Monday, July 25, 2016

NO CINEMA: Batman: The Killing Joke (Batman: A Piada Mortal)

Nota: 9 / 10

Quando eu fiz meu artigo sobre a HQ de Alan Moore, ano passado, este filme ainda era só um grande rumor. Venho aguardando a adaptação desta história a muitos, muitos anos, bem antes mesmo de ser anunciada. Já foi até cogitado fazerem um filme live-action, ideia que, obviamente, nunca foi para frente.

Eu perdi as contas de quantas mil vezes eu já li esta história de Alan Moore. Pra mim é uma das melhores que já foram escritas, não só do Batman, mas de super-heróis de forma geral. Ela foi a história que inspirou o filme de 1989, dirigido por Tim Burton, portanto, vocês já imaginam minha antecipação para conferir este filme! Esta, é a opinião de um fã que viu seu sonho finalmente realizado esta semana.

A sala de cinema estava absolutamente lotada! Eu procurei garantir meu lugar lá em cima como sempre faço, antes que não encontrasse mais lugares, mas depois que eu sentei, já não havia! Via-se de tudo, nerds, geeks, e gente normal, que veio apenas curtir o filme, sem ter conhecimento do material base. Foi o caso de um casal com filhos que sentou ao meu lado. Eu não esperava a sala lotar desta maneira, ainda mais em se tratando de uma animação cujo público alvo são especificamente os fãs. Foi insano! A fila dava a volta! Fiquei pensando: "caramba, deveriam ter feito isso com todas as outras animações que saíram direto em DVD!"; imagina o público que teria tido uma Public Enemies! Ou então The Dark Knight Returns! Ou talvez até a sensacional Under The Red Hood, imaginem o público! Infelizmente, isso vai ficar apenas em nossa imaginação, mas ainda bem que esta eles resolveram lançar nos cinemas. Antes tarde do que nunca!

Direto ao ponto: este é o melhor filme da DC de 2016! Pronto, falei. Eu nem sequer preciso assistir Suicide Squad para constatar isso. É a melhor das animações do selo DCUAOM? Não chega a tanto, mas certamente está lá em cima, entre as melhores. É a melhor animação do Batman já feita? Também não, este título ainda pertence à obra-prima Batman: Mask of the Phantasm, que permanece invicta; mas certamente chega lá, muito perto, como eu disse, de estar entre o que há de melhor do morcego.

E eu tive a honra e o privilégio de poucos (porque as sessões foram limitadas), de testemunhar esta adaptação da obra de Moore na tela grande do cinema! Batman: The Killing Joke, uma das hqs mais importantes e essenciais do Batman já escritas, ganha uma adaptação a altura de sua majestade, e ainda por cima contando com grande parte do time que realizou uma das obras mais importantes do Batman das últimas décadas, Batman: The Animated Series. Eu não parei de falar mais sobre este filme desde que ele começou a ser feito, tamanha a minha euforia de ver Kevin Conroy, Mark Hamill, Tara Strong, Bruce Timm, Alan Burnett, toda a equipe responsável pela legendária série de TV que eu acompanhei desde quando tinha meus 12 anos de idade, voltarem para este filme tão importante e tão essencial.

E o melhor de tudo, foi poder ver isso na telona do cinema. Já foram feitos inúmeros filmes animados do Batman ao longo de todos estes anos, como os citados acima, você pode conferir aí o arquivo do meu blog que eu falo de cada um deles individualmente, ou então acessar meus especiais sobre o DCAU e o selo DCUAOM, que está tudo lá; mas apenas uma vez na história, um desses filmes animados foi para o cinema, que foi justamente Batman: Mask of the Phantasm, que como já falei, até hoje, é o melhor de todos, e foi feito por esta mesma equipe. O restante, sempre foi animação direto para DVD, então ver este filme no cinema tem, para mim, um enorme significado.

