9,5 / 10
Em seu segundo trabalho juntos, Almir Sater e Renato Teixeira conseguem capturar a minha atenção novamente e me encantar com sua música de raiz.
Pois bem, após o sucesso da parceria que fizeram no disco de 2016, AR, os dois resolveram tocar o barco, seguir em frente com a boiada, e fazer mais moda de viola. E digo desta forma, porque este segundo encontro deles no disco +AR é ainda mais caipira do que o anterior. É como uma receita que começou lá atrás e foi se aperfeiçoando depois. É por isso que eu digo que quem realmente gosta de música de raiz, quero dizer, gosta mesmo, não que nem eu, que simpatizo com uma coisa ou outra, mas gosta de verdade, quem realmente tem esse estilo musical em primeiro lugar no coração, vai gostar bem mais deste segundo disco aqui. Mas, como eu sou o exato oposto disso, eu vou fazer aqui na postagem os meus destaques pessoais, que não necessariamente condizem com os destaques de quem tem mais propriedade para falar de música caipira do que eu, mas são as coisas que eu achei mais bacanas segundo minha visão de simpatizante de fora deste universo.
Exemplo é a primeira canção do disco, "Flor do Vidigal", que eu achei uma das mais belas composições. Pura, doce e com arranjos e harmonizações que lembram, ao mesmo tempo, as raízes do som caipira e alguns trechos me soam como se eles tivessem se inspirado na música folk, ou celta se preferir, tem uma pequena passagem dela que me lembra isso. Assim como na resenha anterior, eu destaco de novo aqueles relances meio Mark Knopfler no som, ou seja, adorei esta primeira. Mas uma faixa do disco a qual eu realmente me apaixonei, ao ponto de voltar nela várias e várias vezes, foi a segunda, "Assim os Dias Passarão". Meu Deus, que obra-prima! Sempre que eu a ouço, a primeira coisa que me vem à cabeça é o Johnny Cash. Aquele tom sério, dramático, e ao mesmo tempo "do mato", que impõe respeito, que você põe a mão no queixo e presta atenção como se fosse algo muito sério, é maravilhoso! Desde que eu adquiri este disco, esta tem sido a minha composição favorita, escuto ela repetidas e repetidas vezes. As misturas aqui com o Blues Rock também são muito bem vindas, especialmente por este que vos fala.
A próxima, "Venha Me Ver", é uma balada tipicamente country, e muito bonita. Não chega a ser aquele som caipira, é uma balada comum, mas muito bem feita e com aquela classe habitual da dupla. Gosto também do arranjo e da mensagem otimista da canção "Quando A Gente Chama", que é uma típica canção do Sater pelo que eu conheço da discografia dele. Em "Eu, Você E Um Violão", Sater e Teixeira poetizam o sertão, o meio que cresceram, com uma letra belíssima e bastante inspirada, misturando a batida e melodia do country com arranjos de Blues. Também gostei da melodia de "Minas É Logo Ali", essa por sua vez é uma homenagem dos dois a Minas Gerais.
Opa, parando pra pensar, até que eu achei bastante coisa com que me identifiquei, hein! Para um disco desses que pega bem mais para o lado caipira, sertanejo, seresteiro de mato, até que tem coisas que até mesmo um fã de Rock e Metal como eu pode curtir numa boa. Mas é assim, quando se gosta mesmo de música, os rótulos que dividem gêneros musicais acabam ficando de lado, porém, a gente retém a nossa identidade, não tem jeito. Sendo assim, vou dedicar o próximo parágrafo às composições feitas especialmente para os roceiros mesmo.
Quem for bicho do mato, vai adorar coisas como "Touro Mocho", ela é a típica levada da moda de viola caipira contando a rotina do homem do campo. Outra moda de viola típica de musica arrasta-pé, forrozão, é a "Vira Caipira"; essa daí, pra festa junina é uma beleza, pois tem todas as características do baião de responsa que o pessoal fã do estilo curte pra dançar. O ritmo de guarânia também é reverenciado pela faixa "O Mascate", que se eu for comparar, é a típica baladinha sertaneja; o que me chama a atenção no som, é que o Sater aqui canta com aquele jeitão inocente do homem do campo, e é espantoso como que o cara consegue transitar da sofisticação poética das faixas do parágrafo anterior para a simplicidade das faixas deste parágrafo aqui, isso só um grande artista consegue fazer. Finalmente eles fecham o disco com o xote "Festa Na Floresta", dedicado aos animais, e nem preciso falar, é capaz do público mais sertanejo também gostar bastante desta faixa.
Isso então conclui a nossa volta. Aceitei o convite destes artistas para me deixarem levar para o countryside, a fazenda, o lado do campo, e visto que eu sou um declarado cara de cidade grande, desacostumado a viver no meio do mato, confesso que a experiência foi diferenciada e em um certo nível, pouco usual pra mim, mas ao mesmo tempo, recompensadora.
