O intuito desta matéria não é listar aqui todos os trabalhos que André Matos participou na sua carreira, mas sim listar aqueles que eu considero os principais, os melhores, aqueles que você deve conhecer. Existe muita coisa que ele fez além de sua própria carreira, seja solo, seja com suas bandas, ele sempre aceitava convite de artistas menores, ou de outras grandes bandas para fazer uma breve participação, ou mesmo integrar um superprojeto. O cara era realmente muito versátil. Desta forma, abaixo eu vou relacionar esses trabalhos e tentar justificar porque você deve ir atrás deles, ok?
Pois bem, vamos lá. Nos últimos quatro dias, eu resenhei um disco de cada uma das bandas que o cara passou, então tivemos aí Viper, Angra, Shaman, e também um disco da própria carreira solo dele. Mas eu preciso falar de uma música muito importante que foi um fator que dividiu a carreira dele em antes e depois dela.
É a música que se tornou o martírio de todo e qualquer vocalista de heavy metal.
A música que somente os "escolhidos" podem cantar.
Quem é fã, sabe do que eu tô falando:
"...so, Carry On, there's a meaning to life
which someday we may find..."
Para quem não conhece, esta é "Carry On", música do primeiro álbum do Angra, o Angels Cry. Esta música é uma das mais difíceis de se cantar NO MUNDO, porque o Matos se utiliza de uma técnica vocal que puxa os agudos ao máximo de sua voz. Ele tinha uma voz privilegiada também, conseguia alcançar agudos de uma forma impressionante sem fazer o esforço que nós, meros mortais, fazemos. Pode conferir outros vocalistas que passaram pelo Angra, como Edu Falaschi, ou até o atual, Fabio Lione, excelentes cantores, sem dúvida, mas procurem por aí e notem o esforço que fazem para cantar "Carry On"! Com a voz descansada e em forma, até conseguem chegar lá, mas desgastada, é um suplício! Eu canto de forma amadora, não tenho treino vocal, com minha voz descansada e limpa, consigo chegar nos agudos finais fazendo muito esforço, mas não é minha configuração vocal para esta música. E olha que sou barítono, ou seja, tenho um certo privilégio nos agudos, mas o André era fenomenal, coisa de outro mundo! Você até engasga quando chega no agudo máximo da música, se é que chega, ele chegava lá numa boa. E é por isso que esta música se tornou o martírio do metal mundial e André passou a ser respeitadíssimo... e até mesmo zoado em certos momentos, como é o caso da banda-comédia Massacration.
Ele ficou tão conhecido por esta música, que começou a ser cobrado por onde quer que fosse: "André, canta "Carry On"! André, dá um agudo!" E assim nasceu a lenda. Apenas veja o vídeo abaixo e impressione-se!
Pois bem, feita essa referência acima, vamos agora falar de outros discos e projetos que ele fez. Existe um disco pouco conhecido dele que se trata de uma parceria com o produtor Sascha Paeth que ele fez para escrever um disco de Rock. Este disco recebeu o nome de Virgo, porque ambos os caras são do signo de virgem, então resolveram que o nome seria esse, e foi lançado em 2001.
É um projeto que nada tem a ver com heavy metal. Está muito mais puxado para o Rock mesmo, com influências de Queen, U2, Van Halen e similares. Alguns bons destaques são as faixas "To Be", "Crazy Me", "Baby Doll", "Discovery" e "Fiction", perceba, quando estiver ouvindo, que todas elas são de estilos meio diferentes, ou seja, há uma boa variedade de estilos. É uma ótima chance de ouvir Matos cantar algo diferente do seu habitual metal melódico.
É a música que se tornou o martírio de todo e qualquer vocalista de heavy metal.
A música que somente os "escolhidos" podem cantar.
Quem é fã, sabe do que eu tô falando:
"...so, Carry On, there's a meaning to life
which someday we may find..."
A tranquilidade no olhar de quem chega no agudo absoluto! |
Ele ficou tão conhecido por esta música, que começou a ser cobrado por onde quer que fosse: "André, canta "Carry On"! André, dá um agudo!" E assim nasceu a lenda. Apenas veja o vídeo abaixo e impressione-se!
