Tuesday, February 23, 2016

GAME: Mortal Kombat (Arcade, Mega Drive, Xbox 360)

Nota: 9 / 10

Decidi abrir o ano com um game que vem me ajudando a recordar minha juventude, minhas tardes a fio nos controles. Um game legendário, que nunca deixou de divertir a gente quando nossos pais saíam para os lugares.

Eu me lembro de que tinha um mini-shopping de subúrbio perto da minha casa que eu e meu irmão frequentávamos e nos divertíamos.

Tinha de tudo lá, cinema, fast-food, locadora, fliperama, lojas de várias coisas, enfim, apesar de pequeno, tinha muitas atrações que o shopping mais tradicional da cidade tinha, só que perto. Como moleques, a gente, claro, visitava os fliperamas. E lá, havia ele... o game que todo mundo queria jogar: Mortal Kombat!

Esse game, que agora ganhou sua versão para Xbox 360, estava vencendo, aos poucos, Street Fighter II (1991) em termos de popularidade. De repente, Ken e Ryu já não eram os únicos favoritos da garotada; haviam dois ninjas que estavam roubando o filme dos guerreiros da Capcom: Scorpion e Sub-Zero. Você pode estar perguntando o que deve ser mais legal do que ver um hadouken, certo? Bom, que tal uma bola de gelo? Ou um gancho que perfura a garganta de seu adversário? Ou facões, cortesia do mal-encarado Kano? Ou o beijo da morte de Sonia? Ou criaturas sobrenaturais de outra dimensão? Ou então... GOLPES FATAIS? Sim! E então, o reinado de Street Fighter foi abalado para sempre!

Eu já não conseguia mais levar Street Fighter a sério depois que aquilo surgiu! Nenhum outro game se parecia com Mortal Kombat! Nenhum! De repente, jogar com Ken e Ryu não parecia mais radical, mas sim dar chutes aéreos, uppercuts (socos de baixo para cima que faziam seu oponente voar), lançar arpões afiados e tirar a vida de seus adversários... tudo regado com muito, mas muito sangue! Litros de sangue! E violência sem limites! Era tudo que um fedelho como a gente desejava!

O game ainda contava com mais uma vantagem que hoje em dia, com o avanço tecnológico, desapareceu: os personagens de Mortal Kombat não eram desenhos na tela, mas sim versões digitais de pessoas reais interpretando os personagens do game. Sim! Os cenários também eram maquetes. Tudo era feito para fazer a experiência parecer o mais real possível!



E sabe qual foi a inspiração para que Mortal Kombat fosse criado? Pois foi um filme de Jean-Claude Van Damme chamado Bloodsport, de 1988, que ficou conhecido no Brasil como o clássico O Grande Dragão Branco. Nele, o Van Damme faz um ex-militar que decide competir num torneio em Hong Kong em que os lutadores de todos os lugares travam combates até a morte e manda ver em seus truques de artes marciais; é só assistir o filme para percebermos como a ambientação se parece em alguns aspectos ao visual do game, exceto nas partes mais macabras, onde o game já mistura elementos sobrenaturais, mas a proposta é semelhante, a de um torneio onde os participantes lutam literalmente até a morte. Aliás, dá uma olhada aí no pôster do filme e compara com os famosos chutes voadores dos personagens do game.

Na tela de lutadores, você tinha as seguintes opções de guerreiros para escolher:

Daniel Pesina
Cage: Johnny Cage era um astro de filmes de ação que dava um chute especial e soltava raios pela mão. Estava no torneio porque foi treinado por vários mestres ao redor do mundo, e é famoso pelos seus filmes, como Dragon Fist I e II e Sudden Violence. Essa é toda a história que temos dele no game.

Fatality: uppercut tão forte que faz a cabeça do oponente voar;



Richard Divizio
Kano: Kano no game é definido como um mercenário, capanga, extorsionista, ladrão, vivendo uma vida de crimes e filiado membro da organização Black Dragon, um grupo de corta-gargantas famosos e respeitados no submundo do crime. Tem um golpe especial em que vira uma bola giratória e atira facas.

Fatality: arranca o coração do adversário;



Daniel Pesina
Sub-Zero: de identidade desconhecida neste primeiro game, Sub-Zero nesta época era apenas o ninja azul que fazia parte do clã Lin Kuei. Soltava bolas de gelo que paralisavam seus adversários e dava uma rasteira. Isso era tudo que sabíamos de Sub-Zero.

