Nota: 9 / 10
A série de games Batman: Arkham começou a ganhar algumas histórias em quadrinhos que se passam neste universo dos videogames, quando o primeiro e o segundo games foram lançados. Você pode conferir abaixo o link sobre a série para checar o que eu falei sobre as duas primeiras HQs que eles fizeram sobre os dois primeiros games. Eram HQs que visavam mais divulgar os jogos mesmo. Só que a coisa foi ficando tão séria com o passar do tempo, que rapidamente deixou de ser apenas algo panfletário, e passou a ter um caráter mais robusto.
Dessa forma, os criadores resolvem apostar mais alto e é lançada digitalmente a série Batman: Arkham Unhinged, que foi uma série de HQs que teve 58 edições ao todo. Desta vez, há a intenção definitiva de expandir este universo, contando histórias dentro dele que você não verá nos jogos.
A HQ em cinco edições Batman: Arkham City, que é o prelúdio do segundo game, já demonstrava essa intenção de, vagarosamente, abandonar esse traço meramente panfletário de divulgar a série de games, mas é aqui em Arkham Unhinged que isso se consolida. E eu achei essa iniciativa legal pra caramba, porque nos dá mais detalhes sobre este universo e como ele foi se formando, antes, durante ou depois de vermos uma das aventuras principais nos games.
As 58 edições da HQ digital que sairam toda semana, e que você pode ler em inglês se quiser, pelo seu tablet ou smartphone, através do aplicativo da DC Comics, mais tarde foram compiladas na forma impressa e divididas em 4 volumes. O formato é de uma antologia, contendo histórias curtas e que desenvolvem características e temáticas atreladas ao universo dos games. Neste artigo, falaremos do primeiro volume, que compreende as edições de 1 a 13 da série, contendo os primeiros arcos de histórias.
O primeiro arco, Inside Job, é com a Mulher Gato. Dentre os personagens da mitologia do morcego, ela é uma das minhas favoritas. Nesta história, vemos Hugo Strange dando uma entrevista na TV dizendo que os dois únicos malucos que não foram capturados são a gatuna e o Duas Caras. Selina põe sua roupa noturna favorita, enquanto ouve Strange, mas recebe uma ligação de Harvey Dent insinuando que ela irá para a prisão primeiro. Então soldados Tyger atacam. Ela escapa. Num outro momento, vemos ela e Batman. Enquanto a gatuna está tentando recuperar sua pilhagem que foi surrupiada, Batman investiga o roubo e prende o Duas Caras... e ela como brinde, depois do morcego e a gatuna juntarem forças para acabarem com a gangue de Harvey. É uma daquelas histórias divertidas onde temos um apanhado da gatuna, sempre andando na fina linha entre os dois lados da lei. Uma das minhas histórias favoritas neste volume da antologia.
O segundo, Observations, é uma conversa de Gordon com Batman. Eles estão tentando achar algo, no gabinete do prefeito, qualquer coisa que possa incriminar Strange e Warden Sharp, mas não encontram. Há quadros em que Batman narra o início da parceria macabra que deu origem à cidade-prisão. Em meio à sua investigação, Batman cita um possível investidor estrangeiro que trafica armas para os soldados Tyger. Batman enfrenta os soldados uma noite inteira após investigar o prefeito, conseguindo, por um triz, ser mais esperto que Hugo Strange em sua caçada. A história é um mergulho na psique obcecada de Strange e na criminalidade de Gotham que afetou os poderes, corrompendo prefeitos, conselhos, e toda sorte de instituição que poderia facilitar a investigação. É uma análise dramática interessante de personagens que populam esse universo, embora tenha lá seus momentos de ação, mas o foco é em parar e olhar mais fundo para este mundo. Não uma de minhas histórias favoritas da antologia, mas certamente digna de leitura.