Virgo - Matos / Paeth (2001) |
É um projeto que nada tem a ver com heavy metal. Está muito mais puxado para o Rock mesmo, com influências de Queen, U2, Van Halen e similares. Alguns bons destaques são as faixas "To Be", "Crazy Me", "Baby Doll", "Discovery" e "Fiction", perceba, quando estiver ouvindo, que todas elas são de estilos meio diferentes, ou seja, há uma boa variedade de estilos. É uma ótima chance de ouvir Matos cantar algo diferente do seu habitual metal melódico.
In Paradisum - Symfonia (2011) |
Estes são seus projetos paralelos. Para finalizar, vamos tratar das participações que ele fez em trabalhos importantes e conhecidos.
O mais notório foi no supergrupo alemão Avantasia, capitaneado por Tobias Sammet, vocalista da banda Edguy, mais especificamente nos primórdios do projeto Avantasia. Matos participou de dois excelentes trabalhos de ópera metal que formam uma só ideia, a The Metal Opera, partes I e II.
Estes trabalhos contam uma história de fantasia cujo protagonista interpretado na história pelo Sammet, Gabriel Laymann, que mora em uma abadia dominicana do séc. XVII, descobre o reino de Avantasia após ler um livro proibido em uma biblioteca e ser vítima de uma caça às bruxas, então ele se vê resoluto a ir para este reino que fica em uma outra dimensão temporal. Matos interpreta aqui o personagem Elderane, um elfo que habita Avantasia, e por essa razão ele aparece somente nas ocasiões em que a trama se passa dentro deste reino. Na parte I, Matos é co-vocalista nas faixas "Inside", a clássica "Sign of the Cross" e "The Tower", que tem um final altamente épico. Na parte II, ele participa da épica abertura "The Seven Angels", e das speed metal "No Return" e "Chalice of Agony".
Este projeto era para durar somente de 2001 a 2002, mas após anos, em 2007, Sammet resolveu que iria reativar o Avantasia para mais discos e mais histórias. Então em 2008 Matos volta com o grupo para cantar uma faixa do disco The Wicked Symphony, de 2010, chamada "Blizzard on a Broken Mirror", o disco é a parte 2 de uma trilogia composta por este disco, The Scarecrow e Angel of Babylon. Esta foi a última vez que Matos gravou junto do Avantasia. Uma semana antes de morrer neste ano, Matos fez o show com o Shaman e correu fazer uma última participação num show do Avantasia, dividindo o palco com Sammet e cantando "Reach Out for the Light". Foi sua despedida final.
Mas enfim, antes que eu fique melancólico, vamos terminar falando de algumas breves participações importantes que não podemos deixar passar. A primeira é no projeto Sagrado Coração da Terra, cujo dono, o violinista Marcus Viana destila um Rock Progressivo brazuca de primeiríssima qualidade. O grupo de Viana teve início em 1979, e em 2000, Matos foi convidado a cantar em duas faixas do disco A Leste do Sol, Oeste da Lua, a belíssima "Bem-Aventurados" e a tocante e maestral "Terra". Vou confessar uma coisa, não riam: eu sempre vou às lágrimas quando ouço essas músicas. São verdadeiras obras de arte que contemplam o belo de uma forma sem igual! Sagrado Coração da Terra sempre foi minha banda favorita de Progressivo brasileiro, e ter Matos fazendo essa sensacional participação acrescentou à obra um toque ainda mais majestoso do que o grupo já é normalmente. É ouvir e se encantar já de cara! Além, é claro, de ser uma ótima chance de ouvir Matos cantar em português, coisa que ele raramente fez na carreira.