O PRÓLOGO

Hoje, após ter visto o filme na telona, venho a vocês, não para dizer as mesmas coisas que eu disse na minha resenha sobre a hq, mas para afirmar que meu sonho em ver esta história tão importante do morcego ser adaptada em formato de filme, ver Conroy e Hamill recitarem as falas da HQ em um filme tão bem adaptado, finalmente se realizou. E também para dissertar um pouco sobre o que foi acrescentado a mais na trama, que já não começa no Asilo Arkham, como na HQ. A narradora, Barbara Gordon, pede licença já para nós, em um recurso de metalinguagem legal (a obra falando dela mesma), onde ela nos diz "eu sei que este não é o jeito que a história começa, e eu sei que você não esperava me ver agora por aqui, mas preciso que você saiba que antes de todo o horror acontecer, lutar contra o crime era uma coisa muito legal".

Esta foi a piscadela dos envolvidos, nos dizendo, "olhem, a gente queria fazer a adaptação, mas a HQ é muito pequena, então inventamos este prólogo pra vocês; divirtam-se!" Claro, vocês não são bobos e nem nada disso, sabem muito bem do que se trata, mas se contextualizarmos também com todo o histórico de trabalho que esta equipe desenvolveu ao longo dos anos, esta frase inicial também pode ser entendida como um "vejam só como nos divertíamos quando fazíamos a série animada e o quão legal era ficar inventando roteiros para a TV todos os dias! Cara, era sensacional, e estamos tentando recuperar para vocês este sentimento de novo!" Por que não? O prólogo conta com quase meia hora, seria inocência da nossa parte não considerar que esta metragem poderia ser a de um episódio de TV da série animada do Batman. É só colocar o tema inicial e a tela de créditos e pronto, você tem um episódio da série aqui, novo em folha.

Vamos começar pelo prólogo então, que é esta nova história original, toda escrita pelo Brian Azzarello, que finalmente largou um pouco do Miller e veio escrever algo realmente mais interessante. Esta meia hora inicial da animação é bacana; não é algo sensacional, mas é bom, divertido, e traz de volta toda aquela atmosfera da série animada clássica, com direito a gangsteres e tudo mais. É praticamente como se fosse uma retomada da série. A trama coloca a Batgirl nos holofotes, e nenhuma menção sobre o Coringa é feita até os minutos finais desta parte adicional. Batman e Batgirl estão investigando o gângster Francesco e seu sobrinho Paris Franz, e tentando acabar com o seu esquema de cartel. Ao mesmo tempo, temos Barbara observando os encontros de seu pai e Batman à noite, e Barbara e um amigo dela da faculdade conversando sobre o relacionamento dela com Batman; a filha do comissário Gordon se refere ao morcego como "um caso dela" para Reese, o referido amigo.

Pouco a pouco, a tensão entre o espírito aventureiro de Barbara e a natureza obsessiva e controladora de Batman vão crescendo, até que uma hora, Barbara tem um acesso de raiva e explode, mas ao derrubar o morcego no chão ela cede e demonstra todo seu "afeto" para o morcego, o que resulta na cena que mostra que os dois fizeram sexo em um telhado da cidade.

Ok, já sei o que você está pensando!

Interrompemos a nossa resenha para o momento da reação geral da galera!

RESPOSTA NO TWITTER DA TIA DO BÁTIMA: "#ORGULHO_DA_FAMÍLIA!!"

Ok, chega de brincadeiras; vamos falar um instante sobre esse trecho, que acabou gerando uma certa controvérsia entre os fãs. E vou começar dizendo que não vejo nada demais com ele. A cena da bat-trepada não é colocada lá por acaso, uma vez que histórias anteriores, tanto das HQs, quanto da série animada já davam a ideia de que os dois tiveram algo no passado. Isso foi uma maneira de reforçar mais o drama que virá com a história das HQs, mas também teve a intenção de colocar Barbara numa encruzilhada, entre aceitar que Batman a controla ou provar a si mesma que é responsável por suas ações.

