Nota: 8 / 10
O Stratovarius é um grupo que passou por um período bem estranho. Eu me lembro que foi após o disco Elements Pt. 2 (2003); gravou um disco auto-intitulado esquisito em 2005 e depois o único membro remanescente da formação pioneira do grupo, Timo Tolkki, sai. E ainda mais estranho: mesmo sem ter mais membro algum original, a banda resolve continuar. Isso nunca havia acontecido antes com banda alguma! Enfim, independente de tudo, o Stratovarius "2.0" chega em seu quarto disco sem Tolkki, lançado em Setembro de 2015.
O Stratovarius é um grupo que passou por um período bem estranho. Eu me lembro que foi após o disco Elements Pt. 2 (2003); gravou um disco auto-intitulado esquisito em 2005 e depois o único membro remanescente da formação pioneira do grupo, Timo Tolkki, sai. E ainda mais estranho: mesmo sem ter mais membro algum original, a banda resolve continuar. Isso nunca havia acontecido antes com banda alguma! Enfim, independente de tudo, o Stratovarius "2.0" chega em seu quarto disco sem Tolkki, lançado em Setembro de 2015.
E eu, pessoalmente ainda acho isso tudo bem estranho, porque apesar de ainda ter sim, membros importantes na história do grupo, como o Timo Kotipelto e o Jens Johansson, ele não deixa de soar hoje em dia como uma banda cover de si mesma.
E não é nem questão de eu ser old-fashioned a ponto de acreditar que existem critérios a serem seguidos; que para uma banda continuar existindo, tem que se ter pelo menos um membro original remanescente, que é aquele que mantém pelo menos um fragmento da ideia original por trás daquilo tudo, o que valida a banda continuar na ativa, e que sem pelo menos esse membro original, a banda TEM que acabar; mas enfim, como a banda já não tinha mesmo nenhum membro original depois de um tempo, após Tolkki assumir controle total, creio que estão com o 'foda-se' ligado e no vale-tudo a essa altura, então eu juro que nem é questão disso! É questão de que, por mais que esse segundo Stratovarius que está aí, com o guitarrista Matias Kupiainen, por mais que se esforcem, parece que realmente não conseguem chegar perto da qualidade do que foi feito anos atrás com Tolkki.
O som do grupo desde a saída do guitarrista vem soando até que OK, eles tem se esforçado bastante, e há músicas interessantes aqui e alí, mas tudo parece meio burocrático. Há uma ou outra música em cada disco desde o Polaris (2009) que sim, soa mais bacana, mas de forma geral, não se tem mais um trabalho que a gente diga "puxa vida, esse aqui entrou para a história do grupo como um grande feito". Simplesmente não tem.
E é nesse ponto que, apesar de eu achar o próprio Tolkki um doido egocêntrico, eu me sinto na obrigação moral de defendê-lo aqui. O cara abriu mão dos direitos da banda, na mais boa fé e disse, "olha, podem fazer o que acharem melhor, certo? Foi mal aí todo aquele imbróglio e aquela história de caballa e a Miss K não-sei-das-quantas, e toda aquela loucura insana, mas tá de boa, usem o nome da MINHA banda pra se promoverem". E o que acontece? Os caras, agindo de má fé, passam em cima do guitarrista e continuam de boa.
Sei lá, eu acho má fé. Deveriam ter mudado o nome da banda e continuado a partir daí. Mas não foi o que aconteceu, então, vamos ver como é que está este "Stratovarius" novo em seu quarto disco.
O disco, de forma geral, se esforça para ser melhor. Há temas bem interessantes, e coisas que carregam o dna do power metal tolkkiano no som, aliás, isso desde o Polaris, mas como em todo novo álbum, há altos e baixos. Antes era Tolkki que escrevia todas as faixas, agora o processo de composição se concentra entre Kotipelto, Kupiainen e Johansson. É, sem dúvidas, o melhor dos quatro discos deste novo grupo.
A faixa inicial "My Eternal Dream" é bacana, mas padece dos problemas que eu falei, solos meio burocráticos e uma sonoridade pouco memorável. "Shine in the Dark", a segunda, já é mais interessante, e eu até gosto do refrão da terceira, "Rise Above It", mas o resto dela é aquela burocracia que mencionei. Agora, uma que eu achei bem legal, bonita mesmo e remanescente do antigo som do Strato, é "Lost Without a Trace", essa eu coloquei diversas vezes no carro para escutar, é uma daquelas músicas memoráveis que eu falei, e que dá vontade de você tentar escutar o resto do álbum com um outro olhar.
