Finalizando a maratona Mad Max, relembrando os três filmes da série com Mel Gibson no papel principal, antes de chegar o quarto filme em 22 de Maio de 2015 com Tom Hardy. Mad Max Beyond Thunderdome é a terceira parte da série que continua a história começada no filme australiano independente dirigido pelo diretor estreante George Miller em 1979 e estrelado pelo ator Mel Gibson, que despontou no primeiro filme como a mais nova promessa do cinema mundial.
Parte 1: Mad Max...
"We don't need another heeeeee-rooo!" Hehe, OK, não vou ficar cantando isso durante meus comentários, prometo!
Enfim, finalizando a maratona Mad Max que eu comecei na Segunda e termino hoje na Quarta, vi o terceiro, e até agora, último filme da série Mad Max, Mad Max Beyond Thunderdome. Aliás, o "beyond" (além) no nome tem que ser bem destacado, porque o tal Thunderdome mesmo só aparece no filme por alguns instantes.
Como eu disse na postagem sobre o segundo filme, este é, com toda certeza, o pior filme da série. É um daqueles filmes que a Sessão da Tarde adora passar, sabe, seguro, bobão e não requer muita atenção do expectador. Mas, pra tirar isso de vez do caminho e poder explicar a todos porque raios o filme é ruim, vamos falar primeiro dos aspectos positivos.
A fotografia do filme é ótima. Os figurinos ficaram muito bem feitos e resolvidos e os cenários de deserto são deslumbrantes. A trama parece que sugere que Max tenha contato, pelo menos por algum tempo, com a sensação de ter uma família novamente, o que é louvável, mas mal executado. As partes que lembram remotamente elementos da franquia são bacanas, os veículos são criativos e as cenas de ação, ótimas, graças à direção de Miller. Pela primeira vez na série, um personagem anterior, além claro de Max, volta para uma sequência, que é o Jebediah, o piloto de The Road Warrior, mas aqui ele é sub-aproveitado. Ah sim, temos a simpática Tina Turner atuando no filme, o que é muito bacana, curto demais a tia Tina, ela fez parte de minha adolescência, sempre a achei uma cantora sensacional, carismática, de um grande talento, além é claro de ser um símbolo do combate ao abuso de mulheres, por isso, tenho grande respeito e admiração por ela, sempre tive. Enfim, esses são os pros do filme.
Hora de lançar minha vingança!
O filme já começa meio esquisito, com "One of the Living", música da Tina logo no começo. OK, legal, mas não é um negócio assim, muito... casual não? Digo, estamos diante da terceira parte da série Mad Max, certo? Não acha que deveríamos ter algo mais épico, uma vez que a abertura e fechamento do segundo filme foram tão épicos? Certamente merecia uma abertura melhor esse filme, parece que nem os créditos parecem se importar tanto com a coisa, casuais como um dia de sol em Ribeirão Preto. Enfim...
Jebediah, o piloto do segundo filme taca Max no deserto, só Deus sabe porque pra só no fim aparecer e, convenientemente, salvar o dia, tudo realizado de forma grosseira e burocrática. No início do filme ele rouba o veículo voador do Max e abandona o cara em meio ao deserto, mas depois disso é meramente um figurante e mal aparece. E se quiserem saber, se fosse pra um personagem voltar à série, eu teria escolhido tranquilamente o Feral Kid do segundo filme, ou o Sargento Fifi do primeiro no lugar desse Jebediah aí.
Como eu já disse, o visual do filme é bom, mas muito carnavalesco demais! É um exagero visual em detrimento do conteúdo, poderiam ter pelo menos dado uma razão pra tudo aquilo. Sem contar que certas cenas desse começo de filme são de uma galhofagem só, a cena então do "deixe suas armas aqui" é digna de um desenho do Máscara, so faltava ele dizer "pera, pera, pera..." e depois tirar uma bazuca do bolso da calça, fiquei esperando pra ver se isso não acontecia! No segundo filme havia uma estética exótica, mas a tônica era muito mais contida, o visual não se sobressaía ao conteúdo, aqui é o contrário. É um desfile de modelitos de roupas exóticas sem rima nem rumo! Totalmente desnecessário!
E aí tem a tia Tina...
Puta que pariu!