Fatality: arranca a cabeça do adversário junto com a coluna vertebral;



Elizabeth Malecki
Sonia: Sonia era a integrante de uma unidade das forças especiais americanas que estava na pista da organização de Kano, a Black Dragon. Seguiram o mercenário até uma ilha onde foram emboscados pelo exército de Shang Tsung. Lançava um raio roxo pelas mãos e tinha um cruzado de perna que era tenebroso. Era tudo o que sabíamos de Sonia até então.

Fatality: beijo da morte queima adversário;


Carlos Pesina
Rayden: Rayden é no game, o nome de um guerreiro místico que vive ao redor das nuvens de trovão, e rumores apontam que o deus do raio e do trovão recebeu um convite de Shang Tsung e assumiu a forma humana para competir no torneio. Seus golpes especiais são o "empurrão" voador no game e raios elétricos de luz que arremessa nos adversários, além de poder aparecer e desaparecer em vários lugares.

Fatality: raio de luz que destrói a cabeça do adversário;


Ho Sung Pak
Liu Kang: no game, o guerreiro é um ex-membro da sociedade secreta White Lotus, que abandonou para representar os templos Shaolin no torneio. Ele tem crenças fortes e detesta Shang Tsung. Tem seu chute voador e solta bolas de fogo das mãos.

Fatality: chute duplo e uppercut matam adversário... decepcionante, eu sei;




Daniel Pesina
Scorpion: as origens dos guerreiros ninjas neste primeiro game realmente ainda não nos eram conhecidas. Só sabíamos que Scorpion era o ninja amarelo, odiava Sub-Zero por alguma razão e fazia parte de um clã que se opunha ao de Sub-Zero. Era isso. Ele tinha o seu arpão que arremessava, podia dar seu soco onde desaparecia de um lado da tela e aparecia de outro, e só. Sempre foi meu personagem favorito no game. Há um glitch no game em que o Scorpion aparece com traje vermelho e escrito na barra de energia a expressão "ERROR MACRO".

Fatality: tira máscara humana, revelando a cabeça de uma caveira e cospe fogo;


Os movimentos fatais variavam de versão pra versão. Nos arcades, os fatalities eram estes acima, mas no Mega Drive, uma coisinha ou outra mudava. Isso sem contar que havia a fase onde você poderia jogar o adversário de uma ponte, o que na época era assombroso! Mais tarde, isso ficou sendo chamado de stage fatality.

Eu ficava treinando os movimentos dos personagens no videogame só para depois impressionar a galera nos arcades, mas olha, era duro de manejar aqueles controles nos arcades! A trilha sonora do game no console do Sega Genesis era a minha favorita, e quando tinha pouca gente ao redor do fliperama, o que era raro, dava-se para ouvir melhor os sons do game. Enfim, estes personages todos acima são os personagens jogáveis. Com relação aos não-jogáveis e o personagem extra, temos pouca informação.

Stop-motion de
 Curt Chiarelli
Goro: o quatro-braços é definido no game como um meio humano dragão (é, sei lá também!) que passou os últimos 500 anos sem ser derrotado no torneio, e ganhou o título de campeão após derrotar um certo monge Shaolin chamado Kung Lao, período este em que o torneio caiu nas mãos de Shang Tsung e foi corrompido por ele. Tem o seu arremesso e é um dos chefões que mais tira energia de seu personagem, principalmente quando lança um míssil e te agarra, te socando sem parar, enquanto te segura com os outros dois braços.







Ho Sung Pak
Shang Tsung: nada se sabe sobre o velho mago que é o chefão do game e que aparece nos históricos acima, somente o que foi falado até então. O que sabemos é que era um chefão bem casca-grossa, podendo assumir a forma de todos os outros personagens e usar os seus poderes. Até aqui, a história é essa.







MAS ESPERE! Ainda havia um último personagem secreto no game! Esse personagem não era jogável, e aparecia em um momento muito específico para você enfrentar.