"Feeding the Fire" é uma rápida que eu achei bacana do começo ao fim, embora tenha uma sonoridade só ok. "In My Line of Work" é filler, apesar de ter um riff inicial bacana. Para destacar uma que eu achei realmente legal aqui das rápidas, destaco "Man in the Mirror", que te dá mais ares de Stratovarius clássico. "Few Are Those" também te recorda dessa sonoridade, embora soe menos interessante. Outro grande destaque no disco é a balada "Fire in Your Eyes", que é bem bonita, bem Strato clássico também, e está entre as que fazem valer a conferida no disco. Para terminar o álbum na versão normal, "The Lost Saga" é outro grande acerto do grupo; o épico de 11 minutos te faz sorrir de orelha a orelha.
Há ainda duas faixas bônus que só serão encontradas na versão japonesa do disco. "Giants", que tem uma melodia ok, mas o que eu gostei foi da letra, onde o refrão diz "we stand on the shoulders of giants, and take a look inside of you, then you'll see your power too"; o trabalho instrumental de Jens nos teclados é ótimo, como sempre, e a mensagem positiva é puro Stratovarius clássico. Quanto à última, "Endless Forest", é uma instrumental de teclado que eu sinceramente não vi necessidade de estar alí, me soou bem filler.
Considerando estes acertos e tropeços, resta a pergunta: ainda vale a pena investir no Stratovarius com Kupiainen? Sim, vale a pena. Mas tendo na memória de que qualquer coisa que possam fazer daqui pra frente, não será tão legal ou com aquela sonoridade clássica que havia quando Tolkki estava na banda. Como eu disse antes, tem muita coisa que soa burocrática, by-the-numbers, mas também tem bastante coisa que vale a escutada, então, fica a seu critério. Se for fã de se descabelar mesmo pela banda, vá atrás, mas não espere escutar um novo Destiny, Visions, ou um novo Fourth Dimension, ou mesmo um Elements, ou coisa parecida, trabalhos de uma época que o Stratovarius vertia lágrimas de nossos olhos.
Eternal (2015)
(Stratovarius)
Tracklist:
01. My Eternal Dream
02. Shine in the Dark
03. Rise Above It
04. Lost Without a Trace
05. Feeding the Fire
06. In My Line of Work
07. Man in the Mirror
08. Few Are Those
09. Fire in Your Eyes
10. The Lost Saga
Versão japonesa:
11. Giants
12. Endless Forest (instrumental)
Discografia:
sem Tolkki:
- Eternal (2015)
- Nemesis (2013)
- Elysium (2011)
- Polaris (2009)
com Tolkki:
- Stratovarius (2005)
- Elements, Pt. 2 (2003)
- Elements, Pt. 1 (2003)
- Intermission (2001)
- Infinite (2000)
- Destiny (1998)
- Visions (1997)
- Episode (1996)
- Fourth Dimension (1995)
- Dreamspace (1994)
- Twilight Time (1992)
- Fright Night (1989)
Site oficial: www.stratovarius.com
E não é nem questão de eu ser old-fashioned a ponto de acreditar que existem critérios a serem seguidos; que para uma banda continuar existindo, tem que se ter pelo menos um membro original remanescente, que é aquele que mantém pelo menos um fragmento da ideia original por trás daquilo tudo, o que valida a banda continuar na ativa, e que sem pelo menos esse membro original, a banda TEM que acabar; mas enfim, como a banda já não tinha mesmo nenhum membro original depois de um tempo, após Tolkki assumir controle total, creio que estão com o 'foda-se' ligado e no vale-tudo a essa altura, então eu juro que nem é questão disso! É questão de que, por mais que esse segundo Stratovarius que está aí, com o guitarrista Matias Kupiainen, por mais que se esforcem, parece que realmente não conseguem chegar perto da qualidade do que foi feito anos atrás com Tolkki.
O som do grupo desde a saída do guitarrista vem soando até que OK, eles tem se esforçado bastante, e há músicas interessantes aqui e alí, mas tudo parece meio burocrático. Há uma ou outra música em cada disco desde o Polaris (2009) que sim, soa mais bacana, mas de forma geral, não se tem mais um trabalho que a gente diga "puxa vida, esse aqui entrou para a história do grupo como um grande feito". Simplesmente não tem.
E é nesse ponto que, apesar de eu achar o próprio Tolkki um doido egocêntrico, eu me sinto na obrigação moral de defendê-lo aqui. O cara abriu mão dos direitos da banda, na mais boa fé e disse, "olha, podem fazer o que acharem melhor, certo? Foi mal aí todo aquele imbróglio e aquela história de caballa e a Miss K não-sei-das-quantas, e toda aquela loucura insana, mas tá de boa, usem o nome da MINHA banda pra se promoverem". E o que acontece? Os caras, agindo de má fé, passam em cima do guitarrista e continuam de boa.
