Thursday, December 3, 2015

SÉRIE: Gotham: Season 1 (Gotham: 1ª temporada) - especial Batman na Tela: edição 35

Quando anunciaram o início da produção desta série pelo canal da Fox, eu honestamente tive calafrios. Morria de medo de ela se tornar outra Smallville, ou como dizem por aí, SMalhaçãoville e seguir pelo mesmo caminho que levou uma das iniciativas mais legais dos últimos tempos a fracassar em mostrar as origens do Homem de Aço. Ainda quando a trilogia de Nolan estava no auge e a todo vapor com o segundo filme da série, havia-se conversas na WB de se fazer algumas séries relacionadas ao universo do Batman. Uma delas se chamava The Graysons, e... bem, digamos que eu prefiro esquecer isso! Enfim, a série, graças a Deus, jamais saiu do papel, graças também à intervenção dos Nolan que não permitiram tal impropério. Com o término da trilogia de Nolan nos cinemas, a WB se viu livre para liberar a permissão a outros diretores e produtores para explorarem de novo o universo do morcego. Em filme, parece que vai virar alguma coisa. Já na TV...


Gotham então surgiu com uma proposta semelhante a de Smallville: mostrar o universo de Batman antes de existir um Batman, seguindo portanto a linha de histórias de super-heróis sem fantasias e sem poderes, mais calcadas no mundo real e voltadas somente ao desenvolvimento de personagens mesmo, sem ação ou lutas. Temos então a partir daí, uma série basicamente do gênero drama policial, como várias outras séries que a gente já viu por aí, como Law & Order, CSI, etc. Só que ela tem altos e baixos. Eu já vou chegar lá. Já tivemos isso nos quadrinhos, inclusive,  havia uma ótima série em HQ chamada Gotham Central (Gotham City Contra o Crime), que durou de 2002 a 2006, e jogava o Batman a escanteio para focar mais na vida dos policiais da cidade de Gotham. Aqui na série de TV, partimos de um princípio semelhante.

A série criada por Bruno Heller, na verdade, se beneficiou a partir de dois êxitos televisivos que a DC teve, a série Arrow (2012), sobre o Arqueiro Verde e a nova série do Flash (2014), com a diferença de que essas duas focam mesmo no herói e nos heroísmos clássicos, sem ficar focando demais nas origens, coisa que eu pessoalmente prefiro mais, não sou muito chegado nessas séries de origem de heróis sem o herói ou o universo que eu conheço.

E aqui chegamos na diferença primordial de Smallville para Gotham, diferença essa que eu acredito que poderia fazer a série, pelo menos em teoria, funcionar bem melhor do que Smallville: a série não é focada no Batman ou no Bruce Wayne. O personagem principal da série é o policial novato James Gordon, o futuro comissário de polícia da cidade. Na história, temos o assassinato dos Wayne que vocês já estão carecas de saber, e o mote da série, pelo menos nesta primeira temporada, é que James Gordon (Ben McKenzie) irá investigar quem matou os pais do garoto Bruce Wayne (David Mazouz), de 10 anos. Para agir dentro do departamento de polícia de Gotham, Gordon terá que se aliar a seu novo parceiro, o detetive Harvey Bullock. Aquele de quem falamos na edição sobre Batman TAS, vocês devem lembrar, não?

Quem não se lembra, O personagem criado em 1974 por Archie Goodwin e Howard Chaykin aqui ganha uma boa repaginada de volta a suas origens dos quadrinhos como tira corrupto, na pele do ator Donal Logue, o tenente Declan de Law & Order SVU. Aqui se mantém aquele aspecto de detetive durão casca-grossa que ele tinha nas HQs e no desenho dos anos 90, mas ao invés de ele ficar de conversinha fiada com o "Comish", ele já encara mais de frente seu parceiro de investigações criminais; também se mostra um policial bem mais corrompido pela corrupção e o submundo que assola a Gotham deste novo universo do que no desenho, onde ele até tentava tirar o dele da reta, mas abaixava a crista quando via que a coisa apertava para o seu lado. Vamos ver até o final da série, se essa volta as origens foi positiva ou não.

