Isaac Asimov (ou Isaak Judah Ozimov), um dos mais célebres escritores de ficção-científica foi redescoberto mais recentemente devido a adaptação “Eu, Robô” de sua obra aos cinemas. O filme, foi um grande sucesso de bilheteria, público e crítica devido ao talento do ator Will Smith e ao trabalho do diretor Alex Proyas. No entanto, a verdadeira essência do escritor e bioquímico russo, erradicado nos EUA, ainda não foi traduzida inteiramente para as telonas, podendo ser vivenciada somente em seus livros.
O escritor, obcecado com robôs, não somente criou as três leis da robótica como também escreveu diversas obras aclamadas de ficção e não-ficção, e também foi um dos maiores contribuidores do pensamento científico, deixando uma gama enorme de idéias que viriam a se mostrar possíveis no futuro, como os robôs e, por incrível que pareça, a própria Wikipédia. O escritor assim, se mostrava muito além de seu próprio tempo.
Asimov gostava muito de escrever sobre robôs, porém, acabou fazendo incursões em outros campos da ficção-científica. E em uma dessas incursões, acabou aventurando-se na quarta dimensão, mais popularmente conhecida como Viagem no Tempo. Dessa forma, escreveu uma das mais contundentes e clássicas histórias sobre o assunto.
O Fim da Eternidade, escrito originalmente em 1955 e republicado em 2007 pela editora Aleph de São Paulo pode ser considerado como um conto quintessencial sobre o tema Viagem no Tempo. A história nos apresenta a uma organização chamada Eternidade, de onde os Eternos, que vivem fora do nosso tempo normal, controlam as alterações na história da humanidade, tentando melhorá-la de alguma maneira. O conceito de viagem no tempo nos é apresentado através de cápsulas, aonde os Eternos podem viajar até o tempo-acima ou para o tempo-abaixo de onde se localizam. Nesse ínterim, conhecemos um técnico da organização chamado Andrew Harlam, que monitora e reporta o status do tempo normal e avalia se alguma mudança que poderia levar a humanidade para outros rumos em sua história é necessária ou não.
Porém, também temos no conto uma subtrama romântica e outra sobre adaptação. A primeira, nos revela que Harlam é apaixonado por uma não-Eterna chamada Noÿs Lambert que deixou de existir após uma das alterações promovidas pela organização, mostrando assim os esforços de Harlam para recuperar a paixão de sua vida. O problema é que os Eternos não podem ter vínculos afetivos com pessoas fora da organização, e é aqui que a coisa toda se complica. Em um outro momento, Harlam está treinando um certo Cooper para se tornar um técnico. Mas há um segredo relacionado a sua história que vai pôr em risco os planos de Harlam e sua posição na organização.
A história tem um clima ótimo, intenso e te prende a cada virada de página. A trama é inteligente, dinâmica e ao mesmo tempo, sensível. A cada reviravolta, a cada virada de esquina nos deparamos com novas surpresas e descobertas que nos levarão para a conclusão natural dos acontecimentos. Mas tudo o que for dito a partir daqui é um potencial spoiler que poderá arruinar o prazer da leitura desta obra seminal, que lida com destino, escolhas e intrigas de maneira apaixonante e desafiadora. E nos trás as seguintes polêmicas: até que ponto podemos alterar o passado em virtude de nos trazer um futuro melhor. E como nossas ações influenciam na forma com que moldamos nosso destino, nossas virtudes e nossas crenças.
O Fim da eternidade é leitura mais do que recomendada a todas as pessoas que apreciam não só um ótimo livro, mas uma história que nos fala com o coração e a mente. Asimov pode até ser especialista em robôs, mas aqui ele se mostra não somente um grande gênio do pensamento e da literatura, mas também, um excelente contador de histórias.
The End of Eternity (1955)
Título em português BR: O Fim da Eternidade
Nota: 10 / 10
Escrito por: Isaac Asimov
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