Vamos aproveitar o feriado e falar de algo nostálgico. Pra começar, eu preciso esclarecer que eu sou um fã confesso de Mortal Kombat. Aliás, confesso e obcecado, quase tão obcecado quanto eu sou pelo Batman.
Quando eu era moleque nos anos 90, eu vivia nos fliperamas perto do lugar onde eu morava, alucinado com todos aqueles jogos. Mas o que mais me chamava a atenção era, com certeza, a máquina de Mortal Kombat. Eu ficava jogando Street Fighter ou qualquer outra coisa, apenas esperando uma brecha para ir no fliper do Mortal e ficar horas e horas jogando.
Visto tudo isso, não é de se surpreender que, quando anunciaram um filme baseado no game em 1995, eu fiquei maluco, alucinado, não aguentava de tanta excitação pela ideia de ver um filme! Que filme bacana foi esse!
Claro, dadas as devidas proporções e, que estávamos ainda no começo das adaptações de games, o filme tem sim, muitos defeitos. Os diálogos são meio galhofas, algumas soluções de roteiro são meio insossas e os cenários, ah, os cenários... alguns são muito bons, aqueles que não necessitam de blue-screen, mas os cenários feitos em estúdio eram risíveis, e os efeitos especiais deixavam transpassar toda a galhofagem! Mas a gente nem ligava! Eu gosto tanto deste filme que até hoje eu tenho o VHS dele!
Na época, eu havia comprado uma revista Ação Games para ver truques de Fatality para o Mortal Kombat 3, e na revista, vinha incluso, o filme completo, legendado, com a logo da Ação Games estampada no topo da embalagem, e patrocinado pelo chiclete Bubbaloo e com apoio da rádio Jovem Pan! Ha ha ha... ainda tenho esse VHS e, às vezes, coloco ele para curtir momentos de nostalgia!
Enfim, este filme era significativo pra mim naquela época, e ainda continua sendo significativo até hoje. Não por ser uma obra-prima, ou coisa do tipo, aliás, está muito longe de ser até mesmo um filme ótimo, quanto mais uma obra-prima. O filme, se for avaliado friamente, pode ser considerado passável e olhe lá, forçando a amizade! Não, o filme não se destaca pela sua qualidade, mas pelo seu conteúdo e atmosfera, que dialoga com a base de fãs. Em termos estéticos, ele tenta ser o mais fiel possível à proposta dos dois primeiros games da série, trazendo atores interpretando seus papéis e seguindo o máximo possível o fiapo de história que é provido no game de 1992.
E o que há para não gostar nos dois primeiros games, na cabeça de um jovem de 15 anos? A atmosfera opressora e macabra, com aqueles cenários sobrenaturais, cheios de cadáveres pendurados aqui e alí, os personagens místicos, o nível extremo de violência, o sangue rolando solto na tela do game, os Fatalities, ou seja, os movimentos fatais que literalmente aniquilam com a vida do seu adversário... há muita coisa para se gostar nos games, especialmente se você foi, nos anos 90, um jovem como eu. A gente reverenciava o game, ele foi, em outras palavras, um dos pináculos da nossa cultura na época.
Sim, Mortal Kombat foi, e ainda é, um elemento importantíssimo dos anos 90, quando você pensa nessa década, especialmente por todas as características sanguinárias e grotescas que eu apresentei acima... ééé... QUE PENA que resolveram ignorar quase todas essas características no filme e dar a ele uma classificação etária de 13 anos! E esse é um dos maiores defeitos deste filme! Isso nos deixou um pouco desapontados, porque nós queríamos ver as decapitações, as mortes dos games, a violência, o sangue, tudo que a gente cresceu vendo nos fliperamas! Mas, pelo menos não ignoraram a mitologia e o poder do "desalmado" vilão Shang Tsung, não é mesmo? Pois bem, vamos então dar uma olhada na trama.
A história abre com Shang Tsung (Cary-Hiroyuki Tagawa) e o irmão de Liu Kang - criado para o filme - Chan (Steven Ho), sendo morto pelo sugador de almas. Era um pesadelo do dublê de Bruce Lee, Liu Kang (Robin Shou), que mora nos EUA e que abandonou o Templo da Luz em sua terra natal. Com isso, ele retorna para lá para encontrar os monges do templo e o Lorde Rayden (o highlander Christopher Lambert), deus do Trovão e da Luz; enquanto isso, Sonia Blade (Bridgette Wilson) e Jax Briggs (Gregory McKinney) estão atrás de Kano (Trevor Goddard), porque o assassino contratado por Shang Tsung matou um amigo de Sonia que nós nunca vemos quem é.