Daniel Pesina
Reptile: o ninja verde do game era uma fusão de Scorpion e Sub-Zero nesta época, podendo usar os poderes dos dois. Sim, ele ainda não era o personagem réptil que acabamos conhecendo nos outros games, apenas uma fusão dos dois ninjas principais, e aparecia na barra de energia como sendo Scorpion. Você tinha que achar o personagem, do contrário você não poderia lutar contra ele. Há um truque para conseguir invocá-lo.






Havia um boato na época de que havia em Mortal Kombat um quarto ninja de roupa vermelha, que se apresentava com o nome de Ermac. Mas isso era mesmo só um boato, que ficou conhecido como o boato do "Error Macro", denominação da qual se originou o nome do personagem. É que às vezes, dava erro na cor da roupa do Scorpion, fazendo com que o tom da roupa dele puxasse mais para o vermelho. A partir dos próximos games, tanto Reptile quanto Ermac passaram a serem personagens independentes e jogáveis, e com seus próprios históricos.

E jogar Mortal Kombat nos arcades era uma verdadeira diversão! Várias pessoas ficavam ao seu redor para ver se você era bom mesmo, e às vezes, você era desafiado por uma dessas pessoas, e tinha horas que você tinha que aceitar o desafio, só para provar que poderia continuar lá dando fatalities e deixando todos boquiabertos. Eu mesmo sofri muito nessas máquinas arcades. Não sabia os comandos finais, e acabava passando vergonha, então pegava a fita do game para o Mega Drive para treinar os movimentos e ficar fera para arrebentar com todo mundo nas máquinas grandes. Nos consoles, o game não parecia tão vivo quanto nos arcades, mas era bom para treinar os movimentos. Para quem é mais jovem, os fliperamas eram como se fosse a sala de cinema dos games novos, e você ficava rodeado de pessoas te vendo, cada movimento seu. Às vezes tinha um que falava "ou, esse cara é bom, vamos ver se ele aguenta um contra?" Então... aí a gente acabava pagando por ficar bom demais! Se alguém quiser ter a real e melhor experiência do que era jogar Mortal Kombat nos arcades, eu recomendo que busque um emulador MAME na internet e procure a ROM do jogo. Quem tiver um Xbox 360 e conta internacional, o Mortal Kombat Arcade Kollection já está a venda na loja por 40 reais. Pode comprar que eu recomendo, são as versões dos arcades de Mortal Kombat, Mortal Kombat 2 e Ultimate Mortal Kombat 3. Diversão garantida!

No início, eu achava que curtia mais o Sub-Zero, até porque o ninja azul lançava bolas de gelo parecidas com hadoukens, e paralisava o seu adversário. Mas com o tempo fui descobrindo que meu personagem favorito era o Scorpion. E isso não tem nada com o fato de eu ser do signo de escorpião, mas é que lançar aquele arpão do ninja amarelo e ouví-lo dizer "come here!" ou então "get over here!" (voz do próprio Ed Boon) era muito foda! Agora, o fatality favorito meu era o do Sub-Zero. Ver aquele ninja arrancar a cabeça dos seus oponentes fora com coluna e tudo era bizarro! Sem falar que o fatality do Kano, em que ele simplesmente arranca o coração do adversário, me rendeu uns pesadelos quando moleque!

No meio do game, você tinha as famosas fases extras, parecidas com as do Street Fighter II, mas menos sem-noção. Você tinha que quebrar pedaços de madeira e bigornas para provar a sua força, e as fases chamavam "Test Your Might". Derrotar todos os oponentes da galeria de lutadores não era tarefa fácil, hoje em dia as novas versões desse game estão muito fáceis demais. Eu curto muito o 9º game da franquia, que representa uma volta às origens, mas olha, é bem fácil de passar a torre de lutadores, em comparação com este primeiro aqui.

Bom, após derrotar todos, você enfrentava você mesmo e, caso vencesse, iria para os três "endurance match", que nada mais eram do que o seguinte: dois lutadores que você já enfrentou são escolhidos para lutar contra você e você tem que derrotá-los novamente com uma única barra de energia! Viu só? Eu falei que os games de hoje são muito fáceis! É agora que eu quero ver muito gamer moderno falar que esse daqui é impossível! Você joga Mortal Kombat 2011 no seu console e se acha bom? Pfff... perdedor! Quero ver você vencer dois lutadores de uma vez com uma única barra de energia! Três vezes! E sem parceiro de luta! Se conseguir, meus cumprimentos!

