Thursday, June 25, 2015

SÉRIE: The New Batman Adventures (As Novas Aventuras do Batman) - especial Batman na Tela: edição 12

No auge da infame gestão Joel Schumacher nos cinemas, a cultuada série animada do Batman dos anos 90 termina em 1995. O medo da estagnação assola os fãs do morcego, uma vez que, se no período de Tim Burton o Batman já dava seus tropeços, no período de Schumacher as coisas foram de muito piores a catastróficas. Felizmente, isso não afetou o time do DCAU da WB/DC, que continuou forte e entregando a todos os fãs boas histórias do universo do morcego nesta série que é a continuação direta de Batman TAS. Bom, desde a última vez, algumas coisas aqui tiveram mudanças bem significativas; mas vamos chegar a essa questão dentro em pouco. Conhecida também como a última parte de Batman TAS, ela mantém muitas características e personagens da animação anterior sim, mas em essência, é uma nova série dividida em duas temporadas curtas. Como é um retorno do universo animado de Batman, os criadores resolveram apontar para novos caminhos. Alguns caminhos sucederam, e outros nem tanto.


Batizada de The New Batman Adventures, ou TNBA como é popularmente conhecida, a série é um conjunto de acertos e erros. Não é tão boa quanto a 'perfeita em praticamente todos os sentidos' TAS, tem coisas nela que pareceram que os criadores estavam tentando consertar algo que não estava quebrado, e isso se vê muito no aspecto visual da série.

Vamos então dar uma olhada nos novos designs.

Batman, Alfred, Robin, Nightwing, Batgirl, Gordon, Bullock e Montoya redesenhados para a nova série.

Como se pode ver, o traço do desenho art-deco da série anterior ficou bem mais simplificado e com menos detalhamento aqui. Isso até permitiu uma maior agilidade de fazerem novos episódios da série em menos tempo, mas certamente prejudicou muito toda aquela beleza estética que TAS tinha. Isto é um ponto negativo da nova série. Aquela atmosfera noir de outrora também vai sumindo aos poucos aqui, dando ao novo seriado uma abordagem mais moderna; capangas perdem os chapéus e saem para as ruas com modelos de roupas mais modernas do que os ternos de máfia do seriado anterior, e isso vale para os outros personagens também, conforme vemos o próprio Bruce Wayne vestir ternos mais modernos ou então roupas mais esportivas. Outro ponto que eu achei bem negativo foi o novo traço de alguns vilões clássicos.

Redesenhado x clássico: Coringa, Mulher-Gato, Croc, Hera-Venenosa, Charada e Espantalho

Vamos começar então pela maior das reclamações dos fãs da série, a mudança visual do Coringa. E não tem jeito de você discordar de quem reclama. O palhaço do crime realmente ficou esquisitíssimo com aqueles olhos pretos de pupilas brancas e a boca sem seu característico sorriso vermelho. Até parece uma cirurgia plástica mal-sucedida. A mudança também não me agrada, eu fico olhando para o Coringa o tempo todo com saudades de sua aparência clássica. Depois tem a Mulher-Gato e a Hera Venenosa. Puta que pariu! Por que a pele delas ficou acinzentada daquele jeito? E por que elas aparentam estar mais jovens do que suas contrapartes de TAS? Mas o pior não é isso, a Selina Kyle fez um completo banho de loja. Se em TAS ela tinha cabelos compridos, loiros e vistosos (até mesmo para combinar com o visual de Michelle Pfeiffer no segundo filme de Burton), aqui ela tem cabelo negro, curto e parece mais baixa e esguia. O mesmo se fala da Hera em relação a pele e estatura, mas no caso da Mulher-Gato é bizarro, porque sem seu traje, sua pele tem coloração normal, mas com o traje ela fica com a mesma cor acinzentada da Hera. Bizarro é pouco! O Charada é outro cuja mudança visual empobreceu o personagem, sua aparência clássica era muito mais classuda e sofisticada. O único aqui que recebeu uma mudança positiva foi para mim o Espantalho, que ficou com um visual mais macabro, bem apropriado ao mestre do medo.

Outros vilões também receberam mudanças visuais, mas nada que comprometa, com exceção da Arlequina, que teve sorte de manter sua aparência clássica.


