É com muita tristeza que eu acabo de assistir o último filme que saiu dos Looney Tunes. Quando eu me recordo de que eu passava horas e horas nas manhãs em frente à TV, me deliciando com estes personagens, rindo às tantas, que eles fizeram parte da minha vida e de minha infância, que eles não somente eram engraçadíssimos mas também influenciaram milhares e milhares de criações após anos de suas criações... é de partir o coração! É como se a sua infância tivesse sofrido lavagem cerebral e se tornado uma criatura em estado vegetativo; a primeira coisa que me vem à cabeça é Jack Nicholson na última cena do filme One Flew Over The Cuckoo's Nest (Um Estranho no Ninho), em que os caras do instituto removem o seu cérebro, tirando toda a personalidade marcante e viva que tinha o personagem de Nicholson no filme, fazendo com que ele perdesse toda sua vivacidade e não passasse de um monte de carne apenas esperando a hora da morte chegar. Sim, é triste assim.
É muito triste constatar que seus personagens da infância tão queridos e amados, como Pernalonga, Patolino, Eufrasino, Marvin Marciano, e tantos outros hoje não consigam sequer me fazer dar um sorrisinho de canto de boca. Eu me sentia angustiado ao assistir este filme, constatando que os Looney Tunes hoje não passam de mais um desses desenhos genéricos sem a menor graça. E quando você se dá conta de que o filme é um "Original Movie", daqueles que vão direto para vídeo, é onde você percebe o tamanho do fundo do poço que chegaram esses personagens. De lunáticos eles não tem mais coisa alguma. Só ficou o nome mesmo.
A trama é ridícula. Lola Bunny, a Lola versão da série de TV mais recente, e não aquela bobagem de Space Jam, trabalha numa loja de cosméticos e quer inventar a melhor fragrância de perfume já feita por alguém para ir para Paris e ficar famosa. Porém ela acaba acidentalmente inventando um perfume que deixa você invisível e por isso, uma agência de inteligência comandada pelo Frangolino... é, quer dizer, o Frangolino e a tartaruga Cecil, que estavam à procura de uma rara flor que cresce no topo de uma montanha vão atrás dela. Descobrem que foi Ligeirinho que trouxe a flor para Lola e por isso ela pôde desenvolver a fragrância da invisibilidade. Antes disso ela tinha pego carona com um taxista, o Pernalonga, e por isso os dois se envolvem em uma roubada, uma vez que o dono da loja de cosméticos que despediu Lola quer se aproveitar da criação dela, para se auto-promover, fazendo com que Lola e Pernalonga virem fugitivos da lei.
Ao longo do filme, você não vê nada além de piadinhas forçadas, sem a mínima graça e situações que os antigos Looney Tunes por vezes se metiam mas faziam de forma muito mais criativa e divertida do que estes aqui. Durante todo o tempo Pernalonga, Lola e Patolino ficam reclamando do centro da cidade, o que não faz o menor sentido, já que a qualquer instante eles poderiam sair de lá e voltar para a floresta onde originalmente viviam. Aí tem cenas no filme onde você vê um Patolino que parece que está anestesiado, de tão sem graça que ele é. Outra cena me faz a burrada de mostrar um cinema onde está passando a porcaria do filme que estamos vendo...!!! Como pode isso? Que paradoxo é esse? Como é que eu estou vendo um filme que está passando dentro do universo do filme? Isso é estúpido, e não faz o menor sentido!
Os personagens até tentam por vezes emular piadas antigas, como o Pernalonga se vestir de mulher, e etc, mas sem a mesma graça dos antigos. Puta que pariu, os antigos Looney Tunes iriam sentir vergonha desses novos Looney Tunes! VERGONHA!! Até mesmo a sequência final do filme em Marte, com Marvin Marciano é sem a mínima graça! E a Lola? Puta que pariu, só fica tagarelando o tempo todo, não pára um segundo, chega a ser chata! Nem mesmo para contar uma piadinha que seja engraçadinha serve a tagarelice dela, o tempo todo falando, falando, falando e enchendo o saco de todo mundo.
Nem mesmo as clássicas cenas em que os personagens passam por situações extremas e sempre saem inteiros divertem. É incrível! Você não ri do Pernalonga passando por um rolo compressor e ficando achatado, não ri dele entrando no fogo e virando cinzas para depois voltar ao normal como se nada tivesse acontecido, nada! Nem uma risada!
Eu quis rir e me divertir, tentei, dei chance várias vezes, sempre pensando "OK, isso foi chato pra caramba, mas quem sabe a próxima sequência seja mais divertida"... mas nunca vinha essa tal sequência divertida. A parede da minha casa parecia mais interessante do que o que estava acontecendo no filme. Até mesmo a despedida final do "i-i-isso é tu-tudo, pe-pe-pessoal!" eles conseguem estragar, arruinar! Terminado o filme, eu estava deprimido, chateado, sentindo meu coração partir ao meio... que pena! Eu amo demais estes personagens, e vê-los se tornarem cascas vazias foi deprimente!
Está na hora de dizer adeus aos Looney Tunes. Acabou. Isso é tudo, pessoal! Cansei de ficar esperando a volta triunfal desses personagens que um dia me divertiram tanto! Melhor pegar as animações antigas mesmo e reassistir todas, são piadas e situações que já conhecemos de cor e salteado, mas mesmo hoje em dia nos provocam risadas aos montes. Esses Looney Tunes novos aqui deveriam se envergonhar de destruir a reputação daqueles que um dia me divertiram tanto! Não recomendo e aconselho a todos, principalmente os mais velhos: se vocês, assim como eu, amam os Looney Tunes, então fiquem longe deste novo filme que saiu agora dia 7 de Julho nos EUA. Podem marcar esta data todos vocês, como o dia que os Looney Tunes morreram. O dia que a graça e a diversão deixaram de existir.
Looney Tunes: Rabbits Run (2015)
Título em português BR: Looney Tunes: Fuga dos Coelhos
Nota: 2 / 10
Direção: Jeff Siergey
Produção: Hugh Davidson, Sam Register, Jeff Siergey
Roteiro: Hugh Davidson, Larry Dorf, Rachel Ramras
Trilha sonora: Kevin Manthei
Estrelando (vozes originais): Fred Armisen, Jeff Bergman, Maurice LaMarche, Rachel Ramras, Jim Rash, Billy West, Bob Bergen, Jess Harnell, Damon Jones, Rob Paulsen, Ariane Price, Jim Rash, Michael Serrato
Trailer:
No comments:
Post a Comment