Em outras palavras, ele ainda é o total oposto de Gordon, que aqui permanece como o policial honesto que tenta livrar uma cidade de uma doença que ela não quer se livrar. A diferença é que Gordon aqui parece um pouco mais perdido e desnorteado do que qualquer outra versão sua já concebida, o que incomoda um pouco. A policial Reneé Montoya (Victoria Cartagena), que foi criada para a série animada dos anos 90 também mudou. No desenho, Montoya é uma policial iniciante, em um mundo onde o Batman já existe há alguns anos; aqui, ela já faz parte da polícia de Gotham até antes do Gordon começar a atuar. Sua personalidade inquisitiva no entanto parece estar no lugar, ainda não estou muito certo sobre suas origens latinas, vamos ver onde a série vai caminhar com ela. Nas HQs de Gotham Central, ela teve uma série de mudanças que eu particularmente não gostei, e no universo dos Novos 52 ela ainda não apareceu. Ah sim, o lesbianismo dela das HQs aqui é sugerido pela esposa de Gordon no quarto episódio.

O mundo de Gotham como o conhecemos também mudou um pouco, o que nos leva ao primeiro problema da série. Puta que pariu, parece que todo mundo nesse universo se comporta como imbecil! No quarto episódio vem dois seguranças, e um negão parecido com o Blade se aproxima deles e diz "olha só isso, olha só isso!"; os bobalhões, sem sequer saber pra que serve o negócio de metal que o cara dá, vão lá e aproximam ele no próprio olho e puf, acabam mortos. Ah, vai ser burro assim na casa do... esquece... sério, do jeito que o povo dessa versão de Gotham é estúpido, é capaz de você apontar uma arma e dizer "olha aqui no cano dela, põe o olho aqui dentro pra você ver uma coisa legal" e o babaca vai lá e obedece!

Outro problema muito sério são pistas que a polícia investiga e a resposta está bem debaixo dos narizes deles e ninguém se toca, NINGUÉM! Eu posso entender um babaca como o Bullock não se dar conta das coisas, mas Gordon? Montoya? Ah, faça-me o favor! A série faz a menina Selina Kyle testemunhar o assassinato dos Wayne e chega no final da temporada sem conseguir achar o tal assassino? Pra piorar a reputação da polícia, temos Edward Nygma... sim, ele, o futuro Charada, trabalhando dentro do departamento! Como isso? Alguém me explica a lógica desse universo? Tudo bem que é uma reimaginação, mas isso não é desculpa para ser estúpido! Você tem um dos maiores gênios dentro do seu departamento e não usa ele para quase nada! Como se isso não fosse o bastante, temos Oswald Cobblepot (Robin Lord Taylor), o futuro Pinguim, servindo de informante secreto para Gordon! Porém, essa versão do Pinguim até que não ficou ruim. É totalmente diferente do que conhecemos, mas está sendo bem desenvolvido.

Esta versão totalmente inusitada de Oswald Cobblepot, magricelo, com cabelinho de emo e meio abobalhado na verdade é bem escorregadio e esperto quando lhe convém. A Selina Kyle da série também mudou um tanto. Nem sexy e nem muito voltada ao mundo do crime, ela aqui é mais uma das várias crianças de rua de Gotham, mas que sabe se cuidar e conseguir o que quer. Eventualmente se envolve com a máfia, como não poderia deixar de ser, mas continua patinando entre a lei e o outro, lado. E o que dizer de Alfred Pennyworth (Sean Pertwee), mordomo dos Wayne? Ele não só está bem mais jovem aqui como também mais enérgico e agressivo com o patrãozinho de 10 anos, parecendo que está treinando o menino para ser um soldado do exército. Um pouco diferente do papel estritamente paterno que o Alfred clássico representa para Bruce. Creio eu que os caras resolveram trazer um pouco do Alfred de Terra Um, que é um ex-soldado.

O menino Bruce Wayne de 10 anos também recebeu uma "leve" repaginada. Quem conhece a lenda de Batman sabe que aos 10 anos Bruce ainda era um menino indefeso e inseguro, assustado com o que lhe aconteceu. Aqui o garoto já começa a agir como Batman cedo, querendo detalhes de investigações, assistindo os noticiários, isso sem falar nas várias conversas que já teve com o policial novato, James Gordon.

Por onde vou começar? Bom, já é demais um menino de 10 anos, que acabou de ver os pais morrerem, começar a querer resolver casos para a polícia, ainda mais sendo um menino de família rica que nunca teve problemas. O Bruce aqui nem sequer viajou o mundo, ou treinou, nem nada e já sai brincando de detetive, falando de ações das empresas Wayne...! Puta merda! O garoto parece um adulto falando! Que que houve aqui? As crianças deste universo são os adultos e os adultos são um bando de idiotas? Deve ser, porque se partirmos da ideia que esse será o futuro Batman, como é que, com todas aquelas conversas que Gordon teve na mansão Wayne ele não vai conhecer futuramente a identidade do morcego? Ou vai? Melhor ficar quieto para não acontecer alguma merda.

