Da primeira vez que escrevi algo sobre o escritor Isaac Asimov, não tinha sido nem mesmo para o meu blog, mas sim por causa de uma atividade que eu havia desenvolvido em um determinado período de minha vida, e aí resolvi publicar o que eu havia escrito no meu blog, já que o texto não estava na internet. Foi sobre o livro The End of Eternity (O Fim da Eternidade), de 1955. Agora, eu volto com mais um livro de Asimov que faz parte de uma série de sete volumes.
Esta série do escritor americano é a série Foundation (Fundação), e nesta postagem, vamos conversar sobre o primeiro livro que saiu da série em 1951, simplesmente intitulado Foundation. Não é um livro para qualquer pessoa. É muito bom, ficção-científica do mais alto nível, mas comparado com The End of Eternity, que teve mais ação e um clima mais aventuresco, é uma leitura que requer atenção.
Quando eu peguei pela primeira vez Foundation para ler, fiquei até abismado com a diferença de tom. Realmente é um universo complexo, e bastante detalhado. Foi há muitos anos, quando eu estava inocentemente passeando pela Fnac, na sessão de livraria, olhando os títulos em inglês, como sempre faço; a essa altura eu já havia lido, de Asimov, a coletânea I, Robot e The End of Eternity, o primeiro embalado pelo filme de Will Smith, e o segundo, porque me interessei muito pelo autor após a leitura do primeiro.
Aí eu vi jogados, lá atrás na estante, de forma descuidada, mas em ótimo estado, e com um monte de livros insossos de romances cobrindo a visão, quatro livros desta série de Asimov, e pensei "cara, se eu não levar agora, talvez eles recolham e eu nunca mais os veja por aí". Meio afobado, peguei este livro, e os outros três que estavam juntos e me dirigi ao caixa, feliz de ter mais quatro obras de Asimov para degustar, e os outros três livros da série eu fui aos poucos adquirindo por aí. Deixei eles de molho na minha estante e na minha lista de leituras futuras. E, hoje, após tanto tempo, posso concluir com certeza, que investi bem meu dinheiro!
A trama do livro não é linear. Ela se passa como se fosse um conjunto de crônicas, descrevendo um determinado tempo e um conjunto de pessoas daquele tempo específico que trazem à luz, através de situações e muita, mas muita verborragia, a história deste mundo.
A primeira parte do livro trata dos psico-historiadores. A narrativa começa nos apresentando a um matemático chamado Gaal Dornick, bastante conceituado onde trabalha, e que foi convocado no planeta Trantor pelo grande Harry Seldon, um matemático mais velho, porém bastante habilidoso e que desenvolveu uma ciência chamada Psico-História. De acordo com Seldon, esta ciência ajuda os matemáticos a preverem o futuro da humanidade com um grau muito grande de precisão, praticamente perfeito.
Esta série do escritor americano é a série Foundation (Fundação), e nesta postagem, vamos conversar sobre o primeiro livro que saiu da série em 1951, simplesmente intitulado Foundation. Não é um livro para qualquer pessoa. É muito bom, ficção-científica do mais alto nível, mas comparado com The End of Eternity, que teve mais ação e um clima mais aventuresco, é uma leitura que requer atenção.
Quando eu peguei pela primeira vez Foundation para ler, fiquei até abismado com a diferença de tom. Realmente é um universo complexo, e bastante detalhado. Foi há muitos anos, quando eu estava inocentemente passeando pela Fnac, na sessão de livraria, olhando os títulos em inglês, como sempre faço; a essa altura eu já havia lido, de Asimov, a coletânea I, Robot e The End of Eternity, o primeiro embalado pelo filme de Will Smith, e o segundo, porque me interessei muito pelo autor após a leitura do primeiro.
Aí eu vi jogados, lá atrás na estante, de forma descuidada, mas em ótimo estado, e com um monte de livros insossos de romances cobrindo a visão, quatro livros desta série de Asimov, e pensei "cara, se eu não levar agora, talvez eles recolham e eu nunca mais os veja por aí". Meio afobado, peguei este livro, e os outros três que estavam juntos e me dirigi ao caixa, feliz de ter mais quatro obras de Asimov para degustar, e os outros três livros da série eu fui aos poucos adquirindo por aí. Deixei eles de molho na minha estante e na minha lista de leituras futuras. E, hoje, após tanto tempo, posso concluir com certeza, que investi bem meu dinheiro!