Bwahahahahahahahaha!!! |
Me digam, alguém consegue levar ela a sério naquela roupa? Na boa! A cantora tem talento como atriz e tal, e ela até se esforça, mas no final tudo é muito forçado! Quiseram dar a tal Tia Entity, personagem dela no filme, um aspecto de líder, intimidadora, ameaçadora, mas tudo que eu consigo pensar quando eu vejo ela em cena é "Ok, tá, quando você vai despirocar geral da atuação e começar a cantar Nutbush City Limit?" Fiquei esperando, sei lá, por talvez uma música ou outra, porque como líder de uma cidade ela simplesmente não me convenceu! É diferente de você, por exemplo, pegar o Seu Jorge em Tropa de Elite 2. Eu vi o cantor ao vivo já e vi o cara como mano da cadeia no filme, é outra coisa, eu, se eu ver o Seu Jorge de novo por aí e lembrar do Beirada dele, não vou querer chegar nem perto! Hehe, brincadeira, mas vocês entenderam. Ficou muito forçado a tia Tina naquele contexto do filme.
A história é uma lástima! Novamente vemos o Max vagando por aí, mas dessa vez o cara nem carro tem, explodiram o Interceptor no segundo filme.
Puta que pariu de novo!!
Mas nem pra dar para o cara um carro decente prestou esse filme!
Ele chega em uma "cidade" e se mete numa richa com um tal de Master Blaster, um anãozinho e seu fiel escudeiro musculoso. Me lembrou a Hera Venenosa e o Bane de Batman e Robin...
... tomar no... enfim...
Ele degladia com o Blaster no tal do Thunderdome, aos gritos incessantes e irritantes da plateia que brada "dois homens entram... um homem sai", dá um coro nele e é expulso da cidade da tia Tina.
Apesar desses tropeços, o filme tinha condição de melhorar e muito, não estava ruim, só meio genérico, mas daí, a coisa piora! Veja só que, depois de ser expulso da cidadela, Max chega em um lugar onde encontra... rufem os tambores...
UM GRUPO DE CRIANÇAS PERDIDAS EM MEIO AO DESERTO!!!!
PUTA QUE PARIU!!
MACACOS ME MORDAM!!!
RAIOS E TROVÕES!!!!
EWOKS DO CAPETA!!!
Esse filme tem uma versão humana dos famigerados Ewoks de O Retorno do Jedi!!
Peraí, gente, vou estrangular um gato e já volto...
E não é só isso... as tais crianças agem de maneira fofa, põem a mãozinha na carinha, dizem frases de efeito de produções mais honradas e...
Peraí, peraí, gente, vou estrangular outro gato e volto já...
Enfim...
Eu quero saber como que uma série de filmes, com cenários opressores, temáticas e visual adultos, personagens marcantes, gangues, carros, guerras nas estradas e toda sorte de ação e violência com aquela abordagem pós-apocalíptica, sai disso e passa de repente a ser uma produção da Disney estúdios! Sério! Até a trilha sonora é brochante! Foi-se o ótimo trabalho feito pelo compositor australiano Brian May (não confundir com o guitarrista do Queen) nos outros dois filmes e pegaram um manézão de menos cacife pra fazer a trilha do filme que mais parece uma trilhazinha genérica dessas de filmes de aventura para toda família de Sessão da Tarde! Que tristeza! Não me espanta porque demoraram uns 25 anos pra fazer outro filme depois dessa tragédia!
Ah, mas tem uma razão por trás dessa patacoada toda! Dessa vez temos dois diretores. Miller havia perdido o interesse no projeto após a morte de um amigo, mas foi persuadido pelo estúdio, que certamente não quer nem saber da dor dos outros, só do dinheiro, a dirigir somente as cenas de ação do filme, deixando o resto da direção a um tal de George Ogilvie, um George aí de menos cacife. E nota-se a queda de qualidade em relação à Miller no andamento do filme. Hora que os Ewoks humanos aí do filme estavam mostrando as fotos ao Max no visorzinho deles do tal Cap. Walker e dizendo "lembra disso?" e patati, patatá, eu juro que colocaria lá um pôster de The Road Warrior e diria "lembra disso? Um bom filme!!"
Ah sim, e a molecada travessa que apronta altas confusões estava à procura da tal Tomorrow-morrow Land... eu quase imagino os organizadores do festival Tomorrowland vendo esse filme e imaginando coisas fofas...