O terceiro, um dos mais legais aqui, Ruffled Feathers, é sobre o Pinguim, mas adivinha quem acaba roubando o show? Isso mesmo, o Jóquer, o palhaço, o bobo! O Coringa vai ao Iceberg Lounge azucrinar a ave de rapina e leva a tiracolo sua capanga favorita, sua Harley! Acontece que o Sr. Cobblepott está tendo uns problemas para conseguir suprimentos para seu clube noturno após a construção de Arkham City, e a ave tem que fazer uns serviços sujos, mas o Coringa não deixa por menos, e pra piorar, há um morcego também no caminho. Aí o Pinguim fica amargo e começa a relembrar quando essa parte da cidade era terreno aberto e seu clube estava no topo do mundo. A cena em que o Coringa e Harley vão pela primeira vez por lá e aprontam é engraçadíssima, e exemplo de um personagem bem escrito, no caso, o palhaço. Pra mim, essa é a narrativa mais bacana de todo este primeiro volume.
O quarto arco do volume é meio diferente dos outros, quebra um pouco com o estilo todo, mas é bom. Vem com três histórias, a primeira, Surgeon's General, é sobre Strange, e mostra diversas versões do Batman, desde o de Frank Miller, em referências bem sacadas, até o de Neal Adams, de Bruce Timm, e por aí vai.
A segunda, Three's A Crowd, é sobre Harley e o Coringa, e mostra uma estranha obsessão do palhaço pelo boneco Scarface, o que achei meio difícil de engolir, pois o Coringa não é do tipo de vilão que se apega a essas obsessões.
A terceira, Glacial Speed, é sobre Mr. Freeze, e mostra o vilão fazendo pacto com Strange para conseguir o que quer, salvar sua esposa Nora. Minha favorita das três é a primeira, até mesmo pelas referências, mas para todas, vale a leitura.
O último arco deste volume, Separation Anxiety, faz referência aos brutamontes de um braço só que vemos em Arkham City. Ele conta em detalhes, como que os dois nasceram grudados, e foram separados pelo Coringa, através de um cirurgião contratado pelo palhaço. Assim, o de braço direito ficou sendo da gangue dele, e o de braço esquerdo foi parar na gangue do Pinguim. Você vai acompanhar todo o histórico dos gêmeos Abramovich, desde o nascimento na Rússia, até o destino final dos dois, satisfazendo aí a curiosidade que muitos tinham no jogo, da razão desses dois chefões brutamontes terem apenas um braço na narrativa do game. Eu mesmo ficava me perguntando isso, esperando que a história fosse explicar alguma coisa. Felizmente aqui na HQ, você terá esta explicação. É uma história dramática e que humaniza uma dupla de personagens que quem jogou só o game, não viu muita profundidade. Depois de lê-la, fiquei até com pena de bater nos dois, quando ligar o game de novo.
As histórias são todas roteirizadas pelo escritor Derek Fridolfs, que já trabalhou em Batman antes na carreira, e é um escritor bacana, escreve bem, nada que quebre paradigmas, mas é correto em suas abordagens. Na terceira narrativa, por exemplo, é impressionante como o cara escreve bem o Coringa, pegando os trejeitos do vilão, o modo de se expressar, a personalidade que rouba a cena, enfim, Fridolfs faz um ótimo trabalho aqui nesta antologia. Há outros escritores também, que contribuem em menor grau, como Sefton Hill, que criou este universo dos games, e o lendário Paul Dini que escreveu roteiros para Batman TAS no passado, além de roteirizar Arkham Asylum e Arkham City, os dois primeiros jogos da série, mas o trabalho mais pesado, fica nas mãos de Fridolfs, que se sai muito bem.
Todos os desenhistas envolvidos aqui também criam traços sensacionais para estas narrativas, reproduzindo fielmente o tratamento gráfico que vemos nos games. É um volume com variedade de boas narrativas, claro, que tem pontos também a melhorar, mas que no geral, representam muito bem os games em que se baseiam. E que curioso, não? Os jogos são baseados nas HQs de Batman, mas aqui temos HQs baseadas nestes jogos. Podemos dizer que é como se o morcego voltasse para casa.
