Vamos lá. Metade do The Who e metade do Queen com Adam Lambert. Primeiro: me alarma muito que esse pessoal pagante esteja pagando ingresso para ver metade do que essas bandas foram um dia. Sério, me alarma mesmo.
Eu digo isso como um absoluto e fanático adorador do Queen! É minha banda de Rock favorita, e Freddie Mercury é o melhor vocalista do cosmos para mim, e todo mundo que me conhece sabe que, como dizia o Robert Plant na época do Zeppelin, o Queen para mim está muito, mas muuuito além do segundo colocado em termos de banda.
O The Who também sempre foi uma banda que eu sempre admirei. Não sou um fanático, mas sempre curti.
Mas a questão aqui é essa: esses caras estão juntando os cacos de seu império e ainda se unindo a outros músicos de turnê para fazerem shows por aí. Tanto o The Who, quanto o Queen hoje em dia, só contam com dois dos integrantes originais. E as pessoas pagam para ver metade do que um dia foi um todo inseparável.
Olha, por mais que eu consiga entender e relevar a razão das pessoas se prestarem a pagar por metade do Queen ou metade do The Who, quando outras pessoas, décadas atrás, pagavam o valor do ingresso para ver a banda inteira, eu preciso dizer a todos que eu jamais faria isso. Tá, entendo, a música midiática hoje está imprestável, e só metade de cada uma dessas bandas já chuta a bunda de 90% de quem se apresentou no Merda In Rio. Eu entendo isso!
Mas me entristece. Roger Daltrey e Pete Townshend poderiam muito bem terem começado um projeto novo anos atrás. Brian May e Roger Taylor teriam tido todo suporte do mundo para formarem uma banda nova e lançarem novos e empolgantes trabalhos de Rock. Suas famas com o Queen garantiriam o sucesso imediato e absoluto, e sem as amarras passadas com o fantasma do Freddie Mercury.
Se por um lado eu acho bonito e nobre esses quatro caras prestarem homenagem a seus falecidos amigos, por outro eu acho que essas homenagens já foram muito longe demais. Acho que está na hora deles deixarem de fazerem eternos shows-tributo e focarem suas energias e o resto de suas vidas em projetos diferentes.
John Deacon, o ex-baixista do Queen, aquele que era quietinho, foi o mais sábio dos três membros remanescentes. Resolveu juntar suas tralhas, e voltar ao anonimato, morando em sua fazenda e cuidando de sua família. Talvez se seus dois amigos tivessem decidido fazer coisas novas, diferentes do Queen, ele até teria ido junto, mas não foi esse o caso.
Enfim, meio-The Who e meio-Queen... com Adam Lambert. As alternativas menos frustrantes, em um mundo vazio de novos e marcantes talentos. Estes últimos, quando têm, são renegados ao anonimato, devido à ignorância coletiva que impera na sociedade atual. Que triste pintura vangoghiana que este mundo se tornou!
Pelo menos o Led Zeppelin se resguardou. Ficaram recolhidos durante anos após a morte de Bonzo, e só voltaram com o filho dele em 2007 por causa de uma ocasião especial; foi por uma razão, e não foi algo espalhafatoso, a reunião teve um propósito de ser. Foi só aquele momento. E ainda hoje, são lembrados como lendas, cultuados por milhares, milhões. Talvez o meio-Queen e o meio-Who deveriam aprender algo com os três quartos e meio (pela herança de sangue) do Led Zeppelin sobre aparecer na hora certa e por um propósito.
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