Monday, August 8, 2016

GAME: Alan Wake (Xbox 360)

Nota: 10 / 10

Voltei! E voltei querendo relembrar tempos atrás, quando o Xbox 360 estava em seu auge, e novos games estavam surgindo para a plataforma. Sendo assim, e já que faz um bom tempo que não falo sobre games de plataformas mais convencionais, resolvi relembrar este, que já se transformou em um dos maiores clássicos dos videogames.

Vocês estão diante de um dos melhores e mais emocionantes games que eu já joguei no Xbox, Alan Wake. Este game não se trata somente de um simples jogo de videogame. Se trata de uma experiência intensa e muito, muito gratificante. Mesmo os games anteriores da Remedy, como os dois Max Payne que lançaram, não proporcionavam algo nesta magnitude. Mistura de Lost, Stephen King e Twilight Zone, Alan Wake é uma experiência única e inigualável.

Faz muito tempo que eu não falava de games, não é caro leitor? Acabei dando uma garimpada na App Store faz pouco tempo, mas foi só. Agora, após o mês de Julho, eu quero ver se consigo falar um pouco mais de videogames.

Enfim, vamos falar de Alan Wake. Este é o tipo de jogo que eu sempre volto a jogar, pelo menos uma vez por ano. Ele foi lançado pela desenvolvedora Remedy em Maio de 2010 exclusivamente para Xbox 360. Como na época o único "console" que eu tinha ainda era o meu PC, eu fiquei chupando o dedo. Achei um despropósito porque a Remedy, alguns anos atrás, havia lançado dois games que eu joguei no PC que me fizeram ficar muito fã da desenvolvedora, que são Max Payne e Max Payne 2, inclusive, foi Max Payne 2 que me levou a conhecer uma das bandas finlandesas mais legais da atualidade, o Poets of the Fall que eu divulgo sempre por aqui com muito entusiasmo e alegria. Pois bem, em 2012, época que isso ainda era possível, eu consegui finalmente viajar para os EUA e comprar um Xbox 360 e consegui uma cópia de Alan Wake para jogar; venho jogando o game desde então, todo ano.

Eu já havia previamente assistido toda a história do game no Youtube através dos vídeos de playthrough, sabe, aqueles vídeos em que o cara joga o game e você fica assistindo ele jogar. Esse era o tamanho da minha paixão pelo trabalho da Remedy, se eu não poderia jogar Alan Wake no PC, iria pelo menos conhecer a história do jogo, que é uma das mais interessantes, belas e divertidas que eu já assisti. Enfim, o game foi posteriormente lançado para PC em 2012, mas eu já tinha minha cópia do game para o 360 e não iria mais atrás disso. Só pra deixar claro para todos que eu não joguei o game na versão PC, portanto vou falar da experiência em sua plataforma original, o 360.

CARACTERÍSTICAS GERAIS


Vamos começar então falando sobre as características gerais do game. Ele é um game em terceira pessoa de fases lineares, ao estilo clássico, onde você tem que ir passando de estágios até atingir um ou outro ponto em que você terá que enfrentar um "chefão" e seguir em frente até o fim do game, onde você enfrenta o desafio final e ganha. Simples assim, até aí, nada de novo. Mas tem um elemento nesse sistema que é diferente dos demais, o game é em formato episódico, o que faz ele ficar ainda mais interessante. Parece até uma minissérie televisiva. Quando termina um dos seis episódios, toca uma música cuja letra tem algo a ver com o tema da história e quando começa um novo episódio, há a recapitulação do episódio anterior, com o narrador dizendo "previously, on Alan Wake...". A trilha sonora varia entre artistas clássicos, mais modernos e até imaginários. É bastante variada e muito legal de se ouvir. Eu sempre deixava o final do episódio tocando a música antes de passar para o próximo.

Episódio 1: "In Dreams" - Roy Orbison
Episódio 2: "Haunted" - Poe
Episódio 3: "Up Jumped The Devil" - Nick Cave and the Bad Seeds
Episódio 4: "The Poet and the Muse" - Old Gods of Asgard
Episódio 5: "War" - Poets of the Fall
Episódio 6: "Space Oddity" - David Bowie
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Episódio extra 1 (The Signal): "No, I Don't Remember" - Anna Ternheim
Episódio extra 2 (The Writer): "The Darkest Star" - Depeche Mode

Você no game faz o papel de um cara que está preso em um mundo sobrenatural e é atacado por criaturas da escuridão. Com sua lanterna, você expulsa a escuridão de seus adversários e com as armas disponíveis no jogo você os "mata". Às vezes você pode recorrer a "flares" ou então àquelas armas sinalizadoras que disparam cargas enormes de luz para espantar as criaturas da escuridão e fazer os combates ficarem mais fáceis, mas não tanto. São combates intensos, por vezes até parecem impossíveis, sua estratégia deve ser muito bem planejada se quiser seguir em frente, e os inimigos não dão trégua, eles vem todos de uma vez, você tem que agir e pensar bem rápido, além de ter um bom recurso de iluminação e brilho em sua TV e prestar muita atenção, porque as fases são bem escuras, com toda uma atmosfera macabra e sobrenatural, cheias de névoa, florestas intermináveis e sequências longas de combate. Sem contar quando ocorrem os fenômenos poltergeist em que os objetos inanimados ganham vida e começam a voar em cima de você.

