Arthur Ignatius Conan Doyle era um escritor muito profílico, podendo passear por diversos gêneros literários sem dificuldade. No entanto, o gênero onde se tornou especialista foi a literatura criminal, em que escreveu as histórias que o tornaram célebre. Um de seus personagens mais famosos é, sem sombra de dúvida, o detetive Sherlock Holmes.
Sherlock Holmes era descrito por seu criador como um homem de astúcia inigualável em seu ramo. Conseguia fazer deduções analíticas das mais complicadas de se imaginar nas investigações em que se metia estando sempre vários passos a frente da polícia de Londres, a Scotland Yard. O personagem também foi o responsável, em suas histórias, por estabelecer novos patamares em investigação criminal, publicando artigos “científicos”, monografias, realizando experiências químicas em seu laboratório na Rua Baker, e assim criando novas alternativas para encontrar criminosos com mais facilidade.
No entanto, Holmes desviava-se com freqüência do convívio social, limitando-se apenas a atender seus clientes e a praticar seu violino. Recluso, gostava de se entreter com casos de crimes e solucioná-los pelo simples prazer de aplicar suas técnicas. Em outras publicações nos é revelado também suas habilidades no boxe e na esgrima.
Um Estudo em Vermelho (A Study in Scarlet) é o primeiro de quatro romances escrito por Conan Doyle, originalmente lançado na revista Beeton's Christmas Annual, em Novembro de 1887. Logo no começo, estipulam-se as condições pelas quais Holmes e seu futuro parceiro e biógrafo dedicado, Dr. Watson se conhecem. Watson é um ex-médico militar que acabou de chegar de uma campanha no Afeganistão. Cansado e com a perna ferida, decide procurar moradia em Londres para viver uma vida pacata, longe dos assombros de sua antiga ocupação. Por fim, encontra Holmes através de um antigo amigo dos tempos de faculdade, e junto ao detetive vai para o apartamento 221B, na Rua Baker. Mas a vida pacata a que procurava estava longe de ser uma verdade. Este pode ser considerado um primeiro momento no livro, quando os protagonistas são brevemente apresentados a nós leitores.
Logo, passamos para o segundo momento que é justamente a investigação policial iniciada pelos detetives Gregson e Lestrade, da Scotland Yard, a qual Conan Doyle, através de seu alter-ego (o escritor sempre coloca Watson contando os fatos em primeira pessoa) narra com dinamismo e perspicácia, conduzindo então à conclusão da investigação com uma brilhante reviravolta e um empolgante desfecho. Claro que todo o caso foi destrinchado por Holmes, que também capturou o criminoso com impressionante habilidade. Este é o final da parte um do livro.
A parte dois já é dominada pelo terceiro momento da trama. No estilo que inspirou a série LOST, o escritor quebra a linha narrativa para nos apresentar um flashback, elucidando como o tal criminoso, bem como os que fizeram parte dessa intricada teia de eventos chegou onde está. O que segue é uma história no melhor estilo dos faroestes, com direito a mentira, traição, intriga, amor e extorsão. Uma narrativa épica em meio aos canyons americanos com uma conclusão narrada pelo próprio assassino, nos trazendo novamente ao momento dois e no final nos levando de volta ao primeiro momento do livro, com Watson e Holmes discutindo o estranho caso.
O flashback só poderia ser um pouco mais cortado. Às vezes queremos ver o que está acontecendo depois da captura do criminoso, mas para chegar lá, temos que ler o flashback inteiro. Este recurso foi utilizado novamente pelo autor no seu quarto romance, O Vale do Terror, outra grande história com sua maior criação. É interessante ressaltar que o autor também continha um pequeno senso de autocrítica. Em seu segundo romance de Holmes, O Signo dos Quatro, vemos no primeiro capítulo Watson reclamando de Holmes em relação ao violino, e para que ele parasse, Watson decide conversar com ele. Em um ponto da conversa, os dois fazem referência à sua primeira aventura e Holmes critica Watson por ter romanceado demais a história e não se delimitado somente à exposição científica do caso. O livro, no entanto, é obra essencial da literatura policial, e um conto clássico de um dos detetives mais conhecidos do planeta.
Um Estudo em Vermelho foi escrito há mais de um século, e, no entanto ainda fascina leitores do mundo inteiro ávidos por um mistério e nos deixa querendo mais histórias. Por outro lado, o filme que está para sair sobre a personagem ano que vem estrelado por Robert Downey Jr., foi feito há um ano e não desperta a mais remota faísca de interesse, tornando-se apenas mais um produto hollywoodiano medíocre de massas.
A Study in Scarlet (1887)
Título em português BR: Um Estudo em Vermelho
Nota: 9 / 10
Escrito por: Sir Arthur Conan Doyle
Outros livros desta série:
- The Final Adventures of Sherlock Holmes (Aventuras Inéditas de Sherlock Holmes) (1997)
- The Case-Book of Sherlock Holmes (O Arquivo Secreto de Sherlock Holmes) (1927)
- His Last Bow (O Último Adeus de Sherlock Holmes) (1917)
- The Valley of Fear (O Vale do Terror) (1914-15)
- The Return of Sherlock Holmes (A Volta de Sherlock Holmes) (1905)
- The Hound of the Baskervilles (O Cão dos Baskervilles) (1901-02)
- The Memoirs of Sherlock Holmes (As Memórias de Sherlock Holmes) (1894)
- The Adventures of Sherlock Holmes (As Aventuras de Sherlock Holmes) (1892)
- The Sign of the Four (O Signo dos Quatro) (1890)
- A Study in Scarlet (Um Estudo em Vermelho) (1887)
No comments:
Post a Comment