Sei lá, eu acho má fé. Deveriam ter mudado o nome da banda e continuado a partir daí. Mas não foi o que aconteceu, então, vamos ver como é que está este "Stratovarius" novo em seu quarto disco.
O disco, de forma geral, se esforça para ser melhor. Há temas bem interessantes, e coisas que carregam o dna do power metal tolkkiano no som, aliás, isso desde o Polaris, mas como em todo novo álbum, há altos e baixos. Antes era Tolkki que escrevia todas as faixas, agora o processo de composição se concentra entre Kotipelto, Kupiainen e Johansson. É, sem dúvidas, o melhor dos quatro discos deste novo grupo.
A faixa inicial "My Eternal Dream" é bacana, mas padece dos problemas que eu falei, solos meio burocráticos e uma sonoridade pouco memorável. "Shine in the Dark", a segunda, já é mais interessante, e eu até gosto do refrão da terceira, "Rise Above It", mas o resto dela é aquela burocracia que mencionei. Agora, uma que eu achei bem legal, bonita mesmo e remanescente do antigo som do Strato, é "Lost Without a Trace", essa eu coloquei diversas vezes no carro para escutar, é uma daquelas músicas memoráveis que eu falei, e que dá vontade de você tentar escutar o resto do álbum com um outro olhar.
"Feeding the Fire" é uma rápida que eu achei bacana do começo ao fim, embora tenha uma sonoridade só ok. "In My Line of Work" é filler, apesar de ter um riff inicial bacana. Para destacar uma que eu achei realmente legal aqui das rápidas, destaco "Man in the Mirror", que te dá mais ares de Stratovarius clássico. "Few Are Those" também te recorda dessa sonoridade, embora soe menos interessante. Outro grande destaque no disco é a balada "Fire in Your Eyes", que é bem bonita, bem Strato clássico também, e está entre as que fazem valer a conferida no disco. Para terminar o álbum na versão normal, "The Lost Saga" é outro grande acerto do grupo; o épico de 11 minutos te faz sorrir de orelha a orelha.
Há ainda duas faixas bônus que só serão encontradas na versão japonesa do disco. "Giants", que tem uma melodia ok, mas o que eu gostei foi da letra, onde o refrão diz "we stand on the shoulders of giants, and take a look inside of you, then you'll see your power too"; o trabalho instrumental de Jens nos teclados é ótimo, como sempre, e a mensagem positiva é puro Stratovarius clássico. Quanto à última, "Endless Forest", é uma instrumental de teclado que eu sinceramente não vi necessidade de estar alí, me soou bem filler.
Considerando estes acertos e tropeços, resta a pergunta: ainda vale a pena investir no Stratovarius com Kupiainen? Sim, vale a pena. Mas tendo na memória de que qualquer coisa que possam fazer daqui pra frente, não será tão legal ou com aquela sonoridade clássica que havia quando Tolkki estava na banda. Como eu disse antes, tem muita coisa que soa burocrática, by-the-numbers, mas também tem bastante coisa que vale a escutada, então, fica a seu critério. Se for fã de se descabelar mesmo pela banda, vá atrás, mas não espere escutar um novo Destiny, Visions, ou um novo Fourth Dimension, ou mesmo um Elements, ou coisa parecida, trabalhos de uma época que o Stratovarius vertia lágrimas de nossos olhos.
Eternal (2015)
(Stratovarius)
Tracklist:
01. My Eternal Dream
02. Shine in the Dark
03. Rise Above It
04. Lost Without a Trace
05. Feeding the Fire
06. In My Line of Work
07. Man in the Mirror
08. Few Are Those
09. Fire in Your Eyes
10. The Lost Saga
Versão japonesa:
11. Giants
12. Endless Forest (instrumental)
Selo: Edel
Banda:
Timo Kotipelto: voz
Matias Kupiainen: guitarra
Lauri Porra: baixo
Jens Johansson: teclados
Rolf Pilve: bateria
Matias Kupiainen: guitarra
Lauri Porra: baixo
Jens Johansson: teclados
Rolf Pilve: bateria
Discografia:
sem Tolkki:
- Eternal (2015)
- Nemesis (2013)
- Elysium (2011)
- Polaris (2009)
com Tolkki:
- Stratovarius (2005)
- Elements, Pt. 2 (2003)
- Elements, Pt. 1 (2003)
- Intermission (2001)
- Infinite (2000)
- Destiny (1998)
- Visions (1997)
- Episode (1996)
- Fourth Dimension (1995)
- Dreamspace (1994)
- Twilight Time (1992)
- Fright Night (1989)
Site oficial: www.stratovarius.com
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