NO CINEMA: Captain America: Civil War (Capitão América: Guerra Civil)

Nota: 8,5 / 10

Voltei a tempo ao cinema para checar a treta final do ano. Antes de mais nada, tive que ficar pouco mais de um mês afastado, por problemas pessoais que surgiram, então estou voltando agora e colocando minhas aspirações cinéfilas em dia. E que forma legal de retornar!

O mais novo filme da Marvel Studios pode ser o mais do mesmo que ela vem oferecendo a nós ao longo dos anos, desde que começou em 2008, seu universo cinemático. Mas é um mais do mesmo bem feito, que sabe o que quer, conhece seu público e não tenta ser mais do que aquilo que é.

Assim, da mesma forma que me dói dizer, pois sou um inveterado fã da DC Comics, que o grande filme de treta que a DC tinha para este ano não superou minhas expectativas, me alegra muito que a Marvel continue a ser quem é.

Inclusive, devo ainda adicionar que, continuar a ser quem é foi seu grande triunfo neste novo filme! Captain America: Civil War não somente é um filme muito bom de heróis de HQs, mas também cumpre a sua promessa de nos entregar uma treta épica e gigantesca, inclusive contando com times.

Quando eu vejo um filme desses da Marvel, cheio de intrigas políticas de estado, e aquela atmosfera de HQ digna de comparação, por exemplo, com clássicos dos quadrinhos escritos por gente como Mark Millar, ou Darwin Cooke, com o universo e seus personagens componentes funcionando tão bem juntos, eu lembro imediatamente da série animada da Liga da Justiça, ou então da HQ Justice League: The New Frontier, que é fantástica. E aí eu comparo com os dois filmes da DC que já sairam de seu universo, e fico esperando para que eles tenham mais dessa atmosfera no futuro.

Claro que não precisam ser cômicos ou muito coloridos como os da Marvel, mas pender um pouco para a paleta da série da Liga, ou então usar um humor mais bem feitinho e que nos mantém antenados, iria fazer um bem danado para o DCEU. Mas enfim, críticas minhas de fã à parte, vamos falar do novo filme.

A trama gira em torno do retorno do soldado invernal, que nós vimos no segundo filme do Capitão América. Ele é reavivado e colocado em uma missão para interceptar um carregamento do soro do super-soldado. Ao mesmo tempo, os Vingadores estão divididos em relação à um acordo que a Sokovia quer passar, para a ONU controlar as ações dos Vingadores, que segundo o secretário de estado Thaddeus Ross, tem destruído várias partes do mundo por onde passam em suas missões.

A coisa complica. Steve Rogers, o bandeiroso, é contra este acordo, porque ele acredita em uma política de auto-controle da equipe, de estarem no comando, sem precisarem responder para nenhuma organização, tendo como base as milhares de vidas que já salvaram em suas missões; já, Tony Stark é a favor de assinar o acordo, porque ele se sente culpado por algumas coisinhas, como ter criado Ultron e a destruição de Sokovia.

Ao mesmo tempo, há um atentado terrorista num prédio onde T'Chaka, rei de Wakanda, é morto por Bucky, acabando por fazer um inimigo, T'Challa, o Pantera Negra, e filho do rei. O felino negro (que tem um traje que guarda uma leve semelhança com um certo morcego da Distinta Concorrência), interpretado pelo ótimo Chadwick Boseman, vai atrás de querer matar Bucky, mas é interceptado por Rogers, a Viúva Negra e o Falcão, que acabam detidos.

Em um outro momento, um cara chamado Zemo (Daniel Brühl) aciona um mantra que ele descobriu num livro, que ativa comandos de lavagem cerebral de Bucky para trabalhar a seu favor. Em outro momento diferente, a gente vê o Rogers e o Falcão trazer o Homem-Formiga para o time deles; ainda noutro momento, temos o Stark indo até New York para encontrar com um certo Peter Parker, e... hehehe, sim, garotos, finalmente o Homem-Aranha, tanto bate quanto apanha, faz o seu debut aqui na Marvel Studios, em parceria com a Fox!

Ainda... é... pois é, você entendeu, né leitor? O filme quase que caiu no mesmo pecado de Batman V Superman: Dawn of Justice, ou seja, de meter muita coisa lá dentro e não dar conta de tudo. Só conseguiu se sair bem, porque seu universo já está avançadíssimo, e a DC cometeu o erro crasso de querer muita coisa em um filme só, estando só no começo de seu universo. Mas enfim, eu simplesmente adorei o novo aranhoso, interpretado pelo ator Tom Holland, desde a escolha do ator, até a voz, o traje, as acrobacias, enfim, ficou perfeito!