E pra fechar, destaco a breve e discreta participação na música "Talon's Last Hope" que ele fez na ópera metal Aina - Days Of Rising Doom, lançada em 2003, destaco também a participação célebre e inesquecível que ele fez no disco ao vivo do Dr. Sin, 10 Anos Ao Vivo, cantando a música "Fire" ao lado do Andria Busic também em 2003, e finalmente a participação no disco All My Life, disco de 2007 do Viper, a primeira banda dele. Na época, o vocalista Ricardo Bocci estava à frente do grupo brasileiro, mas Pit Passarel convidou Matos para cantar na música "Love Is All". Não achei o disco essa Coca-Cola toda, e a música que o Matos canta também não tem aquela mesma atmosfera e pegada de clássico que as antigas, mas é bonitinha, e vale pela ocasião do breve retorno do filho pródigo. Há ainda mais de 20 e tantas participações especiais que o Matos fez em outros projetos, mas estes aqui são os essenciais e, na minha opinião, os que mais merecem ser lembrados.
---------------
The Metal Opera - Avantasia (2001) |
The Metal Opera Pt. II - Avantasia (2002) |
Estes trabalhos contam uma história de fantasia cujo protagonista interpretado na história pelo Sammet, Gabriel Laymann, que mora em uma abadia dominicana do séc. XVII, descobre o reino de Avantasia após ler um livro proibido em uma biblioteca e ser vítima de uma caça às bruxas, então ele se vê resoluto a ir para este reino que fica em uma outra dimensão temporal. Matos interpreta aqui o personagem Elderane, um elfo que habita Avantasia, e por essa razão ele aparece somente nas ocasiões em que a trama se passa dentro deste reino. Na parte I, Matos é co-vocalista nas faixas "Inside", a clássica "Sign of the Cross" e "The Tower", que tem um final altamente épico. Na parte II, ele participa da épica abertura "The Seven Angels", e das speed metal "No Return" e "Chalice of Agony".
The Wicked Symphony - Avantasia (2010) |
A Leste do Sol, Oeste da Lua - Sagrado Coração da Terra (2000) |
E pra fechar, destaco a breve e discreta participação na música "Talon's Last Hope" que ele fez na ópera metal Aina - Days Of Rising Doom, lançada em 2003, destaco também a participação célebre e inesquecível que ele fez no disco ao vivo do Dr. Sin, 10 Anos Ao Vivo, cantando a música "Fire" ao lado do Andria Busic também em 2003, e finalmente a participação no disco All My Life, disco de 2007 do Viper, a primeira banda dele. Na época, o vocalista Ricardo Bocci estava à frente do grupo brasileiro, mas Pit Passarel convidou Matos para cantar na música "Love Is All". Não achei o disco essa Coca-Cola toda, e a música que o Matos canta também não tem aquela mesma atmosfera e pegada de clássico que as antigas, mas é bonitinha, e vale pela ocasião do breve retorno do filho pródigo. Há ainda mais de 20 e tantas participações especiais que o Matos fez em outros projetos, mas estes aqui são os essenciais e, na minha opinião, os que mais merecem ser lembrados.
---------------
E assim terminamos. Esta foi a maneira que encontrei de deixar a ferida da morte do André Matos sangrar para que eu pudesse me recuperar. Lembrar da obra dele, e fazer com que outras pessoas, especialmente mais jovens, também a conhecessem.
Fiz isso, porque na música "Letting Go", de seu primeiro disco solo, Matos diz algo que eu considero muito verdadeiro:
"There´s a reason why we live and die (Há uma razão pela qual nós vivemos e morremos)
In the end only our footprints stay behind..." (No final, apenas nossas pegadas ficarão para trás...)
In the end only our footprints stay behind..." (No final, apenas nossas pegadas ficarão para trás...)
Tudo que fazemos aqui neste mundo, nunca é só para nós. Vão haver pessoas aqui após a gente morrer, vendo o que deixamos, avaliando, admirando, criticando, tomando posse até. Desta forma, queremos partir tendo deixado as pegadas mais bonitas. Haverão aqueles dias em que não deixaremos impressões muito belas, porque somos humanos no final, e André não é exceção, há coisas da carreira dele que eu não mencionei aqui justamente por causa disso. Mas essas são ínfimas, comparado à toda beleza que ele nos deixou, e que vocês puderam admirar comigo durante esta semana. Muito obrigado para todos que leram até aqui. Amanhã trarei um especial para homenagearmos o P.A., baterista do RPM. Até lá!
No comments:
Post a Comment