Acima na tela você tem as informações gerais, como está sua vida, a bateria de sua lanterna, seus objetivos e seu GPS com uma bolinha que, se você for seguindo sempre na direção norte, te levará à próxima parte do jogo. Simples e objetivo.

Dentre as opções de armas, você começa com uma lanterna padrão e depois vai tendo a opção de trocar para lanternas maiores e com mais capacidade e eficiência. Para recarregar a bateria da lanterna, pode-se esperar para que a barra de energia no seu visor se restabeleça ou pegar pilhas Energizer (sim, há um product placement aqui) nas cabines no meio do caminho. Para atirar, tem-se a pistola padrão e espingardas, além da arma sinalizadora e dos flares que falamos acima. O game tem pontos de save que você pode recorrer, basta que você chegue em um ponto onde haja luz para que salve seu jogo automaticamente.

A TRAMA

A história do game é narrada pelo próprio personagem principal, Alan Wake. Ele é um escritor de suspenses psicológicos que teve sucesso com uma série de livros policiais que escreveu já faz dois anos, mas depois entrou em um bloqueio criativo e parou de escrever. Para tentar se livrar deste bloqueio, sua esposa Alice sugere que tirem umas férias em uma cidade pequena do interior do estado de Washington, Bright Falls. Lá, os dois ficam conhecendo a cultura local e tem contato com personalidades bem estranhas, incluindo, uma senhora que veste preto, e que depois que você fala com ela, é levado para uma casa no alto da colina.

Alan e Alice entram na casa, mas Alice tem muito medo da escuridão, e não consegue ficar longe de Alan quando ela vem. Há um flashback no game em que ela mostra uma coisa que ela chama de Clicker, um botão que ela possui, e que, segundo sua mãe, a ajudava a superar o medo do escuro. Alan ama Alice profundamente, mas dentro da cabine, eles tem uma discussão, pois Alan não queria saber de trabalho durante sua viagem, e então, Alice desaparece em meio ao lago da colina. Ele a ouve gritar, e pula no lago, para acordar em meio a um acidente de carro.

As criaturas que Alan Wake enfrenta no game para libertar Alice daquele mundo são apresentadas como personagens de seus contos de terror policiais; eles pulam das páginas do escritor para aquele mundo misterioso. É tudo extremamente simbólico no game, podemos traçar diversos paralelos em relação ao que representa cada coisa, desde a casa na colina, até os misteriosos inimigos de Wake, o desaparecimento de Alice, enfim, há diversas incursões filosóficas que podemos tecer sobre cada elemento do game, incluindo aí a sua misteriosa cena final, em que Wake termina de escrever a última página que vai fechar a história.

E é aqui que está o simbolismo mais bacana de todo o game: durante o jogo, você vai achando, pelo caminho, páginas de uma história que você não se recorda de ter escrito. O curioso é que na história há detalhes sórdidos da trama, que vão se desenrolando conforme você avança, o que eu achei muito bacana. Tem até uma página, que ao invés de ser narrada pelo Alan, é narrada pela voz original do personagem Max Payne, James McCaffrey. Ainda não consegui descobrir se a Remedy quis estabelecer um vínculo do game com a história do detetive azarado de NY, ou se era apenas uma referência solta mesmo.

Além de Alice, há outros personagens secundários bem interessantes, como Barry, seu agente, que é a escada cômica do game, um personagem gordo, bonachão, e bem engraçado que te ajuda em meio à história, e que em um certo momento, até mesmo caça assombrações com você em meio à floresta. Além disso, há uma dupla local da cidade de Bright Falls, conhecida como Old Gods of Asgard, que são dois roqueiros anciãos, que tiveram um período de auge na carreira musical e hoje são roqueiros aposentados, mas os sucessos que eles gravaram nos anos 70, ainda tocam nas rádios da cidade. Há duas músicas deles, "The Poet and the Muse", que toca em um momento em que Barry e Alan estão numa cabana, e cuja letra até te dá pistas em relação à trama do game, como se ouve na passagem "Find the lady of the light gone mad with the night, thats how you reshape destiny" (encontre a dama da luz que fica louca com a noite, é assim que você mudará o destino), e também a música "Children of the Elder God", que toca em um momento muito emocionante da trama, onde você sobe em um palco musical, e caça assombrações enquanto toca o hard rock. É eletrizante! Ambas as músicas da banda fictícia foram escritas e tocadas pelo Poets of the Fall, e a banda também cedeu a sua música autoral, "War", do álbum Twilight Theater.


