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Sem tempo para fraquejar, Rambo retorna e termina sua jornada cinematográfica com um belo filme, e também sanguinário, bem à moda antiga, para nos mostrar mais uma vez que a vida não é fácil pra ninguém. Palmas para Stallone!
Título brasileiro: Rambo: Até o Fim
Confira minha opinião!
Direção: Adrian Grunberg
Estrelando: Sylvester Stallone, Paz Vega, Joaquín Cosio, Óscar Jaenada, Sergio Peris-Mencheta, Yvette Monreal, Adriana Barraza, Louis Mandylor, Marco de la O, Jessica Madsen, Nicholas Wittman, Díana Bermudez, Sheila Shah, Atanas Srebrev, Aaron Cohen
Aplausos e mais aplausos para Sylvester Stallone! A trajetória de um dos action heroes mais icônicos parece finalmente chegar a sua conclusão. O soldado John Rambo deixa os holofotes da maneira que entrou neles em 1982: de forma crua, visceral e sem poupar canalhas! Vou fazer meus comentários aqui desta vez de uma maneira diferente, no estilo retrospectiva, já que ando sem tempo para especiais rebuscados.
John Rambo veio para mim, nos anos 90, quando eu costumava assistir filmes de ação com meu pai na TV. Geralmente a gente assistia Rambo III, que era um filme que sempre estava passando na TV, junto com outros filmes como Superman III, 007: The Spy Who Loved Me, Rocky IV, The Blue Lagoon, entre outros. Rambo sempre foi sinônimo de boa e sanguinária ação, e a audiência masculina sempre adorou.
Voltando lá atrás em 1982, todo mundo via aquela figura distante chegar em uma cidadela e ser maltratado, preso e muito desvalorizado; um soldado que acabou de voltar da Guerra do Vietnã, e viu o pior da natureza humana encarnado na guerra. Quando ele volta, a única coisa que ele quer é paz, sossego e voltar a ter uma vida normal, conseguir um emprego, e ter uma vida como qualquer outra pessoa, mas isso não acontece; ao invés disso, perseguem ele e querem a morte do soldado. Rambo então começa uma perseguição implacável contra os canalhas que querem a cabeça dele, e no fim do filme recebe a visita do Comandante Trautman, o cara responsável por ter treinado o supersoldado, e junto com o protagonista, tem uma das cenas mais tocantes e viscerais da história do cinema, denunciando uma realidade na época de que as pessoas maltratavam os seus militares, quando esses apenas queriam o reconhecimento pelos sacrifícios prestados à nação. A história que John Rambo conta para o comandante é de revirar o estômago, em um dos momentos mais emocionantes da história do cinema.
Seguindo, tivemos o segundo filme, em que o comandante oferece a Rambo a possibilidade de ser liberado da prisão, se ele for para o Vietnã resgatar algumas pessoas. Rambo aceita, e no meio da película, temos uma das cenas mais viscerais e icônicas do cinema de ação, quando o Rambo, que foi traído pela força de inteligência com a qual ele estava trabalhando, pega um microfone e fala bem alto e em bom som para o general Murdock: "tô indo atrás de você". E tome mais ação e tiro, além é claro de vermos Rambo em meio a uma experiência de ter perdido alguém com a qual ele se importa, revivendo novamente aquele sentimento da dor da perda de amigos na guerra. O breve discurso final do personagem também é de partir o coração, e uma das melhores coisas do filme. Para muitos, o primeiro e o segundo filmes são os melhores de toda a série.
Só que em 1988, ainda tivemos o terceiro filme, em que o comandante Trautman novamente insiste com o nosso herói para realizar mais uma missão, dessa vez no Afeganistão. Este foi o filme da série que mais passou na televisão, e consequentemente o mais famoso, mas na minha opinião, não exatamente o melhor dessa trilogia inicial, muito embora as sequências de ação icônicas contem com o trecho do filme em que Rambo amarra sua faixa na cabeça, além é claro, da ação que sempre está excelente, adicionando à franquia mais alguns pontos em relação a nostalgia. Este, inclusive, foi o último filme da série em que aconteceram duas coisas: aparição do comandante Trautman, e o Rambo sem camisa, exibindo seu físico.