A trama do livro não é linear. Ela se passa como se fosse um conjunto de crônicas, descrevendo um determinado tempo e um conjunto de pessoas daquele tempo específico que trazem à luz, através de situações e muita, mas muita verborragia, a história deste mundo.
A primeira parte do livro trata dos psico-historiadores. A narrativa começa nos apresentando a um matemático chamado Gaal Dornick, bastante conceituado onde trabalha, e que foi convocado no planeta Trantor pelo grande Harry Seldon, um matemático mais velho, porém bastante habilidoso e que desenvolveu uma ciência chamada Psico-História. De acordo com Seldon, esta ciência ajuda os matemáticos a preverem o futuro da humanidade com um grau muito grande de precisão, praticamente perfeito.
A narrativa faz pequenos enxertos entre os capítulos para nos descrever detalhes de personagens e mundos. Estes enxertos são, de acordo com a narração, extraídos da Enciclopédia Galáctica. Logo no começo é estabelecido a importância de Trantor para o encontro, e sendo o centro da galáxia, e como o planeta caiu nas mãos do primeiro Império Galáctico, definindo o mundo como a capital da galáxia.
Eu sei o que vem na sua cabeça quando eu falo "Império Galáctico", não, caro leitor? Pois é, lembra muito Star Wars, em muitos sentidos. De fato, a série de livros foi uma das inspirações de George Lucas para sua criação máxima. Só que, diferente de Star Wars, aqui tiramos toda a ação que a trilogia clássica tem e substituímos por discussões e intrigas políticas e desenvolvimento de mundos e personagens de uma forma extremamente detalhada.
Ocorre que Seldon e Dornick chegam à conclusão que todas as ações cometidas pelo Império Galáctico até o momento levarão todos os povos da galáxia a enfrentarem um período de trevas que poderá durar em torno de 4 milênios, com os mais diversos tipos de desgraças ocorrendo. É assustador pensar nisso! Dessa forma, Seldon diz a Dornick que, enquanto o período de trevas é inevitável, ele tem uma solução que permitirá poupar todos de pelo menos 1 milênio de infortúnios.
Em uma reunião de conselho no planeta, Harry propôe que ele, Dornick e sua equipe de matemáticos trabalhem em um projeto chamado Enciclopédia Galáctica, que irá conter todo o conhecimento do universo. Seldom, sabendo que não verá esta obra pronta em sua época, pretendia recrutar pessoas de confiança para continuar o trabalho após sua morte. Desta forma, os trabalhos de composição da tal enciclopédia são situados no planeta isolado de Terminus. A ironia de Asimov em relação a alguns nomes de planetas me diverte: Anacreon, Terminus, Trantor. É como se o autor estivesse tentando, através do nome, simbolizar uma determinada natureza do lugar, seja anacronismo, apocalipse e desolação, ou poder e prestígio. Gaal Dornick, por exemplo, se deslumbra quando chega a Trantor.
Em um segundo momento, que trata dos enciclopedistas, a narrativa nos conduz ao desenvolvimento desta galáxia, e às razões pelas quais as previsões de Seldom estavam corretas. Vemos, por exemplo, o cientista Pirenne e o político Salvor Hardin, prefeito de Terminus, reclamarem da falta de suprimentos de metal por Anaecron. Ou então a disputa política da nobreza, com personagens como Anselm Rodric, de sangue real, ir ver o sub-prefeito da cidade de Pluema com Hardin e engajarem em uma discussão política com ares de disputa territorial de planetas. Os trabalhos empreendidos pela equipe de Harry Seldom são sempre mencionados nestas conversas. Tudo isto me lembrou muito uma série de ficção-científica que eu assistia nos anos 90, chamada Babylon V, cuja proposta era exatamente a das intrigas políticas e estudos de personagens, tendo como pano de fundo os elementos de sci-fi, como diferentes raças de seres intergalácticos e a ambientação em estações espaciais.
