Sunday, August 12, 2018

FILME: Die Hard

10 / 10
"Nostalgia é sentir a ausência de um lado seu." Não sei quem foi que disse isso, mas este filme é exatamente isso. Sinto falta de heróis como John McClane: másculo, viril, sarcástico... e humano.

Confira minha opinião!

Título brasileiro: Duro de Matar
Direção: John McTiernan
Estrelando: Bruce Willis, Bonnie Bedelia, Reginald VelJohnson, Paul Gleason, William Atherton, Hart Bochner, James Shigeta, Alan Rickman, Alexander Godunov, Bruno Doyon, De'voreaux White, Andreas Wisniewski, Clarence Gilyard Jr., Joey Plewa, Lorenzo Caccialanza, Gérard Bonn, Dennis Hayden, Al Leong, Gary Roberts, Hans Buhringer, Wilhelm von Homburg, Robert Davi, Grand L. Bush


"Remember when we first met John McClane? Argyle picked him up from the plane
And took him down to Nakatomi Tower... To meet with Holly
He came to get her back and to be her man. But Hans and his buddies fucked up the plan
And that's about when everything went sour... At the Christmas party
And the terrorists were over-zealous. But it was sweet when they killed Ellis!
And, with a little help from Allen, John McClane kicked ass!
We're gonna die(7x) hard! (4x)"
(Guyz Nite)

Estive me ocupando em enumerar alguns pontos da minha juventude das quais eu sinto muita falta. Um deles, são os heróis de ação. Não esses filmes de ação bobos e pobres de espírito que a gente costuma ver hoje, e que também saem direto pra DVD em alguns casos. Filmes de ação como Die Hard. Sim, esses daí. Caras como Bruce Willis, Charles Bronson, Arnold, Stallone, etc. Sim, há os heróis de quadrinhos no cinema hoje, mas não são a mesma coisa. Heróis de quadrinhos são um pouco mais plásticos, heróis de ação transpiram mais humanidade, mesmo com os exageros.

Um dos mais humanos de todos, certamente é o policial John McClane, da série de filmes Die Hard. Ele é o protótipo do herói de ação oitentista? Mais ou menos. Mas a ideia da ação segue sendo a mesma. John McClane veio em uma época em que o típico herói de ação parecia ser indestrutível. É que nem aquele filme do Arnold, The Last Action Hero, que satiriza essa ideia, em que o herói dentro do filme só sofre um arranhão, mas na vida real ele poderia até morrer. Bem, em Die Hard, o policial John McClane junta o melhor dos dois mundos.

Sendo assim, o que temos é um filme de Natal.

"WHAAT??", você deve estar pensando...

Sim, amigo, uma historinha de Natal; uma historinha envolvendo terroristas que acabam cercando as imediações de um edifício de hotel em NYC, o Nakatomi Plaza. E John McClane se envolve na patota toda porque sua ex-esposa, Holly, trabalha no hotel, e ele está lá para ver os rebentos e a já referida no dia de Natal. Durante toda a série de filmes, McClane deteve a característica de ser esse tipo de cara, o cara errado, no lugar errado, na hora errada, mas que dada a situação todo mundo no final agradece por ele estar lá. E ele sempre responde: "a história da minha vida."

A apresentação do detetive é ótima! Ele conversa com um cara no avião sobre como relaxar quando você não gosta de voar; ali você já vê de cara o perfil do personagem. Quieto, na dele, desencanado, não tá nem aí, e o mais importante: é a confusão que sempre acha ele, nunca ele que vai atrás dela. O cara nunca tem culpa do que acontece, mas acaba resolvendo tudo no final.

Aí ele chega lá no quarto dele, relaxado, parece tudo tranquilo, quando de repente... o inferno irrompe! Terroristas, incluindo seu líder, Hans Gruber, tomam de assalto o hotel, sequestram todo mundo, inclusive a esposa de McClane, e a confusão começa. E é aí que a gente vê as características mais legais do McClane: respondão, boca suja, sorrateiro, esguio, homem de ação, piadista, mesmo em momentos em que sua vida está em risco, mas acima de tudo... um ex-marido gente boa!