E apesar de eu ter adorado o novo Homem-Aranha (sério, eu simplesmente adorei, fui até no cinema com a minha camiseta do aranhoso para dar boas vibrações!), eu não consigo engolir ainda aquela Tia May... puts... cara... se a Tia May rejuvenescer mais um pouco, ela vai ser sobrinha do Peter Parter, não tia! Pode ver, a cada versão do Aranha, a amável senhora anciã rejuvenescia um pouco mais! Agora ela é a Marisa Tomei! WHAT?? Com aquela carinha de colegial? Mas enfim, a atriz tem lá seus 51 anos, claro, bem escondidos com plásticas e maquiagem, mas... cara, ficou estranho! Enfim, deve ser uma questão de se habituar, mas que ficou esquisito, ficou.

Ah, e eu vibrei quando vi o Pantera Negra em ação! Curto muito o personagem, acho que ele tem uma mitologia bem legal nas HQs para ser explorada, especialmente em histórias como The Client, de Christopher Priest, e aguardo ansiosamente pelo anúncio de um filme só dele!

E quanto à treta de heróis? Aaaah, garoto! Foi fantástica, fodástica! Foi muito bacana mesmo! Ver aqueles personagens que já acompanhamos, tantas vezes nas HQs, se degladiarem, meter a porrada, foi incrível! Tinha o time do Capitão, com Falcão, o Gavião Arqueiro, o Homem-Formiga, e o Bucky, a galera que, na maior parte estava lá porque não aceitou regulação da ONU, e o time do Stark, com o Máquina de Combate, o Visão, a Viúva, o Aranha e o Pantera, que na maior parte, tava de boa com a regulação do estado.

E olhem só... como o filme entra bem em consonância com os tempos de divisão que estamos vivendo aqui no nosso mundo. De um lado, gente que acha que o estado tem que regular tudo mesmo, do outro, gente que defende independência; às vezes, a gente ainda tem a chance, por mais inacreditável que a realidade possa parecer, de ver a arte ainda imitando a vida, e não o contrário. Tá aí um ponto filosófico interessante para vermos no filme, a disputa de ideologias. Batman V Superman teve um discurso semelhante, pena que não foi tão feliz na execução dele.

Enfim, vemos o aranhoso fazer suas acrobacias e piruetas, vemos o formigoso reduzir e aumentar de tamanho (sem maldade!), vemos todos os heróis usando de todas as suas habilidades em um confronto gigantesco, como não vimos esse ano em qualquer outra produção grande. E o clímax é também muito bom, na medida. Podemos dizer que, de todos os filmes da Marvel, este é, sem dúvida, o mais carrancudo deles. Mas nem tanto assim, não chega a virar a DC em termos de seriedade, ainda faz suas piadas de costume, e que dão o toque divertido e descompromissado pela qual a Marvel é conhecida.

Enfim, eu mais do que recomendo a você ir checar este ótimo filme de HQs no cinema. E vê se não marca bobeira e fica para a cena do final dos créditos, viu? Não vai saindo da sala de cinema igual um energúmeno, que você vai perder uma deixa muito bacana de um próximo filme que eu, pessoalmente, estou aguardando desde já!

Tudo muito legal, mas, no entanto, apesar de eu ter gostado bastante deste filme, ainda fico com Deadpool, como o melhor filme de HQs do ano! Não adianta, não vai ter ferroso, bandeiroso, azulão ou morcegudo, nem mesmo aranhoso, que vai tirar esse título, pelo menos no live-action, do mercenário tagarela! Eu sei, ainda vai ter o Esquadrão Suicida, vai ter o Doutor Estranho, X-Men: Apocalypse, e ainda tem o Batman de Alan Moore em animação imperdível para conferirmos em 2016, mas... é, você entendeu; Ferris Bueller feelings: tic tic ahh!!

Captain America: Civil War (2016)

Título em português BR: Capitão América: Guerra Civil

Direção: Anthony Russo, Joe Russo

Produção: Mitchell Bell, Kevin Feige, Alan Fine, Christoph Fisser, Stan Lee, Henning Molfenter, Charlie Woebcken

Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely (baseado em HQ escrita por Mark Millar, baseada em histórias escritas por Joe Simon e Jack Kirby, e em personagens criados por Stan Lee)

Trilha Sonora: Henry Jackman

Estrelando: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Anthony Mackie, Don Cheadle, Jeremy Renner, Chadwick Boseman, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Paul Rudd, Emily VanCamp, Tom Holland, Daniel Brühl, Frank Grillo, William Hurt, Martin Freeman, Marisa Tomei, John Kani, John Slattery, Hope Davis, Alfre Woodard, Joe Russo, Stan Lee, Kerry Condon

Outros filmes desta cinessérie:

- Captain America: Civil War (Capitão América: Guerra Civil) (2016)
- Captain America: The Winter Soldier (Capitão América: O Soldado Invernal) (2014)

- Captain America: The First Avenger (Capitão América: O Primeiro Vingador) (2011)

Filmes do Universo Cinemático Marvel:
- ESPECIAL: Universo Cinemático Marvel

Trailer: