Esta matéria que eu estou fazendo agora, não deveria existir, por várias razões. Uma é porque eu não me interesso tanto pelo som, e outra, porque, acredite você ou não, esta é uma banda iniciante, que começou em 2013 e até agora só havia lançado dois singles, ou seja, em termos de maturidade, nem haviam saído da casca do ovo. Mas o que lhes aconteceu, me chocou tanto, que senti necessidade de escrever, pois fiquei pensando como a nossa vida pode ser curta e abreviada.
Aqui no Brasil, temos dois exemplos de carreiras curtas, que não passaram do primeiro disco.
Uma delas, e a mais famosa, são os Mamonas Assassinas, que dispensam apresentações. O grupo, bem, todo mundo conhece. Eles lançaram um disco apenas, fizeram um sucesso monstruoso, eram legais pra caramba, descolados, brincalhões, músicos e artistas habilidosíssimos, e com isso, conquistaram o coração e as mentes de milhares e milhares de brasileiros por aí afora. Você os conhecia, eu os conhecia, e até mesmo quem nasceu depois deles, os conheceu. São nomes que jamais irão desaparecer da mente das pessoas, pois eram extremamente criativos e poderiam ter ido muito longe... caso o destino não lhes tivesse pregado uma peça. Um acidente de bimotor tirou a vida de todos eles tragicamente, e assim, uma banda que havia se tornado heróis de uma nação devido a sua música, foi prematuramente terminada.
O outro caso, menos conhecido, trata-se do guitarrista brasileiro Maximiliano Santiago. Ele era um guitarrista muito promissor, com influências da música de Steve Vai no som. O cara até mesmo chegou a conhecer o próprio Steve Vai em pessoa, e receber a bênção do músico e guitarrista americano. No entanto, enquanto compunha, gravava e se apresentava em circuitos underground, o jovem guitarrista sofria de uma doença, que aos poucos estava debilitando sua saúde. Pouco a pouco esta doença foi se agravando, até que, antes dele lançar o primeiro disco dele, morreu, e o álbum, chamado de ...Definitivo foi lançado postumamente em 2004, em sua homenagem, pela família e amigos de sua banda. O site do músico ainda está de pé até hoje, e quem quiser pode visitá-lo, ou mesmo procurar pelos poucos vídeos de algumas de suas músicas no Youtube, para conhecer este promissor talento que, infelizmente nos foi tirado muito cedo.
Lá fora, ainda temos o caso do lendário guitarrista Jason Becker. O músico acabou se tornando o Stephen Hawking do mundo da música. Ele fez muito sucesso nos anos 80 e início dos 90, chegando a tocar com músicos famosíssimos, como David Lee Roth (Van Halen), o guitarrista Marty Friedman com quem fundou o duo oitentista Cacophony e até produziu o primeiro álbum do excelente guitarrista americano Richie Kotzen, aliás, se Richie Kotzen existe hoje e tem o sucesso que tem, foi por causa do próprio Becker. Ele era considerado o guitarrista mais rápido e habilidoso do mundo. No entanto, uma doença rara chamada esclerose lateral amiotrófica, acabou deteriorando os movimentos do guitarrista, até que ele não pudesse mais falar ou se mexer, prendendo-o em uma cadeira de rodas para sempre. O músico ainda está vivo, e usa um sistema semelhante ao do físico Stephen Hawking para se comunicar e até mesmo para compor, e foi o primeiro músico na história a lançar novas canções, e até um disco inteiro com a ajuda dos computadores em seu sistema que o ajuda a editar e produzir sons virtuais de instrumentos apenas com o movimento dos olhos.
Enfim, casos como estes, em que a carreira promissora de um músico é abreviada por uma adversidade, não param por aí, mas estes são os casos mais conhecidos até agora. Até agora.
A questão é que os britânicos acabam de ganhar o Mamonas Assassinas deles. Trata-se do grupo britânico Viola Beach, que dia 13 de Fevereiro agora sofreu um acidente de carro em que todos os quatro integrantes da banda foram mortos, inclusive o empresário deles. Eu nem sequer conhecia a banda, e se não fosse por isso, não conheceria, mas eu vi a notícia e achei a coisa muito sobrenatural, muito trágica, para dizer o mínimo.
Os caras estavam na Suécia, tocando em festivais e tentando crescer na carreira, para que futuramente pudessem vir a gravar um primeiro disco. Estavam fazendo um relativo sucesso, quando de repente... tudo isso acaba em um incidente do carro deles em uma ponte. É assustador!
Momentos finais, antes da tragédia |
Mas infelizmente, isso jamais vai acontecer agora. A banda, que era composta dos músicos Kris Leonard (voz e guitarra), River Reeves (guitarra), Tomas Lowe (baixo) e Jack Dakin (bateria), entrará para a história como o grupo que teve a carreira mais curta do mundo. Gravaram apenas dois singles, um em 2015, Swings & Waterslides e outro agora em 2016, Boys That Sing/Like a Fool, mais uma música que executaram em uma sessão ao vivo em estúdio chamada "Get To Dancing" em Novembro de 2015, totalizando cinco músicas apenas, de carreira. Essa ficou sendo a discografia do grupo britânico, que existiu apenas por dois anos. Acabou. Parece brincadeira!
A vida é realmente frágil. É assustador pensar nisso. Numa hora, você pode estar tocando em festivais, realizando seus sonhos, conhecendo outras pessoas, vivendo um momento muito legal... e em outro momento, você pode estar caindo de uma ponte e sendo enterrado a sete palmos de terra, sem nunca ter conseguido sequer chegar onde queria.
Eu realmente sinto muito por esses caras. Meus pensamentos vão para os pais deles, que certamente estavam cheios de orgulho, empolgadíssimos com o sucesso dos filhos. Para o empresário, que pelas fotos, parecia muito feliz em acompanhar a banda. E também para os amigos que deixaram, sem nunca terem podido alcançar a fama que pretendiam.
E para todos que leem o que escrevo agora: vivam cada momento de suas vidas ao máximo. Não esperem o amanhã para realizarem o que quer que seja. Tudo que existe nesta vida está fadado à morte e à destruição. É importante investir naquilo que realmente seja o sonho de cada um. É importante ver os amigos, a família, e abraçar a todos enquanto você pode, pois a gente nunca sabe em que momento teremos que atravessar a ponte.
Vou deixar aqui abaixo as cinco músicas que o grupo escreveu e com as quais se apresentavam em festivais, como uma forma de poderem pelo menos serem lembrados por um sonho que não aconteceu.
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