longe de voltar a ser o que era. Porém, o Doc original voltaria. Descobriríamos então que alguém fez uma viagem no tempo e voltou para o velho oeste para tentar acabar com tudo. Se Marty e Doc conseguissem impedir este plano maligno e capturar essa pessoa, tudo voltaria a ser como antes e a linha do tempo se restabeleceria com algumas modificações menores e sem muita importância.
O legal é que este episódio finalmente tem a participação de Michael J. Fox, que aqui faz um antepassado de Marty, William McFly, o bebê do terceiro filme, bisavô de Marty; Fox também nos presenteia com algumas versões alternativas de Marty no final do último episódio, antes de ele e Doc saírem com o DeLorean voador, prontos para qualquer coisa que o futuro lhes traga por aí. O final do game é muito bacana, recompensador e nos traz aquela alegria e satisfação de ter assistido a mais uma aventura sensacional no universo de Back to the Future.
Back to the Future: The Game nos traz aproximadamente 7 horas de aventuras novas com todos estes personagens tão queridos por nós e nos deixa novamente com a certeza de que estes sensacionais personagens sempre serão uma das melhores coisas que a criatividade humana conseguiu realizar em toda a história. Este game é a prova incontestável da força deste universo que começou lá atrás em 1985 e ainda hoje se estende por todas as gerações. Mais do que um simples game de aventura, esta é uma experiência que vai fazer os mais velhos se deliciarem com a nostalgia e a inventividade que este universo sempre nos trouxe e os mais novos a descobrirem uma história que sempre será eterna, atual, e além de seu tempo.
Eu estou muito feliz de concluir este especial de Back to the Future com este game fantástico e espero que você também tenha se divertido. Talvez você que esteja lendo ainda não conheça esta última aventura de Marty e Doc. Se for o caso, eu recomendo altamente que vá atrás dela! E é aqui que a gente termina, caro leitor. O futuro está aí para nós, inexplorado e cheio de possibilidades. E se somos responsáveis pelo nosso próprio futuro, então, vamos fazê-lo ser um bom futuro, para todos nós! Muito obrigado mais uma vez por ler e até mais!
Trailer de lançamento:
Trailer de relançamento - 30th year anniversary:
Quando eu fiquei sabendo que iria ter uma nova aventura nos videogames, confesso que tremi. Vários outros games baseados na franquia já haviam sido lançados ao longo dos anos, todos eles baseados nos três filmes estabelecidos no canon da saga. Quase todos eles fracassaram retumbantemente em reproduzir os filmes para os consoles. Há um vídeo muito bom do Angry Video Game Nerd falando de todos eles, que vou postar aqui, se você entende inglês, assista que é muito bom e informativo; só atente que o nerd do vídeo é bem boca suja, mas faz parte da diversão de ver o programa dele na web.
Lembro que a primeira coisa que divulgaram do jogo foi a foto de Marty e Doc re-estilizados em formato animação. No início eu estranhei, mas conforme eu checava o material que vinha em seguida, passei a gostar mais dos modelos animados. Para as vozes dos personagens, Christopher Lloyd volta a fazer seu eterno Doc Brown, porém neste game há também uma versão bem mais jovem de seu eu futurístico. Muito mais! E por isso temos outro ator também, James Arnold Taylor, fazendo a voz do Emmett Brown dos anos 30. Michael J. Fox não voltou por conta de seu problema com o mal de Parkinson, então foram atrás de um cara que tinha uma voz extremamente parecida com a do jovem Fox quando interpretou Marty nos filmes, A.J. LoCascio. Porém, Fox também dá sua contribuição vocal aqui mais para o final da história do game, interpretando um antepassado de Marty e outras versões mais velhas de Marty. Para o restante do elenco, outros atores também foram chamados para executar os papéis de apoio nos filmes, mas também tivemos mais alguns retornos. Como por exemplo, Claudia Wells, que foi a Jennifer Parker original no filme de 1985, e nas sequências, foi substituída pela atriz Elisabeth Shue. E na edição de aniversário de 30 anos da franquia, temos Thomas Wilsom de volta em seu papel de Biff Tannen e de outros antepassados de Biff.