Um personagem que achei meio irritante é Lorde Dorwin. Não só pela atitude exageradamente aristocrática, mas também pela fala. Quando ele, Pirenne e Hardin estão discutindo assuntos políticos, Asimov inventou de lhe dar aquele sotaque francês de não pronunciar o "r" nas palavras, e isso acaba retardando um pouco a velocidade da leitura. Eu não faço ideia de como seja na adaptação em português brasileiro, porque eu li o texto original em inglês, mas você fica tendo que reler as palavras para tentar entender o que o sujeito está dizendo. Enfim, algo interessante neste arco do francês, é que os imensos diálogos e intrigas nos levam à informação de que estes personagens futurísticos, de muitos séculos a nossa frente, não fazem mais ideia do planeta de origem que a raça humana veio, o que não deixa de ser cômico de uma forma trágica, ao se considerar que seja uma sociedade avançada em pleno estágio de decadência.
Em uma reunião de conselho no planeta, Harry propôe que ele, Dornick e sua equipe de matemáticos trabalhem em um projeto chamado Enciclopédia Galáctica, que irá conter todo o conhecimento do universo. Seldom, sabendo que não verá esta obra pronta em sua época, pretendia recrutar pessoas de confiança para continuar o trabalho após sua morte. Desta forma, os trabalhos de composição da tal enciclopédia são situados no planeta isolado de Terminus. A ironia de Asimov em relação a alguns nomes de planetas me diverte: Anacreon, Terminus, Trantor. É como se o autor estivesse tentando, através do nome, simbolizar uma determinada natureza do lugar, seja anacronismo, apocalipse e desolação, ou poder e prestígio. Gaal Dornick, por exemplo, se deslumbra quando chega a Trantor.
Em um segundo momento, que trata dos enciclopedistas, a narrativa nos conduz ao desenvolvimento desta galáxia, e às razões pelas quais as previsões de Seldom estavam corretas. Vemos, por exemplo, o cientista Pirenne e o político Salvor Hardin, prefeito de Terminus, reclamarem da falta de suprimentos de metal por Anaecron. Ou então a disputa política da nobreza, com personagens como Anselm Rodric, de sangue real, ir ver o sub-prefeito da cidade de Pluema com Hardin e engajarem em uma discussão política com ares de disputa territorial de planetas. Os trabalhos empreendidos pela equipe de Harry Seldom são sempre mencionados nestas conversas. Tudo isto me lembrou muito uma série de ficção-científica que eu assistia nos anos 90, chamada Babylon V, cuja proposta era exatamente a das intrigas políticas e estudos de personagens, tendo como pano de fundo os elementos de sci-fi, como diferentes raças de seres intergalácticos e a ambientação em estações espaciais.
Um personagem que achei meio irritante é Lorde Dorwin. Não só pela atitude exageradamente aristocrática, mas também pela fala. Quando ele, Pirenne e Hardin estão discutindo assuntos políticos, Asimov inventou de lhe dar aquele sotaque francês de não pronunciar o "r" nas palavras, e isso acaba retardando um pouco a velocidade da leitura. Eu não faço ideia de como seja na adaptação em português brasileiro, porque eu li o texto original em inglês, mas você fica tendo que reler as palavras para tentar entender o que o sujeito está dizendo. Enfim, algo interessante neste arco do francês, é que os imensos diálogos e intrigas nos levam à informação de que estes personagens futurísticos, de muitos séculos a nossa frente, não fazem mais ideia do planeta de origem que a raça humana veio, o que não deixa de ser cômico de uma forma trágica, ao se considerar que seja uma sociedade avançada em pleno estágio de decadência.
Agora, um personagem que achei muito bom, é o prefeito Hardin, que não somente mostra a que veio, mas também expõe claramente suas intenções na maioria dos casos em que entra em uma discussão política. Ele levanta a voz, esbraveja, pontua falhas, critica o plano da Enciclopédia Galáctica na parte do livro que trata sobre os prefeitos especificamente, usa de toda sua lábia para dar um xeque no conselho e também aproveita para criticar a atitude do planeta Anaecron de se dar ao direito de ser autônoma em relação ao império. Ele me pareceu muito o Tyrion Lannister, o anão de Game of Thrones; sorrateiro, manipulador, e um tremendo articulador, com grande lábia. Basta dizer que um cara de Terminus veio para Hardin com um ultimato de renúncia de cargo e o prefeito ainda conseguiu sair por cima com sua lábia afiada.