Aqui eu fiquei feliz inclusive que o Pinguim deixou de ter aquele aspecto bizarro lembrando um pouco o Pinguim do Danny DeVito e voltou a ter sua aparência mais dos quadrinhos. Mas tem uma coisa que realmente me incomodou aqui que é a perda do corpo do Victor Fries, isso ficou muito, mas muito bizarro. Me lembrou o Pretorius, do desenho do Máskara.


Nesta nova série, temos algumas adições. Dick Grayson agora é o vigilante Nightwing (Asa Noturna), enquanto que a posição de Robin ficou agora com o jovem Tim Drake. Também foi tirada da série a repórter Summer Gleason de TAS e colocado o repórter Jack Ryder, que futuramente vira o vilão Creeper, que seria uma cópia mal feita do Coringa. Também temos a adição do vilão Firefly, do demônio Etrigan e alguns crossovers com a série nova do Superman. Também nota-se a total ausência de episódios duplos e mais elaborados na série.


Mas talvez a principal diferença desta série em relação a TAS, é que esta aqui é mais centrada na família Batman do que no próprio Batman, que já foi devidamente desenvolvido na série anterior. Talvez esta seja a principal razão pela qual eu goste muito mais da série anterior, apesar de também ter um carinho especial por esta aqui, mesmo com todos os seus problemas.

E assim como eu já fiz com a série anterior do Batman, e só para manter o registro de minhas memórias de quando eu era mais jovem consistentes, eu também vou enumerar aqui alguns episódios que considero os melhores. Como a série anterior tinha 85 episódios, e quase todos, episódios muito bons ou fantásticos, correspondentes ao período do auge da forma das mentes criativas que trouxeram à vida este Batman para nós, eu me vi sem outra saída a não ser enumerar pelo menos 20 melhores dos 85 episódios da série que discutimos por razões justas, e ainda tive que fazer uma série de menções honrosas. Como aqui em TNBA a equipe da série já demonstra um certo enfraquecimento criativo, até mesmo devido ao desgaste do tema, isso é normal com qualquer seriado, e a série tem somente 24 episódios, ficou até mais fácil escolher, até porque não vejo porque me alongar tanto como fiz da última vez, e enumerarei somente 5 desses 24 que considero episódios imperdíveis. Vamos lá então, novamente em ordem decrescente, que eu sempre acho mais interessante.

(Os Pecados do Pai)
Sins of the Father - Este episódio vale ser mencionado porque aqui temos a apresentação do novo Robin, Tim Drake. O que é legal de se destacar aqui é a forma que os roteiristas encontraram de fundir um pouco de cada personalidade dos quadrinhos. Sim, porque estamos falando de uma década em que era bem arriscado tratar de certas histórias das HQs; essa foi uma das razões pela qual o Bane de TAS não arrebenta o Batman da série como nos quadrinhos; também é a razão que vai fazer com que o pessoal da série pule o arco com o segundo Robin das HQs, Jason Todd, e passem diretamente para o terceiro, Tim Drake, mas com uma novidade: o Tim Drake de TNBA é um misto do Jason em termos de história e o gênio do Drake das HQs, mudança essa que ficou muito bem resolvida no episódio;

(Velhas Feridas)
Old Wounds - Aqui neste episódio, a narrativa pára e temos um flashback para se descobrir por qual razão Dick Grayson deixou de ser o Robin e saiu da sombra do Batman para assumir seu próprio manto, o do vigilante Nightwing (Asa Noturna). O legal aqui é ver os dois vigilantes da família Batman simplesmente conversando e trocando ideias, sabe, como se fosse eu ou você num bar "então, cara, aquele sujeito Bruce Wayne, ele era uma figura, sabe, mas o que eu não gostava nele era isso, isso e aquilo...", como duas pessoas totalmente normais conversam. A história é bem interessante e o clímax vai sendo construído para a inevitável ruptura da parceria entre o morcego e o menino prodígio em uma bela sequência  de flashback, culminando para uma sequência final fantástica em que Robin e Asa Noturna vão em direção à luz do batsinal no céu, como se eles estivessem inevitavelmente atrelados à história do vigilante de Gotham. Um episódio muito bacana e de um desenvolvimento dramático que só poderia vir da incrível equipe do seriado;