O elenco contratado então na versão de lançamento do game, além de LoCascio, Lloyd, Taylor, Fox e Wells, foi Roger Jackson como o novo personagem Cue Ball, as atrizes Rebecca Schweitzer e Shannon Nicholson como versões diferentes de Edna Strickland, Aimee Miles como Lorraine Baines McFly, Michael X. Sommers como George McFly, Andrew Chaikin fazendo os Tannen e mais o ator Owen Thomas fazendo Kid Tannen e mais alguns outros atores como personagens menores da trama.
Ah, vale também lembrar que esse game, apesar de ter sido um grande sucesso, não faz parte oficialmente do canon da trilogia. É apenas uma experiência que dá ao jogador a chance de imergir em uma história nova, mas essa história deve ser encarada da mesma forma que a série de animação de 1991 que passava na TV, ou seja, não é parte oficial do universo estabelecido da trilogia original, que oficialmente acabou no terceiro filme. Temos o roteirista da trilogia, Bob Gale, aqui como consultor criativo para a trama do game escrita por Andy Hartzell, Michael Stemmle e J.D. Straw. Inclusive, os próprios Gale e um dos diretores do game Dennis Lenart avisam que esta não é a tal parte IV, somente se aproxima de ser uma parte IV, mas é algo que foi construído e pensado para ser uma história do tipo fan fiction oficial, sem amarras com a trilogia original. Parte dos ganhos com o game foi doado pela equipe para a Michael J. Fox Foundation, para pesquisa da cura do Mal de Parkinson.
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
Vamos então conhecer os mecanismos do game. Ele é um game de aventura em terceira pessoa, ou seja, seu personagem principal, Marty McFly, nunca morre como em outros games, apenas fica encalhado no jogo até um quebra-cabeça ser resolvido, para então avançar. Compare este game como games da série Ilha dos Macacos, Full Throttle, Sanitarium, que inclusive já falei aqui no blog, e games da série Indiana Jones e Sam & Max da Lucas Arts. É bem esse estilão aí. Você anda pelo mapa, explorando coisas e interagindo e conversando com outros personagens, descobrindo pistas e escolhendo as frases certas para persuadir algum personagem a fazer o que é preciso para a trama avançar. Além disso você tem que interagir com o ambiente a sua volta, recolhendo objetos que lhe serão úteis mais para a frente ou mesmo combinando itens de seu menu com algo. A ação do game é totalmente cinematográfica, quase não existem aquelas cutscenes onde não se faz coisa alguma, você sempre vai estar fazendo algo e acompanhando o desenrolar da trama.
Além disso, você tem os menus do game para lhe ajudar a conseguir pistas e manejar seus objetos. O game pode ser bem desafiador ou então lhe dar as pistas numa bandeja se você assim quiser. Há o círculo de interrogação no topo da tela, geralmente com três ou quatro pistas do que fazer em seguida, caso você esteja perdido. As primeiras pistas apenas lhe dão um toque do que deve procurar, nunca lhe falando na cara o que deve ser feito, e a última pista, geralmente é aquela que abre o jogo e lhe fala mesmo "ó, faça isso, pronto!". Dessa forma, até mesmo a pessoa mais devagar na Terra, aquela ruim mesmo para descobrir segredos de um game, consegue avançar na trama; também esse recurso das pistas é bom para aquele jogador bem casual e iniciante, que está apenas interessado em assistir a história do game, ao invés de se desafiar a realmente descobrir seus segredos. Controlando Marty, você pode se mover pela fase, com os direcionais do controle, observar itens e objetos de cenário, optar por falar com pessoas, entrar e sair de lugares, enfim, há uma gama de possibilidades.
Os personagens foram estilizados para se parecerem o máximo possível com suas contrapartes dos filmes, mas sem tirar aquele aspecto de animação moderna que permeia toda a aventura. E realmente temos aqui designs interessantes, como o Emmett Brown mais novo, que tem a cara do Christopher Lloyd em início de carreira. Também temos uma personagem nova, Edna Strickland, que é a irmã do diretor da escola de Marty, Sr. Strickland. A personagem não existia nos filmes, portanto é encarada como personagem não-canônica, ou seja, sem relação com o canon estabelecido na trilogia. Mas é uma vilã interessante no game. Nos filmes o Sr. Strickland tinha aquela palavra de efeito, "slacker" (algo como folgado, preguiçoso, frouxo), quando se referia a qualquer integrante da família McFly. Aqui Edna tem a dela também, "hooligan" (algo como vândalo, desordeiro), e que é bastante engraçado quando ela fala com aquela voz de Bruxa do 71, eu sempre dava muita risada quando ouvia ela falar no game. Também tem a expressão "it's a fact, look it up!" (algo como é um fato, procure!), que ela diz em diversas ocasiões, mas não chega nem perto da graça de "hooligan".
