Thursday, December 20, 2018

LIVRO: The Old Man and the Sea - Ernest Hemingway

10 / 10
Após muito tempo sem falar de livros, resolvi revisitar um clássico que li ainda na faculdade e voltei a ler recentemente para recomendar aqui no site, o curto, porém belo conto do velho e do mar, de Ernest Hemingway.

Confira minha opinião!

Título brasileiro: O Velho e o Mar


Olhando para trás este ano, vi que eu ainda não havia postado livro algum. Então, me recordo deste aqui, que li com mais atenção na época da minha faculdade e que peguei de novo para reler neste segundo semestre. Tenho andado meio ocupado com tipos diferentes de leituras durante o ano, e também resolvi dar um tempo nos quadrinhos, daí o porquê estas seções acabaram ficando meio apagadas no site.

Como ainda não postei qualquer coisa referente a livros, antes do ano acabar, falarei deste aqui que eu sempre gostei muito desde que conheci Hemingway lá atrás, por causa da série Lost, onde os personagens Ben, Jack e Locke falavam sobre ele e Dostoyevsky, não me lembro do episódio agora, mas eu voltei a ler recentemente. Trata-se de uma das histórias mais conhecidas do autor, The Old Man and the Sea. É uma ótima história para você, amigo, que se sente desacreditado ou impelido a não explorar todo seu potencial. Eu me identifico neste nível com o personagem principal desta história, Santiago, o velho em meio à solidão da imensidão do mar, principalmente se eu pensar em mim mesmo anos atrás.

É uma história curta, porém singela. Uma das coisas que eu mais gosto no estilo de Ernest Hemingway é a pouca atenção aos detalhes do ambiente para focar mais na ação. Isso não somente dá mais margem para nossa imaginação voar, mas também torna a leitura mais dinâmica. Hemingway consegue a proeza de tornar uma pescaria algo interessante de se ler.

A história é a seguinte, tem um pescador cubano que vive em um vilarejo, mas que já está há muito tempo sem pescar um peixe sequer, 84 dias para ser mais exato, e para usar o vocabulário regional de lá, ele assumiu entre os seus amigos de profissão a posição de "salao", palavra para denominar a pior forma de azar possível. Cada pescador pode ter um aprendiz ou aprendizes, que ficam por lá e até navegam juntos, aprendendo os truques para que um dia assumam a mesma função.

Só que os pais de Manolim, aprendiz de Santiago, proibiram o garoto de ficar com o velho pescador, com medo de que ele também ficasse azarado, e passasse a se relacionar com pescadores de sucesso. O menino, que sempre ia pescar no barco do velho, deixa então de ir na pescaria mais importante e mais difícil da vida de Santiago, quando o velho pega sua embarcação e parte para o meio do Golfo, no estreito da Florida. Lá, o velho pescador conhece um verdadeiro desafio, quando se encontra com um gigantesco marlim. Marlim (também denominado "espadarte"), para quem não sabe (eu também não sabia, hehe!), é parecido com um peixe-espada. Ora, pela descrição breve que Hemingway dá, eu cheguei à conclusão de que se tratava de um peixe-espada, mas não, os especialistas garantem que são dois tipos distintos de peixe.

Enfim, Santiago fica tentando puxar aquele marlim para sua embarcação, mas devido à grande força do peixe, acaba cedendo por um tempo. Então, algo começa a acontecer com Santiago: ele começa a ter profunda admiração pelo peixe, chegando até a chamá-lo de irmão! Mas não desiste de capturá-lo, quando no terceiro dia de pescaria, o marlim sorrateiramente circunda o barco, mas é pego com um arpão. Em mais um esforço, machucado, esgotado e com as mãos feridas, Santiago ainda faz mais um esforço para se livrar de tubarões que começaram a chegar pelas redondezas.

A narrativa de Hemingway, cheia de momentos interessantes e com um apreço de poética em sua prosa, ao meu ver usa-se habilmente do contexto da pescaria solitária para ilustrar a batalha do homem contra seus próprios demônios, na tentativa de voltar vitorioso para a sociedade. Há momentos de fraqueza, quando você sente que o pescador bambeia nas pernas, e me parece admirável o auto-encorajamento do velho, quando por exemplo, ele diz "you better be fearless and confident yourself, old man" (é melhor você ser destemido e confidente, velhote), e com isso, ele vai até o fim com sua provação. A fidelidade de Manolim fez com que eu me espelhasse na figura do menino, torcendo para que Santiago ficasse bem e para que retornasse, e eles pudessem pescar novamente algum dia.

Chega-se em um momento em que o respeito que Santiago adquire pelo seu adversário marinho é tamanho, que a gente até sente a dor do velho em matar o peixe com um arpão e separar-lhe a cabeça. O teste de força e habilidade leva o personagem a refletir seus valores no alto de sua longa idade.

Desta história, fez-se uma pequena reflexão interior do porque a solidão por vezes se faz tão importante a alguém, de forma que através dela, a gente possa se reerguer, caso esteja passando algum tipo de problema, ou se sentisse desacreditado de alguma forma, pois deste feito, uma fagulha poderia se reacender em meio à imensidão de nosso oceano pessoal, organizando as ideias em um embate pessoal de cada um para si. No caso do personagem, a sua solidão auto-imposta fez com que ele testasse suas habilidades ao máximo, não por algum desejo de ajudar alguém, ou talvez não por ser essa a razão principal, mas o fez para ver até onde ele poderia ir, para se testar de fato.

Isto fica claro no seguinte trecho do livro: "You did not kill the fish only to keep alive and to sell for food, he thought. You killed him for pride and because you are a fisherman" (você não matou o peixe somente para sobreviver ou para vender comida, ele pensou. Você o matou por orgulho e porque você é um pescador). Por essa razão que eu chamo esta história de um conto de superação.

Eu comecei a ler Hemingway muito por causa de minhas leituras de Charles Bukowski, ele tem um pouco do Hemingway em seu modo de escrever também, muito embora seja mais pessimista do que Hemingway. De modo que eu gostaria de recomendar a todos esta leitura reflexiva para o fim de ano agora, para que paremos e reflitamos em quantos "salaos" nós já estivemos, em quantas vezes nos propusemos a nos isolar em nossos oceanos, na imensidão do nada, longe da agitação, das distrações, e nos testar para a vida. Façam vocês mesmos esta reflexão. Eu me identifico bastante com a figura de Santiago em relação a isso. Muitas vezes, preciso de isolamento para pensar melhor. Não é ser antissocial, é simplesmente ser alguém que precisa fugir da confusão às vezes, para pensar com mais calma, mesmo que, lá dentro de nossos pensamentos, a gente acabe se machucando. Mas isso é um outro oceano. No momento, eu lhes deixo com a imensidão de Hemingway, seus barracudas e marlins, e a garantia da auto-reflexão. Leitura rápida, necessária, atemporal e recomendada.

The Old Man and the Sea (1952)

Escrito por: Ernest Hemingway

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