Friday, October 20, 2017

NO CINEMA: Blade Runner 2049 (Blade Runner 2049)

Nota: 10 / 10

Fui ao cinema sem esperar absolutamente coisa alguma! Precisava ver este filme de qualquer jeito, pois se tratava da sequência de um grande clássico da ficção-científica. Saí da exibição simplesmente atônito! Que sequência maravilhosa! Bate de frente com o filme original, para dizer o mínimo! 

Blade Runner 2049 não somente é uma continuação à altura do filme original, como também pega algumas ideias recentemente trabalhadas em algumas produções e expande tudo isso! O novo elenco, junto de Harrison Ford e algumas poucas participações antigas, merge perfeitamente; além disso, é uma história que pode ser vista de forma independente. Muito embora eu recomende com força que você veja o original, não precisa assisti-lo para entender e curtir esta sequência.

Uma grande dúvida do pessoal antes de ver este filme era qual versão de Blade Runner deveria-se assistir para ver este novo, a versão theatrical de 1982, a director's cut de 1991, a final cut de 2007, enfim, qual delas escolher? A resposta do diretor Denis Villeneuve foi simples e direta: "qualquer uma serve". Verdade. Muito embora eu prefira a final cut, todas elas vão te servir muito bem!

O novo filme tem diversas referências visuais. Somente o trailer internacional é feito de cenas do filme que referenciam diretamente o original de Ridley Scott. O filme até abre com o olho, e a nave sobrevoando a cidade. Quando ele começou, eu disse "peraí, esse daí é o primeiro filme, caramba!" Não era. Esta sequência só não tem a narração em off de Harrison Ford, presente na versão de 1982 do filme original, e que faz Blade Runner parecer um misto de ficção-científica com filme noir, mas nem precisa.

Em relação à paleta de cores, o filme aposta em uma certa diversidade. Nas primeiras duas horas, ou quase isso, vemos aquela paleta seca; depois, algo um pouco mais amarelado, parecido com a paleta de Mad Max: Fury Road, quando Harrison Ford entra na história, nas cenas de deserto principalmente; e por fim, o filme usa na última parte uma paleta de cores que remete muito àquela do primeiro filme, para fechar com chave de ouro.

Apesar da ilustre presença de Ford como o Rick Deckard, que passa a ser bem mais participativo após as duas horas iniciais, ele não é o protagonista desta versão, cargo este que fica com Ryan Gosling, e seu personagem K, um replicante da linha Nexus 9 que atua como blade runner.

Além da referência visual do primeiro filme na introdução, o filme também começa já com K caçando um replicante. Só que o filme não segue dessa forma, aliás, nessas duas primeiras horas, o filme é bem lento, procurando muito mais desenvolver primeiro os personagens que tem (afinal de contas são muitos novos em relação ao filme original) e construir a atmosfera do que ter ação como no primeiro. A ação mesmo só começa a acontecer após duas horas de projeção, quando K e Deckard já se encontraram e a história dos dois está se interligando, aí eles passam a serem parceiros de cena.

Bom, K tem uma... é... companheira, vamos assim dizer. Já assistiu o filme Her, de 2014? É um filme que trabalha em detalhes justamente a ideia que Blade Runner 2049 sintetizou aqui. O sistema Joi, que inclui uma imagem holográfica de uma mulher é aqui o interesse amoroso de K, e aí se encontra mais uma similaridade de K com Deckard. Se formos considerar que Deckard se apaixona por uma replicante no primeiro filme, não estamos muito longe da ideia de K se apaixonar também por uma criatura artificial. E isso nos leva àquela antiga discussão da similaridade versus a genuinidade. O novo filme até mesmo faz questão de repetir o bordão do primeiro em relação aos modelos Nexus de replicantes: "mais humano que humano".

A trama é a seguinte: K recebe a incumbência de aposentar (para quem assistiu o filme original, sabe muito bem o que isso significa) uma doutora chamada Stelline, porque os caras do alto comando de K acreditam que a menina, sendo filha de uma replicante, pode representar um perigo para a sociedade, porque este tipo de conhecimento poderia levar a sociedade à uma guerra; por essa razão, eles querem que sejam apagadas todas as evidências de Stelline também.

