Sunday, April 16, 2017

CANTO DO CISNE: Allan Holdsworth

No dia de Páscoa, morre um músico muito admirado. Resolvi deixar o dia sem postagens até pela ocasião, mas não posso deixar passar esta perda. Allan Holdsworth, um dos guitarristas modernos mais influentes de todos, e um verdadeiro gênio musical do calibre de qualquer compositor clássico, morreu hoje aos 70 anos de idade.

Quando eu comecei a aprender guitarra, ouvia muito mencionarem o nome dele, tanto meu professor de música, quanto outros colegas que estudavam comigo. Então tive contato com sua música mais ou menos no fim dos anos 90, com seu disco Metal Fatigue, de 1985, disco que inclusive até me ajudou a ter uma outra visão de arranjo musical.

Em certos momentos eu não acompanhava tanto a sua carreira, sempre apreciei mais o jazz ao piano ou aos instrumentos de sopro do que o jazz feito na guitarra, mas lembro até hoje do seu disco de 1985 que me abriu os olhos para outros gêneros musicais e outros músicos, como Mozart Mello, Larry Carlton, Richie Kotzen, Frank Gambale, e outros guitarristas instrumentais não tão conhecidos quanto caras como Steve Vai, Joe Satriani (meu favorito) ou Eric Johnson.

Seu primeiro álbum solo, Velvet Darkness, foi lançado em 1976, e seu último trabalho completo de estúdio, Flat Tire: Music for a Non-Existent Movie, foi em 2001. Em 1985, seu álbum mais famoso e icônico, Metal Fatigue é lançado, e ainda é aclamado como um dos discos mais importantes do gênero Jazz Fusion de todos os tempos.

Nele, podemos encontrar uma gama enorme de estilos dentro do Rock e do Jazz. Articulado, virtuoso, com uma grande técnica, e versátil, Holdsworth passeia com enorme tranquilidade pela sonoridade mais carregada da guitarra, em faixas como "Metal Fatigue", sempre com aquela caida dissonante do Jazz contemporâneo, até as progressões melódicas e ritmos cortados encontrados em "Devil Take the Hindmost", por exemplo, tudo adornado com melodias criativas e de uma genialidade ímpar.

Assim como Chuck Berry, Allan iria quebrar o jejum de anos sem lançar discos, e estava trabalhando em um álbum de inéditas este ano, quando inesperadamente morreu. Provavelmente a pergunta de se ele ainda se encontrava tão genial como em dias remotos jamais será respondida, e vamos ficar na curiosidade de saber o que Allan tinha de novo pra gente.

Uma coisa, no entanto, é certeza: ele jamais será esquecido por guitarristas influenciados por ele, como Alan Morse do Spock's Beard, Joe Satriani, Scott Henderson, Greg Howe, o brasileiro Frank Solari, e outros que ainda se encontram por aí. Um verdadeiro gênio que atuou ao lado de músicos de primeiro escalão, como a banda de progressivo Tempest, o ótimo violinista Jean-Luc Ponty, o guitarrista Stanley Clarke, aquele que toca a guitarra como se fosse um piano, e muitos, muitos outros. Allan Holdsworth, hoje é Páscoa, e você renasceu, apesar de não estar mais entre nós, e se tornou algo melhor. Você nos inspirou com um dom magnífico, o dom da música, e por isso, obrigado! Vá com Deus, e descanse em paz!

Deixo vocês com uma das mais recentes e matadoras performances do guitarrista, a música "Looking Glass", uma de minhas favoritas.

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