A emoção tomou conta de mim! Creed, também chamado por aí de "Rocky VII", o que não deixa de ser, pois trata-se de uma sequência dos eventos da hexalogia de Rocky Balboa, traz novamente um "underdog" para os holofotes; o cara pela qual ninguém daria coisa alguma, o cara que ninguém bota fé.
Stallone já esteve neste lugar e soube como é comer poeira até conseguir fazer um nome para si. E com a série de filmes do pugilista Rocky Balboa, nos ensinou que, tudo é possível, desde que você não culpe os outros pelo seu fracasso e não deixe seu maior inimigo - você mesmo - entrar no seu caminho. Agora, Balboa assume a posição que era de Mickey em seus tempos de glória e ringue, e treina o filho de seu oponente e grande amigo Apollo Creed, neste recomeço de jornada.
A trama é a seguinte: um menino negro, Adonis, que vive em um orfanato está constantemente arrumando brigas com seus colegas, mas sua mãe, um dia vem para resgatá-lo daquele lugar e lhe conta a verdade, que ele é filho do famoso pugilista Apollo Creed, que foi morto no filme Rocky IV, pelo russo interpretado pelo astro Dolph Lundgren. Quem é mais velho como eu deve se lembrar bem do grandalhão ameaçador que dizia "I must break you", quando encarou o garanhão italiano.
O menino cresce e vira o Michael B. Jordan, ator que já trabalhou com o diretor Ryan Coogler na estreia do diretor novato, o filme Fruitvale Station, de 2013. Eu não cheguei a assistir esse filme, mas agora fiquei interessado, uma vez que ele foi muito bem cotado no ano que saiu. Pois bem, o adulto Adonis Johnson tem um trabalho bom numa firma de finanças e ganhou uma promoção, mas ele pede demissão porque não se sente feliz lá. Para ele, só existe uma coisa que gostaria de fazer: lutar nos ringues. Ele passa os dias vendo no YouTube videos das lutas de seu pai contra Rocky, e vai procurar o velho garanhão para treiná-lo. Balboa hesita, resiste, não quer treinar o garoto, mas o filho de Apollo insiste e insiste, até que Balboa aceita treiná-lo.
Com isso, a trama se desenrola até o momento catártico da luta final, e descobrimos detalhes da vida de Rocky, desde que se aposentou definitivamente dos ringues em 2006, no filme Rocky Balboa. Ao mesmo tempo, somos presenteados com diversas referências da franquia, o restaurante Adrian, que Balboa nomeou em memória de sua mulher, vemos o velho pugilista conversando com sua mulher e Paulie no cemitério, e descobrir uma triste verdade que nunca mais vai deixá-lo subir nos ringues de novo. E essa verdade nos faz sentir uma profunda tristeza, uma vez que estamos em uma época que, sujeitos trintões como eu estão enterrando seus heróis, seus prismas, seus ícones. É uma verdade doída, mas necessária e parte do ciclo que todos nós vivemos neste planeta.
Com isso, o filme se foca em Adonis Johnson, o filho de Apollo, que tem medo de usar o nome do pai para não ficar em sua sombra, o mesmo que aconteceu com o filho de Rocky, Robert Balboa, no filme de 2006. Então, Adonis vai aos poucos superando seus traumas e dificuldades, e pavimentando seu caminho, com a ajuda de Rocky, para chegar ao topo.
Uma cena muito emocionante, e aqui eu não vou revelar muita coisa do filme, é a cena que Rocky caminha com Adonis, agora Adonis Hollywood Creed, para o ringue; vamos seguindo os dois pelo corredor, Rocky com a mão direita no ombro do pupilo, representando nosso herói passando o bastão para a próxima geração; e como eu estava dizendo, caminhando com ele, e nós, como testemunhas oculares, bem atrás dos dois, seguindo-os, como voyeurs, sendo comparsas, cúmplices do momento, testemunhas oculares; É como se caminhássemos junto ao nosso ídolo, bem do ladinho dele, como se quiséssemos ajudá-lo para qualquer problema que ele tivesse, e ao mesmo tempo, acompanhássemos o novo pugilista, que será o herói moderno, continuando o legado.
