Sunday, July 17, 2016

NO CINEMA: Finding Dory (Procurando Dory)

Nota: 8,5 / 10

Voltei por um breve momento do meu exílio, este mês. Não precisam sair me procurando! Enfim, fui procurar Dory no cinema... quero dizer, assistir Finding Dory, novo filme da Pixar com a Disney, nos cinemas. Esta continuação de Finding Nemo levou aproximadamente uns 12 anos para ser feita. Não me pergunte as razões da Pixar ter demorado tanto para fazê-la,  mas a questão é que a animação é divertida o bastante para fazer parecer que o tempo nem sequer passou.

A Pixar tem estado batendo em certas teclas de forma bastante constante em seus filmes mais recentes, algumas dessas teclas boas, outras, nem tanto, mas a que me tem chamado mais a atenção, é a que se refere à família, fazendo com que os filmes do estúdio assumam, sem medo, literalmente, o rótulo de "family movie".

Rapidamente eu me lembrei do final de Toy Story 3, o clímax de Inside Out, o final de The Good Dinosaur, e assim por diante. Todos estes filmes, de uma forma ou de outra, tratam exatamente disso, dos laços familiares. Descobrimos aqui, nesta continuação, o que é que a peixe azul desmemoriada estava procurando tanto no primeiro filme, quando conheceu o pai de Nemo.

Eu sempre me identifiquei muito com a personagem, porque eu mesmo tenho uma certa dificuldade de lembrar certas coisas. Claro, não como a peixinha Dory, muito longe disso, mas síndrome de déficit de atenção com um certo grau de memória seletiva faz isso acontecer com você quando se é mais jovem. Escrever sobre o que eu vejo, ou leio, tem me ajudado a recordar melhor as coisas, colocar as ideias no lugar, sem ter que ficar assistindo algo milhares e milhares de vezes para memorizar; é até mesmo por isso que eu escrevo sobre filmes assim que deixo a sala de cinema, enquanto a maior quantidade de detalhes possível ainda está fresca na minha mente.

A trama deixa o peixinho Nemo um pouco de lado para contar a história da peixinha azul, que segundo a sequência, se perdeu dos pais quando pequena. Ela tem transtorno de perda de memória recente (o que é martelado no filme o tempo todo, caso o expectador também tenha algum problema parecido), e não consegue lembrar das coisas que foram faladas a 2 minutos atrás, ou mesmo fatos que acabaram de acontecer depois de um tempo. Só com muito esforço é que se tem uma resposta mais positiva dela em relação a sua pouca memória. A sequência inicial vai ilustrando o seu gradual crescimento, enquanto procura pelos pais, até o momento em que ela esquece do que estava procurando e deixa pra lá, chegando na cena do primeiro filme, onde o pai de Nemo e ela se topam.

Tudo parece muito bem, mas então, alguma coisa que foi falada num grupo de excursão que ela estava envolvida lhe traz a memória de seus pais de volta, e ela então sai para procurá-los, com a ajuda de Nemo e seu pai. Todos eles vão parar numa estação de preservação da vida marinha, que expõe os peixes para humanos, e assim, Dory acaba conhecendo novos amigos, entre eles, Hank, um octópode que está tentando fugir da vida marinha, além de outros, como a dupla de golfinhos que ficam em uma pedra, e são importunados por um outro meio maluco chamado Gary, a baleia Destiny e o peixe Bailey, que tem visão de radar, vários personagens novos e bem divertidos.

A jornada de Dory a leva a ter que confrontar seu problema de memória para poder encontrar seus pais biológicos. Um pequeno comentário em relação a isso: achei muito bonito o jeito que isso foi desenvolvido. O momento em que Dory finalmente termina sua jornada é também muito emotivo, mas merece um certo cuidado - e quando eu digo cuidado, me refiro a uma conversa franca - em relação aos pais com seus filhos, se os pais forem levar os meninos para ver o filme, especialmente se se tratarem de pais adotivos.

Mas no geral, o momento é muito bonito. Dory enfatiza, em suas ações, que ao mesmo tempo que vê Nemo e Marlin como parte de sua família, também não se esquece de seus pais verdadeiros, o que faz com que o significado da viagem de Dory, no final, seja bem mais emocional e gratificante, principalmente do ponto de vista de como tudo acaba, além, é claro, de reforçar a imensa importância dos laços familiares, tanto por parte dos pais, quanto por parte dos filhos.

