Ao chegar em casa após voltar do cinema, fiquei pensando e fazendo uma lista de todas aquelas pessoas que são dadas como homossexuais e que eu admiro, desde o melhor vocalista e intérprete do planeta na minha opinião, o cara em que me espelho quando quero cantar, Freddie Mercury, até outros artistas como Elton John, Rob Halford, Ney Matogrosso e até mesmo caras como Sir Ian McKellen (o Gandalf) e Pedro Almodóvar. Sim, tenho uma lista considerável de gays que são meus ídolos; não por serem gays, mas sim por serem excelentes naquilo que fazem, por terem um nível superior de excelência em suas conquistas que pouquíssimas pessoas no mundo conquistaram, caras que servem de exemplo naquilo que são realmente bons.
Alan Turing acaba de entrar na minha lista. Quando você entra na faculdade de Informática, há sempre aquele tabú em relação a homossexualidade. Aprendemos que os primeiros computadores foram operados por mulheres, mas pouco se fala do cara que foi o grande responsável por eles existirem nos dias de hoje. E sim, falo isso após fazer a minha pesquisa, é só dar uma googlada em "Alan Turing" no Google que aparece ele lá. Enfim, antes do filme começar estava eu no meu smartphone zapeando entre páginas falando de Turing. E minha admiração pelo cara só crescia. Uma pessoa como ele que aguentou em segredo o que teve que aguentar em um período de extrema intolerância à sua condição e, com isso, elaborou uma máquina capaz de decifrar códigos que a própria inteligência(?) britânica da época dizia ser indecifráveis, criando com isso as condições necessárias para que outros gênios, anos mais tarde, pudessem comercializar os primeiros computadores e, possibilitando que eu, um dia pudesse trazer este relato a vocês através de minha "máquina de Turing", merece ser aplaudido de pé.
Este não é somente um filme que trata de um sujeito que trabalhou para o governo britânico e criou uma máquina capaz de fazer o mundo ocidental ganhar a Segunda Guerra Mundial. Trata-se também sobre a intolerância. Intolerância esta que é marcada na montagem dinâmica do filme, paralelizando o Partido Nazista e suas matanças com a intolerância dos costumes ingleses da época que levaram o gênio protagonista ao seu suicídio em 1954. E se me perguntarem, não creio que devamos pensar que esta mesma intolerância está muito longe de nós, uma vez que o governo de um país inteiro seja capaz de gerar sentimentos antagônicos entre pobres, ricos, negros, brancos, esquerdistas, direitistas, etc. A pergunta que para mim fica, é o que estamos realmente fazendo de concreto para conviver e respeitar o diferente e direcionar a nossa intolerância ao que realmente deve ser intolerável?
A jornada de Alan Turing em suas descobertas é incrível na mesma proporção que seu trágico fim em 1954. Esses fatos reais são dramatizados na telona do cinema pelos não menos incríveis atores que participam da produção dirigida pelo norueguês Morten Tyldum. Benedict Cumberbatch (até que enfim, aprendi a escrever esse maldito nome!) até algumas semanas atrás era para mim apenas a voz do dragão Smaug da trilogia The Hobbit e a nova versão do vilão Khan em Star Trek Into Darkness. Fora isso e saber que ele atuou com Gary Oldman em Tinker Tailor Soldier Spy, eu sabia muito pouco sobre ele. Minha admiração começou a crescer quando comecei a assistir a série Sherlock da BBC e sua impressionante modernização do detetive vitoriano. Agora, após The Imitation Game, Cumberbatch acaba de entrar para minha seleta lista de atores modernos que considero excepcionais, e com certeza estarei acompanhando muito mais de perto sua trajetória.
Depois tem Keira Knightley, e eu fui lembrando dela na trilogia Piratas do Caribe, pensando "puts, era uma atrizinha bem sem sal, só tinha beleza", opinião que viria a dar sinais de mudança após tê-la visto em 2013 na nova versão de Anna Karenina nos cinemas. E realmente a menina mudou, melhorou muito, está mais experiente e, se continuar assim, tem tudo para se tornar uma atriz excepcional. Além deles, outros grandes nomes como Matthew Goode, Mark Strong e o restante do elenco também estavam ótimos.
A grande trilha sonora de Alexandre Desplat completava o espetáculo, fazendo a experiência ser muito positiva. Estou de olho neste filme para algumas categorias no Oscar deste ano. Em outras palavras, assistam sem medo!
The Imitation Game (2014)
Título em português BR: O Jogo da Imitação
Nota: 9 / 10
Direção: Morten Tyldum.
Produção: Nora Grossman, Graham Moore, Ido Ostrowsky, Teddy Schwarzman.
Roteiro: Graham Moore (baseado no livro "Alan Turing: The Enigma", escrito por Andrew Hodges).
Trilha sonora: Alexandre Desplat
Estrelando: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Rory Kinnear, Charles Dance, Mark Strong.
Trailer:
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