CANTO DO CISNE: Gene Wilder

Hoje eu acordo com um pouco de tristeza no coração. Apesar de coisas boas terem me acontecido nos último dias, coisas das quais sou grato a Deus, fiquei sabendo da morte de um ator clássico que gostava muito, Gene Wilder, aos 83 anos, vítima de Alzheimer. Este ator trouxe alegria para muitas pessoas na tela da TV durante os anos dourados da mídia, principamente com seu mais conhecido filme, sobre uma certa fábrica de chocolate.

Wilder era filho de um cara que era produtor de whiskey. Começou sua carreira em 1961 na TV, e desde então foi ganhando notoriedade. Dentre os muitos trabalhos de sua carreira, o mais famoso é, com toda certeza, Willy Wonka & The Chocolate Factory, de 1971, a adaptação cinematográfica do livro famoso de Roald Dahl, conhecida no Brasil como A Fantástica Fábrica de Chocolate; este é o filme que está na memória de muitas pessoas até os dias de hoje, e que até mesmo virou meme recentemente no Facebook. O quê? Você nunca ouviu falar dele? Conte-me mais sobre como é nunca ter visto Sessão da Tarde!

Outra de suas produções mais famosas, esta mais conhecida pelos marmanjos, é Bonnie & Clyde, de 1967, onde ele interpretou um dos reféns da dupla de assaltates. Young Frankenstein, de 1974, também é bastante popular, e mais recente apesar de ser filmado em preto e branco. É uma excelente paródia do conto de Mary Shelley, e baseada no filme de 1931, de James Whale. Muito engraçada, e eu recomendo bastante.

E já que estamos falando de comédias, houve um momento da carreira do ator em que ele se uniu com o grande comediante Richard Pryor e juntos fizeram quatro filmes bem engraçados, Silver Streak (1976), conhecido no Brasil como O Expresso de Chicago, Styr Crazy (1980), conhecido aqui como Loucos de Dar Nó, See No Evil, Hear No Evil (1989), conhecido aqui como Cegos, Surdos e Loucos, e Another You (1991), conhecido aqui como Um Sem Juízo, Outro Sem Razão. Em todos estes filmes em parceria com Pryor, não há uma continuidade, se tratam de histórias diferentes e personagens diferentes, mas a diversão é a mesma. O meu favorito deles é o de 1989, em que Wilder faz um surdo e Pryor faz um sujeito cego, então os dois se complementam, gerando piadas impagáveis.

Desde os anos 90, Wilder tem trabalhado cada vez menos. Fez dois episódios do seriado Will & Grace, entre 2002 e 2003 e dublou um personagem em uma série infantil em 2015; foram seus dois últimos trabalhos. Sua produção realmente importante e essencial acaba se resumindo ao século XX.

E como aquele garoto que ganhou o ticket dourado para visitar a fábrica de diversões de Wilder uma vez, fico muito feliz de ter conhecido personalidade tão divertida e muito triste de vê-la partir agora. Especialmente triste, aliás, de ver que os verdadeiros comediantes estão pouco a pouco nos deixando, não tendo quem viva pelos seus legados.

O mundo hoje adormece mais sem graça e sem magia. E assim, eu deixo vocês com uma cena realmente envolvente do filme de Charlie e Willy Wonka. A canção tema do filme, na voz de Wilder. Descanse em paz! A Sessão da Tarde pode acabar um dia, ou este ótimo filme parar de passar nela, mas o filme é como a goma que nunca acaba da fábrica de chocolate: sempre estará em nossas memórias.