Pra se ter uma ideia da dimensão disso, temos que ter em mente que Batman nunca foi pai de fato. Ele foi tutor, treinador, filantropo, mas pai, isso nunca, nem mesmo de seu próprio filho, Damian, criado pela mãe em segredo. Bruce Timm deixou isso claro em uma entrevista. É como se Barbara fosse a adolescente tentando ir contra o cara que diz "não faça isso, não faça aquilo, é perigoso ir por aí, não vá", e coisas do tipo, mas ela, de pirraça, vai lá, faz isso, faz aquilo, e ainda mais um pouco, age por impulso; pessoas na idade dela tendem a não ouvir muito os adultos, e fazem coisas sem pensar, e se o responsável fica sem saber como agir, então ambos acabam cometendo algum tipo de equívoco. Achei bem interessante esta abordagem de Timm, Azzarello e Burnett para a dupla. Meio controversa, sim, eu sei, arriscada também; mas um risco calculado. No final, enriqueceu a psique dos dois personagens.

O único revés desta sequência é que Barbara parece mais vulnerável, se portando mais como uma garota impulsiva do que como alguém que ouve a voz da razão, o que para mim não muda tanto assim a sua persona, uma vez que ela sempre foi mais impulsiva e aventureira em todas as mídias, e só deixou de ser quando se tornou comissária de polícia em Batman Beyond; mas fora isso, foi uma sequência boa, que estabeleceu a personagem, antes que pudéssemos nos sensibilizar com seu drama.

O que aconteceu antes disso, é que Batman diz a Barbara que ela ainda tinha um espírito aventureiro, que tudo era uma curtição para ela, e que ela não havia ainda olhado para o abismo; isto é para justificar a razão de Batman ter deixado claro que eles eram parceiros de combate ao crime, mas não iguais, ela ainda tinha uma longa jornada de amadurecimento a sua frente. A conclusão deste trecho do filme termina com Barbara tendo que encarar este abismo e decidir o que fazer após o abismo olhar de volta.

E a conclusão toma um caminho evidente e natural, algo que podíamos ver acontecer a quilômetros de distância. Inclusive, algo curioso com esta conclusão do prólogo, é como ela rima bem com o episódio Robin's Reckoning, Pt. 2 (O Acerto de Contas de Robin, Pt. 2), da própria série animada noventista! Para quem se lembra da série, prestem muita atenção na sequência de eventos do final do prólogo, e depois comparem com este episódio do seriado. É uma tremenda referência visual!

E, como eu disse antes, toda a atmosfera da animação remete àquela da série animada, e de fato, se parece demais com um novo episódio em folha; claro, bem mais violento, sanguinário e, obviamente, ousado, coisa que jamais iríamos ver no seriado, em plenos anos 90.

BRIDGE

Barbara deixa então de ser a Batgirl e vai para casa. Temos, em uns 3 minutos, mais ou menos, a bridge (ponte de ligação) que faz a passagem do arco adicional de Azzarello para a história de Moore, coisa rápida, e lá pela meia hora de filme, mais ou menos, tem início então a história pela qual estávamos esperando, que é adaptada fielmente para a animação, com todas as falas e sequências. Aqui temos mais um pontinho negativo: a transição entre a trama adicional e a história da HQ ficou meio deslocada, uma vez que nenhum personagem novo do prólogo aparece mais durante o resto do filme. Mas, de qualquer forma, eles não eram o foco mesmo; só achei que a transição poderia ter sido mais suave e correlacional com a trama da hq, mas fora isso, eu gostei das informações adicionais.

A PIADA MORTAL

Começa então The Killing Joke, após meia hora; e assim ficamos com a história envolvendo Batman e o palhaço do crime até os minutos finais, quando rolam os créditos, com uma ou outra fala adicional. A cena final entre-créditos é de Barbara de novo, desta vez nos mostrando o que lhe aconteceu após se recuperar do choque do ataque do Coringa. Vocês todos devem saber, não é segredo pra ninguém, ela vira o Oráculo, seguindo aí a continuidade do Batman nas HQs.

