Nota: 9 / 10
Comprei esta HQ ano passado, sem saber exatamente o que esperar dela. Simplesmente ela estava lá, na estante da banca de jornal, dando sopa. Por alguma razão, a capa me atraiu para pagar os quase 40 reais por esta belíssima e inspiradora história escrita pelo artista Felipe Folgosi. Bom, a verdade é que eu a confundi inicialmente com um encadernado do Cavaleiro da Lua que eu costumava ver por lá.
Quando reparei no título, mil coisas se passaram pela minha cabeça. Verifico a sinopse na capa traseira, e não me traz muita informação... suspense. Já havia gostado a partir daí.
No final da leitura, somente um pensamento me ocorreu: "uma história em quadrinhos, escrita por um brasileiro, que é fantástica, e de nível internacional de produção." Portanto, vamos conhecê-la.
E o que mais me comove nos fatos de bastidores desta HQ é a disposição e a determinação que Folgosi teve em levar a sua ideia adiante. Na verdade, esta história dos bastidores me impressiona de forma positiva, do lado do escritor, e de forma negativa do lado da indústria brasileira de entretenimento, que hoje em dia não oferece muitos recursos bons para um cara tirar uma ideia boa de um papel de roteiro e transformá-la em filme. Mas Folgosi, opinião de leitor, cara, ficou talvez até melhor assim no formato da nona arte! Acho que o universo conspirou a seu favor para você lançá-la nesse formato, porque para mim, foi um grande acerto!
Leiam, quando comprarem a HQ, os agradecimentos e a introdução do autor; vai desde agradecimentos às suas inspirações (que eu também partilho), até os detalhes sobre esta produção e o histórico, de como ele alimentou esta ideia durante anos, e tentou embasá-la bem com fatos científicos, para deixá-la bem redondinha. Genial a ideia das constelações. Bem próxima também da ideia do meta-humano Dr. Manhattan, de Watchmen, mas com um viés ligeiramente diferente.
A trama original da história começa no meio do Atlântico Norte, e nos apresenta a um pescador chamado Rafael, um português erradicado nos EUA. Ele está em alto mar, com sua tripulação, realizando um trabalho, quando uma noite, ele sai no lado de fora do convés do navio e tem contato com uma luz azul brilhante, um fenômeno que é interpretado pelos cientistas internacionais como uma emissão de partículas radioativas.
Retornando para casa, em Gloucester, Massachusetts ele encontra a sua preocupada esposa Cláudia, e tem uma noite caliente com ela, celebrando seu retorno. Ele também tem uma filha pequena, que sentia saudades do pai. Todas as vezes, Cláudia ia à missa e falava com o Padre Ian, um pároco local, pedindo aconselhamento, preocupada.
Acontece que, após uma noite de seu retorno, Rafael começa a ter escoriações e feridas por todo seu corpo, com o surgimento de hematomas e sangramento. A esposa, vendo seu marido no chão, na manha seguinte, todo ensanguentado, o leva imediatamente para o hospital. Ele fica em coma durante certo tempo, e o padre, não vendo como agir para poder salvar a vida de Rafael, chama seu irmão Ryan, um médico americano que se retirou da prática, e leva a família para Cambridge.
Posteriormente, eles conseguem trazer o homem de volta, mas ele vem mudado, não abre mais os olhos, mas consegue ver tudo através da visão periférica de seus sentidos, e apresenta habilidades fantásticas, como ler pensamentos e realizar certas proezas através de sua energia azul.
Não demora muito para que o exército queira capturá-lo, e promovem uma perseguição implacável. Só que os responsáveis por empreitarem a caçada possuem intenções escusas e interesses próprios, e acabam colocando em risco a segurança de todos e promovendo algumas baixas.
Acontece que, após uma noite de seu retorno, Rafael começa a ter escoriações e feridas por todo seu corpo, com o surgimento de hematomas e sangramento. A esposa, vendo seu marido no chão, na manha seguinte, todo ensanguentado, o leva imediatamente para o hospital. Ele fica em coma durante certo tempo, e o padre, não vendo como agir para poder salvar a vida de Rafael, chama seu irmão Ryan, um médico americano que se retirou da prática, e leva a família para Cambridge.
Posteriormente, eles conseguem trazer o homem de volta, mas ele vem mudado, não abre mais os olhos, mas consegue ver tudo através da visão periférica de seus sentidos, e apresenta habilidades fantásticas, como ler pensamentos e realizar certas proezas através de sua energia azul.
Não demora muito para que o exército queira capturá-lo, e promovem uma perseguição implacável. Só que os responsáveis por empreitarem a caçada possuem intenções escusas e interesses próprios, e acabam colocando em risco a segurança de todos e promovendo algumas baixas.
A trama da HQ inicia citando o Livro de Amós na Bíblia, Cap. 5, Versículo 8. A citação é oportuna, porque apesar da história ter muita base científica, ela também se trata de um desafio de fé, em que os personagens pedem constantemente ajuda vinda de cima. O próprio fenômeno que ocorreu a Rafael, creio eu, foi um ato vindo de cima ao meu ver, talvez até uma manifestação a qual Deus garante a Rafael um dom para garantir que uma certa sequência de eventos que deveria acontecer, acontecesse. E o que é mais curioso, e a ideia central de Folgosi ao compor o personagem, é que as escoriações de seu corpo formam um mapa da Via Láctea, identificada como a Precessão dos Equinócios.