Aliás, temos também um novo membro da família Tannen nos sendo apresentado, Kid Tannen, o Tannen gangster dos anos 30. Ele é como todos os outros Tannens, mas aqui ele é mais parecido com um jovem Don Corleone, mas sem a voz rouca. Faz tudo para conseguir o que quer e faz aquele tipo linha dura do fora-da-lei Buford Tannen do terceiro filme, mas com um aspecto mais classudo do que de cachorro louco. De qualquer forma, ele vai servir como um dos vilões da história. Contudo, o game quebra uma tradição dos filmes: o vilão principal aqui não é um integrante da família Tannen, mas sim Edna Strickland.
Os gráficos em animação tridimensional são muito bons, apesar de apresentar um ou outro bug minúsculo. Às vezes um ou outro objeto de cena ou de jogo pode demorar um pouco mais para carregar e aparentemente sumir da vista por um segundo, mas é raro acontecer, não prejudica a diversão. Isso é algo que acontece em todas as versões do game, portanto, se acontecer com você, não se preocupe, é coisa bem mínima.
Última observação técnica antes de entrarmos na história do game, é em relação à estrutura de episódios. Foi a primeira vez que eu vi um game com essa estrutura! Na época, minha única plataforma para jogar era o PC, então eu estava esperando, a qualquer momento, o game sair fisicamente nas lojas especializadas, eu ainda não entendia muito bem esse processo de lançamento digital, sem mídia física.
Atualmente, na versão de relançamento do game, especial de 30 anos de franquia, nós temos a versão física do game sendo lançado para Xbox 360, Xbox One e Playstation 4, mas na época isso era estranho para mim. Mais tarde, eu viria a jogar o game também no iPad, após comprar o meu dispositivo, mas entre o PC e o iPad, eu posso afirmar tranquilamente que a melhor plataforma para mim foi o PC, muito pela questão da facilidade de controle. A versão do iPad é bacana também pela questão da portabilidade, mas os controles de toque não são tão práticos assim.
30th ANNIVERSARY EDITION NO XBOX 360
Minha versão do Xbox 360, especial de aniversário, eu acabei de comprar há alguns dias, chegou anteontem mesmo, trata-se do relançamento do game agora em 2015 para comemorar os 30 anos da franquia; tive a chance de jogar um pouco, e foi uma ótima experiência, tão legal quanto no PC ou no iPad; na questão da jogabilidade do game, eles tiveram que adaptar o controle. Ficou meio estranho, no PC ainda é um pouco mais fácil de controlar, até porque foi um game feito para essa plataforma, mas uma vez que se pega o jeito e se acostuma, rola tranquilo. Foi muito legal ouvir no Xbox a voz clássica de Thomas Wilsom fazendo a voz dos Tannen e soltando seus "buttheads" por aí! Owen Thomas ainda foi mantido como Kid Tannen, mas Andrew Chaikin acabou sendo substituido pelo clássico ator no papel das outras versões de Biff. Sua voz está um pouco mais profunda por causa da idade, mas quando ele entra no personagem, dá pra notar claramente que é o velho Biff que está lá! Mas o mais legal de tudo foi ver essa aventura fantástica em forma de game na telona da TV, assim como quando vejo a trilogia.
TRAMA EPISÓDICA
O game na época foi dividido em 5 episódios que saíram mensalmente em datas específicas. Quando você terminava um episódio, tinha que esperar o mês que vem pelo novo que lançavam, o que fazia a experiência do game durar mais tempo. Você tinha que pagar um valor para cada episódio que era lançado, exceto pelo primeiro, "It's About Time" que saiu de graça para todos verem se iriam gostar de jogar o game ou não. Na versão do Xbox 360 eles mantiveram essa divisão de episódios, mas estão todos lá, você pode optar por jogar o game desde o comecinho ou pular diretamente para o episódio que desejar.
