Incrível a gente ir para um filme tendo a impressão de que já viu isso antes, mas não consegue se lembrar. Goosebumps era um nome que, por alguma razão, não me era estranho. Bastou um pouco de pesquisa e eu descobri não somente que se trata de uma série de livros, mas também de um seriado que durou quatro temporadas, de 1995 a 1998; portanto, este filme estrelando Jack Black é mais uma tentativa de adaptar a série de livros do autor R. L. Stine, que ele começou a escrever lá em 1992. De acordo com o que a minha pesquisa me mostrou, o filme não tem absolutamente nada a ver com as histórias de terror infanto-juvenis do autor, portanto deve ser analisado de forma totalmente independente. E é o que eu vou fazer aqui, uma vez que eu não me recordo de tê-los lido.
Na trama do filme, conhecemos o garoto Zach, que se mudou de cidade com sua mãe após a morte de seu pai. O ator é Dylan Minnette, que eu me lembro mais pelo papel de David Shephard, filho de Jack Shephard na sexta temporada da série Lost (2004-2010). E confirmo aqui que o ator continua tão sem expressão quanto em seus dias de Lost, talvez até pior. Pra piorar, ele faz um personagenzinho principal sem-graça, sem expressão, e que só está lá para garantir o interesse amoroso e ser parceiro de Black em cena. O filme, então não engata até a hora que Black realmente entra em ação, interpretando aqui o autor R. L. Stine, escritor da série de livros, que no filme, escreveu toda sua série em uma máquina de escrever mágica, que fez com que quando os livros fossem abertos por Zach e sua turma, soltasse todos os monstros para o nosso mundo. Em resumo, temos o universo de Goosebumps aqui mergindo com um personagem real, o que é extremamente perigoso de se fazer e pode sabotar toda uma produção.
Felizmente, o roteiro segura as pontas. Não é nada de especial, é a típica aventurinha de sessão da tarde genérica, aliás, bem genérica mesmo. Tem um monte de coisas no filme que você sabe que vão acontecer há milhas de distância; tem o interesse amoroso, tem o amigo com cara de abobado que quer ganhar a sorte com mulheres e tem o criador de todo aquele universo dentro do filme. Mas a diversão até que é boa, os monstros são bem feitos, os anões de jardim são divertidos, o vilão Slappy (também Black) é divertido, sacana e caricato, aliás de aparência, o boneco parece o Pee-wee Herman, pode pesquisar no Google para ver a semelhança! A metalinguagem aqui do filme com a obra original, apesar de atropelada, até que diverte.
É bem divertido, apesar de ser batido pra caramba, ver os personagens fugirem dos monstros e tentar prendê-los de novo nos livros. Eles acabam chegando à conclusão de que a única forma de prendê-los de novo, e permanentemente dessa vez, é escrever um livro com todos os monstros juntos em que o final seja com que todos voltem a serem aprisionados dentro dos livros, óbvio. Tem também uma reviravolta interessante no filme, em relação ao interesse romântico de Zach, que é a personagem Hannah (Odeya Rush), mas o final do filme foi muito covarde em desfazer essa reviravolta; o Stine de Black no filme diz que o protagonista de toda boa história deve passar por um crescimento pessoal que o faça amadurecer no fim da história, mas o que acontece aqui é exatamente o contrário. Não há coisa alguma para que o protagonista Zach tenha que lidar, a saída fácil do final acabou estragando este bom desenvolvimento.
No entanto, a diversão está garantida, tanto para crianças quanto para adultos, a ambientação é boa e lembra muito as produções blockbusters dos anos 80 e a trilha de Danny Elfman é boa. Filme OK, nada mirabolante, mas que num dia em que se quer ver algo bastante descompromissado e desligar o cérebro, pode até funcionar. Quanto ao autor dos livros, se ele acabou até cedendo os direitos de seu nome para Black ter um personagem no filme e ainda fez uma participação especial como o professor de drama da escola, creio que acabou achando a ideia boa, então quem sou eu pra julgar, certo? No mais, não me arrependo de ter ido ao cinema para vê-lo, mas não sei ainda se veria novamente. A última cena, antes dos créditos, no entanto, é bem divertida, mas não dá aquela vontade louca de voltar para ver outro. Esse filme é algo como se os Goonies fossem apenas três personagens sem muita personalidade acompanhados por um Doc Brown mais light. Vão assistir no dia do desconto, desliguem seus cérebros e se divirtam.
Goosebumps (2015)
Título em português BR: Goosebumps: Monstros e Arrepios
Nota: 7 / 10
Direção: Rob Letterman
Produção: Deborah Forte, Neal H. Moritz, Greg Baxter
Roteiro: Darren Lemke, Scott Alexander, Larry Karaszewski (inspirado em série de livros criada por R.L. Stine)
Trilha sonora: Danny Elfman
Estrelando: Jack Black, Dylan Minnette, Odeya Rush, Ryan Lee, Amy Ryan, Jillian Bell, Ken Marino, Halston Sage, Amanda Lund
Trailer:
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