Ainda, ao mesmo tempo, há um ator decadente de filmes de luta e ação, Johnny Cage (Linden Ashby), recebendo de um velho amigo um convite para participar de um torneio chamado Mortal Kombat, tendo como garantia que isso irá ajudar Cage a provar para o mundo que ele não é uma fraude. Sendo assim, Liu Kang, o asiático complexado com a morte de seu irmão, Sonia, a militar atrás de vingança, e Cage, o ator de meia pataca, embarcam no navio que os levará para Outworld, para lutarem no torneio e salvar o nosso mundo de se mergir com Outworld e deixar de ser o lugar que conhecemos.
Eles partem nessa aventura, junto com outros vários lutadores, para defender a Terra do imperador desse reino maldito. Lá, eles conhecem os ninjas Sub-Zero (François Petit) e Scorpion (Chris Casamassa), a princesa Kitana (Talisa Soto), o abominável Reptile (Keith Cooke) e a criatura de quatro braços Goro (Tom Woodruff Jr.), e descobrem que Kano está do lado dos maldosos.
Liu Kang derrota um cara que parece que veio da Nigéria, Kitana (que está secretamente do lado dos heróis), Sub-Zero, Reptile e Shang Tsung; Cage derrota Scorpion e Goro; Sonia derrota Kano. Nesse meio tempo, eles vão ouvindo os conselhos óbvios e canastrões de Rayden - "vocês precisam encarar seus medos, se quiserem vencê-los", óóóhhh, que profundo! - que não luta e não faz qualquer outra coisa a não ser ameaçar as forças do mal com seus olhos elétricos e posar de sabe-tudo. Mas pelo menos o Lambert tenta não exagerar na atuação e nos proporciona uma performance contida e, dentro do possível, adequada do deus do Trovão. Na época, foi muito legal, até porque o ator era o Connor MacLeod, o Highlander.
Aliás, tudo isso, por mais problemas que tivesse na época, era muito legal. Scorpion soltava o seu gancho famoso pelo buraco da sua mão que se abria e ficava parecendo uma... hãn... bem... uma... esfih... deixa pra lá... a gente via ele até mesmo mandando Johnny Cage para o inferno (literalmente) - uma coisa que muita gente queria fazer, inclusive - e removendo a sua cara, revelando a sua famosa ossada facial e soltando fogo pela boca, o que era maneiro; e Sub-Zero, enfrentando Liu Kang, até usava seu poder de congelar, soltando ele pela região do... dooo... ééé... do... salsic... não, sério, ele realmente soltava gelo pela pélvis? Como? Por que? Ah, deixa pra lá, isso era maneiro também! O que só nos deixa uma pergunta, afinal: esse povo tava com fome quando escreveu o roteiro, ou era um fetiche que tinham mesmo? Enfim...
Mortal Kombat fez muito sucesso no ano que saiu, com seu visual maneiro, apesar de falho às vezes - sério, quem achar que aquele Goro ficaria legal hoje em dia é maluco - e com sua trilha sonora eletrônica, tendo como carro chefe o tema mais grudento e mais pegajoso que alguém já escreveu! Aquela música não só referenciava trechos dos games - "test your might", ou então recitava o nome dos personagens - mas também tinha a paudurescência de berrar o nome do game! E olhem que aquilo não tinha nada a ver com os temas sombrios do game, mas ficou tão legal e tão maneiro, que passou a integrar o imaginário quando se fala de Mortal Kombat hoje em dia.
Enfim, este filme era significativo pra mim naquela época, e ainda continua sendo significativo até hoje. Não por ser uma obra-prima, ou coisa do tipo, aliás, está muito longe de ser até mesmo um filme ótimo, quanto mais uma obra-prima. O filme, se for avaliado friamente, pode ser considerado passável e olhe lá, forçando a amizade! Não, o filme não se destaca pela sua qualidade, mas pelo seu conteúdo e atmosfera, que dialoga com a base de fãs. Em termos estéticos, ele tenta ser o mais fiel possível à proposta dos dois primeiros games da série, trazendo atores interpretando seus papéis e seguindo o máximo possível o fiapo de história que é provido no game de 1992.