Dito tudo isso, vamos conhecer a história do game. Como ele está sendo relançado atualmente em mídia física e com todos os episódios de uma vez, eu não vou dar muitos spoilers, vai que alguém ainda queira jogar, não é? Sendo uma coisa mais nova e recente do que a trilogia, eu vou me abster de falar sobre alguns detalhes, mas vou explicar um pouco cada um dos episódios para vocês sentirem o tamanho da diversão que terão.
A TRAMA
Episódio 1: It's About Time
Originalmente lançado em 22 de Dezembro de 2010
O episódio começa com uma re-encenação da cena do primeiro filme no Twin Pines Mall, onde Marty e Doc veem o DeLorean viajar no tempo pela primeira vez. Exceto que dessa vez, o carro não volta. Algo assustador acontece e Marty acorda de um pesadelo. Nessa primeira parte, o início é exatamente igual ao primeiro filme até um certo ponto, então, quando o controle do game te libera para você escolher o que falar, eu não consigo evitar de reproduzir fielmente o diálogo do filme entre os dois. Meu coração de fã fala sempre mais alto aqui e me impede de tentar qualquer outra alternativa de diálogo. Bom, desperto do pesadelo, Marty se levanta e descobrimos que estamos no ano de 1986, e a propriedade de Doc Brown está sendo vendida e o terreno confiscado, uma vez que faz algum tempo que Doc não volta de onde quer que esteja. Vemos Biff Tannen e George McFly escarafunchando os pertences de Doc para ver com o que vão ficar. Aqui já temos diversas referências dos filmes, como a guitarra, os modelos que nunca estavam em escala e os livros de Jules Verne.
É então que saímos da casa para ver que o DeLorean voltou de alguma maneira, mas Doc não estava dentro, apenas Einstein. Havia uma fita cassete com uma gravação. Doc diz que o carro voltou por causa de um mecanismo de auto-resposta que ele instalou; mais tarde ele explica que o DeLorean é uma duplicata que surgiu durante o deslocamento temporal da tempestade de 1955, lá do fim do segundo filme. Pois é, lembram aquela duplicata lá do velho-oeste? Resolveram brincar com esse pequeno furinho do terceiro filme! Doc dá instruções a Marty e o garoto parte para uma missão de resgate.
Andando pelas ruas de Hill Valley, conhecemos a velha Edna Strickland; entramos em seu apartamento e descobrimos que ela foi uma repórter de sucesso nos anos 30. Extremamente rígida e sozinha, ela fica o dia inteiro gritando com os arruaceiros que vê por sua janela. Olhando pelos jornais de Edna, Marty descobre a encrenca que Doc se meteu e que lhe custou a vida, e parte para os anos 30 para resgatá-lo.
Chegando em 1931, ele tem que se disfarçar. Assim como no terceiro filme onde Marty inventa um nome para si próprio, aqui ele também faz a mesma coisa, só que o game dá três opções de nomes para escolhermos; podemos ser Harry Callahan, Michael Corleone ou Sonny Crocket! Eu sempre escolho Michael Corleone, porque, afinal de contas, são os anos 30, época dos gangsters e da Prohibition, não é? Mais adequado.
Enfim, conhecemos a jovem repórter Edna Strickland, descobrimos que Doc Brown, que está disfarçado sob a alcunha de Carl Sagan, foi preso porque foi acusado de tentar incendiar um speakeasy, uma espécie de bar clandestino onde se vendem bebidas ilegais. Também descobrimos que Arthur McFly, pai de George McFly, é capanga da gangue de Kid Tannen, que está por trás do speakeasy, disfarçado de restaurante de sopa. Edna faz parte de uma sociedade chamada Stay Sober Society que pretende acabar com a venda ilegal de bebidas e com o alcoolismo; ela também odeia cães e palavras de baixo-calão.
Nesse meio tempo, conhecemos o jovem Emmett Brown, que sai de uma corte de justiça pensando em seus experimentos. Descobrimos que Emmett está tentando a carreira de juiz porque seu pai quer que ele seja um juiz de direito, não um cientista, o que frustra o jovem, que tem outros anseios e quer participar da Hill Valley Science Expo com um modelo de uma broca que inventou e que lembra muito o desenho da parte traseira do DeLorean.