Há uma personagem nova na série, interpretada pela esposa de Will Smith, Jada Pinkett, chamada Fish Mooney (pfff... hahahaha!) Desculpem! Apesar do nome imbecil, a personagem é talvez uma das mais interessantes do seriado. Ela é ao mesmo tempo uma informante e uma mafiosa que, sabendo que a polícia é corrupta, troca informações por favores, mais ou menos no estilo de Carmine Falcone. O problema? Ela parece que tá sendo esquecida na série! Enfim, é muito personagem e pouco desenvolvimento, e aqui chegamos em outro dos grandes problemas dela.

O desenvolvimento é muito acelerado e inexpressivo, parece que desenvolvem os roteiros à toque de caixa, não dá tempo de desenvolver direito as personalidades de cada personagem. Pelo menos pra mim parece tudo igual, não vejo muito trabalho neste sentido. Eu só terminei a primeira temporada e já estou com essa visão defeituosa da série, imagina na próxima temporada! Tomara que melhore.

O fato de eles ficarem tratando de relacionamentos como o de Montoya e Barbara Gordon (esposa de James) como novelinha não ajuda muito essa melhora, aliás, é um pé no saco! Ou também o fato de Bruce ficar de briguinha com os seus amiguinhos na escola também não é muito bom. Isso sem contar inúmeros vilões que aparecem aqui antes da hora, mesmo problema que Smallville enfrentava na época, como Copperhead ou Harvey Dent (Nicholas D'Agosto) por exemplo, só para falar de alguns. E não me admira que já estavam com boatos do menino se tornar o Batman na segunda temporada, sendo que no final da temporada ele descobre já o livro que leva à caverna... quê?? Puta que pariu... pra piorar, Maroni, um dos maiores mafiosos de Gotham, responsável por desfigurar Harvey Dent nas HQs já morre aqui nessa origem! Eu não vou falar mais nada que já está me dando nó na cabeça!

O seriado até tem casos interessantes de homicídios e assassinatos. Um episódio que achei bom, foi o terceiro, em que tem aí um certo indivíduo que manda as pessoas voarem com balões. Meio sem-noção, mas foi interessante! Outro episódio até bom, foi o do veneno Viper, fazendo a série aí uma referência ao vilão Bane. O primeiro episódio também não foi ruim, e o episódio com o suposto "Coringa" (Cameron Monaghan) da série foi bem sinistro. De resto, nada a acrescentar; eu não estou tão ansioso assim pela segunda temporada não, aliás, estou sentindo como se estivesse perdendo meu tempo com esse seriado quando poderia estar assistindo Arrow ou Flash; mas vou esperar pela segunda temporada para dar mais uma chance e torcer para que os erros da série sejam corrigidos e para que essa ideia decole. Claro que quero que o seriado dê certo, essa foi só a primeira temporada, então vamos aguardar os acontecimentos.



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Gotham: Season 1 (2014-2015)
Título em português BR: Gotham: 1ª temporada
Nota: 7 / 10

Direção: Danny Cannon, T.J. Scott, e outros
Produção: Bruno Heller, Danny Cannon, Scott White, John Stephens, Ben Edlund e outros
Criação e roteiros: Bruno Heller, John Stephens, Sue Chung, Ken Woodruff, Ben Edlund (baseado em personagens criados por Bill Finger, Bob Kane, Jerry Robinson e diversos trabalhos idealizados ao longo dos anos)
Trilha sonora: Graeme Revell, David E. Russo

Estrelando: Ben McKenzie, Donal Logue, David Mazouz, Zabryna Guevara, Sean Pertwee, Robin Lord Taylor, Erin Richards, Camren Bicondova, Cory Michael Smith, Victoria Cartagena, Andrew Stewart-Jones, John Doman, Jada Pinkett Smith, Drew Powell, Morena Baccarin, David Zayas, J.W. Cortes, Carol Kane, Anthony Carrigan, Nicholas D'Agosto, Dash Mihok, Peter Scolari, Charlie Tahan, James Colby, Cameron Monaghan, Grayson McCouch, Brette Taylor, Mekia Cox

Trailer:


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