Depois disso, você enfrentaria o Goro, e finalmente, o chefão, Shang Tsung, dois desafios nada fáceis! Goro tem uma força descomunal e é difícil de tirar energia, é como se ele estivesse bloqueando seu ataque a todo momento. Pouco a pouco, você consegue vencê-lo, e se conseguir, prepare-se! Shang Tsung não somente tem magia do seu lado, mas também pode invocar as almas dos outros lutadores e usar seus poderes. "Lutar contra Shang Tsung é enfrentar não só um... mas uma legião de adversários... lembre-se disso!"

Ops, he he, acho que me empolguei e acabei indo um pouco longe! Essa é a fala do Rayden no filme de 1995! Enfim, você entendeu. O mago é dificílimo, e eu só me via gastando fichas e mais fichas nos arcades em infinitos "CONTINUE" para poder vencê-lo. Se prepare para passar raiva com ele! A boa notícia, é que depois que ele foi rebaixado a personagem jogável no segundo game da série, ele ficou mais manso, mas nem tanto assim. Ah, e se você vencer o game com o Cage, preste atenção no final dele! Há uma espécie de "premonição" lá, ou quase isso! Algo envolvendo Christopher Lambert e Hollywood!

Resumindo... não havia, a partir daquele momento, nada mais legal, mais ultrarrealista, mais violento e que chamava mais a atenção da gente do que esta novidade dos games de luta! Mortal Kombat tinha um monte de coisas que faziam do game uma das experiências mais bacanas que se poderia ter nos arcades. Chegou até a demorar para esta experiência ser traduzida de acordo para os consoles, tamanha era a tecnologia aplicada ao game.

Houve também muita controvérsia em relação à extrema violência do jogo e pais pirando da batatinha com seus filhos em contato com toda aquela ultra-violência! Enfim... os mesmos pais nóias de sempre. Mas eu joguei esse game até entupir, e nem por isso virei um psicopata, não é verdade? E tenho certeza que você também não vai virar. Hoje, nós podemos desfrutar as versões arcades desses maravilhosos jogos clássicos através dos novos consoles, mas até este ponto, muito sangue teve que jorrar das cabeças dos envolvidos! E, claro, eu falo isso figurativamente, óbvio! Deixarei vocês aqui com um playthrough do Sub-Zero (porque ele tem o Fatality mais bacana do game) para aqueles que querem conhecer este jogaço! Game over.



FLAWLESS VICTORY! FATALITY!

Mortal Kombat (1992)

Designers: Ed Boon, John Tobias
Produção: Ken Fedesna, Neil Necastro
Programação: Ed Boon
Trilha sonora: Dan Forden, Matt Furniss

Elenco de atores: Daniel Pesina, Richard Divizio, Carlos Pesina, Ho-Sung Pak, Elizabeth Malecki, Ed Boon, Peg Burr, Dan Forden, John Tobias, John Vogel

Vozes: Ed Boon

Desenvolvedora: Midway Games
Distribuidor: Midway Games, Acclaim, THQ, Arena, Virgin, Tec Toy
Plataformas: Arcade, Amiga, Game Boy, MS-DOS, PlayStation 2, PlayStation 3, PSP, Sega CD, Sega Game Gear, Sega Genesis, Sega Master System, Super Nintendo, TV game, Xbox, Xbox 360
Gênero: Ação e luta
Modo: Single player

Site: www.midway.com

Outros games desta série:
- Mortal Kombat X (2015)
- Mortal Kombat (2011)
- Mortal Kombat vs. DC Universe (2008)
- Mortal Kombat: Armageddon (2006)
- Mortal Kombat: Deception (2004)
- Mortal Kombat: Deadly Alliance (2002)
- Mortal Kombat 4 (1997)
- Mortal Kombat 3 (1995)
- Mortal Kombat II (1993)
Mortal Kombat (1992)

Games extras da série:
- Mortal Kombat: Shaolin Monks (2005)
- Mortal Kombat: Special Forces (2000)
- Mortal Kombat Gold (1999)
- Mortal Kombat Mythologies: Sub-Zero (1997)
- Mortal Kombat Trilogy (1996)
- Ultimate Mortal Kombat 3 (1995)

Trailer:


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