A trama também se encarrega de relatar sobre outras tramas paralelas e personagens correlacionados a todas estas intrigas, inclusive, quando chegamos na terceira parte, que trata sobre os prefeitos da Fundação, há um desenvolvimento interessante sobre uma nave que Anacreon recupera, e que esteve rondando o espaço por muito tempo, e pretendem consertá-la, para fazer frente ao Império Galáctico, como forma de demonstrar poder e supremacia de força. Só que, após uma manobra sem precedentes de Hardin, que se encontrava numa situação de praticamente sequestro, a nave é desmantelada pelo príncipe Wienis. Aqui é uma parte interessante, sobre como essa civilização futurista mistura ciência com religião, apesar do jeitão meio afetado de falar do governante que a capturou. As crônicas sobre os prefeitos terminam por aqui, para minha tristeza, porque eu achei Salvor Hardin, até agora, o melhor personagem deste universo.
Depois começa a parte sobre os comerciantes, que é pequena e não tão interessante e cujo foco principal é sobre um dos comerciantes, chamado Ponyets, tentando vender um transmutador que transforma ferro em puro ouro, na tentativa de libertar um agente da Fundação chamado Gorov, que foi condenado a morte no planeta Askone por tentar negociar substâncias nucleicas.
Finalmente, a parte sobre os príncipes mercadores, onde temos uma tentativa de ludibriar gente importante do planeta Korell, através do mercador Hober Mallow, ao mesmo tempo que uma outra missão destrutiva para causar um incidente nuclear tem efeito, envolvendo até mesmo um missionário que diz ser de Anacreon. A narrativa termina com uma guerra declarada contra a Fundação por parte da república de Korell, e um embargo. Qualquer semelhança com fatos do mundo real, talvez, não seja uma coincidência.
Percebe-se o grau altamente político e a natureza de história dramática com estudo de personagens e conflitos envolvendo os mais variados espectros sociais e históricos deste universo. É como se Asimov estivesse querendo recortar fatias da sociedade de sua época para, através de um background de ficção-científica futurista, expor a hipocrisia, a ambição, e a ganância de poder infinita do ser humano. Na parte por exemplo, em que vemos que os personagens nem sequer tem certeza se nascemos mesmo na Terra ou não, percebe-se o total distanciamento com as nossas raízes, numa mensagem subliminar de Asimov que estamos cada vez mais nos distanciando das nossas origens, daquilo que nos trouxe até um determinado ponto da história, e até mesmo de nossa própria humanidade. Basta ver como todo e qualquer personagem nesta narrativa tem uma agenda diferente e segredos escondidos uns dos outros, dando vazão aos mais variados jogos políticos.
Enfim, uma leitura recomendadíssima para os fãs da ficção-científica de verdade, e que nos faz refletir e reavaliar nossa visão de mundo. Asimov sempre foi um cara muito além de seu tempo, e acredito que ele, assim como esta sua obra, ainda continuam relevantes nos dias de hoje. No futuro, eu ainda quero falar sobre os outros livros da série, não sei quando falarei do próximo, mas todos eles são muito bons, e trazem algumas particularidades, e narrativas diferentes, explorando algo que ainda não foi explorado, e compondo este grande universo de histórias e crônicas.
Foundation (1951)
Título em português BR: Fundação
Escrito por: Isaac Asimov
Outros livros desta série:
- Forward the Foundation (Origens da Fundação) (1993)
- Prelude to Foundation (Prelúdio da Fundação) (1988)
- Foundation and Earth (Fundação e Terra) (1986)
- Foundation's Edge (Limites da Fundação) (1982)
- Second Foundation (Segunda Fundação) (1953)
- Foundation and Empire (Fundação e Império) (1952)
- Foundation (Fundação) (1951)
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