Todo mundo havia pensado que o Rambo havia acabado ali no terceiro filme, mas eis que 20 anos depois, em 2008, Rambo retorna no quarto filme, e dessa vez ele tem que enfrentar uma crise lá na Tailândia. Um grupo de missionários procura o soldado reformado para lhes dar alguma ajuda, Rambo vive sozinho lá num vilarejo, mas tem as suas atividades em que ele vende pele de cobra para o pessoal do vilarejo. A coisa se complica quando alguns mercenários aparecem para caçar os missionários e Rambo tem que entrar em ação e... bem, este filme segue uma linha SIM, mais genérica, e não tem tantas partes icônicas quanto o primeiro, o segundo ou até mesmo o terceiro, mas tem cenas de ação de tirar o fôlego como sempre, e uma sequência final onde vemos Rambo aparentemente descansando de suas desventuras, e finalmente pendurando a farda e indo em direção a uma fazenda em que ele fica vivendo até o presente momento.
Muito bem, 11 anos se passaram, e mais uma vez pensamos que Rambo realmente tinha acabado e finalmente vivido em paz. Só que o destino mais uma vez prega uma peça no soldado e coloca ele em uma situação complicada.
O novo filme da série, o filme que aparentemente conclui a história do soldado, segue mais ou menos o estilo do quarto filme, e portanto não é realmente o melhor filme da série, mas é muito bom para os padrões de hoje. Eu ainda ouso arriscar dizer que neste filme, Rambo está mais sanguinário e açougueiro do que em qualquer outro filme que eu tenha visto dele. uma das grandes satisfações desse filme aliás é justamente ver o Rambo fazer aquilo que ele realmente faz melhor: matar canalhas com vontade, decepar cabeças, esmigalhar, trucidar, estourar miolos, rasgar carne de bandidos, e por aí vai. Ou seja, tá divertido pra caramba!
Aqui Rambo é um personagem plenamente amadurecido, carregando todas as cicatrizes da sua experiência de vida, todas as amarguras e decepções. O roteiro nos apresenta uma mulher chamada Maria, que vive junto com o Rambo em uma casa na fazenda, e uma sobrinha do Rambo que aparenta ter mais ou menos uns 20 e poucos aninhos, ela também vive junto com os dois. A menina não conhece seu pai verdadeiro porque ele foi um escrotão e a abandonou quando criança, e por isso, ao longo de todos esses 11 anos, Rambo passou a ser um pai para a menina, cuidando dela sempre.
Só que a menina recebeu ligação de uma amiga dela falando que ela encontrou o pai verdadeiro da coitada, lá no México. Então a menina, muito a contragosto de Rambo e de Maria, cruza a fronteira para achar o pai verdadeiro dela, só que acaba se metendo numa merda tão grande, que faz com que Rambo erga seu facão de novo.
Eu não posso falar muito para não dar muito spoiler, mas se você assistir o filme Man on Fire, com Denzel Washington, você vai entender direitinho do que eu estou falando. O novo filme do Rambo segue mais ou menos essa linha, e o soldado, claro, quer ir atrás dos canalhas que ferraram com a sobrinha dele.