Mas nada como um cara durão para encarar outro cara durão. Gruber, que é de longe, o melhor de todos os vilões da série, e também o mais icônico, também é esguio e sorrateiro, além de ser frio e calculista. Enfim, eu simplesmente adoro este filme aqui, e creio eu que ele está listado entre os 5 filmes de ação mais importantes já feitos no cinema. Se não está, deveria! Eu listaria! Até mesmo pelas contribuições inimagináveis que ele deu ao cinema de ação.

A ação em si é arrebatadora. O personagem de Willis tem que perambular descalço e todo ferrado pelo edifício para deter os terroristas, além de se pendurar pelas janelas do prédio, arrebentar vidros e quartos, e fazer o diabo para escapar das armadilhas. Tudo isso contando com sua expertise, sorte e uma ajudinha de seu amigo Allen, na delegacia de polícia. E as coisas nunca estão a seu favor, mas o cara vai lá e dá um jeito de fazer com que elas fiquem. Tem uma cena muito engraçada que ele mata um capanga e toma o trabuco dele, aí ele deixa uma nota de zoeira para o Gruber que diz "agora eu tenho uma metralhadora. HO HO HO!" Simplesmente hilário!

Em outro momento, ele tenta fazer uma ligação para o departamento de polícia, e a moça do outro lado da linha diz que a linha é reservada para emergências apenas, ao que ele resmunga "VAI SE FODER MOÇA, PARECE QUE EU TÔ PEDINDO UMA PIZZA??!!" E assim vai, uma tirada atrás da outra, sempre com muita ação, adrenalina, suor, testosterona e suspense.

E foi assim, de tirada atrás de tirada é que nasceu a frase que virou o cartão de visitas do filme:

- "Yippee ki-yay, motherfucker!"

Definitivamente, uma das frases mais icônicas e espontâneas já ditas em um filme de ação na história! Ela aparece quando Hans Gruber começa a falar sobre heróis de ação, e pergunta para McClane se ele achava que poderia encarar a tropa, chamando-o de "Mr. Cowboy", ao que ele tranquilamente retruca a referida frase. Ah sim, e continua xingando às tantas!

Nessa época aqui, o McClane do Willis xingava pra caramba, então eu e meu irmão assistia os filmes e ficava contando quantos palavrões ele tinha falado ao todo e quanto tempo ele demorava pra xingar de novo. Era foda! Isso sim é que era filme de ação! Coisa boa, pra machos-alfa mesmo, onde o herói era um simples ser-humano normal, um cara como eu e você, mas pulava, escalava, se enfiava pela ventilação do hotel, arrebentava janelas para entrar nos lugares, fazia de tudo.

E a motivação de McClane era realmente muito simples: manter sua esposa segura, e sobreviver. Simples. Tudo mantido da forma mais crua possível, mas infinitamente divertida, interessante e emocionante. Um grande destaque na ação e dinâmica do filme e que também esteve presente em mais outros dois da série, são as cenas de elevador. Neste primeiro por exemplo, McClane manda tudo pelos ares através de um buraco de elevador, é uma doideira! Mas também, não é como se o policial fosse menos louco para um feito desses, e essa é uma das características mais marcantes dele, a loucura de ir a extremos para cumprir um objetivo, chegando até mesmo a se esgueirar pela tubulação do prédio enquanto remeda a Holly, que fez o convite para o desgostoso ex-marido! Acho que podemos dizer aqui que o filme dá um novo sentido para a expressão "ex é fogo mesmo!"

Claro, chatonildos do "politicamente babaca" não vão sequer querer chegar perto de um filme destes aqui, mas também, eu não estou pedindo a aprovação de ninguém, he he he. Este é um filme que não somente contém boa ação, mas também que valoriza todas aquelas características do Homem de verdade, com H maiúsculo, o macho-alfa, o protetor, que nunca cede ou desiste quando as adversidades aparecem, mesmo que esteja em larga desvantagem. Uma lição que muita gente que se diz "homem" precisa reaprender hoje em dia, e titio Willis ensina isso muito bem.