Assim como na resenha do primeiro disco, mais uma vez, eu quero agradecer o caríssimo Felipe Martineli, grande especialista de tudo que é tipicamente brasileiro, e que encorajou um roqueiro e consumidor de cultura estrangeira como eu a investir mais um pouco na música brasileira. Foi uma experiência diferente pra mim, e muito, muito positiva, descobri coisas com as quais me identifiquei na obra desses músicos regionais, tanto que até acabei comprando os dois discos da parceria, e meu sogro, que cresceu em fazenda, gostou bastante deles também; mas no fim, não foi só para mim, mas também, fiz isso pela minha filha de dois anos, porque eu queria ter um ou dois exemplares da música de raiz brasileira em casa para que eu pudesse apresentá-la apropriadamente para ela quando chegasse a hora, antes que tranqueiras como Luan Santana e Michel Teló estragassem a cabeça dela. Mas, como dizem na fazenda, isso é outro "causo", uai!
Enfim, eu, claro, recomendo este disco, é bem bonito, mas quem é mais radical no som, pode não gostar dele, mas se você é uma pessoa que, independente do estilo de música que prefere, gosta de música acima de tudo, acredito que vai gostar bastante de ouvir a música raiz de qualidade que Sater e Teixeira esculpem com tanta destreza e bom gosto. E, como já falei, para quem gosta do som sertanejo, é realmente um prato cheio.
Opa, parando pra pensar, até que eu achei bastante coisa com que me identifiquei, hein! Para um disco desses que pega bem mais para o lado caipira, sertanejo, seresteiro de mato, até que tem coisas que até mesmo um fã de Rock e Metal como eu pode curtir numa boa. Mas é assim, quando se gosta mesmo de música, os rótulos que dividem gêneros musicais acabam ficando de lado, porém, a gente retém a nossa identidade, não tem jeito. Sendo assim, vou dedicar o próximo parágrafo às composições feitas especialmente para os roceiros mesmo.
Quem for bicho do mato, vai adorar coisas como "Touro Mocho", ela é a típica levada da moda de viola caipira contando a rotina do homem do campo. Outra moda de viola típica de musica arrasta-pé, forrozão, é a "Vira Caipira"; essa daí, pra festa junina é uma beleza, pois tem todas as características do baião de responsa que o pessoal fã do estilo curte pra dançar. O ritmo de guarânia também é reverenciado pela faixa "O Mascate", que se eu for comparar, é a típica baladinha sertaneja; o que me chama a atenção no som, é que o Sater aqui canta com aquele jeitão inocente do homem do campo, e é espantoso como que o cara consegue transitar da sofisticação poética das faixas do parágrafo anterior para a simplicidade das faixas deste parágrafo aqui, isso só um grande artista consegue fazer. Finalmente eles fecham o disco com o xote "Festa Na Floresta", dedicado aos animais, e nem preciso falar, é capaz do público mais sertanejo também gostar bastante desta faixa.
Isso então conclui a nossa volta. Aceitei o convite destes artistas para me deixarem levar para o countryside, a fazenda, o lado do campo, e visto que eu sou um declarado cara de cidade grande, desacostumado a viver no meio do mato, confesso que a experiência foi diferenciada e em um certo nível, pouco usual pra mim, mas ao mesmo tempo, recompensadora.
Assim como na resenha do primeiro disco, mais uma vez, eu quero agradecer o caríssimo Felipe Martineli, grande especialista de tudo que é tipicamente brasileiro, e que encorajou um roqueiro e consumidor de cultura estrangeira como eu a investir mais um pouco na música brasileira. Foi uma experiência diferente pra mim, e muito, muito positiva, descobri coisas com as quais me identifiquei na obra desses músicos regionais, tanto que até acabei comprando os dois discos da parceria, e meu sogro, que cresceu em fazenda, gostou bastante deles também; mas no fim, não foi só para mim, mas também, fiz isso pela minha filha de dois anos, porque eu queria ter um ou dois exemplares da música de raiz brasileira em casa para que eu pudesse apresentá-la apropriadamente para ela quando chegasse a hora, antes que tranqueiras como Luan Santana e Michel Teló estragassem a cabeça dela. Mas, como dizem na fazenda, isso é outro "causo", uai!
Enfim, eu, claro, recomendo este disco, é bem bonito, mas quem é mais radical no som, pode não gostar dele, mas se você é uma pessoa que, independente do estilo de música que prefere, gosta de música acima de tudo, acredito que vai gostar bastante de ouvir a música raiz de qualidade que Sater e Teixeira esculpem com tanta destreza e bom gosto. E, como já falei, para quem gosta do som sertanejo, é realmente um prato cheio.