(Louco por Amor)
Mad Love - Este episódio é especial por um motivo muito simples: mostra as origens da Arlequina! Sim, ficamos sabendo em detalhes como foi o primeiro encontro dela com o palhaço do crime. O episódio ainda mostra a vilã capanga do palhaço como a típica "mulher de malandro", apanha, é esnobada, ridicularizada, abusada mas está sempre por perto. O bacana é a abordagem da psique da personagem, indicando que, apesar de ter iniciado sua carreira como uma psiquiatra promissora, ela era tão maluca quanto qualquer um dos malucos do Asilo Arkham.

(A Beira do Abismo)
Over the Edge - Este episódio é especial em vários sentidos. Tenso, sombrio, bombástico. Começa com o Batman e seus aliados sendo perseguidos pelo... Comissário Gordon! Sim, isso mesmo! É um daqueles bem vindos "what the fuck?" aqueles momentos que você olha, esbugalha os olhos e pensa "cara, que porra é essa que está acontecendo??!" A coisa piora, porque no episódio, a Batgirl é ASSASSINADA! Não estou de brincadeira! É algo bizonho, assustador, uma completa quebra de mundo, quebra não, um estraçalhamento total e completo! Vale muito a pena ficar até o final para ver a estonteante conclusão deste episódio sombrio e macabro, desta história que espatifa totalmente o universo do Batman só para ver se ele vai conseguir juntar seus pedaços de novo;

(Histórias do Cavaleiro da Noite)
Legends of the Dark Knight - este é, sem sombra de dúvidas, o melhor episódio desta série na minha opinião, por isso dedicarei mais linhas a ele. Ele é baseado na história "The Batman Nobody Knows" de Batman #250, lançada em 1973. Nas ruas de Gotham, um trio de crianças veem uma notícia do Batman e começam a discutir como ele seria de verdade. Então cada um conta uma história para explicar sua visão sobre o morcego. Os três tipos de crianças representam exatamente a visão do Batman que cada um tem, então temos o menininho parecido com o Dick Grayson dos anos 40 e 50, que teve muitas histórias escritas pelo autor Dick Sprang na Era de Prata das HQs, contando como seu tio dizia que Batman e Robin são boa praça e de como os dois impediram o Coringa de assaltar um museu de música; a história dele conta com as características frases de duplo sentido da época e o tom mais colorido e light das histórias em quadrinhos que foram chupinhadas anos a frente pela série com Adam West. Depois temos a menina que parece muito com Carrie Kelley, a Robin dos anos 80 na minissérie The Dark Knight Returns de Frank Miller, contando como Batman era um sujeito sério e carrancudo, um velho de uns 50 anos e que Robin na verdade é uma mulher; a história dela (minha favorita) na verdade é um trecho da referida história de Miller, a luta na lama de Batman contra um dos líderes da gangue de Mutantes de Gotham, para quem se lembra da história, é aquela cena célebre que Batman diz "você não entendeu, garoto, isto não é uma lixeira... é uma mesa de operação! E eu sou o cirurgião!", enquanto arrebenta a perna do líder mutante torcendo ela no meio do lamaçal, em meio aos gritos desesperados de dor do cara. Por fim, temos o terceiro garoto que é o típico garoto dos anos 90, e ele e os demais vão até uma construção abandonada e veem o vilão Firefly se degladiar com Batman, com o morcego fazendo um pouco de cada coisa que os garotos contaram, desde apagar o fogo de uma traquitana do vilão com spray (alguém pensou em bat-spray repelente?) até usar de seus recursos para incutir medo no vilão e salvar os garotos do fogo que acabou se alastrando na construção. Um episódio fenomenal e que homenageia toda a história do Batman, e por isso é para mim o melhor episódio da série.