Bom, tudo isso foi a apresentação dos personagens. Para resumir a trama, Marty terá que entregar a seu antepassado, Arthur, uma intimação para depor contra Kid Tannen na corte com Emmett, como uma distração para preparar o resgate de Doc da prisão. O processo é trabalhoso, mas depois de algumas missões, Marty resgata seu amigo, inclusive fazendo o jovem Emmett ter uma conversa séria com seu pai dizendo que não queria ser um juiz, e sim um cientista. Essa é a parte em que temos que resolver um desafio bastante complicado do game para avançarmos. Conseguindo isso, Marty libera Doc da prisão, mas por causa da traição de seu avô Arthur, Kid Tannen o mata e coloca em risco a existência de Marty, nos conduzindo então para o segundo episódio.
Episódio 2: Get Tannen!
Originalmente lançado em 17 de Fevereiro de 2011
O segundo episódio continua os eventos do episódio 1. Marty consegue a proeza de colocar sua existência em risco outra vez, a segunda vez após os eventos do primeiro filme. Ele então não pode voltar para 1986, ao invés disso, terá primeiro que garantir que seu avô fique em segurança para que ele e sua família existam no futuro. Tem certas vezes que Marty fica piscando no episódio, como se estivesse sendo apagado da existência, assim como no primeiro filme, um aviso do que vai acontecer, caso não resolva a bagunça que aprontou. No processo, Marty ganha acesso ao clube onde canta uma certa Trixie Trotter. O nome artístico da moça é um chamariz, porque ela na verdade será a futura mãe de George McFly, e seu nome é Sylvia Miskin, casada com Arthur. Também conhecemos aqui o futuro pai de Jennifer, Danny Parker, oficial da polícia.
Doc havia voltado para 1931 para concluir sua pesquisa para um livro sobre a família McFly que estava escrevendo, chamado The McFlys of Hill Valley, um livrão com toda a biografia da família de Marty que detalharia desde a vida de Seamus McFly de volta no velho oeste até Marty. Dessa forma, Doc possuía conhecimentos sobre a família de Marty e ajuda o garoto no processo de salvar sua família e a de Jennifer, contando também com o auxílio do jovem Emmett.
Só que esse imbróglio, mesmo que resolvido, inclusive com uma sequência muito legal de luta com gangsters, acaba colocando outra existência em cheque, a de Doc. Eventos que acontecem no final do episódio acabam aproximando o jovem Emmett e a jovem Edna. Descobrimos no game que a faísca definitiva que convenceu Emmett a ser o cientista que se tornou foi quando ele foi ao cinema em 1931 assistir o famoso filme Frankenstein, dirigido por James Whale. Só que ao invés de ter ido ao cinema desta vez, os eventos passados se alteram e Emmett acaba saindo com Edna, apagando o Doc que conhecemos da existência completamente. Quando Marty retorna em 1986, está tudo completamente mudado de novo.
Episódio 3: Citizen Brown
Originalmente lançado em 28 de Março de 2011
No episódio 3, vemos uma Hill Valley completamente alterada, nem sequer lembrando aquela que conhecemos nos filmes. Os roteiristas arranjaram um jeito de desconstruir, esmigalhar completamente em pedacinhos aquele universo que conhecíamos só para ver se ele consegue recolher seus pedaços e se reconstituir novamente como era antes. Temos então uma Hill Valley tomada por um regime totalitário, governada por um tal de Cidadão Brown (uma clara referência ao filme Citizen Kane), que na verdade é o Doc alternativo deste universo; só que tem um problema: esse Doc jamais conheceu Marty na vida e nem mesmo construiu uma máquina do tempo; ele não lembra em nada o Doc que estamos acostumados. Marty está literalmente no inferno. Como diria o Doc Prime, "é Hill Valley, embora eu não imagine que o inferno seja pior!"
E ainda, os pais de Marty, e até mesmo o Biff, trabalham para o governo totalitário, que baniu os palavrões, o álcool, os animais, e tudo aquilo que seja transgressor. Uma realidade onde todos são vigiados o tempo todo por câmeras, instaladas em toda parte da cidade, exatamente como no livro 1984, escrito por George Orwell. A realidade orwelliana aqui se adapta ao mundo de Hill Valley e que, devido aos eventos dos episódios anteriores, veio sendo construída desde os anos 30, apagando então da existência, muita coisa que a própria trilogia construiu.