Em 2015 eu costumava fazer especiais para celebrar grandes ideias e produções antes de um filme novo de uma dada série aparecer por aí, mas resolvi não fazer isso com Die Hard, muito embora seja uma das minhas séries de ação favoritas. Não me arrependo de ter feito aqueles que fiz em 2015, mas numa era onde os universos compartilhados se destacam tanto, eu não vejo mais tanto sentido fazer isso com uma cinessérie só. Este então é o primeiro filme da série que saiu. Eventualmente eu pretendo voltar e falar sobre os outros filmes, não sei quando, assim como essa série de filmes, vou tomar tempo, então não fiquem aqui pendurados esperando. Vou fazer o segundo quando eu quiser fazer. No momento, eu encorajo as pessoas a irem atrás deste excelente cinema de ação que tínhamos proeminentemente nos anos 80, e curtirem um filmaço como nenhum outro.

Yippee ki-yay, motherfucker!

Curiosidades:
- O filme é baseado em um livro. Pouca gente sabe disso, mas o autor Roderick Thorp havia escrito uma obra detetivesca chamada The Detective, em 1966, que até havia ganho adaptação no cinema estrelando Frank Sinatra em 1968. Ainda nos anos 70, escreveu a sequência, Nothing Lasts Forever, de 1979, e foi este segundo livro do detetive Joe Leland que escolheram para iniciar a série Die Hard. De primeiro pretendiam apenas adaptar o livro do autor, mas aí mudaram o nome do protagonista para John McClane, e também mudaram o final do livro no filme, de forma que tivemos as outras sequências que vieram. Eu nunca li esse livro, mas quem leu, diz que o livro é fielmente adaptado na tela com este filme, e que existem até falas inteiras do livro sendo reproduzidas aqui.

- A frase "Yippee ki-yay" vem da tradição regional americana dos cowboys, e provavelmente foi pelo contexto do cowboy no primeiro filme, e pelo fato de que o McClane revela a Gruber que ele era fã de Roy Rogers, e Roy Rogers costumava incluir a frase em seus números musicais, como em "I'm an Old Cowhand".

Die Hard (1988)
Produção: Lawrence Gordon, Joel Silver
Roteiro: Jeb Stuart, Steven E. de Souza (baseado no livro Nothing Lasts Forever, de Roderick Thorp)
Trilha sonora: Michael Kamen

Outros filmes desta cinessérie:
- Die Hard: Year One (em produção)
- A Good Day to Die Hard (Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer) (2013)
- Live Free or Die Hard (Duro de Matar 4.0) (2007)
- Die Hard With a Vengeance (Duro de Matar 3: A Vingança) (1995)
- Die Hard 2: Die Harder (Duro de Matar 2) (1990)
- Die Hard (Duro de Matar) (1988)

Trailer:

1 comment:

  1. Durante anos eu fiquei na dúvida se meu filme policial de ação favorito era esse ou Máquina Mortífera. Hoje afirmo sem dó: DURO DE MATAR é o meu favorito. Parabéns pela resenha muito bem escrita e apaixonada. Concordo com tudo. Passou da hora de voltarmos a ter heróis de carne e osso nos cinemas. Um finado amigo meu, cinéfilo, comparou o McClane ao Indiana Jones, pois ambos são heróis sem saber que são!!!!
    Ah, tem a HQ Die Hard Year One, em duas partes, se não me engano, obrada pelo Howard Chaykin. Não recomendo. Ficou aquém do esperado pra mim, e erra na cronologia, uma vez que o McClane no começo do filme afira ser policial há 11 anos (portanto desde 1977) e parte da HQ se passa em 4 de julho de 1976. Há momentos interessantes, mas fica estranho ver o jovem McClane já BADASS. Eu teria escrito algo difente, mais pé no chão. Quem sabe um dia, só de zoeira?

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