Saturday, November 3, 2018

NO CINEMA: O Doutrinador

8 / 10
Primeiro exemplar em muitos anos de cinema baseado em HQs no Brasil, O Doutrinador tem ação boa e um anti-herói interessante; eu mudaria uma coisa ou outra, no entanto, vale a pena ir assistir.

Confira minha opinião!

Direção: Gustavo Bonafé, Fábio Mendonça
Estrelando: Kiko Pissolato, Tainá Medina, Samuel de Assis, Carlos Betão, Tuca Andrada, Eduardo Chagas, Ricardo Dantas, Eucir de Souza, Marília Gabriela, Natália Lage, Helena Luz, Eduardo Moscovis, Wanderley Piazza, Lucy Ramos, Helena Ranaldi, Natallia Rodrigues, Bruno Sigrist, Talita Tilieri, Nicolas Trevijano, Gustavo Vaz


Fiquei por muito tempo ouvindo falar desse personagem dos quadrinhos brasileiros. Nunca consegui ler uma HQ dele no entanto, mas me parecia interessante. Resolvi arriscar. O que eu disser aqui se refere ao filme, não à fonte de onde ele se inspirou, ok? Sendo assim, achei um filme bem legal, não o supra-sumo, mas legal. Tem certas coisas que eu mudaria nele, não é perfeito, e tem uma trama que a gente já viu antes em outros filmes, em especial de ação, mas tem o seu valor que marca uma tendência a um possível novo nicho de cinema brasileiro.

Quem sabe a gente não começa a ter outros personagens das HQs brasileiras sendo adaptados para o cinema depois de O Doutrinador? Obras para isso tem, temos o Jou Ventania, temos o Quebra-Queixo, temos Aurora, que é a ótima história de Felipe Folgosi, temos a série Pátria Armada, temos a nova e excitante versão do personagem Astronauta, feita pelo Danilo Beyruth, repaginando o antigo personagem do Maurício de Souza, enfim, temos vários potenciais filmes possíveis aqui no Brasil, é só investir.

A trama do filme é a seguinte: Miguel Montessant é um policial da DAE, a força policial da cidade fictícia de Santa Cruz; ele tem uma filha e uma ex-mulher. A filha ama o pai, e gosta de passar tempo com ele. Um  dia, ele está cumprindo uma promessa, levando sua filha para ver o jogo do Brasil, quando de repente ela é atingida por uma bala perdida, e vai para o hospital. Lá, ela não é atendida na hora e sangra até morrer. Para agravar esse quadro, um político corrupto é liberado da cadeia, num universo que ainda parece não haver algo semelhante à Lava-Jato para deter e enjaular criminosos.

Desolado, Miguel resolve ir à caça dos corruptos que fizeram isso com sua filha. Em meio à um protesto, ele entra no meio da briga, e alguém joga para ele uma máscara de gás. Atordoado com a fumaça, ele a coloca, e assim nasce o seu alter-ego. A história de origem do Doutrinador é bacana, e ficou bem feita, mas achei que foi meio apressada aqui, deveriam ter gasto um pouco mais de tempo nela. A apresentação do anti-herói no entanto é bacana, quando ele se ergue do chão com a máscara e o visor vermelho é uma cena bem épica.

Outra coisa que eu achei que poderia ter sido melhor foi o andamento da história, um tanto inconstante, e a trilha sonora também poderia ter sido diferente. Eu acredito que por ser uma história de origem, poderia ter menos trilha de outros artistas e mais trilha incidental, orquestral, como foi feito na trilogia do Batman de Christopher Nolan, daria um ar mais bacana à história, mais atemporal.

A trama parece se inspirar em Death Wish, o filme clássico de Charles Bronson. O Doutrinador persegue impiedosamente suas vítimas e as elimina sistematicamente. Sim, para o personagem, como diriam atualmente, "bandido bom é bandido morto, talkey?" Especialmente se for político corrupto. E o Doutrinador segue em seu rastro de sangue, investida após investida.

A ação é boa, a fotografia é ótima, mas como eu disse, a trama poderia ter tido um ritmo melhor e mais desenvolvimento, especialmente no que tange às motivações do personagem principal. Ele tem a ajuda de uma hacker que ele conhece na, como diria o Chapolim, "Politura de Chefalícia", quando Miguel está interrogando os suspeitos da referida manifestação. Para completar a identificação com a audiência das HQs, essa hacker trabalha justamente numa comic shop. Achei interessante o intertexto.

Enfim, há coisas que eu mudaria, e o filme tem alguns vícios aqui e ali que eu evitaria, mas no geral, foi legal, eu gostei de ver. Resta saber agora para onde os envolvidos irão levar o personagem daqui em diante. Há muita coisa interessante que pode ser feita, creio eu que haverá uma continuação desses eventos na série que está sendo produzida e que já foi até mesmo anunciada na cena entre-créditos do filme. Vamos aguardar.

Enfim, filme bom, nada que se diga "caramba, que clássico", mas bom, interessante, para um começo de nicho no Brasil, está bem feito. Vamos ver o que nos aguarda daqui em diante. Recomendo o filme, vão assistir ele comendo pipoca e curtindo a ação e a caça aos corruptos que, no Brasil, é uma prática constante hoje em dia.

O Doutrinador (2018)

Produção: Sandi Adamiu, Marcio Fraccaroli, Bruno Wainer, Jatir Eiró, Renata Rezende
Roteiro: Mirna Nogueira, L.G. Bayão, Rodrigo Lages, Denis Nielsen, Guilherme Siman, Gabriel Wainer, Luciano Cunha, Bia Crespo (baseado em HQ criada por Luciano Cunha)
Trilha sonora: Instituto

Trailer:

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