...com licença, vou estrangular mais um gato e volto já...
... ah, que se dane, cansei!
Pra completar a maçaroca toda com um chute no estômago do fã da série, as crianças, querendo ir para casa são levadas à cidade da tia Tina, de lá ocorre uma... se é que posso chamar de... guerra de veículos na estrada onde o Max mal aparece dirigindo eeeeee... é isso aí, o roteiro desiste, o expectador fica muito puto, tem mais fofices dos Ewokzinhos, a tia Tina também desiste de perseguir o Max, as crianças chegam num lugar lá onde fazem morada, levadas pelo Jebediah, todos riem e vivem felizes para sempre, exceto Max e o expectador que, cansados de tamanha barbeiragem desligam o filme e vão cuidar da vida... ou escrever uma crítica... sei lá.
Não precisamos de outro herói? Concordo, Tina. Mas certamente precisamos de outro filme dele. Pra ontem.
Conclusão... um filme muito abaixo do esperado, com roteiro raso e que saiu quase que totalmente da proposta inicial da série. O meu único alento é de nos créditos finais ouvir aquela música bacana que a Turner fez para o filme, "We Don't Need Another Hero". Aliás a música ficou tão famosa que até minha esposa, que não lembra do filme, lembra dessa música. Aquele caso em que a trilha fica maior que o próprio filme. Ah sim, e aparentemente um dos Ewoks no filme morre na areia movediça! Que sensação boa me deu vê-lo afundar!! Não recomendo e, quem tiver curiosidade, alugue ou tente achar na Internet.
Parte 1: Mad Max...
Mad Max Beyond Thunderdome (1985)
Título em português BR: Mad Max - Além da Cúpula do Trovão
Nota: 4,5 / 10
Direção: George Ogilvie, George Miller.
Produção: George Miller, Terry Hayes.
Roteiro: Terry Hayes, George Miller.
Trilha sonora: Maurice Jarre
Estrelando: Mel Gibson, Bruce Spence, Tina Turner, Angelo Rossitto, Paul Larsson.
Outros filmes desta cinessérie:
- Mad Max: Fury Road (Mad Max: Estrada da Fúria) (2015)
- Mad Max Beyond Thunderdome (Mad Max - Além da Cúpula do Trovão) (1985)
- The Road Warrior (Mad Max 2: A Caçada Continua) (1981)
- Mad Max (Mad Max) (1979)
Trailer (sem legenda):
Não existe proposta inicial da série. Mad Max foi um filme independente que deu sorte de fazer sucesso e com isso as sequências foram planejadas após cada capítulo anterior e não como um todo. O longa original nem é um filme pós-apocalíptico, mas um road-movie, e para mim é o melhor, mais adulto e quase noir. Já o segundo começa a se perder no 2º ato, tendo um tom de comédia bobo e o roteiro muito raso. Depois do 2º filme mais hollywoodizado, o que eu não esperava, vi Além da Cúpula do Trovão sem expectativas. E o 1º ato é melhor que os 2 filmes inteiros, mas quando surgem as crianças, apesar do 2º ato inventivo, ficou parecendo um recital infantil no Encontro com Fátima Bernardes. O humor está melhor que em The Road Warrior, onde há muita gag infantil, aqui é mais orgânica. A cena das armas sendo postas no balcão não me irritou, para um filme antigo foi boa, mas foi tola. Dou 9 para o 1º filme, e 8,5 para o 2º e 3º.
ReplyDeleteCurioso, você é um dos poucos que eu vi tacando umas pedrinhas no segundo filme. Eu acho ele o melhor da franquia, tem umas coisas bobas, sem dúvidas, mas achei que elas tiveram contexto lá, diferente do terceiro. Em comparação com o Immortan Joe de Fury Road, as roupas do Lorde Humungus no segundo estavam bem galhofas mesmo, claro, pela época que foi feito havia contexto para aquilo, mas não deixam de ser galhofas, sem dúvidas. Não me admira que tenha gente que diga que Fury Road passou a ser o melhor da franquia. Voltando ao primeiro filme, eu quero adicionar ao seu comentário que há muita coisa ali que os caras simplesmente esqueceram na mitologia. Sempre achei que convinha trazer um pouco deste subtexto da vingança de volta à franquia.
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