E o que há para não gostar nos dois primeiros games, na cabeça de um jovem de 15 anos? A atmosfera opressora e macabra, com aqueles cenários sobrenaturais, cheios de cadáveres pendurados aqui e alí, os personagens místicos, o nível extremo de violência, o sangue rolando solto na tela do game, os Fatalities, ou seja, os movimentos fatais que literalmente aniquilam com a vida do seu adversário... há muita coisa para se gostar nos games, especialmente se você foi, nos anos 90, um jovem como eu. A gente reverenciava o game, ele foi, em outras palavras, um dos pináculos da nossa cultura na época.
Sim, Mortal Kombat foi, e ainda é, um elemento importantíssimo dos anos 90, quando você pensa nessa década, especialmente por todas as características sanguinárias e grotescas que eu apresentei acima... ééé... QUE PENA que resolveram ignorar quase todas essas características no filme e dar a ele uma classificação etária de 13 anos! E esse é um dos maiores defeitos deste filme! Isso nos deixou um pouco desapontados, porque nós queríamos ver as decapitações, as mortes dos games, a violência, o sangue, tudo que a gente cresceu vendo nos fliperamas! Mas, pelo menos não ignoraram a mitologia e o poder do "desalmado" vilão Shang Tsung, não é mesmo? Pois bem, vamos então dar uma olhada na trama.
A história abre com Shang Tsung (Cary-Hiroyuki Tagawa) e o irmão de Liu Kang - criado para o filme - Chan (Steven Ho), sendo morto pelo sugador de almas. Era um pesadelo do dublê de Bruce Lee, Liu Kang (Robin Shou), que mora nos EUA e que abandonou o Templo da Luz em sua terra natal. Com isso, ele retorna para lá para encontrar os monges do templo e o Lorde Rayden (o highlander Christopher Lambert), deus do Trovão e da Luz; enquanto isso, Sonia Blade (Bridgette Wilson) e Jax Briggs (Gregory McKinney) estão atrás de Kano (Trevor Goddard), porque o assassino contratado por Shang Tsung matou um amigo de Sonia que nós nunca vemos quem é.
Ainda, ao mesmo tempo, há um ator decadente de filmes de luta e ação, Johnny Cage (Linden Ashby), recebendo de um velho amigo um convite para participar de um torneio chamado Mortal Kombat, tendo como garantia que isso irá ajudar Cage a provar para o mundo que ele não é uma fraude. Sendo assim, Liu Kang, o asiático complexado com a morte de seu irmão, Sonia, a militar atrás de vingança, e Cage, o ator de meia pataca, embarcam no navio que os levará para Outworld, para lutarem no torneio e salvar o nosso mundo de se mergir com Outworld e deixar de ser o lugar que conhecemos.
Eles partem nessa aventura, junto com outros vários lutadores, para defender a Terra do imperador desse reino maldito. Lá, eles conhecem os ninjas Sub-Zero (François Petit) e Scorpion (Chris Casamassa), a princesa Kitana (Talisa Soto), o abominável Reptile (Keith Cooke) e a criatura de quatro braços Goro (Tom Woodruff Jr.), e descobrem que Kano está do lado dos maldosos.
Liu Kang derrota um cara que parece que veio da Nigéria, Kitana (que está secretamente do lado dos heróis), Sub-Zero, Reptile e Shang Tsung; Cage derrota Scorpion e Goro; Sonia derrota Kano. Nesse meio tempo, eles vão ouvindo os conselhos óbvios e canastrões de Rayden - "vocês precisam encarar seus medos, se quiserem vencê-los", óóóhhh, que profundo! - que não luta e não faz qualquer outra coisa a não ser ameaçar as forças do mal com seus olhos elétricos e posar de sabe-tudo. Mas pelo menos o Lambert tenta não exagerar na atuação e nos proporciona uma performance contida e, dentro do possível, adequada do deus do Trovão. Na época, foi muito legal, até porque o ator era o Connor MacLeod, o Highlander.