Outra cena linda, é o momento em que Adonis ajuda o agora velho Balboa a subir suas famosas escadas, e ele vai subindo com ele, passo a passo, degrau por degrau, devagar, pois ele já não consegue mais correr como fazia em seus tempos áureos. É no fundo o que todos nós queremos quando nossos heróis estiverem perto do fim, segurar em seus braços, prestar-lhes continência, e agradecer por toda inspiração que nos passaram ao longo dos anos.
As sequências de montagem existem de forma um pouco mais modernizada, afinal de contas, não estamos mais nos anos 80, e Adonis Creed ganha o seu próprio tema de vitória, claro, temperado uma vez ou outra pelo tema clássico de Rocky, uma vez que o novo lutador segue os passos de seu mestre; porém, o filme deixa claro, não fazendo Adonis subir as escadas como Rocky fazia, que o novo lutador está seguindo seu próprio caminho, querendo deixar seu próprio legado.
Confesso que eu quase fui às lágrimas, quando via essas coisas. Creed não somente é um novo recomeço da fantástica saga do espírito humano que jamais deve desistir, e sempre deve seguir em frente aguentando os golpes da vida, não importa o quão forte eles sejam, mas também a prova incontestável do legado de Stallone em sua saga do pugilista italiano. Ele agora é o mestre, aquele a qual recorremos quando as coisas ficam difíceis. E na expectativa de ver um Creed II, ficamos aguardando os próximos acontecimentos, sempre com a sensação de reverência que os nossos velhos heróis merecem.
Eu saí da sessão de Creed, como se deve sair de qualquer filme envolvendo a saga de Rocky: com a sensação de que posso ser invencível, indestrutível! E com a certeza de que, não importa as adversidades, não devo desviar dos golpes duros da vida, mas sim aceitá-los, se quiser vencer. Mais uma vez, agradeço a mais uma lição valiosa de coragem e perseverança de um mestre que sabe o que está falando. Todos nós agora, somos Creed neste filme, e se encararmos os obstáculos da vida, vamos vencer. Eu absolutamente recomendo Creed, e já vou avisando aqui: se você for um fã que despenca a qualquer referência e homenagem, meu amigo, leve lenço no cinema!
Creed (2015)
Título em português BR: Creed: Nascido para Lutar
Direção: Ryan Coogler
Produção: Robert Chartoff, William Chartoff, Sylvester Stallone, Kevin King Templeton, Charles Winkler, David Winkler, Irwin Winkler
Roteiro: Ryan Coogler, Aaron Covington (baseado em personagens de Sylvester Stallone)
Trilha sonora: Ludwig Göransson
Estrelando: Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Phylicia Rashad, Andre Ward, Tony Bellew, Ritchie Coster, Jacob 'Stitch' Duran, Graham McTavish, Malik Bazille, Ricardo McGill, Gabe Rosado, Wood Harris, Rupal Pujara, Brian Anthony Wilson, Joey Eye, Alex Henderson
Outros filmes desta cinessérie:
- Rocky Balboa (Rocky Balboa) (2006)
- Rocky V (Rocky V) (1990)
- Rocky IV (Rocky IV) (1985)
- Rocky III (Rocky III: O desafio supremo) (1982)
- Rocky II (Rocky II: A Revanche) (1979)
- Rocky (Rocky: Um Lutador) (1976)
- Rocky III (Rocky III: O desafio supremo) (1982)
- Rocky II (Rocky II: A Revanche) (1979)
- Rocky (Rocky: Um Lutador) (1976)
Trailer:
Foi arriscado, mas muito bom! Uma acertada escolha que traz peso dramático ao personagem de Sylvester Stallone (muito talentoso, muito em breve vai estrear o filme Fahrenheit 451), que não desperdiça a oportunidade e faz aqui uma interpretação memorável. Assim como Michael B. Jordan consegue passar a veracidade exigida para o seu Adonis, sempre muito conectado e lembrando em alguns andamentos os trejeitos de Carl Weathers. A fita também abre espaço para Tessa Thompson, onde faz uma figura que por sua vez enfrenta uma triste realidade que a cada dia parece mais próxima. Creed é um filme que consegue homenagear respeitosamente a obra de 76, apresentando personagens profundos e dando uma despedida digna a um dos maiores personagens do cinema.
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