Fazia um tempinho que eu não via o Will Smith no cinema. A carreira do ator pode ser classificada como aquelas que tem seus altos e baixos. Eu me lembro da primeira vez que vi o ator, foi o filme Independence Day. Depois foi na série Fresh Prince of Bel Air, uma série bastante engraçada e que eu tenho saudade. Teve também seus dois filmes com Martin Lawrence, a cinessérie Bad Boys, dirigida pelo Michael Bay. Mas se eu fosse fazer uma lista das minhas produções favoritas com Will Smith, eu certamente colocaria a série Men in Black e filmes como Enemy of the State e Ali nos primeiros lugares, sem sombra de dúvida. Will Smith é um excelente ator e um talento nato, mas ultimamente não tem acertado muito em seus projetos. Focus eu posso dizer que, de uma certa maneira, é um filme que resume bem a trajetória do ator, que teve seu auge e desde a última década vem dando seus tropeços.
Em Focus, Will Smith é Nick, um golpista que conhece uma loira de encher os olhos (Margot Robbie, lindíssima) e a toma como pupila, vendo que a menina não só tem muita beleza, mas também um talento nato para surrupiar os outros. Ele passa a ensinar seus segredos, mas o cara tem complexo de superioridade e quer estar sempre por cima, exceto quando ele e a loira dividem a cama, naturalmente. Enfim, ele arma um golpe, coloca a menina na jogada e após um tempo a dispensa com 80.000 dólares. Três anos depois eles se reencontram, e ela está com um outro cara, um argentino chamado Garriga (Rodrigo Santoro), que também é um tipo osso duro, sempre quer sair lucrando. Ao longo do filme, um arma o golpe para o outro, e a trama fica meio confusa, já não se sabe mais quem é que está dando o golpe em quem. Santoro faz papel de vilão no filme, o que é bastante interessante de ver.
Igualmente interessante é Smith ser um criminoso, coisa que era rara de ver em sua filmografia, onde ele quase sempre é o bom mocinho. Porém, esse filme em grande parte me pareceu arrastado demais, nem bem chegou no segundo ato e eu já estava meio que olhando para os lados. A coisa começa a ficar mais interessante quando Santoro entra na jogada e no clímax, tem também uma reviravolta que funciona como um tapa na cara do expectador, o tipo de coisa que deixa a gente desnorteado, o que achei bom. Mas na grande parte do tempo, a trama fica enrolando pra chegar em algum lugar.
Eu disse que o filme resume bem a carreira de Smith, porque nele, Smith é o cara que quer estar sempre no controle, por cima, sempre sair ganhando, bem como os papéis de mocinho que ele costuma fazer; então ele encontra as proverbiais pedras no caminho e vê que as coisas já não estão funcionando tão bem assim, muito como sua última empreitada na ficção-científica, After Earth, um filme tão ridículo e tão horroroso, que nem mesmo a presença do ator conseguiu atrair audiência para o filme, até chegar o momento em que o ator toma um baque tamanho, que ele se dá conta de que ou ele sai daquele buraco, ou ele acaba de afundar e começa a ter o mesmo destino que atores que antigamente eram consagradíssimos, como Nicholas Cage ou Mel Gibson, mas hoje amargam miseravelmente em produções menores de quinta categoria.
O ator ainda continua o mesmo, cool, carismático e com aquela simpatia magnética, o tipo de cara que só de a gente ver já sente ciúmes da vida que ele tem. Mas ele tem urgentemente que rever os projetos em que toma parte. Creio que Will Smith esqueceu que, o mundo do show business é como o mundo do roubo. Você usa de holofotes para jogar o foco da audiência para algo e age na escuridão para ludibriá-la, mas se por um momento a audiência perceber sua falha, ela se afasta. Pense nisso em seu próximo projeto, meu caro Will Smith! Nunca perca o foco!
Focus (2015)
Título em português BR: Golpe Duplo
Nota: 6,5 / 10
Direção: Glenn Ficarra, John Requa
Produção: Denise Di Novi, Charlie Gogolak, Stan Wlodkowski, Pola Zito
Roteiro: Glenn Ficarra, John Requa
Trilha sonora: Nick Urata
Estrelando: Will Smith, Margot Robbie, Adrian Martinez, Gerald McRaney, Rodrigo Santoro, BD Wong, Brennan Brown, Robert Taylor
Trailer:
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