Saturday, February 20, 2016

CANTO DO CISNE: Umberto Eco

Existem poucos escritores que eu admiro e que ainda estão vivos atualmente. Claro, eu não estou contando nessa história os escritores de HQs, mas de livros, apenas da palavra escrita. Um desses poucos é o Stephen King, que sempre consegue me manter entretido com sua narrativa envolvente. Umberto Eco não é exatamente um desses, até porque eu apenas conheço uma obra sua, mas apenas com essa obra ele me impressionou, e por isso mesmo sua passagem é triste. O autor morreu agora a pouco, aos 84 anos de idade.

Crítico ferrenho da sociedade, Eco foi escritor do clássico da literatura Il nome della rosa, de 1980, que ficou conhecido aqui no Brasil com o título O Nome da Rosa. O livro inclusive ganhou uma belíssima adaptação cinematográfica em 1986, estrelando Sean Connery e um jovem Christian Slater. Um dos livros mais marcantes de toda obra literária do autor, e o único que eu tive a chance de conhecer. Mas foi uma leitura marcante para mim, pois há na narrativa todo aquele clima de questionamento em relação às tradições, a moral da igreja no século XIV em pleno período de inquisição e, como prato principal, a trama de assassinato no monastério franciscano onde os personagens se localizam. É uma leitura polêmica, mas realmente muito interessante e que eu recomendo a todos, para o bem ou para o mal.

Eco não se atinha somente à crítica social histórica, mas também criticava a sociedade moderna. Entendido em semiótica, ele criticava ferrenhamente as mídias sociais na Internet, dizendo que essas mídias davam vozes a idiotas que antes, se prendiam somente ao ambiente de bar, e eram silenciados rapidamente, e agora iriam passar a ter voz ativa na grande rede mundial, prejudicando assim o senso comum. E, numa opinião pessoal minha, por mais que o autor exagerasse em um ponto ou outro de sua crítica, afinal de contas, deve-se preservar o direito à opinião de todo ser humano, não se pode dizer que ele estava totalmente errado. As mídias sociais facilitam sim, a comunicação entre as pessoas, e isso é muito bom e positivo, e deve ser preservado, mas seu efeito colateral é justamente trazer gente desqualificada junto de outras pessoas mais qualificadas, para dar pitacos em coisas que elas não entendem, fazendo com que nós tenhamos a tarefa de filtrar tudo aquilo que a gente lê por aí.

Enfim, isso é o que eu tenho para falar sobre este autor que realmente tira as pessoas da sua zona de conforto e provoca os sentidos sociais, nos colocando para pensar sobre nosso papel em meio ao mundo. E se eu não tenho mais como falar do restante de sua obra, fica aqui a minha recomendação pessoal de que leiam este livro dele, e assistam o filme com Connery, ambas, obras muito boas e que somente acrescentam em nossa percepção de mundo. E ao autor, que descanse em paz, sabendo que foi uma das personalidades modernas mais marcantes que passaram por este mundo.

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