E é por isso que eu trouxe os filmes acima citados, a tona. Na última cena de Toy Story 3, por exemplo, Andy mostra o carinho que tem pelos seus brinquedos, e todos eles, permanecem unidos como uma grande família, na última cena, quando Andy parte; no final de Inside Out, a família é restabelecida; e em The Good Dinosaur, apesar de não ter sido um de meus filmes favoritos da Pixar, como deixei claro em minha resenha, o final é sensacional, especialmente naquele momento de grande carga emocional, em que o dinossauro ensina o menino que eles tinham que se separar naquele instante, pois seus pais verdadeiros o aguardavam. Enfim, em todos estes casos, e também agora aqui em Finding Dory, o family movie da Pixar se mostra uma das ferramentas mais efetivas para unir pais, filhos e amigos, todas as pessoas que sempre devem estar juntas, não importa o tamanho das dificuldades que passemos em nossas vidas. Ou pelo menos deveria ser assim.

Claro, não é um dos filmes mais sensacionais que a Pixar já fez, mas eu recomendo sim, traz um fecho muito bacana e satisfatório para a história dos peixinhos da Pixar, isso claro, se eles não resolverem fazer uma sequência depois de alguns anos. E é aqui que vou falar da tecla da Pixar, que eu citei na introdução, que não é tão boa. Recentemente a Pixar está com muitas continuações planejadas, e isso para mim é um mau sinal. Toy Story 4, Cars 3, The Incredibles 2, e assim por diante; onde está a criatividade para nos trazer novos conceitos, Pixar? Vamos lá, não relaxe! Toy Story 4? Cars 3? Sério isso? Está na hora de seguir em frente, não é? Vamos lá, Pixar, chega de ficar revivendo seu passado, que foi muito bonito sim, e é por isso que eu adoro você, admito, mas é hora de começar a olhar para o seu futuro, seguir em frente! Estaremos aguardando.

Antes do filme há, como de costume, uma animação curta, chamada Piper. Uma das coisas que eu mais gosto nas animações curtas da Pixar, é que elas são mudas, como um filme mudo, não tem diálogos, e isso faz com que a gente não tenha que ficar se preocupando em ver algo com dublagem, ou mesmo, dá mais significado à mensagem passada, a gente presta mais atenção no visual, no que está acontecendo na tela. Espero que um dia a Pixar se aventure a fazer um longa metragem inteiro mudo, seria muito bacana de ver uma ideia dessas acontecer. É um dos curtas mais bacanas que eu já vi da Pixar. Fiquei refletindo bastante com a lição passada neste curta. Uma pombinha e sua mãe moram na praia, e tem que ir até o oceano para se alimentarem. Um dia, a mãe deixa de dar comida no bico da pombinha, e faz com que ela tenha que ir na praia para comer junto do bando, mas a pomba tem medo das ondas do oceano. Ela então terá que aprender que nem sempre tudo vem na nossa boca, e que temos que aprender a ir atrás das coisas que precisamos, sem depender dos outros para buscá-las para nós. Sensacional. Somente esta animação curta já valeu o ingresso para o filme.

Ah, e não vá saindo que nem um afobado da sala de cinema e perder a cena pós-créditos, uma das mais engraçadas que eu vi em animações recentes. Tem gente que quando sai da sala de cinema parece que vão enforcar alguém, ou que a casa está pegando fogo. Fica quietinho no seu assento pra curtir alguns momentos extras de diversão, oras bolas! Não seja que nem a memória da Dory, e lembre-se disso!

Finding Dory (2016)
Título em português BR: Procurando Dory

Direção: Andrew Stanton, Angus MacLane
Produção: Lindsey Collins, John Lasseter, Bob Roath
Roteiro: Andrew Stanton, Victoria Strouse, Bob Peterson, Angus MacLane
Trilha sonora: Thomas Newman

Estrelando (elenco da versão original): Ellen DeGeneres, Albert Brooks, Ed O'Neill, Kaitlin Olson, Hayden Rolence, Ty Burrell, Diane Keaton, Eugene Levy, Sloane Murray, Idris Elba, Dominic West, Bob Peterson, Kate McKinnon, Bill Hader, Sigourney Weaver, Alexander Gould, Torbin Xan Bullock, Andrew Stanton, Katherine Ringgold, Lucia Geddes, Bennett Dammann, John Ratzenberger, Angus MacLane, Willem Dafoe, Brad Garrett, Allison Janney, Austin Pendleton, Stephen Root, Vicki Lewis, Jerome Ranft

Outros filmes desta cinessérie:
Finding Dory (Procurando Dory) (2016)
- Finding Nemo (Procurando Nemo) (2003)

Trailers:

Áudio original, legendado:



Dublado em português BR:


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