Para piorar mais ainda as coisas para Marty, Jennifer não o conhece. Para ela, que é uma transgressora da sociedade e tem um grupo de amigos que também representam a resistência nessa realidade opressora, Marty é só mais um certinho que é alienado pelo sistema opressor do Cidadão Brown. Pois é... nosso amigo agora está literalmente ferrado, sem eira, nem beira. Marty pode apenas se dar por feliz que sua existência foi assegurada com a prisão de Kid Tannen no episódio anterior.
Com o DeLorean arrebentado, e sem ter em quem confiar, Marty parte para sua complicadíssima missão de apagar essa terrível realidade e restaurar a Hill Valley exatamente do jeito que nós nos lembramos dela. Para isso ele terá que se infiltrar na torre do relógio, que foi transformada no quartel general do Cidadão Brown e sua esposa, Edna Brown. O menino aprende que nessa Hill Valley há um tratamento para fazer transgressores se transformarem em cidadãos úteis para a sociedade, chamado Citizen Plus. Biff foi um dos que passou por essa lavagem cerebral, bem ao estilo do romance A Clockwork Orange (Laranja Mecânica), se tornando o Alex DeLarge da vez.
Usando-se de várias maracutaias a seu favor, Marty consegue uma audiência com o Cidadão Brown e tenta fazê-lo lembrar de sua persona original, mas em vão. Ele precisa de provas. Uma vez que consegue chamar a atenção do Cidadão Brown e fazê-lo se parecer mais com o Doc de sempre, o velho decide consertar a máquina do tempo. E é aí que a vilania de Edna realmente começa a se parecer mais ameaçadora do que foi até agora. Cidadão Brown é capturado pela própria esposa, o que nos leva ao quarto episódio.
Episódio 4: Double Visions
Originalmente lançado em 29 de Abril de 2011
Chegamos no quarto episódio que continua os eventos da Hill Valley alternartiva. Cidadão Brown está preso e Marty está em uma cela. Uma vez que os dois conseguem sair dalí, eles consertam o DeLorean e viajam de volta aos anos 30, exatamente no dia em que o jovem Emmett vai apresentar sua nova invenção na Hill Valley Science Expo. O que é interessante neste quarto episódio é que, mais do que nunca você terá que lidar com dois Emmett Browns; o jovem Emmett, que ainda está obcecado por seu amor por Edna e Cidadão Brown, que está convencido a mudar seu futuro e recuperar sua antiga persona que sumiu da existência, mas ainda relutante por que no fundo ainda não está muito certo se está fazendo a coisa que deveria fazer.
Aqui também temos a interessante persona de Edna Strickland nos anos 30, mais amigável e charmosa do que a de Edna Brown no futuro, mais controladora e maquiavélica. Ela quer fazer Emmett Brown crer que está mais para o lado da ordem e da virtude do que para a transgressão, uma vez que ele fez um teste de aptidão mental que deu como resultado "Cidadão Modelo". Marty então tem que convencer Edna que Emmett é um hooligan e sabotar a relação entre os dois, pois esse foi o momento no tempo em que a Hill Valley orwelliana começou a nascer.
Ou, como diria o Doc Prime, "neste ponto a linha do tempo fez um desvio criando um 1986 alternativo". Enfim, você terá que passar o resto do episódio fazendo de tudo para que Edna se afaste de Emmett. Isso inclui um quebra-cabeça muito legal que sabota o teste de aptidão mental de Emmett mostrando que ele é realmente um caso perdido.
Para piorar, Cidadão Brown volta atrás e quer salvar sua amada Edna de ser uma insípida velha miserável que vive solitária no futuro. Uma vez que Marty discorda de seu plano, Brown fica nervoso e quer se vingar dele, colocando tudo em risco mais uma vez. Aqui os roteiristas conseguiram a proeza de fazer até com que o Doc fosse o vilão da história por algum tempo, o que tornou esse episódio muito interessante. O jovem Emmett, após ter se separado de Edna tem um momento de depressão, mas uma pequena conversinha com Marty faz com que tudo volte para o seu lugar e Emmett está determinado mais uma vez a participar da feira de ciências. Vamos então rapidamente falar do último episódio, sem dar muito spoiler sobre o que vai acontecer.
Episódio 5: Outatime
Originalmente lançado em 23 de Junho de 2011
Chegamos enfim no último episódio. Aqui o Cidadão Brown é que será um vilão traiçoeiro e que tentará derrubar seu antigo eu dos anos 30. Brown pensa que sua vida se tornou miserável por causa da ciência, e pretende desencorajar seu jovem eu de se tornar um cientista.
