No dia de Páscoa, morre um músico muito admirado. Resolvi deixar o dia sem postagens até pela ocasião, mas não posso deixar passar esta perda. Allan Holdsworth, um dos guitarristas modernos mais influentes de todos, e um verdadeiro gênio musical do calibre de qualquer compositor clássico, morreu hoje aos 70 anos de idade.
Em certos momentos eu não acompanhava tanto a sua carreira, sempre apreciei mais o jazz ao piano ou aos instrumentos de sopro do que o jazz feito na guitarra, mas lembro até hoje do seu disco de 1985 que me abriu os olhos para outros gêneros musicais e outros músicos, como Mozart Mello, Larry Carlton, Richie Kotzen, Frank Gambale, e outros guitarristas instrumentais não tão conhecidos quanto caras como Steve Vai, Joe Satriani (meu favorito) ou Eric Johnson.
Seu primeiro álbum solo, Velvet Darkness, foi lançado em 1976, e seu último trabalho completo de estúdio, Flat Tire: Music for a Non-Existent Movie, foi em 2001. Em 1985, seu álbum mais famoso e icônico, Metal Fatigue é lançado, e ainda é aclamado como um dos discos mais importantes do gênero Jazz Fusion de todos os tempos.
Nele, podemos encontrar uma gama enorme de estilos dentro do Rock e do Jazz. Articulado, virtuoso, com uma grande técnica, e versátil, Holdsworth passeia com enorme tranquilidade pela sonoridade mais carregada da guitarra, em faixas como "Metal Fatigue", sempre com aquela caida dissonante do Jazz contemporâneo, até as progressões melódicas e ritmos cortados encontrados em "Devil Take the Hindmost", por exemplo, tudo adornado com melodias criativas e de uma genialidade ímpar.
Assim como Chuck Berry, Allan iria quebrar o jejum de anos sem lançar discos, e estava trabalhando em um álbum de inéditas este ano, quando inesperadamente morreu. Provavelmente a pergunta de se ele ainda se encontrava tão genial como em dias remotos jamais será respondida, e vamos ficar na curiosidade de saber o que Allan tinha de novo pra gente.
Uma coisa, no entanto, é certeza: ele jamais será esquecido por guitarristas influenciados por ele, como Alan Morse do Spock's Beard, Joe Satriani, Scott Henderson, Greg Howe, o brasileiro Frank Solari, e outros que ainda se encontram por aí. Um verdadeiro gênio que atuou ao lado de músicos de primeiro escalão, como a banda de progressivo Tempest, o ótimo violinista Jean-Luc Ponty, o guitarrista Stanley Clarke, aquele que toca a guitarra como se fosse um piano, e muitos, muitos outros. Allan Holdsworth, hoje é Páscoa, e você renasceu, apesar de não estar mais entre nós, e se tornou algo melhor. Você nos inspirou com um dom magnífico, o dom da música, e por isso, obrigado! Vá com Deus, e descanse em paz!
Deixo vocês com uma das mais recentes e matadoras performances do guitarrista, a música "Looking Glass", uma de minhas favoritas.
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