+AR (2018)
(Almir Sater / Renato Teixeira)
Tracklist:
01. Flor Do Vidigal
02. Assim Os Dias Passarão
03. Venha Me Ver
04. Touro Mocho
05. Quando A Gente Chama
06. Vira Caipira
07. Eu, Você E Um Violão
08. O Mascate
09. Minas É Logo Ali
10. Festa Na Floresta
02. Assim Os Dias Passarão
03. Venha Me Ver
04. Touro Mocho
05. Quando A Gente Chama
06. Vira Caipira
07. Eu, Você E Um Violão
08. O Mascate
09. Minas É Logo Ali
10. Festa Na Floresta
Selo: Universal Music
Banda:
Almir Sater: voz, violão, viola caipira
Renato Teixeira: voz, violão
Mike Rojas: acordeão, teclados, órgão, piano
Eric Silver: violão, baixo, guitarra, mandolim, percussão, programação
Tania Hancheroff: back vocal
Vicky Hampton: back vocal
Wayne Killius: bateria, percussão
Renato Teixeira: voz, violão
Mike Rojas: acordeão, teclados, órgão, piano
Eric Silver: violão, baixo, guitarra, mandolim, percussão, programação
Tania Hancheroff: back vocal
Vicky Hampton: back vocal
Wayne Killius: bateria, percussão
Discografia:
- +AR (2018)
- AR (2015)
Sites Oficiais: www.almirsater.net / www.renatoteixeira.com.br
- AR (2015)
Almir Sater:
- 7 Sinais (2006)
- Caminhos Me Levem (1997)
- Terra de Sonhos (1994)
- Almir Sater Ao Vivo (1992)
- Instrumental 2 (1990)
- Rasta Bonito (1989)
- Cria (1986)
- Instrumental (1985)
- Doma (1982)
- Estradeiro (1981)
- 7 Sinais (2006)
- Caminhos Me Levem (1997)
- Terra de Sonhos (1994)
- Almir Sater Ao Vivo (1992)
- Instrumental 2 (1990)
- Rasta Bonito (1989)
- Cria (1986)
- Instrumental (1985)
- Doma (1982)
- Estradeiro (1981)
Renato Teixeira:
- Amizade Sincera II (com Sérgio Reis) (2015)
- Amizade Sincera (com Sérgio Reis) (2010)
- Ao Vivo No Auditório Ibirapuera (2007)
- Renato Teixeira e Rolando Boldrin (2004)
- Cirandas, Folias e Cantigas do Povo Brasileiro (2003)
- Cantoria Brasileira (2002)
- O Novo Amanhecer (com Zé Geraldo) (2000)
- Alvorada Brasileira (com Natan Marques) (2000)
- Ao Vivo no Rio (1998)
- Um Poeta e Um Violão (1997)
- Sonhos Guaranis (1996)
- Aguaraterra (com Xangai) (1995)
- Ao Vivo em Tatuí (com Pena Branca & Xavantinho) (1992)
- Amizade Sincera (1990)
- Renato Teixeira (1986)
- Terra Tão Querida (1985)
- Azul (1984)
- Um Brasileiro Errante (1982)
- Uma Doce Canção (1981)
- Garapa (1980)
- Amora (1979)
- Romaria (1977)
- Paisagem (1973)
- Álbum de Família (1971)
- Maranhão e Renato Teixeira (1969)
- Amizade Sincera II (com Sérgio Reis) (2015)
- Amizade Sincera (com Sérgio Reis) (2010)
- Ao Vivo No Auditório Ibirapuera (2007)
- Renato Teixeira e Rolando Boldrin (2004)
- Cirandas, Folias e Cantigas do Povo Brasileiro (2003)
- Cantoria Brasileira (2002)
- O Novo Amanhecer (com Zé Geraldo) (2000)
- Alvorada Brasileira (com Natan Marques) (2000)
- Ao Vivo no Rio (1998)
- Um Poeta e Um Violão (1997)
- Sonhos Guaranis (1996)
- Aguaraterra (com Xangai) (1995)
- Ao Vivo em Tatuí (com Pena Branca & Xavantinho) (1992)
- Amizade Sincera (1990)
- Renato Teixeira (1986)
- Terra Tão Querida (1985)
- Azul (1984)
- Um Brasileiro Errante (1982)
- Uma Doce Canção (1981)
- Garapa (1980)
- Amora (1979)
- Romaria (1977)
- Paisagem (1973)
- Álbum de Família (1971)
- Maranhão e Renato Teixeira (1969)
Boa tarde!
ReplyDeleteEm comemoração ao aniversário do famoso violeiro Almir Sater - Curiosamente, fizemos no mesmo dia e mês (14/11 ) Estou divulgando 'via Brasil', o lançamento do filme animado " Tocando em Frente " Tem se destacado no canal do Youtube. Será um grande prazer mostrar o meu trabalho.
https://youtu.be/Rpk-icmzzUc
Via Brasil: Jornal Campo Grande Noticias
Luis Antonio Barcelos
Animador - Narrador - Locutor - Disney XD Drt. 4597
Em comemoração ao aniversário do famoso violeiro Almir Sater - Curiosamente, fizemos no mesmo dia e mês (14/11 ) Estou divulgando 'via Brasil', o lançamento do filme animado " Tocando em Frente " Tem se destacado no canal do Youtube. Será um grande prazer mostrar o meu trabalho.
ReplyDeletehttps://youtu.be/Rpk-icmzzUc
Via Brasil: Jornal Campo Grande Noticias
att
Luis Antonio Barcelos
Animador - Narrador - Locutor - Disney XD Drt. 4597