Nota: 9 / 10
Há muito tempo, eu escrevi algo sobre o primeiro livro de Sherlock Holmes escrito por Conan Doyle, A Study in Scarlet; desde este dia, não falei mais sobre a obra do escritor. No entanto, a paixão por ela me levou a querer falar mais um pouco do Sherlock original dos livros.
The Sign of the Four é a segunda história lançada pelo escritor britânico em 1890 na Lippincott’s Monthly Magazine. Nesta história, os personagens de Holmes e Watson já estão mais a vontade para dividirem coisas mais relativas a suas personalidades. Descobrimos alguns segredos de Watson, que também acaba se envolvendo com uma mulher, enquanto que Holmes, investiga um estranho caso de símbolos, e quando está entediado, apresenta seu hábito pelas drogas e pelo violino. Desta forma, vamos ver um pouco desta narrativa que está entre as minhas favoritas.
A história nos leva, primeiramente, ao apartamento 221B, onde Watson e Holmes estão tentando se entender; o começo é bem divertido, porque ele se concentra nas dinâmicas entre os dois, ou seja, Watson é o cara que tenta ter uma rotina tranquila, pois está exausto dos horrores que presenciou na guerra, enquanto que Holmes é a mente sempre em ebulição, inquisitiva, e quando ele fica entediado, não resiste em fazer barulho com seu violino, ou então trancar-se no laboratório e ficar mexendo com compostos químicos, ou mesmo, como é o caso aqui, se divertir com algumas doses de cocaína em sua corrente sanguínea, que fazem seu cérebro se exaltar.
Watson, claro, se irrita, e tenta prevenir seu amigo dos males que isso pode lhe trazer. Ele deixa Holmes falar, e falar sobre seus feitos, exaltando seu ego, e finalmente lhe apresenta um desafio envolvendo um relógio, e Holmes, bem, desnecessário dizer que aceita prontamente. Só que o desafio acaba trazendo à luz alguns fatos sobre Watson que ele não queria que fossem trazidos, e pensando que Holmes o estava investigando secretamente, fica bravo e demonstra seu desgosto. Holmes tenta acalmar os ânimos de seu amigo, lhe explicando como chegou à suas conclusões, e finalmente tem início a trama principal, que nos apresenta à personagem Mary Morstan,
Ela vem trazer a Holmes um caso singular sobre quatro prisioneiros da Índia, os quatro do título do livro, que através de um código, estavam a procura de um tesouro. Morstan explica que seu pai, um soldado, havia desaparecido após contactá-la, e preocupada com toda situação, ela, através de recomendação, recorreu à Holmes para pedir ajuda. O major Sholto, um amigo próximo ao pai de Mary, tentou ser contactado, mas sem sorte, pois ele estava morto. Holmes, Watson e Morstan então se encontram para averiguar o desaparecimento, que inclui também o fato de Mary ter recebido algumas pérolas todo ano, desde 1882, e um mapa misterioso, que Holmes, de muito bom grado, aceita averiguar.
A partir daí, a história se desenrola. Eles encontram o filho de Sholto, que acaba falando com eles, mas em decorrência de um ataque cardíaco, morre, e deixa um documento escrito o título do livro, o que intriga mais ainda os protagonistas. Eventualmente, eles acabam encontrando um cara chamado Jonathan Small, com uma perna de madeira, isso com a ajuda de um cão chamado Toby, os costumeiros disfarces do detetive, e o grupo de garotos de rua chamados de Baker Street Irregulars, que fornecem informação a Holmes em certos casos. Encontrado Small, ele é obrigado a confessar sobre o paradeiro de Morstan e sobre o tesouro.
Neste meio tempo, John Watson se apaixona por Mary Morstan e casa com ela, passando a morar junto com a esposa e indo esporadicamente ao apartamento 221B para viver algumas aventuras com seu amigo Sherlock Holmes. O detetive, por sua vez, se mostra um perseguidor incansável. Acorda cedo pela manhã, e chega a passar dias e dias longe, na esperança de encontrar pistas para seu caso, ficando sem comer e sem dormir.
Esta é uma das narrativas mais movimentadas da mitologia do detetive, e uma das que tem as maiores sequências de ação de toda obra envolvendo o detetive. E quando se fala em ação nas histórias de Holmes, não há trechos impactantes de ação de fato, mas sim muita verborragia e muita investigação, contadas do jeito mais atraente, romântico e dramático que John Watson se propõe a fazer, sempre que narra as aventuras de seu amigo. Conan Doyle sempre imprime uma espécie de humor britânico nestas partes em que Watson narra, bem como ao descrever a irritação de Watson com Holmes, apesar dos dois dividirem uma amizade inabalável. Basta ver que nem mesmo a nova esposa de Watson foi o bastante para afastar os dois de viverem aventuras.
Resumindo, é um livro divertido, bacana, com uma narrativa engenhosa, e contrário ao que Holmes fala no começo, que sabe trabalhar bem as pistas e evidências de forma a enaltecer o resultado final das investigações de seu prezado amigo! À polícia, as glórias, a Watson, uma nova esposa, e a Holmes, o violino! E a mim? Bem, caro leitor, apenas o prazer e a satisfação de te recomendar mais uma dessas interessantes leituras que vemos no nosso dia a dia.
Oi? Soei meio como Holmes, no fim deste último parágrafo? Eu avisei que era um grande fã! Pode chamar isso de fã service! Esta história foi brilhantemente adaptada para a TV, em 1987, pela rede de TV britânica Granada, durante a exibição da série The Adventures of Sherlock Holmes, estrelando os sensacionais Jeremy Brett e Edward Hardwicke como Holmes e Watson. Confira esta adaptação linda, mas leia também o livro de Conan Doyle, que é cheio de surpresas.
The Sign of the Four (1890)
Título em português BR: O Signo dos Quatro
Escrito por: Sir Arthur Conan Doyle
Outros livros desta série:
- The Final Adventures of Sherlock Holmes (Aventuras Inéditas de Sherlock Holmes) (1997)
- The Case-Book of Sherlock Holmes (O Arquivo Secreto de Sherlock Holmes) (1927)
- His Last Bow (O Último Adeus de Sherlock Holmes) (1917)
- The Valley of Fear (O Vale do Terror) (1914-15)
- The Return of Sherlock Holmes (A Volta de Sherlock Holmes) (1905)
- The Hound of the Baskervilles (O Cão dos Baskervilles) (1901-02)
- The Memoirs of Sherlock Holmes (As Memórias de Sherlock Holmes) (1894)
- The Adventures of Sherlock Holmes (As Aventuras de Sherlock Holmes) (1892)
- The Sign of the Four (O Signo dos Quatro) (1890)
- A Study in Scarlet (Um Estudo em Vermelho) (1887)
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