Após o filme acabar, eu pensei: puts... que bacana! Finalmente vi The Killing Joke se movimentando; porque é exatamente isso que você vai ver, a HQ se movendo na telona, com animação e traços do desenho sendo emulados para parecerem exatamente com os de Brian Bolland, o ilustrador que trabalhou com Moore na HQ original. Como sempre, Alan Moore é um cara difícil de agradar, e não quer seu nome associado com a animação, assim como não quer seu nome em qualquer outra coisa que adaptem seu trabalho. Na resenha da HQ, eu disse que às vezes, ele tem toda razão, mas outras vezes, ele exagera, e muito. Aqui, nos deparamos com o segundo caso, aliás, felizmente. Eu realmente fico chateado com Moore, porque esta é uma ótima adaptação de seu trabalho.

Claro que não é perfeita. Há outra coisa que a animação peca, e eu creio que percebi isso porque já li essa HQ milhares de vezes; é o efeito de quando você se apega demais ao trabalho original. Algumas cenas aqui não são exatamente reproduzidas como na hq, o diretor Sam Liu, que já esteve envolvido em outras animações do selo DCUAOM, mas geralmente é um pouco menos habilidoso que outros da linha, como a talentosa Lauren Montgomery ou o excelente Jay Oliva, toma algumas liberdades e filma de ângulos que distorcem um pouco o trabalho impecável de fotografia feito por Bolland nos painéis da história. Ele segue fielmente os conceitos e os diálogos, mas algumas angulações de fotografia e transições são copiadas da hq, mas outras não, e a razão de isso ser um problema, é que perde-se o nível de detalhamento com que Bolland desenhou tão habilmente sua história. Não que a fotografia não seja boa, é boa sim, dá pra assistir tranquilamente, mas eu esperava mais.

Desta forma, temos mais um caso aqui de "o livro é melhor que o filme". Sim, verdade incontestável. Mas o filme, principalmente para aqueles que nunca leram a hq, é sim, excelente, e uma ótima porta de entrada para a leitura do clássico de Moore e Bolland. A atmosfera da animação também muda entre as transições; na meia hora inicial, você tem a impressão de estar assistindo uma animação com todas aquelas características mais modernas, mas quando The Killing Joke realmente começa lá pelos trinta e poucos minutos, você se pega dentro de algo totalmente diferente. Até mesmo um personagem ou outro ganha um traço de desenho mais clássico, diferente; a atmosfera muda, de algo mais moderno para algo mais retrô, com um clima mais nostálgico e menos acelerado que a trama nova criada por Azzarello, você sente que está assistindo outro filme. A sensação é parecida com viajar no tempo, só que para o passado; no prólogo, você vê modernidade, mas na história de Moore, você sente o cheiro de mofo e de anos 80.

As cenas de flashback do Coringa antes de se tornar o Coringa são lindamente feitas, tentando reproduzir aquela estética em sépia da HQ, que dá a ideia de passado distante, onde a gente fica sabendo do possível passado do palhaço do crime. Nestas também, a estética de desenho é levemente retocada, e sentimos a diferença entre uma linha do tempo e outra. Voltando ao assunto da transição entre momentos, às vezes ela funciona bem, outras vezes, menos. Quando eu disse, por exemplo, que você vê a transição do trecho adicional para o da bridge, para o da história da hq, você sente que a narrativa regrediu no tempo. Nos primeiros minutos é tudo meio high-tech, mas durante os demais, essa ênfase some, e fica meio esquisito. Mas é um mero detalhe.