Se Marty conseguisse que o plano de Brown fosse um fracasso, o Doc original retornaria e nos mostraria uma realidade bastante diferente, onde aparentemente a cidade de Hill Valley está ainda bem longe de voltar a ser o que era. Porém, o Doc original voltaria. Descobriríamos então que alguém fez uma viagem no tempo e voltou para o velho oeste para tentar acabar com tudo. Se Marty e Doc conseguissem impedir este plano maligno e capturar essa pessoa, tudo voltaria a ser como antes e a linha do tempo se restabeleceria com algumas modificações menores e sem muita importância.
O legal é que este episódio finalmente tem a participação de Michael J. Fox, que aqui faz um antepassado de Marty, William McFly, o bebê do terceiro filme, bisavô de Marty; Fox também nos presenteia com algumas versões alternativas de Marty no final do último episódio, antes de ele e Doc saírem com o DeLorean voador, prontos para qualquer coisa que o futuro lhes traga por aí. O final do game é muito bacana, recompensador e nos traz aquela alegria e satisfação de ter assistido a mais uma aventura sensacional no universo de Back to the Future.
MAIS DO QUE UM GAME
Back to the Future: The Game nos traz aproximadamente 7 horas de aventuras novas com todos estes personagens tão queridos por nós e nos deixa novamente com a certeza de que estes sensacionais personagens sempre serão uma das melhores coisas que a criatividade humana conseguiu realizar em toda a história. Este game é a prova incontestável da força deste universo que começou lá atrás em 1985 e ainda hoje se estende por todas as gerações. Mais do que um simples game de aventura, esta é uma experiência que vai fazer os mais velhos se deliciarem com a nostalgia e a inventividade que este universo sempre nos trouxe e os mais novos a descobrirem uma história que sempre será eterna, atual, e além de seu tempo.
Eu estou muito feliz de concluir este especial de Back to the Future com este game fantástico e espero que você também tenha se divertido. Talvez você que esteja lendo ainda não conheça esta última aventura de Marty e Doc. Se for o caso, eu recomendo altamente que vá atrás dela! E é aqui que a gente termina, caro leitor. O futuro está aí para nós, inexplorado e cheio de possibilidades. E se somos responsáveis pelo nosso próprio futuro, então, vamos fazê-lo ser um bom futuro, para todos nós! Muito obrigado mais uma vez por ler e até mais!
Back to the Future: The Game (Dez/2010 a Jun/2011)
Versão 30th Anniversary lançada em Outubro de 2015
Versão 30th Anniversary lançada em Outubro de 2015
Nota: 9,5 / 10
Direção: Dave Grossman, Dennis Lenart, Eric Parsons, Peter Tsaykel
Produção: Andy Alamano, Kevin Bruner, Dan Connors, Shaun Finney, Jacob Miller, Brett Tosti, Peter Wanat
Roteiro: Andy Hartzell, Michael Stemmle, J.D. Straw (baseado em personagens criados por Robert Zemeckis e Bob Gale)
Trilha sonora: Jared Emerson-Johnson (baseado em trilha escrita por Alan Silvestri)
Elenco de vozes: A.J. LoCascio, Christopher Lloyd, Andrew Chaikin, Roger Jackson, Rebecca Schweitzer, Shannon Nicholson, James Arnold Taylor, Michael X. Sommers, Owen Thomas, Aimee Miles, Mark Barbolak, Melissa Hutchison, Claudia Wells, Michael J. Fox, Thomas F. Wilson (versão de aniversário)
Desenvolvedor: Telltale Games
Distribuidor: Universal
Plataformas: PC / Mac (download) / iPad / Playstation 3 / Xbox 360 / Xbox One / Playstation 4
Gênero: Aventura RPG / Episódico
Modo: Single player
Site: www.telltalegames.com
Site: www.telltalegames.com
Filmes relacionados:
- Back to the Future: Part III (De Volta para o Futuro: Parte III) (1990)
- Back to the Future: Part II (De Volta para o Futuro: Parte II) (1989)
- Back to the Future (De Volta para o Futuro) (1985)
Trailer de lançamento:
Trailer de relançamento - 30th year anniversary:
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