SIM! O filme aponta para a possibilidade de criaturas artificialmente concebidas por mãos humanas serem capazes de se reproduzirem! Absurdo? Bizarro? Na nossa realidade, pode até ser, mas no mundo fictício criado a partir do conceito de Philip K. Dick, perfeitamente plausível, uma vez que os replicantes são criaturas que contém material orgânico. Essa discussão poderá gerar diversas vertentes e opiniões por aí, mas não deixa de ser algo interessante. Seria realmente possível que um simulacro (retornando à Platão) fosse capaz de tal coisa? Para muitas pessoas, isso perverte a própria natureza do ser humano.

O próprio K põe em dúvida a sua própria existência, uma vez que, sendo um replicante, acredita que não possui alma, pois alma é coisa de quem nasce. Neste ponto, você provavelmente já pode estar vendo diversas discussões se formando a partir dessas muitas ideias do filme em suas extensas quase três horas de duração. E se prepare para uma grande reviravolta envolvendo Stelline!

O clímax do filme é grandioso, sensacional, e a ação é de tirar o fôlego. E na cena que fecha o filme antes dos créditos, o foco é totalmente retirado do protagonista, K, e volta novamente para Deckard. O filme termina com o personagem de Ford na cena final. No fim das contas, tudo girava em volta dele, desde o começo. E eu achei isso maravilhoso, pois muito embora K tenha sido um personagem novo muito interessante também, queremos realmente ver o que acontece com aquele personagem que viemos a conhecer no clássico cult, e por isso, faz todo sentido o foco voltar totalmente para ele antes do filme fechar.

Por fim, é bom destacar o trabalho muito bom de Jared Leto como o vilão Niander Wallace, que está tentando engatar uma produção em massa de replicantes, como foco de antagonismo com Deckard, principalmente perto do clímax. Sua capanga, Luv, também se mostra uma adversária ótima, e eles complementam aqui essa ideia do quanto vale a alma do ser humano, na disputa para ver quem é "mais humano que humano"; há uma cena, por exemplo, que Niander tenta comprar a lealdade de Deckard com uma réplica de Rachael, mas Deckard desmonta o cara simplesmente dizendo "os olhos dela eram verdes", acabando com a rápida participação de Sean Young aqui neste novo filme e o momento totalmente nostálgico para quem já viu as várias versões do clássico.

Contando com um excelente elenco, que até envolveu também uma rápida aparição do ator Edward James Olmos, uma trilha sonora de Zimmer e Wallfisch que faz de tudo para "replicar" o trabalho primoroso que Vangelis fez no filme original, e uma produção monstruosamente eficaz de Ridley Scott, que não participa diretamente do filme desta vez, Blade Runner 2049 é tranquilamente uma das melhores sequências a uma obra cult que eu vi em tempos recentes. Ao assistí-la, tive o mesmo sentimento de satisfação de quando fui conferir Mad Max: Fury Road nos cinemas.

Nota máxima, com honras, trabalho impecável do roteirista do primeiro filme, desta vez em parceria com Michael Green, um dos co-escritores de Logan, e o diretor Denis Villeneuve, conhecido por ótimos filmes como Arrival, Prisoners e Sicario; Blade Runner 2049 é, desde já, um filme que eu recomendo com força, e um novo potencial clássico de ficção-científica.

Blade Runner 2049 (2017)
Título em português BR: Blade Runner 2049

Direção: Denis Villeneuve
Produção: Broderick Johnson, Andrew A. Kosove, Cynthia Sikes, Bud Yorkin, Dana Belcastro, Carl Rogers, Ridley Scott, Steven P. Wegner
Roteiro: Hampton Fancher, Michael Green (baseado no filme de 1982 de Ridley Scott e em obra de 1968, de Philip K. Dick)
Trilha sonora: Benjamin Wallfisch, Hans Zimmer

Estrelando: Ryan Gosling, Harrison Ford, Jared Leto, Edward James Olmos, Sean Young, Dave Bautista, Robin Wright, Mark Arnold, Ana de Armas, Wood Harris, David Dastmalchian, Tómas Lemarquis, Sylvia Hoeks, Mackenzie Davis, Loren Peta

Outros filmes desta série:
Blade Runner 2049 (Blade Runner 2049) (2017)
Blade Runner (Blade Runner: O Caçador de Andróides) (1982)

Trailer:

2 comments:

  1. Me parece muito interessante os filmes por que podemos encontrar de diferentes gêneros. De forma interessante, o criador optou por inserir uma cena de abertura com personagens novos, o que acaba sendo um choque para o espectador. Desde que vi o elenco deste filme imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos, pessoalmente eu irei ver por causo do ator Harrison Ford, é muito comprometido. Blade Runner 2049 é um filme que vale la pena ver, os recomendo muito.

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