Thursday, December 29, 2016

CANTO DO CISNE: Debbie Reynolds

O ano de 2016 termina como começou: amargo; como se não bastasse matar Carrie Fisher, agora se vai a mãe dela, a atriz Debbie Reynolds, aos 84 anos. Talvez você não a conheça tanto quanto a Leia, mas para mim é uma perda também sentida. Eu só venho aqui no blog falar de alguém se a perda faz algum sentido para mim. E Debbie Reynolds não só teve muito sentido para mim, mas também para a Hollywood clássica.

Ganhando fama através de vários de seus filmes, incluindo seu hit, o filme Singing in the Rain (Cantando na Chuva), de 1952, um dos musicais mais celebrados do cinema mundial, Debbie interpreta Kathy Selden, uma atriz e dançarina que tenta a sorte na indústria da sétima arte. Ela não era princesa e líder de uma resistência, nem usava armas laser ou travava batalhas contra um Império em uma galáxia muito, muito distante. Era apenas uma excelente artista, e que com seu carisma e boa vontade, foi acolhida pelos personagens de Gene Kelly e Donald O'Connor, mas era sacaneada por uma atriz que não tinha voz suficientemente bela para equiparar suas belas poses no recém-inaugurado cinema falado.

Eu não sou muito fã de musicais, mas Singing in the Rain foi tão, mas tão significativo em minha vida de cinéfilo, que passei a assistir o filme compulsivamente, várias vezes, e me pegava imitando o sapateado e os passos de dança dos atores (vergonha alheia confessa!), engolfado na alegria que a película transmitia e na interessante trama que o musical apresentava. É um filme ótimo, e que tem que ser visto, e Debbie Reynolds faz um papel pivotal no filme junto aos seus companheiros. Eu vou deixar vocês aqui com um dos números musicais mais exasperantes do filme, a canção "Good Morning". É simplesmente impressionante o que os artistas faziam nesses filmes clássicos com apenas um cenário e alguns objetos!


Outras obras igualmente importantes da atriz, incluem o ótimo Tammy and the Bachelor, filme romântico que ela estrela com outro gênio da comédia que também nos deixou em 2010, o ator Leslie Nielsen, famoso pela trilogia The Naked Gun (Corra que a Polícia Vem Aí); também temos o ótimo How The West Was Won, filme que eu adoro, e que conta, de forma muito bacana, a expansão dos EUA, desde a busca pelo ouro, até a Guerra Civil e a expansão das estradas de ferro, que aconteceram durante o período do velho-oeste americano, é um filme muito bom, que quando eu assisti, me fez gostar mais ainda da história americana, e que eu recomendo bastante, e Reynolds interpreta a doce cantora Lilith Prescott. Também recomendo que você assista a comédia The Singing Nun (Dominique), um filme em que Reynolds interpreta uma freira que ganha fama através de sua voz e música. Como muitos papéis de Reynolds, este também é associado à música.

Algumas aparições relâmpago da atriz em grandes produções: em Fear And Loathing in Las Vegas (Medo e Delírio em Las Vegas), de 1998, do ótimo cineasta Terry Gilliam, aparece uma foto dela em uma das sequências mais malucas do filme, e no clássico The Bodyguard (O Guarda-Costas), de 1992, Reynolds faz uma aparição como ela mesma.

Na TV, ela ficou famosa pelo seu show The Debbie Reynolds Show, de 1969, que foi até o ano seguinte, e que se parecia bastante com a série I Love Lucy, de 1951.

Mais recentemente, ela tem trabalhado na TV também, com maior destaque na série Rugrats, de 1990, além de aparecer na série Will & Grace, de 1999.

Enfim, mais um grande talento perdido. Mais uma baixa artística no sanguinário ano de 2016, e que assim como sua filha Carrie Fisher, deixará um buraco na indústria do entretenimento que dificilmente será preenchido por alguém. Espero que essa grande atriz encontre a filhinha Leia do outro lado, e também esteja se aprontando para animar as coisas com seus amigos Gene Kelly e Donald O'Connor, com seus números de sapateado e dança. Ontem, o mundo ficou mais cinza ainda com a morte dessa artista, e o pós-vida, mais divertido. Finalizo com uma foto final de mãe e filha juntas, faltas que serão sentidas por todos nós.


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