Mençoes honrosas: Never Fear, em que a toxina do Espantalho tem desta vez o efeito de tirar o medo de suas vítimas, afeta o Batman, nos dando a chance de ver como que, sem medo, o morcego ultrapassaria a linha que jurou não cruzar; Joker's Millions, um divertido episódio com o Coringa em que o palhaço pensa que ficou rico com uma suposta herança de um mafioso que morreu; Growing Pains, em que vemos um drama muito bom de Robin conhecendo uma garota que na verdade tem relação com um perigoso vilão deformado do morcego e então aí vemos mais do desenvolvimento psicológico e crescimento pessoal de Tim Drake; e finalmente, Judgment Day, episódio final em que o Batman enfrenta um vilão chamado Juiz, que na verdade trata-se de um clássico vilão da galeria de Batman e temos uma trama interessante, mais uma vez envolvendo o fator dualidade.

Enfim, TNBA não é tão boa ou perfeita quanto TAS dentro do DCAU, mas tem muitos atrativos que a tornam uma série que vale a pena ser conferida e é uma continuação justa e adequada a um dos maiores e mais icônicos fenômenos televisivos que já ocorreram, Batman TAS. Porém, esta ainda não será a última vez que a equipe de animação vencedora da WB abordaria o Batman em um seriado. Na edição 15 de nosso especial iremos conhecer uma visão futurística do morcego bastante interessante, portanto, aguardem e fiquem ligados. Até semana que vem!


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The New Batman Adventures (1997-1999)
Título em português BR: As Novas Aventuras do Batman
Nota: 8,5 / 10

Direção: Dan Riba, Curt Geda, Butch Lukic, Atsuko Tanaka, Kenji Hachizaki, Hiroyuki Aoyama, Yûichirô Yano 
Produção: Haven Alexander, Alan Burnett, Paul Dini, Jean MacCurdy, Bruce W. Timm
Criação e roteiros: Bob Goodman, Hilary Bader, Rich Fogel, Paul Dini, Stan Berkowitz, Steve Gerber, Alan Burnett, Bruce W. Timm, Rusti Bjornhoel, Joe R. Lansdale (baseado em HQs escritas por Bill Finger, Bob Kane, Jerry Robinson, Denny O'Neil, Gardner Fox, Len Wein, Neal Adams, Dick Giordano, Carmine Infantino, Alan Grant, Dick Sprang, Marv Wolfman, Mike W. Barr, Doug Moench, Chuck Dixon, Frank Miller e Alan Moore)
Trilha sonora: Shirley Walker, Michael McCuistion, Lolita Ritmanis, Kristopher Carter, Harvey Cohen (baseada em tema musical de Danny Elfman)

Estrelando (elenco da versão original): Kevin Conroy, Tara Strong, Mathew Valencia, Efrem Zimbalist Jr., Loren Lester, Robert Costanzo, Bob Hastings, Arleen Sorkin, Jeff Bennett, Mark Hamill, Paul Williams, Diane Pershing, Mel Winkler, Charles Rocket, Adrienne Barbeau, Richard Moll, Ron Perlman, Mark Rolston, Lloyd Bochner, Roddy McDowall, Liane Schirmer, Gary Owens, Michael Ansara, George Dzundza, Michael Ironside, Laraine Newman, Nicholle Tom, Sela Ward, Billy Zane, Jeffrey Combs, Linda Hamilton, Michael McKean, Brianne Brozey, Tippi Hedren, Earl Boen, John Glover, Anndi McAfee, Thomas F. Wilson, Henry Silva, Paul Dini

Dubladores do Batman brasileiro: Maurício Berger, Ayrton Cardoso, Roberto Macedo / Antônio Patiño / Orlando Drummond, André Belizar / Samir Murad, Carla Pompílio, Alexandre Moreno, Robson Richers, Ângela Bonatti, Leonel Abrantes / José Sant'anna, Waldir Fiori, Darcy Pedrosa, Mauro Ramos, Marlene Costa, Élcio Romar, José Sant' Anna, Miguel Rosenberg, Mário Cardoso, Élida L'Astorina, Hamilton Ricardo, Melise Maia, Alfredo Martins, Alfredo Martins, Márcio Simões

Outras sequências desta telessérie:
Batman Beyond (Batman do Futuro) (1999-2001)
The New Batman Adventures (As Novas Aventuras do Batman) (1997-1999)
Batman: The Animated Series (Batman: A Série Animada) (1992-1995)

Trailer:


1 comment:

  1. Também achei bem estranho o visual do Coringa nessa animação. Acho que tentaram "suavizar" para não ficar tão assustador para as crianças rsrsrs

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