Há mais três volumes de Arkham Unhinged que iremos tratar aqui, não sei quando, mas voltarei para falar mais um pouco sobre este ótimo universo multimídia do morcego, então fiquem ligados. Vou parando aqui por enquanto, e recomendando que você, que jogou os jogos da série Arkham, que vá atrás destas HQs para mais boas histórias do homem-morcego neste universo, seja na forma digital ou impressa. Até a próxima vez, quando falaremos sobre o segundo volume da antologia.
As 58 edições da HQ digital que sairam toda semana, e que você pode ler em inglês se quiser, pelo seu tablet ou smartphone, através do aplicativo da DC Comics, mais tarde foram compiladas na forma impressa e divididas em 4 volumes. O formato é de uma antologia, contendo histórias curtas e que desenvolvem características e temáticas atreladas ao universo dos games. Neste artigo, falaremos do primeiro volume, que compreende as edições de 1 a 13 da série, contendo os primeiros arcos de histórias.
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| Trabalho Interno |
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| Observações |
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| Penas Agitadas |
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| Cirurgião Geral / Há Uma Multidão / Velocidade Glacial |
A segunda, Three's A Crowd, é sobre Harley e o Coringa, e mostra uma estranha obsessão do palhaço pelo boneco Scarface, o que achei meio difícil de engolir, pois o Coringa não é do tipo de vilão que se apega a essas obsessões.
A terceira, Glacial Speed, é sobre Mr. Freeze, e mostra o vilão fazendo pacto com Strange para conseguir o que quer, salvar sua esposa Nora. Minha favorita das três é a primeira, até mesmo pelas referências, mas para todas, vale a leitura.
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| Ansiedade da Separação |
As histórias são todas roteirizadas pelo escritor Derek Fridolfs, que já trabalhou em Batman antes na carreira, e é um escritor bacana, escreve bem, nada que quebre paradigmas, mas é correto em suas abordagens. Na terceira narrativa, por exemplo, é impressionante como o cara escreve bem o Coringa, pegando os trejeitos do vilão, o modo de se expressar, a personalidade que rouba a cena, enfim, Fridolfs faz um ótimo trabalho aqui nesta antologia. Há outros escritores também, que contribuem em menor grau, como Sefton Hill, que criou este universo dos games, e o lendário Paul Dini que escreveu roteiros para Batman TAS no passado, além de roteirizar Arkham Asylum e Arkham City, os dois primeiros jogos da série, mas o trabalho mais pesado, fica nas mãos de Fridolfs, que se sai muito bem.
Todos os desenhistas envolvidos aqui também criam traços sensacionais para estas narrativas, reproduzindo fielmente o tratamento gráfico que vemos nos games. É um volume com variedade de boas narrativas, claro, que tem pontos também a melhorar, mas que no geral, representam muito bem os games em que se baseiam. E que curioso, não? Os jogos são baseados nas HQs de Batman, mas aqui temos HQs baseadas nestes jogos. Podemos dizer que é como se o morcego voltasse para casa.
Há mais três volumes de Arkham Unhinged que iremos tratar aqui, não sei quando, mas voltarei para falar mais um pouco sobre este ótimo universo multimídia do morcego, então fiquem ligados. Vou parando aqui por enquanto, e recomendando que você, que jogou os jogos da série Arkham, que vá atrás destas HQs para mais boas histórias do homem-morcego neste universo, seja na forma digital ou impressa. Até a próxima vez, quando falaremos sobre o segundo volume da antologia.
Batman: Arkham Unhinged - vol. 1 (Abril/2012 - Outubro/2012)
Categoria: Compilação - volume 1 / 4
Editora: DC Comics
Formato: Antologia
Roteiros: Derek Fridolfs / Marly Halpern-Graser / Paul Crocker / Sefton Hill / Brian Ching / Paul Dini
Desenhistas: Mike S. Miller / Simon Coleby / Bruno Redondo / Pete Woods / Al Barrionuevo / Jimbo Salgado / Juan Ryp
Coloristas: Gabe Eltaeb / Tony Aviña / Randy Mayor / Andrew Elder
Letristas: Travis Lanham
Editores: Jim Chadwick, Chynna Clugston, Sarah Gaydos
Todo o universo multimídia de Batman: Arkham:
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