Aliás, tudo isso, por mais problemas que tivesse na época, era muito legal. Scorpion soltava o seu gancho famoso pelo buraco da sua mão que se abria e ficava parecendo uma... hãn... bem... uma... esfih... deixa pra lá... a gente via ele até mesmo mandando Johnny Cage para o inferno (literalmente) - uma coisa que muita gente queria fazer, inclusive - e removendo a sua cara, revelando a sua famosa ossada facial e soltando fogo pela boca, o que era maneiro; e Sub-Zero, enfrentando Liu Kang, até usava seu poder de congelar, soltando ele pela região do... dooo... ééé... do... salsic... não, sério, ele realmente soltava gelo pela pélvis? Como? Por que? Ah, deixa pra lá, isso era maneiro também! O que só nos deixa uma pergunta, afinal: esse povo tava com fome quando escreveu o roteiro, ou era um fetiche que tinham mesmo? Enfim...
Mortal Kombat fez muito sucesso no ano que saiu, com seu visual maneiro, apesar de falho às vezes - sério, quem achar que aquele Goro ficaria legal hoje em dia é maluco - e com sua trilha sonora eletrônica, tendo como carro chefe o tema mais grudento e mais pegajoso que alguém já escreveu! Aquela música não só referenciava trechos dos games - "test your might", ou então recitava o nome dos personagens - mas também tinha a paudurescência de berrar o nome do game! E olhem que aquilo não tinha nada a ver com os temas sombrios do game, mas ficou tão legal e tão maneiro, que passou a integrar o imaginário quando se fala de Mortal Kombat hoje em dia.
Até mesmo certos atores do filme fizeram coisas animais ficarem no inconsciente do pessoal; é o caso do Shang Tsung do ator Cary-Hiroyuki Tagawa, que criou uma frase tão, mas tão legal, tão foda, tão... puts, tão bacana mesmo, que foi até incorporada nos games: "your soul is mine!", que traduzindo, seria "sua alma é minha!", quando o malvadão do torneio sugava a alma dos guerreiros derrotados. PUTA QUE PARIU, QUE FRASE CABULOSA!! Tão boa, tão intimidadora, que um dos caras que trabalhavam no filme atrás das câmeras saiu correndo do estúdio quando ele disse a frase pela primeira vez! Iiihh...
Isso sem falar outra frase dele que ficou na memória, como a "it has begun!", que traduzindo, fica "começou!" Pensem bem, um simples "começou" ficar na memória das pessoas! Você tem que ser muito bom mesmo para isso acontecer! No fim das contas, o Shang Tsung acabou roubando para si a alma desse filme! O personagem ficou tão bom que acabou reprisando seu papel de sucesso na web-série baseada nos games em 2013, que falaremos em um outro momento.
Enfim, apesar de todas as falhas que o filme tem, e de sua censura 13 anos, ele é um filme bastante recomendado por mim, se você curte games, filmes de luta, Mortal Kombat, enfim, recomendação máxima minha. Pena que ele acabou ganhando uma sequência podre, cabulosamente ruim; e não, eu não vou falar dela agora, vamos ver quando.
No momento, eu vou deixando você aqui com a recomendação para conferir esse filme muito legal, e talvez, a única gema verdadeira do medíocre diretor Paul W. S. Anderson, que coleciona em sua filmografia muitos filmes ruins. Assista! E que o Mortal Kombat comece!
FLAWLESS VICTORY!
Mortal Kombat (1995)
Título em português BR: Mortal Kombat: O Filme
Direção: Paul W. S. Anderson
Produção: Lawrence Kasanoff
Roteiro: Kevin Droney (baseado nos games da Midway criados por Ed Boon e John Tobias)
Trilha sonora: George S. Clinton
Estrelando: Christopher Lambert, Robin Shou, Linden Ashby, Cary-Hiroyuki Tagawa, Bridgette Wilson, Talisa Soto, Chris Casamassa, Trevor Goddard, François Petit, Keith Cooke, Hakim Alston, Kenneth Edwards, John Fujioka, Daniel Haggard, Sandy Helberg, Steven Ho, Peter Jason, Lloyd Kino, Gregory McKinney, Mikal Moore, Brice Stephens, Frank Welker, Ed Boon (voz), Kevin Michael Richardson, Leo Anastasio, Richard Branden, Jaime H. Campos, Deanna Hodges, Leo Lee, Alex Morissen, T.J. Storm, Tom Woodruff Jr.
Outros filmes desta cinessérie:
- Mortal Kombat: Annihilation (Mortal Kombat: A Aniquilação) (1997)
- Mortal Kombat (Mortal Kombat: O Filme) (1995)
- Mortal Kombat (Mortal Kombat: O Filme) (1995)
Trailer:
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