Friday, February 9, 2018

NO CINEMA: Ferdinand

7,5 / 10
Carlos Saldanha se aventura a criar novas histórias. Ferdinand é uma história divertida e boa para crianças, mas vamos encarar: recai em clichês desnecessários. Diverte, mas muito longe de ser uma Pixar. 

Confira minha opinião!

Título brasileiro: O Touro Ferdinando
Direção: Carlos Saldanha
Elenco de vozes original: John Cena, Colin H. Murphy, Jack Gore, Jet Jurgensmeyer, Nile Diaz, Jeremy Sisto, Bobby Cannavale, Raúl Esparza, Juanes, Jerrod Carmichael, Lily Day, Julia Scarpa Saldanha, Rafael Scarpa Saldanha, Karla Martínez, Kate McKinnon, Anthony Anderson, Peyton Manning, David Tennant, Tim Nordquist, Gina Rodriguez, Daveed Diggs, Gabriel Iglesias, Flula Borg, Sally Phillips, Boris Kodjoe, Miguel Ángel Silvestre, Carlos Saldanha


Eu sempre admirei a panca do Carlos Saldanha em se aventurar em produções de animações internacionais, sendo um brasileiro. Ele começou quando lançou o primeiro filme da franquia Ice Age, aquela do castorzinho Scratch, que inclusive ficou sendo o mascote do estúdio Blue Sky, do brasileiro. De uns tempos pra cá, ele tem se dedicado a sequências da franquia e também realizou a animação Rio, entre outros trabalhos como Robots e a adorável animação de Snoopy e Charlie Brown, The Peanuts Movie. Agora, Saldanha quis expandir este seu universo lançando a animação Ferdinand, baseada num livro infantil escrito por Munro Leaf e já adaptada por Walt Disney no passado na animação curta de 1938. Porém, apesar de eu ter me divertido e de a animação ser bacana e contar com lições boas, ela recai em alguns clichês incômodos.

A história se passa na Espanha, e é sobre um touro, Ferdinand, que não gosta de briga. Diferente dos outros touros, incluindo seu pai, que sempre sonham em participar de grandes touradas, Ferdinand curte mesmo é a paz e tranquilidade, passeando pelos bosques e cheirando rosas vermelhas do campo. Só que o destino não é nada amigável para com ele.

De primeiro ele consegue escapar de onde vive após a ultra previsível morte de seu pai; sério, foi muito previsível, no momento que ele se despede do rebento, eu já pensava "olha a carne bovina fresquinha, gente! Quem vai querer?", de tão na cara que estava! Dito e feito. Aí o bezerrinho acha uma menina e seu pai que vivem em uma fazenda, e lá passa anos felizes. Porém, no meio de uma exposição de flores, ele é recapturado e levado de volta para seu antigo lar. Lá, conhece uma cabrita doida que dá uma de psicóloga, a Lupe, revê seus antigos desafetos de anos atrás e conhece outros personagens. Agora, Ferdinand e os outros touros serão selecionados para servirem de oponentes para um famoso toureiro, e o animal terá que escapar desse destino.

O filme segue divertido até o segundo ato. Muito embora a morte do pai do bezerro tenha acontecido de forma rápida demais, ok, estava com piadas legais, um desenvolvimento também ok, ou seja, estava rendendo o valor pago no ingresso. Aquela máxima perpetuada na internet de que quando há tourada, a gente tende a torcer pelo touro, cabe direitinho aqui; no entanto, eu gostei muito da atitude final do toureiro quando a trama se fechou.

Só que aí o filme se perde lá para o meio, os personagens começam a recair em clichês humorísticos antigos, cantam sem motivo, enfim, vira novamente uma animação dessas bem genéricas. Não chega a ficar ruim, mas perde aquela atmosfera que vinha desenvolvendo tão bem até então. Quando se vê uma animação da Pixar, a história é completamente diferente. Independente do que faça, a Pixar consegue estabelecer humor em seus personagens, ao mesmo tempo que não perde o olho para seus dramas pessoais, intensificando o link entre eles e a audiência, fazendo com que esses personagens possuam autenticidade em suas emoções. Dessa forma, ao chegar ao final de suas jornadas, estamos totalmente imersos na história, e nos emocionamos fácil com o desfecho.

Talvez o Saldanha devesse chegar junto dos caras da Pixar e trocar umas ideias com o Lee Unkrich, o John Lasseter, enfim, procurar melhorar seus arcos de histórias, porque eu me lembro de quando ele lançou Ice Age, e foi uma coisa tão forte, tão bacana e intensa, e ao mesmo tempo, tão divertida! Gosto de acompanhar o cara, mas estes clichezões de animação como os números musicais sem razão atrapalham todo o processo e tiram a intensidade da trama, fazendo o expectador sair do estado de imersão na história.

Enfim, boa ideia de trama, bons personagens do escritor Munro Leaf, ideia bacana de desenvolvimento, mas a história em si contém algumas falhinhas que limam todo seu potencial. Fui assistir este filme porque já não havia mais nada de interessante para eu ver no cinema aqui, então preferi arriscar a animação. Não me arrependo, mas não veria novamente. Mas as crianças podem vir a gostar bastante, vá com elas que é melhor.

Ferdinand (2017)
Produção: Bruce Anderson, John Davis, Lori Forte, Lisa Marie Stetler, Chris Wedge
Roteiro: Ron Burch, David Kidd, Don Rhymer, Robert L. Baird, Tim Federle, Brad Copeland (baseado em livro infantil escrito por Munro Leaf e ilustrado por Robert Lawson)
Trilha sonora: John Powell

Elenco brasileiro de vozes: Duda Ribeiro, Rafael Mezadri, Maisa Silva, Nando Lopes, Pedro Azevedo, Thalita Carauta, Leonardo Martins, Arthur Salerno, Gutemberg Barros, Victor Hugo, Paulo Vignolo, Enzo Danenmann, Otaviano Costa, Alexandre Maguolo, Márcio Dondi, Luisa Palomanes, Philippe Maia, Wirley Contaifer, Angélica Borges, Jorge Lucas, Natali Pazete, Mckeidy Lisita, Léo Rabelo

Trailer original:


Trailer dublado:

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