O final é ambíguo, e extremamente interessante. Após uma grande batalha climática e épica contra as últimas forças da escuridão, você é levado pela mulher de preto à sua cabana na colina, onde você perdeu Alice, e lá está a máquina de escrever que sua esposa colocou pra você. Durante o game, você vai achando as páginas perdidas de sua história, aquela que você não lembra de ter escrito, e com elas, você vai conseguindo mudar o destino de Alan, e libertar Alice da escuridão. A ambiguidade do final, vem justamente de você não saber, de fato, se o escritor conseguiu realmente escapar do mundo da escuridão, ou não. Nas tramas adicionais pós-game, que são "The Signal" e "The Writer", essa ambiguidade é desfeita, mas se você fica apenas com o fim do game, não fica muito claro.

O game, apesar de ter uma mecânica de ação um pouco repetitiva, é excitante na ação, e viciante. É daqueles games que você simplesmente não dorme para jogar, após passar um episódio, você não consegue resistir e fica acordado para entrar no próximo. Foi assim comigo, nas diversas vezes que eu joguei!

O game não teve grandes vendas em seu lançamento, muito em decorrência da Remedy ter cometido a cagada de fazer dele um game exclusivo para o Xbox 360, seguindo aí a dica idiota da Microsoft, e perdido com isso. Dois anos depois, ele foi lançado para PC, COMO DEVERIA TER SIDO ANTES, e assim, o game ganhou mais popularidade e acabou se tornando um daqueles clássicos que são esnobados no seu lançamento, mas reconhecidos depois de um tempo. Por causa dessa esnobada, a Remedy teve problemas para trabalhar em Alan Wake 2, game que nunca saiu e que talvez nunca veja a luz do dia, porque acabou virando o download do Xbox Live Alan Wake's American Nighmare, que foi lançado em 2012 e que não continua exatamente a trama de Alan Wake, mas é como se fosse um episódio da série de TV fictícia do game, Night Springs, uma espécie de Twilight Zone (Além da Imaginação) desse mundo.

Enfim, este é um game que eu recomendo a todos jogarem. Mesmo para aquelas pessoas que não são chegadas em games, porque este, em especial, tem uma trama apaixonante, extremamente detalhada e filosófica, absurdamente imersiva, cheia de simbolismos bacanas, inteligente, uma trilha sonora sensacional, enfim, qualidades pelas quais os estúdios da Remedy, capitaneados pelo genial Sam Lake, sempre prezaram. E se você é gamer como eu, e possui um Xbox 360, e ainda não jogou esse game, eu recomendo altamente que você vá atrás dele agora! Tem gráficos maravilhosos, é muito desafiador e, como eu disse antes, extremamente interessante, e vai te deixar com os olhos colados na tela da TV acompanhando a intrincada trama, como um bom filme de suspense e terror psicológico deve fazer.

E se você, assim como eu, é fã do Poets of the Fall, fique atento para a aparição da banda em uma passagem do game!

Alan Wake (2010)

Direção: Petri Järvilehto
Produção: Jyri Ranki
Roteiro: Sam Lake, Mikko Rautalahti
Trilha sonora: Petri Alanko

Elenco de vozes: Matthew Porretta, Lloyd Floyd, Geoffrey Cantor, James McCaffrey, Brett Madden, R.J. Allison, Jason Nuzzo, Fred Berman, Benita Robledo, Jeff Gurner, Cliff Carpenter, Linda Cook, Kate Weiman, Gary Swanson, Don Guillory, Mark Blum, Jessica Alexandra, Clark Warren, Helen Greenberg, Bill Lobley, Bill Buell, Paul Christie, Timothy McCracken, Karim Naraghi, Andrew Totolos, Mike Doyle, Shari Albert, Kelli Harris, Erik Bergmann, Joe Delgado, David Wilson, Navid Khonsari, Gianfranco Negroponte, Richie Vicencio, Robert Cihra, Don Guillroy

Desenvolvedor: Remedy
Distribuidor: Microsoft
Plataformas: Xbox 360 / PC (Windows)
Gênero: Ação e Aventura
Modo: Single player

Site: www.remedygames.com

Outros games desta série:
- Alan Wake's American Nightmare (2012)
- Alan Wake (2010)

Trailer de lançamento:


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