Saturday, October 20, 2018

NO CINEMA: First Man

8,5 / 10
Filme cinebiografia do astronauta Neil Armstrong te leva junto para a viagem espacial de forma bastante envolvente.

Confira minha opinião!

Título brasileiro: O Primeiro Homem
Direção: Damien Chazelle
Estrelando: Ryan Gosling, Claire Foy, Jason Clarke, Kyle Chandler, Corey Stoll, Patrick Fugit, Christopher Abbott, Ciarán Hinds, Olivia Hamilton, Pablo Schreiber, Shea Whigham, Lukas Haas, Ethan Embry, Brian d'Arcy James, Cory Michael Smith, Kris Swanberg, Gavin Warren, Luke Winters, Connor Blodgett, Lucy Stafford, J.D. Evermore, Leon Bridges, Steve Coulter, Skyler Bible, William Gregory Lee, Choppy Guillotte, Braydyn Nash Helms, Edmund Grant, Callie Brown, Claire Smith, Brady Smith, John David Whalen, Matthew Glave, Kermit Rolison


Este filme me fez bem, de uma certa forma. Eu sempre fui fascinado pelo espaço, pelas coisas desconhecidas, pelos mistérios escondidos por trás de outras galáxias e constelações. Tenho uma caixa de DVDs em casa contendo todas as missões espaciais feitas pela NASA, desde as mais clássicas, até missões que ocorreram por volta de 2005 e assim por diante. Trouxe essa caixa de uma viagem que fiz à Flórida em 2012, com minha esposa. O documentário em vídeo tem qualidade visual meio precária e qualidade de som mediana, mas dá pra se ter uma ideia das missões.

Enfim, esse é um assunto que sempre me interessou, e claro, como entusiasta, eu logicamente tenho um certo conhecimento da trajetória de Neil Armstrong, o cinebiografado aqui nesta produção. É um filme bem contido, com altos e baixos, felizmente com mais altos do que baixos, mas que retrata bem a época, e não tenta ficar romanceando muito em cima do assunto. A produção se ocupa de retratar a trajetória do astronauta e também sua vida familiar.

Em relação à trajetória espacial, o filme, baseado no livro First Man: The Life of Neil A. Armstrong, de James Hansen, conecta fatos de sua vida pessoal com suas decisões profissionais e seu envolvimento no projeto espacial mais ambicioso da NASA nos anos 60, levar o homem à Lua.

Este sonho antigo do homem já havia sido romanceando pelo belga Hergé com seu personagem Tintim, numa trama em que o professor Girassol leva a turma toda para passear na Lua, publicada em duas partes, em 1953 e 1954, uma das histórias mais emocionantes do personagem; o ilusionista e cineasta francês George Meliés também deu sua versão de como seria, mais lúdica, claro, em 1902, chamada de Le Voyage dans la Lune.

Por que estou citando essas duas produções? Porque até esse momento, ir à Lua era somente uma ficção. Artistas e pessoas de toda sorte apenas imaginavam como seria. A partir de Julho de 1969, esse sonho do homem torna-se real com a missão Apollo 11, que levou os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin na missão de serem os primeiros homens a andarem em solo lunar.

Eu não li esse livro que o filme se baseia, mas, no filme, eles deixam a ideia de que o tumor da filha de 2 anos de Armstrong, Karen, e sua consequente morte por pneumonia catapultaram o astronauta a se afogar no trabalho e fez com que ele ganhasse a chance de conseguir ser escolhido para a missão que o faria entrar para a história. Ideia interessante, mas eu não sei precisar se foi isso mesmo, talvez depois eu pegue o livro e dê uma olhada para averiguar.

De qualquer forma, o filme também mostra que o trabalho estava consumindo tanto a vida de Armstrong, que ele começou a ter problemas familiares. Sua vida pessoal se esfarelava, enquanto sua vida profissional prosperava. No final do filme, temos um momento íntimo de reflexão entre Neil e sua esposa, mas eu creio que isso seja um floreamento, uma licença poética na trama, e não estou dizendo que não é bem vinda, é até uma ideia bacana, mas não sei precisar a veracidade, pois tenho mais conhecimento do trabalho de Armstrong como astronauta, do que como pai de família.

Mas enfim, traminha romântica a parte, o filme é muito bom, eu só acho que eles poderiam ter feito o Neil do Ryan Gosling ser um pouco menos dramático, quando você vê os arquivos da BBC com as entrevistas de Neil, coisa que eu já vi bastante, você não imagina um sujeito com uma atmosfera tão angustiante assim, ele parecia ser um cara bem mais alegre e positivo do que o filme mostra. Aqui ele está muito... Ryan Gosling. E é esse o problema da composição do personagem, eu acho que para esse papel, o Gosling deveria ter tentando sumir mais para que o Armstrong pudesse transparecer mais para nós. Mas enfim, eu conheço o profissional, não a pessoa.

Uma parte do filme que eu achei incômoda e desnecessária, foi a parte lá dos... ééé... dos SJWs da época, fazendo críticas ao fato de estar havendo uma exploração espacial que poderia beneficiar a humanidade com novas descobertas. Achei bem desnecessário e fora de contexto, e outra: já temos bastante desse mimimi desse pessoal hoje em dia, que fica crucificando quem quer ajudar e investir em inovação e sai por aí pelado na rua protestando contra sabe lá Deus o quê.

A parte final em que a missão da Apollo 11 finalmente parte é a melhor para mim, especialmente porque é incrível como que um filme de viagem espacial tem esse poder, essa habilidade de desconectar você desse mundo estranho e distorcido que a gente vive hoje e te lembrar como as pessoas eram mais lúcidas e felizes em um passado não muito distante, com a cabeça mais virada para as estrelas do que para o próprio umbigo. No fim das contas, voltando à minha frase inicial na resenha, este filme me fez bem por isso, me desconectou do mundo atual, me levou junto para a viagem espacial. A filmagem da missão realmente transpareceu que a coisa foi gravada lá na Lua mesmo, de tão boa que a fotografia ficou.

Aproveitei esses momentos de tranquilidade na película, até mesmo pela visão mais intimista da câmera ao personagem de Gosling, para refletir o quanto a humanidade se desviou de seu espírito desbravador e o quanto temos que voltar a perseguir essas ambições mais altas novamente; eu tenho certeza que toda essa amargura que se instalou nos dias de hoje acabaria rápido se as pessoas conseguissem parar de olhar tanto para seus celulares, com raiva umas das outras, e passassem a olhar mais para as estrelas. Parafraseando o filme MIB: "já parou para pensar quanto tempo não olhamos mais para as estrelas? São bonitas, não são?" É isso que temos que fazer, parar de olhar tanto para baixo e voltar a buscar coisas mais elevadas em nossas vidas.

Sugiro então que você, leitor que me acompanha, vá assistir este filme e pense nessa possibilidade enquanto acompanha a trajetória do senhor Armstrong, em suas próprias palavras icônicas, dando "um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade". Recomendo, e quero que você realmente se desligue do mundo por pelo menos 2 horas e 20 minutos, para ver o bem danado que vai te fazer. Fez para mim.

First Man (2018)

Produção: Marty Bowen, Damien Chazelle, Wyck Godfrey, Isaac Klausner, James R. Hansen, Steven Spielberg
Roteiro: Josh Singer (baseado no livro de James R. Hansen)
Trilha sonora: Justin Hurwitz

Trailer:

No comments:

Post a Comment