A cena final do filme, com Batman e Coringa em meio a chuva, preferiu pegar outra rota, aliás genial também, para provocar aquela ambiguidade que começou a um tempo atrás com Grant Morrison, da possibilidade de Batman ter matado o Coringa. Eu achei justo. Eu até aprecio a ambiguidade que a cena dá na HQ através do recurso visual do facho de luz, mas aqui, estamos falando de um filme, então fizeram da seguinte maneira: não há o facho amarelo de luz; eles preferiram apenas mostrar Batman e Coringa rindo juntos, e focaram na poça d'água no chão fechando a narrativa silenciosamente por aí, deixando o expectador a refletir sobre o ótimo tratado sobre loucura e insanidade de Moore que deu origem a este filme. CONTUDO, se você prestar bastante atenção, podemos constatar a ambiguidade pelo seguinte: após um certo tempo, escutamos apenas Batman rindo, o Coringa não é mais ouvido... será que...? Fica aí essa pergunta no ar, caro amiguinho.

Um último adendo que quero mencionar, é com relação às referências. Quando você olha a HQ, você vê Bruce olhando o bat-computador com fotos do Coringa estampadas, mas na animação, os easter-eggs estão a solta! Vemos no computador imagens de referências famosas do personagem; tem a capa de A Death in the Family (Morte em Família), tem o Coringa de Nicholson vendendo seus produtos na TV, temos o Coringa de Ledger na cela da polícia, como no filme de Nolan, temos a referência à história dos Peixes Risonhos, temos o Coringa com a Arlequina de Batman: Arkham, temos a ilustração do Coringa segurando cartas na mão, que se trata da primeira história do Coringa, escrita em 1940, entre muitas outras referências. Temos até o Batman, em um dado momento da animação, ordenando a um criminoso "swear to me", em português, "jure pra mim", que é uma das falas do Batman de Nolan em Batman Begins.

Enfim, de forma geral, fiquei muito, muito satisfeito com todo o trabalho e desejo muito adquirir esta nova animação em DVD quando sair. Podem comemorar, fãs, The Killing Joke agora é uma animação da DC! Animação muito boa, trabalho ímpar, mais uma vez, de vozes de Kevin Conroy e Mark Hamill, com Tara Strong, todos excelentes, aliás, como sempre foram em todas as animações em que atuaram juntos, seja na série animada clássica, seja nos longas animados da DC. Ah sim, e foi especialmente gratificante ver, finalmente musicada, "The Looney Song", a música escrita pelo próprio Alan Moore, e que o Coringa canta para o Gordon na HQ, no trem fantasma. Minha única tristeza é a possibilidade de essas lendas finalmente se aposentarem após uns tempos, e isso vai me deixar muito chateado, para mim, estas são as vozes definitivas destes personagens; mas não quero pensar nisso agora.

Se você já foi assistir o filme nos cinemas, me diga o que achou, e recomende a todos que vão atrás dele. Se não teve a chance de ver, amigão, tente encontrar o filme por aí na Internet ou espere ele sair em DVD. De qualquer forma, não perca mais este belíssimo trabalho de animação da equipe de ouro da DC, e leia também a HQ de Moore, que se trata de uma das histórias mais importantes do Batman já feitas em toda sua mitologia.

Batman: The Killing Joke (2016)
Título em português BR: Batman: A Piada Mortal

Direção: Sam Liu
Produção: Alan Burnett, Benjamin Melniker, Sam Register, Bruce Timm, Michael Uslan
Roteiro: Brian Azzarello (baseado em história one-shot escrita por Alan Moore e Brian Bolland, baseada em personagens criados por Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson)
Trilha sonora: Kristopher Carter, Michael McCuistion, Lolita Ritmanis

Elenco de vozes do original: Kevin Conroy, Mark Hamill, Tara Strong, Brian George, Ray Wise, JP Karliak, Nolan North, John DiMaggio, Robin Atkin Downes, Maury Sterling, Kari Wahlgren, Fred Tatasciore, Bruce Timm, Rick D. Wasserman, Anna Vocino, Andrew Kishino

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Trailer:

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