E como se diz no ditado popular, "Deus escreve certo por linhas tortas", então ao chegarmos ao final da história, percebemos a mudança de perspectiva de alguns desses personagens, especialmente de Ryan, que sempre foi um não-crente, e o belíssimo trecho em que testemunhamos a ascensão de Rafael em seu estado maior de meta-humano.
De forma geral, eu gostei bastante de tudo. A HQ, escrita independentemente, com dinheiro do próprio bolso de Folgosi e financiamento coletivo, e levada a cabo pelo Instituto dos Quadrinhos, SEM CONTAR COM QUALQUER NOME MAIS POPULAR DA INDÚSTRIA ATUAL, tem excelente produção, uma arte gráfica cinematográfica de Leno Carvalho, ótima arte-final de Nelson Pereira que não fica devendo em nada para os grandes artistas da indústria, e edição de Klébs Junior, criador da HQ Pátria Armada. A trama tem um andamento muito bom, talvez ficando somente um pouco arrastada lá pelo meio, mas nada que prejudique o andamento.
Eu também achei bacana essa ideia de valorizar a fé das pessoas, de trazer de volta para uma história, personagens mais atrelados à religião, que devem passar por algum tipo de provação de fé, acho que está faltando muito disso nas histórias mais atuais, e é bom ver autores mais corajosos como Felipe Folgosi tratarem tão abertamente destes temas mais religiosos, sem ficar relativizando a fé ou questionando suas fundações. A sociedade moderna em que vivemos precisa mais de histórias assim, precisa voltar a crer em algo bom, precisa valorizar mais as jornadas espirituais, ao meu ver; há alguns anos atrás, eu não diria algo assim, mas atualmente, sinto que essa é uma necessidade da sociedade atual.
Enfim, achei fantástica a história, com clima e atmosferas ótimas, bem escrita, bem conduzida, e de um ótimo bom gosto. É ótimo ver que existem autores brasileiros como Folgosi que são capazes de realizarem trabalhos assim, tão bons, tão cheios de boas ideias e momentos, e que são capazes de entreter, e ao mesmo tempo, articularem um ponto de vista de forma tão dinâmica. Eu aplaudo Folgosi, e recomendo altamente a sua HQ, leiam, se divirtam, e valorizem um excelente artista brasileiro.
Editora: Instituto dos Quadrinhos
Formato: Graphic Novel
Roteiro: Felipe Folgosi
Desenhista: Leno Carvalho
Coloristas: Stefani Rennee, Márcio Menyz, Thiago Ribeiro, Rodrigo Fernandes, Carlos Lopez, Marcio Freire
Arte-Finalista: Nelson Pereira
Letrista: Flavio Soares
Editor: Klébs Junior
E como se diz no ditado popular, "Deus escreve certo por linhas tortas", então ao chegarmos ao final da história, percebemos a mudança de perspectiva de alguns desses personagens, especialmente de Ryan, que sempre foi um não-crente, e o belíssimo trecho em que testemunhamos a ascensão de Rafael em seu estado maior de meta-humano.
De forma geral, eu gostei bastante de tudo. A HQ, escrita independentemente, com dinheiro do próprio bolso de Folgosi e financiamento coletivo, e levada a cabo pelo Instituto dos Quadrinhos, SEM CONTAR COM QUALQUER NOME MAIS POPULAR DA INDÚSTRIA ATUAL, tem excelente produção, uma arte gráfica cinematográfica de Leno Carvalho, ótima arte-final de Nelson Pereira que não fica devendo em nada para os grandes artistas da indústria, e edição de Klébs Junior, criador da HQ Pátria Armada. A trama tem um andamento muito bom, talvez ficando somente um pouco arrastada lá pelo meio, mas nada que prejudique o andamento.
Eu também achei bacana essa ideia de valorizar a fé das pessoas, de trazer de volta para uma história, personagens mais atrelados à religião, que devem passar por algum tipo de provação de fé, acho que está faltando muito disso nas histórias mais atuais, e é bom ver autores mais corajosos como Felipe Folgosi tratarem tão abertamente destes temas mais religiosos, sem ficar relativizando a fé ou questionando suas fundações. A sociedade moderna em que vivemos precisa mais de histórias assim, precisa voltar a crer em algo bom, precisa valorizar mais as jornadas espirituais, ao meu ver; há alguns anos atrás, eu não diria algo assim, mas atualmente, sinto que essa é uma necessidade da sociedade atual.
Enfim, achei fantástica a história, com clima e atmosferas ótimas, bem escrita, bem conduzida, e de um ótimo bom gosto. É ótimo ver que existem autores brasileiros como Folgosi que são capazes de realizarem trabalhos assim, tão bons, tão cheios de boas ideias e momentos, e que são capazes de entreter, e ao mesmo tempo, articularem um ponto de vista de forma tão dinâmica. Eu aplaudo Folgosi, e recomendo altamente a sua HQ, leiam, se divirtam, e valorizem um excelente artista brasileiro.
Aurora (2015)
Nº de edições: 1
Editora: Instituto dos Quadrinhos
Formato: Graphic Novel
Roteiro: Felipe Folgosi
Desenhista: Leno Carvalho
Coloristas: Stefani Rennee, Márcio Menyz, Thiago Ribeiro, Rodrigo Fernandes, Carlos Lopez, Marcio Freire
Arte-Finalista: Nelson Pereira
Letrista: Flavio Soares
Editor: Klébs Junior
No comments:
Post a Comment