Quando você vai ao cinema e consegue que seu ator favorito pelo menos te deixe satisfeito com a viagem, já é algo que vale a pena. Al Pacino já está com 75 anos e está bem longe de seus tempos áureos, os anos em que impressionava a todos com filmaços como Dog Day Afternoon, The Godfather, Scarecrow, Scarface, Heat, Serpico, obras seminais do cinema que o qualificam como meu ator favorito de todos. Até mesmo em filmes mais modestos como Carlito's Way, The Devil's Advocate, Glengarry Glen Ross e Insomnia eu o aplaudi. No entanto, o ator já está no modo "I don't give a fuck" já faz duas décadas. Inclusive quando ele refez a parceria de sucesso com De Niro em Righteous Kill, até neste filme que é mais medíocre eu fiz questão de ir ao cinema assistir. Pois é, nessas últimas décadas, o ator parece ter ligado o piloto automático e pelo visto não vai mais desligá-lo. Porém, de vez em quando, ele consegue me causar uma emoção nova. Felizmente, é o caso aqui.
Danny Collins é uma história inspirada em um fato real que ocorreu com o cantor e compositor Steve Tilston. Tilston havia recebido, em 2005, uma carta que continha a assinatura e a grafia de John Lennon, escrita (pasmem!) em 1971, um ano após a dissolução dos Beatles. Ele nunca ficou sabendo da existência do documento. Ocorre que sua contraparte fictícia, Danny Collins, interpretado por Pacino recebe a carta do ex-Beatle da mesma forma. O filme então pega esse fio de história para compor sua trama.
Collins começa a se questionar qual o rumo que sua carreira musical e sua vida teria levado se tivesse recebido a carta na data que deveria receber. Há nesta trama um elemento que remete à nostalgia. O músico viaja para um hotel e se hospeda por lá, decidido que vai parar de fazer shows e se aposentar, porém, ele começa a compor novamente, coisa que não fazia mais há 30 anos, e então decide sair novamente para fazer shows em lugares pequenos.
Mas na hora que finalmente consegue entrar em termos com sua vida e família que havia deixado para trás para perseguir sua fama, ele tem um bloqueio e a nostalgia toma conta novamente do músico, ao ouvir as velhinhas da plateia berrando incessantemente o nome de um velho sucesso seu. Isso acaba fazendo com que Collins deixe novamente de seguir em frente com sua vida e mergulhe em seu passado, o que acaba o afastando novamente da família e das coisas que conquistou, o que remete ao seguinte questionamento: qual é o preço de nos prendermos ao nosso passado e perder as oportunidades de recomeçar, de fazer novas conquistas, de deixar de viver em detrimento de pessoas e coisas que sequer estão mais lá para nós?
Isso é algo que eu sempre tento levar em consideração. O passado deve sim, ser lembrado e celebrado, são conquistas que, sem elas, não estaríamos onde estamos hoje. A vivência é algo de extrema importância e ignorar isso apenas nos traz ao retrocesso de nossas vidas. Por outro lado, devemos deixar a oportunidade de construir novas e excitantes coisas no presente para vivermos em detrimento de nosso passado? Aí está a grande questão que assombrou o personagem de Pacino no decorrer da projeção.
Com uma cinematografia bonita e um ótimo elenco, aliás, quero elogiar a belíssima escolha do ator Eric Michael Roy fazendo a versão mais jovem de Pacino, ficou realmente muito parecido com o ator quando mais jovem, o diretor e roteirista Dan Fogelman nos traz uma história emotiva com a ótima trilha sonora de Ryan Adams, Theodore Shapiro e as belíssimas composições de John Lennon, sem contar a performance musical tocante de Pacino. No final da projeção há inclusive algumas cenas do próprio Tilston falando sobre a experiência de reavaliar sua própria vida; e é isso que devemos fazer a todo instante. Um filme que recomendo a todos e que causa reflexão em relação aos encontros e desencontros de nossas vidas.
Danny Collins (2015)
Título em português BR: Não Olhe Para Trás
Nota: 8 / 10
Direção: Dan Fogelman
Produção: Nimitt Mankad, Jessie Nelson, Declan Baldwin, Denise Di Novi, Monica Levinson, Shivani Rawat
Roteiro: Dan Fogelman
Trilha sonora: Ryan Adams, Theodore Shapiro, John Lennon
Estrelando: Al Pacino, Jennifer Garner, Melissa Benoist, Bobby Cannavale, Christopher Plummer, Annette Bening, Katarina Cas, Giselle Eisenberg, Eric Michael Roy
Trailer:
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