Estamos falando aqui de um cara que realmente não tem mais nada a perder na vida, porque ele já perdeu tudo que ele tinha para perder. Estamos falando de um personagem que, muito embora não seja o pai verdadeiro da menina, faz o papel de figura paterna muito melhor do que muita pessoa que eu conheço por aí. Estamos falando de um personagem que, na minha opinião, muitos dos homens do mundo moderno em que vivemos deveriam pegar como exemplo de masculinidade. Estamos falando de um cara que carrega todas as cicatrizes físicas e psicológicas da sua vida, a experiência de uma vida inteira em pé de guerra, sem descansar, sem conseguir desligar a sua cabeça dos horrores que viveu na guerra. Estamos falando de um dos personagens mais importantes da iconografia cinematográfica de todos os tempos, que termina finalmente aqui a sua jornada de forma visceral, sanguinolenta e reflexiva.
Aliás, neste filme aqui, o Rambo faz uma coisa que eu sempre sonhei em vê-lo fazer, mas ele nunca havia feito. Toda vez que terminavam o filme do Rambo eu me pegava pensando "velho, o cara é tão foda, que só falta agora ele fazer isso aí que ele fez no filme na sequência final da luta!!" Sério mesmo, eu sempre sonhei em ver o Rambo fazer isso!
E querem saber?...
SONHO REALIZADO!!!
IIRRUUUU!!!
Como se já não basta toda sanguinolência e violência que temos no filme, Rambo ainda fecha com chave de ouro a sua jornada, fazendo isso que eu esperava que ele fizesse durante toda franquia e nos colocando para refletir sobre nossas próprias vidas! Acho que finalmente o nosso querido soldado vai poder descansar agora, não sei se o Stallone vai vir com um outro filme daqui alguns anos nos apresentando um Rambo mais velho ainda, mas pelo título original, creio eu que não.
De qualquer forma, você, que é macho-alfa como eu, você que adora os action heroes do bom período do cinema de ação, tem que ver este filme! Eu cheguei a comentar nas minhas redes sociais que esse filme aí é para macho mesmo, não é para hominho de seda não! A franquia Rambo, assim como também a franquia do Rocky Balboa, são séries de filmes que ensinam uma verdade absoluta: a vida não é fácil para ninguém. Ela vai te dar muita porrada e você vai ter que aguentar as porradas e bater de volta para sobreviver. Somente assim você vai conseguir cumprir o seu objetivo aqui neste mundo. Você está disposto a fazer isso? A decisão é sua.
Assim, John Rambo deixa as nossas vidas com essa reflexão, e sem nada mais neste mundo que realmente lhe importa ou preocupa. Sinceramente, quando eu olho para o Rambo, eu sinto uma certa pena dele por ser tão azarado com a vida. Mas admiro muito a coragem dele em enfrentar todas as dificuldades que surgem pela frente, e sigo a minha própria vida também inspirado por essa coragem e tentando, da melhor forma possível, superar os obstáculos que me são colocados.
Valeu, Sly!! Obrigado por este personagem que foi inspirado em um livro, e que você acabou pegando ele da obra original do David Morrell e fazendo com que ele fosse seu. Valeu por todos os momentos e todos os bons ensinamentos que você passou para nós em relação às nossas vidas. Recomendo para todos este filme, e lembrem-se mais uma vez: este filme é para pessoas corajosas! Se você é dessas pessoas fragilinas, feitas de seda, ou crítico da Fôia, é melhor não tentar assistir, não é um filme que foi feito para você. Isso, claro, não faz com que este filme deixe de ser aquilo que ele realmente é: um baita e sensacional filme de ação feito por Sylvester Stallone, uma das figuras mais icônicas da história.
Rambo: Last Blood (2019)
Produção: Avi Lerner, Steven Paul, Kevin King Templeton
Roteiro: Sylvester Stallone, Matthew Cirulnick (baseado em personagem criado no livro de 1972, de David Morrell)
Trilha sonora: Brian Tyler
Outros filmes desta série:
- Rambo: Last Blood (Rambo: Até o Fim) (2019)
- Rambo (Rambo 4) (2008)
- Rambo III (Rambo III) (1988)
- Rambo: First Blood Part II (Rambo II - A Missão) (1985)
- First Blood (Rambo: Programado para Matar) (1982)
Trailer:
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