6 / 10
Filme de Superboy as avessas tem um conceito interessante, mas nada a acrescentar ao gênero de terror ou ao gênero de herói, além de um roteiro bem mediano.
Título brasileiro: Brightburn: Filho das Trevas
Confira minha opinião!
Direção: David Yarovesky
Estrelando: Jackson A. Dunn, Elizabeth Banks, David Denman, Matt Jones, Meredith Hagner, Becky Wahlstrom, Emmie Hunter, Gregory Alan Williams, Annie Humphrey, Abraham Clinkscales, Christian Finlayson, Jennifer Holland, Terence Rosemore, Elizabeth Becka, Steve Agee, Stephen Blackehart, Mike Dunston, Michael Rooker
A pergunta que o filme tenta responder é: e se o Superman, ao invés de ter se tornado aquele cara que todo mundo admira, o herói imbatível, justo, que nunca mente, que todo mundo respeita, que defende os valores de honra, coragem, etc, tivesse usado seus poderes para o mal, ao invés do bem? E se ele, se reconhecendo como alienígena, ao invés de nos salvar, quisesse nos destruir, tendo sua auto-imagem como um ser superior a nós? Estas são as coisas que o filme aborda. A ideia é interessante, sem dúvidas, mas nem de longe é executada como uma narrativa diferenciada dos tradicionais filminhos de horror feitos por aí.
Logo nos primeiros fotogramas, a gente conhece o tal de Brandon Breyer, que chega à Terra numa cápsula espacial, igualzinho o bebê Kal-El. Aí, vemos seus pais adotivos Tori e Kyle irem atrás dele. Eles moram em uma fazenda no Kansas, em uma cidadezinha chamada Brightburn, daí, é de se concluir que essa seria a "Smallville" desse Superboy do mal aí. Bem, quando criança, o menino é um doce, como toda criança, mas conforme vai crescendo, vai ficando mais estranho. O filme dá um salto no tempo até chegar nos 12 anos do garoto, e aqui é que ele acaba descobrindo que na verdade é um alienígena. Bom, ele não gostou absolutamente nada de seus pais terem escondido esse segredo, e é a partir daí que ele começa a matar e a destruir, inventando essa máscara aí de espantalho pra cobrir seu rosto.
E ele tem todos os poderes do Superman, visão de calor, superforça, voa, etc, além de algumas habilidades psíquicas.
Após o aniversário dele, que foi um fiasco, ele começa a carnificina, matando pessoas do círculo de relacionamentos dos pais dele, até chegar nos próprios pais. Sim, o menino chega ao cúmulo de agir feito um parricida... ou mais ou menos isso, afinal ele é adotado. Sua mãe tenta ter a mesma conversa que a Martha Kent teve com o pequeno Clark, mas em vão. O menino põe na cabeça que ele deve mesmo é destruir a raça humana.
Seus pais fazem o típico casal do interior americano, apenas não tão inspiradores ou esclarecidos quanto os pais do Superman, mas de resto, eles tentam dar uma vida para o menino e fazê-lo se sentir como um filho. Só que tudo sai errado.
Analisando por um lado meio reflexivo, este é o tipo de filme que ao mesmo tempo pode fazer você apenas querer se divertir com uma diversão descompromissada, ou mesmo ser um filme que, se você levar muito a sério (recomendo não levar), pode até mesmo distorcer a ideia que se tem de poder. Vem na cabeça aquela frase do tio Ben, "com grandes poderes, vem grandes responsabilidades". Só que o protagonista do filme está cagando pra isso. Esse é o perigo.
Indo um pouco mais longe, podemos pensar em uma visão de como as pessoas enxergam personagens como esse hoje em dia. Será que, com toda inversão de valores que temos hoje, se o Superman fosse criado exatamente agora, ele seria um herói? Basta que observemos o contexto que personagens como o Superman ou o Capitão América foram criados, e confrontá-los com o momento que esse personagem do filme foi criado, em um momento em que a depressão atinge tantos jovens, em um momento em que a angústia toma conta de tanta gente, em um momento em que a vida se torna cada vez mais insuportável para tantas pessoas.
Hoje temos vários filmes de quadrinhos, mas percebam que os heróis mais virtuosos estão na eminência de serem cada vez mais substituidos. Eu fico me perguntando, na próxima vez que tiver um filme do Superman... como ele será? Isso se tiver, porque a Hollywood atual está cada vez mais criando condições para que personagens virtuosos como esse tenham cada vez menos espaço. Os jovens de hoje são influenciados a desacreditar cada vez mais de valores elevados. Eu já disse milhares de vezes que bons heróis inspiram as pessoas a serem melhores. Se se pára de acreditar em bons heróis, passa-se a desacreditar nos valores que eles passam. Uma vez que a ideia de que valores elevados não existem, abre-se portas para qualquer coisa. E considerando a verdadeira natureza do ser humano, sobra a vilania.
Brightburn, em última análise, pode ser o resultado disso, dessa descrença cada vez maior na possibilidade de haverem heróis; o espelho de como uma geração vê o mundo: um lugar sombrio, onde ninguém presta, todo mundo é vilão, e onde a simples ideia de existir alguém que queira trazer algo bom para as vidas das pessoas seja deveras absurda. E pelo final, pode haver até continuação, e vai se saber o que pretendem fazer com o personagem. Essa talvez seja uma boa reflexão que podemos tirar de um filme mediano. Talvez fosse o momento de termos outra coisa. Precisamos mais de personagens que inspirem, aquele cara que você olha e diz "puts, um dia quero ser como ele", ao invés de tantos personagens que se portam como espelhos quebrados da nossa própria natureza mundana.
Enfim, apesar de toda essa reflexão, o conceito do filme é bom, mas executado de uma forma meio a toque de caixa, não acrescenta nada nem ao gênero de super-heróis, nem ao gênero de horror. Vi uma vez, e sinceramente não veria de novo. Fiquei até satisfeito agora de não ter ido assistir na tela grande. Mas se você quiser, ou achar que estou exagerando, vá você mesmo conferir para tirar a prova. Eu já tive minha cota.
Trailer:
Brightburn (2019)
Produção: Kenneth Huang, James Gunn, Brian Gunn, Mark Gunn
Roteiro: Mark Gunn, Brian Gunn
Trilha sonora: Tim Williams
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